sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Os 100 mais de uma década de concertos, #16-20

16. SHARON JONES AND THE DAP KINGS @ SANTIAGO ALQUIMISTA
11 de Julho de 2005
O que faz um tipo que não consegue compreender a maior parte do funk colocar nesta lista, e em posição tão cimeira, o espectáculo da senhora Sharon Jones com os seus Dap Kings? A resposta só a sabe quem lá esteve. Numa tirada muito breve, escrevi na altura: "Fui atingido pelo grande cometa funk que ontem caiu no Santiago Alquimista. A Sharon Jones e os seus Dap Kings funkam mesmo que se farta, como alguém dizia."

17. MOGWAI @ PARADISE GARAGE
5 de Fevereiro de 2004
Fez-me fugir, de noite, a um daqueles retiros profissionais, em que se juntam todos os camaradas de trabalho para um fim-de-semana de "entrosamento". E em boa hora o fiz, porque a actuação dos escoceses numa sala tão íntima como era a do Garage, tudo justificava. Dias antes, tinha rebentado com uma coluna do carro enquanto ouvia o "My Father My King". No concerto, fui eu que rebentei com o tema. Escrevi, na altura: "Por vezes passamos por situações de tal forma fascinantes, de tal forma arrebatadoras, que não encontramos no vocabulário mais à mão um suporte à altura para as descrevermos. Por mais arte que empreguemos na escrita, achamos que ficaremos sempre aquém do testemunho real do que presenciámos. Por mais confiança que tenhamos na nossa palavra, sentimos uma aura de injustiça a pairar sobre o texto... O concerto de Mogwai, ontem no Paradise Garage, foi uma dessas situações. O culminar do espectáculo naqueles mais de vinte minutos do 'My Father My King' ficará para sempre gravado na minha memória. Obrigado Mogwai, ah'm friggin' overwhelmed, aye ah am."

18. ROKIA TRAORÉ @ FMM SINES
26 de Julho de 2008
Na segunda vez que a bela Rokia Traoré veio a Sines, teve honras de encerramento de noite no castelo. Trazia na bagagem o magnífico "Tchamanché" e o espectáculo foi, ao contrário do que a actuação de quatro anos antes e o próprio disco novo deixava antever, muito movimentado, ora por culpa dos músicos (recordo o excelente baixista), ora por culpa da postura avassaladora de Traoré em palco.

19. ANIMAL COLLECTIVE @ CACILHAS, ANTIGO CLUBE NAVAL
20 de Outubro de 2005
Ainda se pensou que o concerto viesse a ser no próprio cacilheiro, em pleno Tejo, a recordar aquela vez, meia dúzia de anos antes, em que Felix Kubin deu um concerto num daqueles barcos. Mas as pessoas viriam a ser encaminhadas para as antigas instalações do clube naval local. Só isto já fazia um "happening". Só que, além disso, estávamos ali para ver os Animal Collective pela primeira vez, na prática, se não contarmos com aquela outra presença de Avey Tare e Panda Bear numa das edições do Número Festival. Era, ou melhor, é a banda da década. Escrevi, então: "(...) Depois das avarias ocorridas em dois cacilheiros, a organização preferiu não fazer o concerto no terceiro navio colocado à disposição, um ferry com poucas condições, onde quase não cabiam as várias centenas de pessoas que ontem apareceram no terminal do Cais do Sodré. Havendo, como se sabe, males que vêm por bem, a mudança de planos proporcionou assim a utilização de um magnífico local, o antigo Clube Naval, pavilhão decrépito à beira-rio (será aquele o espaço que os responsáveis do Hard Club de Gaia andaram a sondar há tempos?), a poucos metros do Espaço Ginjal. A experiência já estava a deixar marcas indeléveis na nossa memória e ainda estavam para vir os Animal Collective, depois do aquecimento com a chinfrineira de Anla Curtis. E as expectativas viriam a ser ultrapassadas. Talvez se perceba isto de melhor forma num concerto do que em disco: os Animal Collective são um corpo único, uma unidade orgânica completamente solidária nas suas partes, onde tudo faz sentido quando interage. Por mais fútil que possam parecer quando examinados à parte, aquele grito sincopado, aquele eco do timbalão, aquela voz proibidamente carregada de delay, só para citar alguns dos milhares de ingredientes que esta receita usa, fundem-se em algo que singulariza em absoluto o som dos Animal Collective. É nestes termos que se desenvolve o concerto. Como uma criatura viva, o som que é criado no palco, desenvolve-se, ganha diversas formas ao longo do processo: pequenas, redondas e singelas estimulam o espírito; grandes, fortes e crispadas fazem o corpo dançar. E sem pausas, promovendo a evolução ininterrupta destas diversas formas e dos diferentes temas apresentados, vários deles novos. E quando o corpo assumiu a forma de 'Grass' (de 'Feels', o novo álbum)? Lamento, mas receio que seja impossível de descrever esse momento em poucas palavras..."

20. EXTRA GOLDEN @ ZDB
2 de Julho de 2008
Começaram por ser Golden. Meteram-se na música (e com músicos) do Quénia e passaram a Extra Golden. Apareceram na ZDB numa noite quente de Julho e fizeram toda a gente suar ao som daquele magnífico híbrido rock-benga, que se destaca entre outras recentes experiências de diálogo entre música dita ocidental e géneros africanos. Talvez voltem novamente em breve.

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