terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Artistas mais ouvidos por aqui em 2010

(Bom, ouvidos a partir dos computadores ligados ao last.fm)

1. Ali Farka Touré & Toumani Diabaté
2. Peter Gabriel
3. Vampire Weekend
4. LCD Soundsystem
5. Donovan
6. Johnny Bokelo
7. B Fachada
8. David Bowie
9. Einstürzende Neubauten
10. Taken by Trees
11. Shellac Of North America
12. Les Shleu Shleu
13. Vashti Bunyan
14. Bill Callahan
15. Swans
16. Konono No.1
17. Univers Zero
17. José Afonso
19. Amanaz
20. Sonic Youth
20. The Buzzcocks
20. Orchestre Empire Bakuba

Os melhores concertos de 2010 (11 a 20)

11. Prince Rama @ ZDB (1/12)
O mundo só teria a ganhar com mais bandas como os Prince Rama. Ora psicadélicos, ora tribais, vozes bem colocadas à... Kate Bush, composições que parecem ter saído da imaginação do... Brian Eno. Magia, magia, magia. (Ah, e uma guitarrista-teclista linda de morrer.)

12. Tinariwen @ FMM (30/7)
De tantas vezes que cá vieram, já não constituem propriamente uma surpresa. Mas também não estamos exactamente fartos. Bem pelo contrário. O que interessa é que conseguiram hipnotizar aqueles que os viam no castelo de Sines com o ritmo e as malhas de guitarra que trouxeram do deserto. VÍDEO

13. Shellac @ Primavera (28/5)
Tinha-os visto dias antes, na ZDB. Tinha-os visto há exactamente um ano, neste mesmo palco ATP, no Primavera. Tinha contra mim um horário pouco contornável do festival. Mas mesmo assim, não era possível deixar escapar mais esta oportunidade de os ver ao vivo. Mais houvesse, mais seriam. VÍDEO

14. Michael Rother & Friends Present Neu! Music @ Primavera (29/5)
O revivalismo do kraut tem destas coisas boas: o lendário Michael Rother junta mais dois músicos, um dos quais o atarefadíssimo Steve Shelley, para reproduzirem ao vivo reportório dos Neu!... As gerações mais novas só podem agradecer. VÍDEO

15. Times New Viking @ ZDB (21/4)
É uma daquelas coisas cheias de frenesi, de ruído, de gritaria e de rebuçados sónicos, em que não se consegue ficar quieto. Times New Viking de volta, já!

16. Tortoise @ Primavera (27/5)
Escrevi na altura: "[Por comparação com os Ui] Mais abertos, mais completos, mais ágeis, mais ricos musicalmente, os Tortoise, com John McEntire e John Herndon a trazerem as suas baterias para a frente do palco, mostraram em palco aquilo que já tinham provado em estúdio com “Beacons of Ancestorship”, isto é, que este combo de músicos exímios e multifacetados merece continuar a prolongar a carreira, já tantos anos depois da euforia do pós-rock." VÍDEO

17. Vashti Bunyan @ Lux (13/5)
Um dos acontecimentos do ano. Termos tido, em 2010, a possibilidade de ver esta lenda (quase) esquecida da folk britânica, é um privilégio intemporal. VÍDEO

18. Johan Karlberg (Radioclit) @ Lx Factory (13/2)
Mais um que desafiaria o conceito de concerto, se ainda vivessemos no século passado.
Festarola até às tantas em mais um magnífico "Baile" da Madame. O que eu lamento não ter visto os Very Best no Sudoeste.

19. Wimme @ FMM (29/7)
"Há mais de dez anos que ansiava por um concerto dele por cá e nunca imaginei que fosse tão bem recebido como foi ali em Sines, no palco da praia, ao fim da tarde, para uma música que se imagina nas montanhas, no frio." VÍDEO

20. Paus com Dj Riot & Dj Ride @ Lux (16/12)
Eu disse que ia haver mais Paus nesta lista. E a mais concertos tivesse assistido, mais Paus aqui haveria. Mas desta vez, só desta vez, Paus e agulhas tanto bateram que até fizeram faúlhas. Tenho pena de ter perdido o primeiro "Só desta vez", mas a segunda oportunidade deu para perceber o quanto esta boa gente se esforça para criar estas apresentações únicas. VÍDEO

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

OM na ZDB e no Passos Manuel, em Janeiro

Depois da boa notícia a dar conta da vinda dos Japanther, eis mais uma resposta a um dos velhos pedidos aqui da casa: OM. A dupla californiana vem à ZDB e ao Passos Manuel, a 30 e 31 de Janeiro, respectivamente. Celebremos!
(A primeira parte, em ambas as salas, na ZDB vai estar a cargo do baterista Gabriel Ferrandini.)



A ZDB já anunciou entretanto a restante programação para o primeiro mês de 2011:

7 (sexta) - JP SIMÕES
14 (sexta) - "Noite às Novas" (Rudolfo, EITR, Robert Foster, Alek Rein)
15 (sábado) - PHILL NIBLOCK, GERD STERN, KATHERINE LIBEROVSKAYA
20 (quinta) - JAPANTHER, SHELLSHAG
22 (sábado) - NICK NICOTINE & HIS MYSTICAL ORCHESTRA
30 (domingo) - OM, GABRIEL FERRANDINI

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Já repararam que...

...em 2011 vamos ter por cá a candidata a banda mais chanfrada de sempre, os Monotonix? São duas datas, 26 e 27 de Fevereiro, no Porto e em Lisboa, no Hard Club (ainda com Larkin e Glockenwise) e na ZDB. Vai ser absolutamente perigoso (e bom, claro). Espreitem a actuação destes israelitas no Milhões de Festa deste ano:

Os melhores concertos de 2010 (21 a 30)

21. Diplo @ Primavera (28/5)
Os puristas do rock nunca chamariam a isto um concerto. Deu para pular, deu para dançar, deu para fazer um festão pela noite dentro como poucas bandas conseguem fazer. Foi o quê, então? (Foi uma pena não ter conseguido ver Major Lazer...) VÍDEO

22. Lee 'Scratch' Perry @ Primavera (29/5)
Já começo a perder a conta ao número de vezes que vi o senhor Perry (e para o ano vai haver mais). Talvez, por isso mesmo, ele não fosse a opção mais óbvia no cartaz ultra-congestionado do Primavera, mas o destino prega partidas porreiras e esta foi uma delas. VÍDEO

23. Vitorino e Janita Salomé Com Grupo De Cantadores De Redondo @ FMM (28/7)
O Alentejo não seria o mesmo se não tivessemos os irmãos Salomé. E este foi um dos momentos mais bonitos, arrepiantes até, do FMM, que este ano inaugurou o slot no horário para o final de tarde no castelo (curiosamente, dois outros espectáculos que surgem mais abaixo, Kimi Djabaté e 34 Puñaladas, foram também à mesma hora, no mesmo espaço). VÍDEO

24. Kimi Djabaté @ FMM (30/7)
Já sabemos, mas ainda não somos muitos, que o Kimi Djabaté é um dos músicos maiores que connosco convivem. É grande nos discos, é grande nas actuações a solo, mas experimentem deixá-lo aparecer com a banda completa, incluindo o genial Galissá na kora. VÍDEO

25. Paus @ Churrasco (3/7)
Ok, foi um acontecimento. Churrasco para os amigos à porta da garagem onde a banda ensaia, bateria siamesa cá fora e, claro, uma apresentação dessa incrível máquina de ritmo com energia a rodos. E ainda há mais Paus nesta lista, mais acima.

26. Oquestrada @ Incrível Club (23/3)
Outros que abriram a porta de casa ao público. Ver os Oquestrada no Incrível, que os viu nascer, é uma experiência única.

27. 34 Puñaladas @ FMM (29/7)
Quem os viu e quem os vê. Cinco anos depois, os 34 Puñaladas voltaram a Sines, voltaram a dar um espectáculo ao fim de tarde, mas agora, numa formação mais reduzida, e com as guitarras e o tremendo calor da voz do Alejandro Guyot a darem ao tango a dignidade e a ousadia que realmente merece. VÍDEO

28. Lee Ranaldo & Rafael Toral @ ZDB (21/4)
Não é em qualquer noite de copos que esbarramos sem querer num Steve Shelley ou que vemos o seu parceiro Lee Ranaldo numa pequena sala cujos cantos conhecemos melhor que certas partes da nossa casa, mas, para lá do acontecimento social, e tal como nas vezes anteriores que este por cá passou a solo (Gulbenkian ou São Jorge, por exemplo), houve texturas e outras brincadeiras com a guitarra que nos fizeram subir à estratosfera da imaginação. VÍDEO

29. Pavement @ Primavera (27/5)
Eram o principal motivo para a romaria ao Primavera deste ano. E, mesmo que tudo o resto houvesse corrido mal, restar-nos-ia este belo momento. VÍDEO

30. Mission Of Burma @ ZDB (24/5)
Não saírem ofuscados pela actuação dos Shellac, na mesma noite, era missão quase impossível, mas foi magnífico ouvir "That's When I Reach For My Revolver" e outras por um trio de veteranos pelos quais não se sentiu a passagem da idade.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Os melhores concertos de 2010 (31 a 40)

31. Dan Kaufman's Shiboleth @ Lounge (14/10)
Se eu aqui elegesse a figura do ano, Dan Kaufman podia bem estar lá no topo (ou perto dali). Este ano, esteve cá com os Barbez (esperem por mais desta lista) e, mais tarde, com um projecto semi-improvisado, ao lado de dois portugueses, Enrique TK e Gustavo Costa. Composições de origem judaica, algumas delas com mais de dois mil anos, em formato surf-rock, melopeias à Constellation ou outros desvarios sonoros.

32. Anonima Nuvolari @ Musicbox (7/1)
Dêem-lhes um palco, dêem-lhes público, se querem ver. Fazem um festão. Aliás, nem é preciso dar-lhes nada. Palco para eles é qualquer sítio. O público, esse, anda sempre atrás do combo de doidos. A festa está, por isso, sempre garantida.

33. Beak≫ @ Primavera (28/5)
Geoff Barrows, dos Portishead, a fazer... kraut à moda dos Neu!. Pode estar na moda, mas foi muito bom. VÍDEO

34. Panda Bear @ Lux (12/2)
O disco tarda a sair, mas vamos tendo a oportunidade de ouvir as novas canções em concertos como este. E quando a coisa rola em sítios como o Lux, rola bem. VÍDEO

35. Tiguana Bibles @ Barreiro Rocks (14/11)
A árvore genealógica do rock'n'roll de Coimbra já é imensa e poucos são os que se deixam dormir à sua sombra. Victor Torpedo, Kaló, Pedro Serra e a suprema voz de veludo da inglesa Tracy Vandal metem-nos dentro de um filme do David Lynch (qual 3D, qual quê).

36. Oquestrada @ Tasca Do Chico (11/3)
Os últimos anos têm trazido aos Oquestrada novos e maiores palcos, discos (edição nacional e uma edição internacional regravada), mas é bonito ver que o grupo continua fiel aos espaços onde nasceu, onde a Lisboa popular ainda escorre pelas paredes. VÍDEO

37. Ruby Suns @ Lx Factory (18/6)
Chegaram a Lisboa em formato reduzido, mas nesta noite pouco se perdeu da essência deste magnífico tropicalismo made in Nova Zelândia.

38. Gala Drop @ Coliseu Dos Recreios (22/4)
O entusiasmo da banda em abrir para Sonic Youth, no Coliseu dos Recreios, foi tanto que a luz foi abaixo. Mas o que se tinha passado até então mostrou que, aos poucos e poucos, o projecto vem a merecer ter a atenção de todo o mundo posta neles. VÍDEO

39. Beach House @ Primavera (28/5)
A noite ia caindo, compondo o cenário para um dos mais belos espectáculos da edição deste ano do Primavera. Menos gente houvesse e teria sido quase perfeito. VÍDEO

40. Real Combo Lisbonense @ Alameda (4/10)
Só indo a um baile do Real Combo é que se percebe a festança que João Paulo Feliciano e companhia montaram. Não é indicado, contudo, para pés-de-chumbo. VÍDEO

No próximo sábado...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

PJ Harvey... voou

Ainda há poucos dias foi anunciada a data de 25 de Maio, na Aula Magna. A procura de bilhetes foi tão célere que, quase instantaneamente, a organização anunciou a segunda data, o dia seguinte. No site de venda dos bilhetes, a informação disponível permite concluir que também esta segunda data já esgotou enquanto o diabo esfrega o olho. Também não é difícil, de tão pequena que a Aula Magna é para a expectativa das nossas gentes por este regresso de Polly Jean Harvey aos palcos.
Quem não se abotoou a um bilhete tem agora que esperar que haja mais datas acordadas.

Os melhores concertos de 2010 (41 a 50)

Desta vez, não há por aqui grande tempo, nem paciência, para listas inacabáveis de discos e afins. Só concertos, e mesmo assim, com pena de não ter assistido a dezenas e dezenas de espectáculos que aconteceram ao longo de 2010 e nos quais, pelas mais diversas razões, não pude aparecer. Este é aliás um dos anos em que assisti a menos concertos. Deu ainda assim para juntar alguns dos que mais apreciei e fazer esta lista meio tosca cuja publicação agora se inicia:

41. The Fall @ Primavera (27/5)
Escrevi na altura: «tiveram um arranque enérgico, proporcionado por um dos temas-título do novo álbum “Your Future Our Clutter”, e a esperada sobranceria de Mark E. Smith, que se entreteve por várias vezes a mexer nos amplificadores dos seus músicos. Excelente versão do “Strychnine”, dos Sonics, uma vez gravada para uma Peel Session e depois tornada habitual ao vivo». VÍDEO

42. Ui @ Primavera (27/5)
Eram, nos anos 90, uma das bandas que mais queria ver em palco. Tanto tempo depois, chegou a oportunidade de ver aqueles dois baixos com bateria, "circunspectos mas exímios na linguagem do pós-rock que ajudaram a inventar. VÍDEO

43. Orquestra Imperial @ Alameda (4/10)
Começaram bem com algo que não me recordo de alguma vez ter visto: substituíram os "nossos" Real Combo Lisbonense sem deixar a música cair. Depois, animaram como se pretendia as gentes que estavam ali para o Baile da República.

44. Guadalupe Plata @ Barreiro Rocks (14/11)
Foram um dos nomes mais falados no SXSW, parece que arrasaram no Primavera e, obviamente, a passagem pelo Barreiro fez também mossa. Eles têm o blues todo.

45. Dávila 666 @ Barreiro Rocks (14/11)
Chamam-lhes os Black Lips de Porto Rico e, se calhar, até conseguem ser melhores. Foram um dos maiores estrondos sonoros do Barreiro Rocks deste ano. VÍDEO

46. Kočani Orkestar @ Martim Moniz (18/9)
Mais de 15 anos separaram os dois espectáculos a que assisti da Kočani, mas deu para perceber que estes ciganos da Macedónia continuam a ser, a par com a Fanfare Ciocărlia, uma das brass bands mais empolgantes das balcãs.

47. Pixies @ Primavera (28/5)
É um tanto ou quanto confrangedor ver este regresso dos Pixies prolongar-se sem (quase) nada de novo a aparecer, mas sempres são os Pixies, sempre deu para assistir a (mais um) desaguisado entre o Frank Black e a Kim Deal e... houve "Winterlong" do Neil Young! VÍDEO

48. Grupo Fantasma @ FMM (29/7)
Num ano em que o FMM deu especial atenção à expressão latina, estes texanos souberam pôr toda a gente a dançar sem parar. VÍDEO

49. Forro In The Dark @ FMM (30/7)
Não foram exactamente os Forro in the Dark dos discos, mas foram o ritmo que se queria naquela noite junto à praia. VÍDEO

50. B Fachada @ Bons Sons (Cem Soldos) (21/8)
Já um fenómeno de popularidade incrível, mesmo antes de começar a vender azeite, num concerto bonito, numa aldeia bonita. VÍDEO

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

PÁRA JÁ TUDO. Japanther no Porto e em Lisboa!

Andei anos aqui a pedir que cá viessem. Chega de peditório! Eles vêm cá. Ian Vanek e Matt Reilly, dois miúdos de Brooklyn que andam desde 2001 a fazer estragos com o nome de Japanther vão pisar os palcos do Café au Lait, no Porto, e da ZDB, em Lisboa, a 19 e 20 de Janeiro, respectivamente. As produções estão a cargo da Lovers & Lollypops e da ZDB.



E para as primeiras partes de ambos os espectáculos trazem os Shellshag, outro duo de Brooklyn.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Só desta vez (II)

Hoje há Paus no Lux, com DJ Ride e DJ Riot. O início está marcado para as 11h, os bilhetes custam 8€ e estão à venda no Lux, na Flur e na Louie Louie (se não esgotarem entretanto, como é evidente).
O filme do ensaio promete coisa boa para esta noite:

Só desta vez - Paus convidam Dj Ride & Dj Riot from Tiago Pereira on Vimeo.



Primeiro, Paus. Depois, as geminídias. Programa perfeito.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Mais um

Mais um concerto anunciado com largos meses de antecedência: Marky Ramone, baterista dos Ramones desde 1978 até ao fim da banda e principal portador da mensagem Gabba Gabba Hey nestes últimos anos, vai voltar ao Santiago Alquimista: dia 8 de Junho de 2011.
(Notícia do Billy.)

PJ Harvey em Maio

Atravessamos uma época em que o anúncio dos concertos de média e grande dimensão é feito cada vez mais cedo. A última novidade é a vinda de PJ Harvey a Lisboa, para um concerto no dia 25 de Maio, na Aula Magna. O anúncio foi feito na sua página de facebook. Polly Jean virá acompanhada do trio de produtores do novo álbum, "Let England Shake": Flood, John Parish e Mick Harvey.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Eat Skull! Logo! No Lounge!



Esta noite é noite de Eat Skull. A Filho Único traz ao Lounge esta malta de Portland, em parte descendente dos Hospitals (dois deles fizeram parte do grupo de Adam Stonehouse), mas com uma pop lo-fi (ou canções-farrapo, como lhes chama o Miguel Arsénio do Bodyspace) distante da selvajaria sonora e física daqueles. Ou talvez não tão diferente ao vivo, algo que se poderá perceber mais logo...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Povo que canta nas bancas

Michel-Marie Giacometti morreu há 20 anos, mas o seu nome perdura na memória daqueles que tiveram a sorte de o apanhar, através da televisão, a palmilhar, de gravador em punho, um país em que tudo ficava muito mais longe de tudo o resto, em que as tradições ainda se viviam no trabalho do campo, na faina do mar, em festas e celebrações únicas. Grande parte do que hoje conhecemos da história da música portuguesa, e, de uma forma mais abrangente, dos hábitos culturais e sociais dos portugueses do século passado, principalmente os portugueses que viviam fora dos centros urbanos, devemos ao trabalho coordenado por este etnólogo de origem corsa.

Felizmente, desde os Gaiteiros de Lisboa à família Pereira (tanto o pai, o músico Júlio, como o filho, o realizador Tiago), e entre tanta outra gente, há quem teime em não deixar cair o trabalho de Giacometti no esquecimento. Contudo, além dessas citações e de alguns (poucos) vídeos perdidos no youtube, tem sido difícil encontrar evidências do trabalho de Giacometti. Por absurdo que pudesse parecer, as gerações mais novas tinham até há bem pouco tempo, maior contacto com a folk americana recolhida por outro grandes etnomusicólogo, Alan Lomax, do que com os cantes de trabalho portugueses recolhidos por Giacometti.

Mas isto está a mudar. Hoje mesmo, o Público dá início à venda, com o jornal, de uma colecção de livros, DVDs e CDs onde é recuperada, na íntegra, a série "Povo que Canta", que Giacometti apresentou na RTP entre 1970 e 1974. Inclui ainda dois outros filmes de Giacometti, "Rio de Onor" e "Alar da Rede", e dois trabalhos inéditos em CD, "O Ladrão do Sado" e "Uma Longa Militância". Preço especial de lançamento: 5,9€ (8,9€ nas restantes entregas). É APROVEITAR, GENTE.

Há mais tempo, mas já neste ano de 2010, saiu também para os escaparates uma espécie de revisitação a "Povo Que Canta", com Ivan Dias e Manuel Rocha a repisarem os passos dados por Giacometti e a descobrirem o que aconteceu às tradições recolhidas há quarenta anos. O trabalho foi reunido em seis DVDs e já está à venda.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Amanhã, Gala Drop no M

Os Gala Drop acabaram de lançar, pela norte-americana Golf Channel Recordings, o EP "Overcoat Heat" (único formato: 12"). Já se encontra à venda na Flur e na Louie Louie e a banda vai apresentá-lo ao vivo amanhã, no Espaço M (antiga Casa d'Os Dias da Água, na rua D. Estefânia, 175). Do cartaz da festa, que está agendada para iniciar-se às 22h, fazem também parte Magina, que acabou de editar o CD-R "Nazca Lines", e, para o resto da noite, o japonês DJ Kent (Force of Nature e Backwoods).

Com a cortesia dos Gala Drop, e com um agradecimento especial ao António do Vai uma Gasosa pela dica do player, aqui estão os temas de "Overcoat Heat":

1. Drop








2. Rauze








3. Izod








4. Overcoat Heat








quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Hoje é dia de nos metermos nos assuntos dos blues

Já andam aí há alguns anos. Ensinaram-nos que os blues, nos tons mais fiéis ao género original, podem ser interpretados e ouvidos por malta nova. Agora convidam-nos a provar, a quem ainda disso precise, que um disco desta velha coisa do delta do Mississipi pode ocupar com a mesma galhardia o espaço da estante lá em casa.

Chamam-se Nobody's Bizness, contam com a voz de Petra e de Catman (que também pega na harmónica e se senta em frente ao piano, quando é caso disso), as guitarras, o banjo e dobro dos irmãos Luís e Pedro Ferreira, o baixo de Luís Oliveira e a bateria de Isaac Achega. Acabaram de lançar "It's Everybody's Bizness", álbum de estreia produzido a meias entre os próprios e Paulo Miranda, onde reúnem temas clássicos do género e ainda um punhado de originais.

Hoje dá-se o lançamento oficial do disco, com concerto no Maxime, a partir das 23h. Metamo-nos nesse tal assunto dos blues.

(Até lá, aproveitem para ler este belo press release escrito pelo António Pires.)

A História dos blues está feita de encruzilhadas. A lendária encruzilhada na quinta Dockery onde Robert Johnson terá vendido a alma ao diabo em troca de se tornar o melhor guitarrista de sempre. A escolha que foi apresentada pelo destino a T-Bone Walker, John Lee Hooker, B.B. King ou Muddy Waters: continuo a tocar guitarra acústica ou passo para a eléctrica e a minha música chega assim a mais pessoas (e, quem sabe, até mudo o futuro de toda a música popular)? A decisão de vida que Ali Farka Touré teve que tomar: serei para sempre taxista ou mecânico de automóveis ou tenho como missão vir a ser músico profissional e lançar as pontes definitivas entre os blues e a música da África Ocidental? Ou a encruzilhada que Eric Clapton encontrou quando percebeu que a sua vida não podia continuar dependente do álcool e das drogas duras: deixo esta merda ou serei para sempre conhecido como "o drogado que deixou o filho cair da janela e morrer"?

Ao fim de alguns anos a cantar e a tocar as canções dos bluesmen que mais amam e admiram, as questões que os Nobody's Bizness encontraram na sua encruzilhada pessoal não foram tão dramáticas nem tão românticas ou bizarras quanto estas, mas foram, mesmo assim, difíceis de resolver: continuaremos para sempre a fazer versões ou vamos em frente, pomos a cabeça no cepo e mostramos o que valemos também enquanto autores? E foi isso mesmo que fizeram. Ou, pelo menos, a cinquenta por cento. Depois de, em 2005, terem editado um álbum ao vivo gravado na Capela da Misericórdia, em Sines, onde interpretavam temas de Robert Johnson, Willie Dixon ou Lonnie Chatmon, os Nobody's Bizness têm agora um álbum em que seis das doze canções têm assinatura do grupo (com a preciosa ajuda de João MacDonald nas letras de uma delas). E saíram-se brilhantemente da tarefa! Nos seus originais estão toda a paixão e ensinamentos que sempre retiraram dos blues, mas também o amor que têm pela country, pelo bluegrass, pela folk norte-americana (ou por um eventual eixo canadiano que une Leonard Cohen, Neil Young e Joni Mitchell), pelo jazz e por uma visão aberta das músicas do mundo. E, ao lado de várias versões de Willie Dixon (ainda e sempre) ou William Broonzy, aqui estão meia dúzia de originais que põem desde já os Nobody's Bizness num elevadíssimo patamar criativo.

Uma outra encruzilhada, digamos paralela (se é que se pode falar de paralelas quando também se fala de encruzilhadas - mas essa é uma boa questão para os geómetros resolverem), que os Nobody's Bizness encontraram foi a opção de gravar, ou não, em estúdio. Tendo o palco como território natural para a sua música, como é que o brilho da voz de Petra, a magia da harmónica e a profundidade de voz de Catman, as finíssimas filigranas das guitarras e banjos dos irmãos Ferreira e os tapetes voadores de Luís Oliveira e Isaac Achega poderiam ser recriados - porque é de recriar que aqui se trata - em estúdio? A questão era complicada mas resolveu-se de forma fácil: tendo como aliado Paulo Miranda, que com os Nobody's Bizness co-produziu o disco no seu AMP Studio, em Viana do Castelo, o grupo lisboeta rapidamente descobriu no estúdio minhoto uma extensão da sua sala de ensaios onde todos se sentiram confortáveis e a sua música pôde fluir livremente. E, se o primeiro álbum circulou por um grupo restrito de fãs fiéis e habituais, os Nobody's Bizness são agora everybody's bizness, para ouvir de ouvidos limpos e alma aberta.

António Pires
Outubro de 2010


Alinhamento do disco:

1 - I want a little boy (Murray Mercher/Billy Moll)
2 - Don't go no further (Willie Dixon)
3 - Time waster (Nobody's Bizness)
4 - When monday comes (Nobody's Bizness) *
5 - Nobody (no guidance song) (Nobody's Bizness)
6 - This pain in my heart (Willie Dixon)
7 - When the lights go out (Willie Dixon)
8 - Roll mamma (Nobody's Bizness)
9 - Blues for the month of june (João MacDonald/Nobody's Bizness)
10 - The blues don't care (Gwill Owen/Charles Olney)
11 - Black, brown & white (William Broonzy)
12 - Show's up! (Nobody's Bizness)

* Com Francisco Silva (Old Jerusalem) e Ana Figueiras (Unplayable Sofa Guitar) nos coros.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os sete pecados capitais do Barreiro Rocks

Vaidade
O Barreiro Rocks também tem um lado social, quando se transforma em palco para o desfile de personagens como aquelas de que o Nick Nicotine falava ao Mário Lopes, "gente que se destaca entre a multidão, que ignora ou desdenha este ar dos tempos que tanto puxa para a banalidade do politicamente correcto e do 'parecer bem'. Gente que, de alguma forma (habitualmente exuberante), deixa marca". E depois também há os hipsters, que não deixam marca alguma, mas também não fazem mal a ninguém e dão colorido ao fim-de-semana.

Inveja
A gente do Barreiro é gente de trabalho, gente que faz as coisas acontecer, gente que organiza três festivais de categoria (além do BRR, o Out.Fest e o Barreiro Outras Músicas), gente que se multiplica por bandas. E se há coisa que um bom português gosta de fazer, além de chorar pelo que não tem ou pelo que julga que não tem, é de invejar a galinha da vizinha. Os mais inveterados neste pecado fazem melhor em não atravessarem o rio neste fim-de-semana.

Ira
Há melhor forma de descarregar as iras da semana de trabalho do que numa maratona de concertos de rock estrepitante? Há: pegar numa caçadeira e desatar a disparar em todas as direcções, mas não é a mesma coisa. E provoca baixas.

Preguiça
Há quem se vanglorie de ir a festivais de rock no estrangeiro mas que nunca tenha atravessado o rio para ir ao Barreiro Rocks. Ok, ok, as dimensões são diferentes. A oferta é diferente. Mas parecem sempre estranhas aquelas alturas em que o Ferroviário aparenta ter mais espanhóis do que lisboetas. GENTE, HÁ UM BARCO QUE DEMORA VINTE MINUTOS A ATRAVESSAR O RIO.

Ganância
Há vezes, como aquelas em que olhamos para a banca dos discos, que os valores materiais invadem todo o desejo. Nessa alturas, o que mais ambicionamos é poder levar todos aqueles discos para casa.

Gula
Quem vai ao Barreiro Rocks, vai porque tem um desejo insaciável por música. Vai ao que sabe, mas também quer do que não sabe. E quando acaba de tocar o nome principal da noite, quer-se o regabofe da after-party, quer-se ouvir os sete polegadas do Shimmy. Quer-se mais, mais, mais. E a organização não pode sequer imaginar que os barris de cerveja cheguem à última gota, porque não há fim à vista para a gula desta gente.

Luxúria
Ora, é um festival de rock, gente. E o rock é carnal desde o dia em que nasceu, na insinuação ou na prática. O Joca (ex-Green Machine, actual Alto!) chega a escrever na Vice que "há pessoas a foder nas casas-de-banho". É apenas rock'n'ROLL.


Sexta-feira e sábado, no Clube Ferroviário, mesmo ao lado da estação de barcos do Barreiro. Mais informações em www.barreirorocks.org.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Uau. John Cale vezes seis!

O mês é Fevereiro do ano que vem. John Cale em seis datas (!) no país e nenhuma delas em Lisboa ou Porto (!):

17 - Coimbra, Teatro Gil Vicente
19 - Guimarães, Centro Cultural Vila Flor
20 - Aveiro, Teatro Aveirense
24 - Leiria, Teatro José Lúcio da Silva
25 - Torres Vedras, Teatro Cine
26 - Torres Novas, Teatro Virgínia

(notícia Blitz)

Quando se alinham planetas de galáxias diferentes, tudo pode acontecer

A Crammed continua a explorar (e ainda bem) o seu filão congotrónico. A mais recente novidade explosiva da editora belga tem esta capa:



Foi ontem lançado e é um álbum duplo que reúne nomes como Deerhoof, Animal Collective, Micachu, entre muitos outros, a reinterpretarem o catálogo congotrónico da Crammed (Konono nº1, Kasaï Allstars, etc.). Eis o alinhamento completo:

1. DEERHOOF vs KASAI ALLSTARS : Travel Broadens The Mind
2. ANIMAL COLLECTIVE vs KASAI ALLSTARS : Quick as White
3. ANDREW BIRD vs KONONO N°1 & SOBANZA MIMANISA : Ohnono/Kiwembo
4. TUSSLE vs KONONO N°1 : Soft Crush
5. GLENN KOTCHE vs KONONO N°1 : Traducteur de transmission
6. LONELY DRIFTER KAREN vs KASAI ALLSTARS : Hunting on the Moon
7. JHEREK BISCHOFF vs KONONO N°1 : Kule Kule (Orchestral Version)
8. WOOM vs KASAI ALLSTARS : Enter The Chief
9. JUANA MOLINA vs KASAI ALLSTARS: Hoy supe que viajas
10. MARK ERNESTUS vs KONONO N°1 : Masikulu Dub
11. SKELETONS vs SOBANZA MIMANISA : Kiwembo/Unstuck
12. JOLIE HOLLAND & JOEL HAMILTON vs KASAI ALLSTARS : Nyeka Nyeka
13. AKSAK MABOUL vs KASAI ALLSTARS : Land DisputeDISC 2

1. SHACKLETON vs KASAI ALLSTARS : Mukuba Special
2. HOQUETS vs KONONO N°1 : Likembes
3. MICACHU & THE SHApES vs KONONO N°1 : NO.K
4. MEGAFAUN vs KISANzI KONGO : Conjugal Mirage
5. AU vs MASANKA SANKAYI : Two Labors
6. ALLA vs BASOKIN : Mulu(me)
7. BEAR BONES, LAY LOW vs KONONO N°1 : Kuletronics
8. BURNT FRIEDMAN vs KONONO N°1 : Rubaczech
9. ONEIDA vs KONONO N°1 : Nombre 1!
10. OpTIMO vs KONONO N°1 : Wumbanzanga
11. BASS CLEF vs KASAI ALLSTARS : The Incident At Mbuji-Mayi
12. EYE vs KONONO N°1 : Konono Wa Wa Wa
13. SYLVAIN CHAUVEAU vs KONONO N°1 : Makembe

O primeiro single do álbum, com a versão dos Deerhoof, está disponível para descarga gratuita no site da Crammed. Mais informações aqui.

Fucked Up tocam à mesma

O concerto dos Arcade Fire pode ter sido cancelado, mas há uma boa notícia: os Fucked Up, que vinham fazer a primeira parte ao espectáculo dos seus conterrâneos no Pavilhão Atlântico, vão tocar à mesma em Lisboa. Será no dia 18, na ZDB, com aquecimento a cargo dos vianenses Mr. Miyagi. Os Fucked Up tocam também no Porto, no Plano B, no dia seguinte, integrados na programação do novo festival mensal da Lovers & Lollypops, o NÁICE.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O novo álbum dos Hipnótica

Os Hipnótica andam outra vez pelos palcos do país, agora com novo álbum, "Twelve-Wired Bird of Paradise". Ainda ontem estiveram na primeira parte dos Broken Social Scene, na Aula Magna, e hoje vão fazer o mesmo no concerto do Porto, na Casa da Música. Há meses, pediram-me para redigir o press release do disco, que aqui reproduzo de seguida. Se é verdade que a linguagem de um PR é quase sempre diferente, mesmo que ligeiramente, de uma crítica propriamente dita, acreditem que o álbum é um autêntico estrondo e que tudo que aqui escrevo é absolutamente fiel à opinião com que fiquei deste novo trabalho dos Hipnótica logo desde o primeiro momento em que o escutei.
Os Hipnótica nunca foram de ambientes especialmente soturnos ou carregados, mas dá quase vontade de dizer que, ao quinto álbum de originais, os rapazes que há 16 anos se lançaram para a música no Palco Oriental, em Lisboa, descobriram… a luz do Sol, os passarinhos a cantarem, as cores de uma paisagem relaxante.

Não seria inteiramente verdade, teimo, mas quanto mais se ouve “Twelve-Wired Bird of Paradise”, mais fica a certeza de que os Hipnótica abriram uma daquelas janelas que esteve sempre fechada na sala de ensaios e deixaram entrar uma brisa de frescura primaveril nas composições. Entraram na pop sem medos, uma pop leve sem ser ligeira (o musiquês permite estes paradoxos linguísticos), uma pop sofisticada. Talvez agora venhamos a preferir vê-los em concerto à tarde, num piquenique no parque, com crianças (que brinquem no “Playground” da primeira faixa). Não quereremos mais Hipnótica à noite, em salas fumarentas.

Temas como “Playground”, “Black Glove”, “It’s OK to Get Lost”, “Sun Palace” ou “Wild Side” ajudam a ilustrar o que há cima designava, algo pomposamente, por pop sofisticada. Sofisticada porque está lá a leveza das canções, mas, afinal de contas, porque as pessoas continuam a ser as mesmas (ou quase: saiu Eduardo Raon e entrou o guitarrista JP Daniel), também se mantém a preocupação com os arranjos, o cuidado quase doentio pelas harmonias e simpatias entre os instrumentos, entre os instrumentos e a voz de João Branco Kyron, cuidado esse que já era notável no álbum anterior, “New Communities for Better Days”.

Procurando manter as metáforas ao largo, que novidades há nestes arranjos que ajudam a explicar a mudança? Há essencialmente duas que ressaltam destas primeiras audições: a guitarra acústica dedilhada do estreante JP Daniel, omnipresente ao longo do disco e integrada de forma absolutamente feliz no espaço que lhe cabe, muitas das vezes em diálogo com a de Bernard Sushi, que para este disco quase largou os teclados, e as apostas nos loops envolventes que transformam as canções em danças para a mente (e para o corpo, por vezes).

Depois de horas e horas a tentar fugir àquele lugar-comum dos press releases e das críticas de discos novos em que se diz que o artista reinventa-se no álbum em causa, devo admitir: desisto. Os Hipnótica reinventaram-se neste disco. Não há como fugir. E é, provavelmente, o melhor álbum que os Hipnótica gravaram até hoje.

Contrapondo o lugar-comum anterior, deixo uma proposta improvável para fechar um press release, se a banda deixar passar o desafio e o ouvinte estiver a fim (e a tempo) de o experimentar: tente ouvir primeiro, antes de tudo o resto, “Bang Bang Steel Drum”, a última faixa do disco. Sou capaz de apostar que vai depressa querer saber o que se passou nas faixas anteriores. Vai, como que houvesse aqui uma aventura que merece a pena ser experimentada. Uma aventura que chega ao fim neste paraíso caribenho desenhado pelo António Watts no steel drum , o instrumento de percussão mais solarengo (e eu acrescentaria mais nostálgico) que o mundo da música já conheceu. Seja qual for a opção tomada pelo ouvinte, ter este “Bang Bang Steel Drum” a começar ou a fechar é uma massagem encantadora aos canais auditivos e a tudo o que há depois deles a caminho do cérebro. É mais ou menos isto a pop sofisticada de que falava.


Um bom rumor, para desanuviar: Grinderman em Portugal?

É apenas ainda um rumor, mas parece que os Grinderman, de Nick Cave e Warren Ellis, vem a Portugal em Maio do ano que vem...

domingo, 7 de novembro de 2010

Morreu o Cintra

Há meia dúzia de anos, escrevi este pequeno relato de um quotidiano que veio a repetir-se desde então:

Voyeurismo de hora de almoço

De vez em quando, vou almoçar a um café na Barata Salgueiro, um pouco mais abaixo da Cinemateca. Frequentemente, encontro dois indivíduos, cada um com mais de sessenta anos de idade, por certo, sempre na mesma mesa. Um deles usa um boné que diz logo que deve ser um velho intelectual de esquerda, apreciador de jazz, apreciador do bom charuto. O outro fala imensamente alto, de maneira que toda a esplanada do café toma conhecimento das conversas tidas entre os dois. Na mesa, há sempre diversos jornais e revistas, essencialmente publicações de letras, de cinema ou de actualidade, do Record ao Expresso. Entre eles trocam discos, cassettes de vídeo com filmes ou gravações de concertos e, imaginem, recortes de jornais que podem ir de críticas a um determinado filme ou a notícias tão específicas como o "tempo que demorará a viagem de TGV de Madrid a Lisboa". Nas conversas, falam da programação do Musik, daquele filme raríssimo que devia ter uma exibição num qualquer cineclube local, de viagens a Espanha que vão fazer com outras pessoas, não esquecendo de tomar nota da importância do facto de se passar por Badajoz para se comprar charutos.
Era só para dizer que, se chegar à idade deles, quero ser assim.


Ao longo deste tempo, e na partilha do horário do almoço, vim a conhecê-los melhor. Como camaradas de trabalho, quase daria para dizer, pelo menos em relação a um deles, o que usava boné e era apreciador do bom charuto, como dizia no relato. era o Cintra. Manuel Cintra Ferreira, programador da Cinemateca e crítico de cinema no Expresso. O outro, que na verdade só aparecia uma vez por semana, era o Luís, seu compadre e amigo de longa data, desde que se conheceram nos míticos cine-clubes do tempo da outra senhora e nos ajuntamentos de fanáticos pela banda desenhada. Havia uma razão para falarem tão alto. E eu próprio vim, com o tempo, a falar também alto, sempre que almoçava com o Cintra. É que o Cintra ouvia mal, coitado, e porque gostávamos de conversar com ele, víamo-nos obrigados a encher os pulmões e assustar todos os incautos comensais da esplanada. Numa das últimas conversas, falávamos de cinema alemão e eu não tinha uma caneta. Imaginem o que é tentar falar em nomes alemães quase inexprimíveis, mesmo quando o interlocutor tem boa audição, e não ter uma caneta à mão para os escrever na toalha da mesa...

Há meses, o Cintra dizia-me que tinha um tumor no cérebro. Logo a seguir, deixou de aparecer. Foi operado. Voltou mais tarde, para alguns almoços esporádicos, em que me contava histórias da casa de repouso onde tinha passado a residir. Ríamo-nos das tácticas de fuga dos outros velhos.

O Cintra morreu hoje, aos 68 anos (notícia TSF aqui). Não tinha família, pelo menos que falasse dela, mas deixou amigos enlutados.

Como dizia no relato de há seis anos, se chegar à idade deles, quero ser assim.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ZDB faz anos e dá festa

A ZDB faz 16 anos. Parece que foi ontem que abriu as portas. Não, não parece nada. Na verdade, e pelo menos no que diz respeito à música, a oferta em Lisboa ganhou tanto em quantidade, diversidade e qualidade, que o ano de 1994 já parece muito longíquo. E a ZDB teve, justamente, um papel a dizer em toda esta evolução.

A festa de aniversário acontece hoje, nas instalações da rua da Barroca. Ao palco vão subir Sun Araw, Scout Niblett e U.S. Girls. Depois há música escolhida por gente como Gabriel Abrantes, Meghan Remy, Daniel Schmidt e Sérgio Hydalgo. A entrada custa 10 euros.



Fica aqui, já agora, a programação conhecida para o resto do ano:

Sábado, 13/Nov - Daniel Higgs, David Maranha & Gabriel Ferrandini
Sexta, 19/Nov - Variable Geometry Orchestra
Sábado, 26/Nov - Nobuyasu Furuya, Gabriel Ferrandini, Eduardo Lála, Hernâni Faustino e Rodrigo Pinheiro
Quarta, 1/Dez - Prince Rama | Vítor Lopes
Domingo, 5/Dez - Lower Dens

sábado, 30 de outubro de 2010

E que tal uma viagenzita? (ATP)

Falava aqui, há semanas, qual agência de viagens, de algumas propostas de concertos lá fora. Ao alcance de uma viagem, temos a oportunidade de ver nomes como godspeed you! black emperor, Einstürzende Neubauten, The Pogues, Swans (entretanto, já se sabe que a digressão, agora aumentada, vai passar por cá) e Jonathan Richman (este já foi).

Surge, entretanto, mais uma destas propostas: o All Tomorrow's Parties, na versão original do festival, ou seja, em Inglaterra. Os curadores da edição de 2011 do festival de Minehead (condado de Devon, no sudoeste de Inglaterra) serão os Animal Collective. Já há datas, 13 a 15 de Maio, já há programa, ou parte dele, e os bilhetes foram ontem postos à venda. É isto o que já se conhece do cartaz:

ANIMAL COLLECTIVE
GANG GANG DANCE
LEE SCRATCH PERRY
ARIEL PINK'S HAUNTED GRAFFITI
BROADCAST
BLACK DICE
MEAT PUPPETS (tocarão o álbum "Up On The Sun")
THE FROGS (tocarão o álbum "It's Only Right & Natural")
IUD
OMAR-S
PRINCE RAMA
SPECTRUM
DENT MAY
GROUP DOUEH
THE BROTHERS UNCONNECTED
SUBLIME FREQUENCIES (DJs e filmes)
DERADOORIAN
ZOMBY
VLADISLAV DELAY

Mais informações, bilhetes, etc., em www.atpfestival.com

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Abril de 2011 é mês de... SWANS!

Deixem-me já ir direito ao assunto: nos dias 9 e 10 de Abril do próximo ano, vamos cá ter os Swans. Aula Magna e Casa da Música, respectivamente.

FINALMENTE, até vos oiço aí a berrar. Os Swans vêm a Portugal, agora que regressaram ao activo pela mão, claro, do Michael Gira, não só para a já tradicional digressão de concertos um pouco por todo o mundo, como é típico dos regressos (e esta digressão, agora montada, tem um número de concertos realmente impressionante), mas com trabalho novo, e excelente, como se pode constatar ao ouvir o recentemente lançado "My Father Will Guide Me Up a Rope to the Sky".

Swans sem Jarboe? Prolongamento da carreira a solo do Michael Gira, com carimbo Swans? Não interessa. 9 e 10 de Abril, tomem nota.

Notícia do Stereogum, com toda a digressão.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ari Up (1962-2010)



Alguns de nós vimo-la ainda esta Primavera, a cantar, a berrar, aos saltos, a dançar sem parar, a mostrar as cuecas novas como se tivesse 20 anos. Ari Up, a mestra de cerimónias das Slits, faleceu no passado dia 20, vítima de cancro. Tinha apenas 48 anos.

Ariane Forster nasceu na Alemanha, a 17 de Janeiro de 1962. A relação com a música vem desde cedo. Tinha o vocalista dos Yes, Jon Anderson, como padrinho. Teve John Lydon como padrasto. O ambiente que vivia em casa levou-a a experimentar também o punk, e aos 14 anos de idade fundou, com Palmolive, as Slits. Depois do fim das Slits, em 1981, fugiu à vida citadina e refugiou-se no interior da Indonésia, depois no Belize e, mais tarde, na Jamaica. Em 2006, fez regressar as Slits, com a baixista original Tessa Pollitt. Morreu em Los Angeles, na passada quarta-feira.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Coisas boas que vão acontecer nos próximos dias e que são, convenhamos, imperdíveis

1. Temos um caso destes já hoje. Dan Kaufman no Lounge. O nome não vos diz nada? É o mentor dos Barbez, o colectivo nova-iorquino que já chegou a gravar pela Tzadik e que já esteve duas vezes em Portugal, sendo a última muito recente, há poucos meses, num MAGNÍFICO concerto no FMM Sines. Kaufman traz a Lisboa as duas guitarras (a normal e a lap steel) para apresentar o projecto Shibboleth, onde se juntará a dois músicos portugueses, Enrique TK (contrabaixo) e Gustavo Costa (bateria e percussões). A entrada é, como sempre, livre.

2. O Out.Fest do Barreiro terá amanhã aquela que será provavelmente a sua segunda noite mais concorrida desta edição, depois do concerto de Panda Bear na semana passada. Amanhã, vão subir ao palco do Convento da Madre de Deus da Verderena, os norte-americanos Emeralds, que contarão na primeira parte com Kosmicdream, um projecto de Guilherme da Luz, membro dos lendários Tantra. Vai ser uma noite absolutamente cósmica.

3. Por falar em cosmos, não há como perder a cerimónia magna do drone, no domingo, na ZDB, com os Master Musicians of Bukakke! Não há mesmo maneira de perder isto. A ZDB apresenta ainda este fim-de-semana, mas já amanhã, sexta-feira, o regresso a Lisboa de Steffen Basho-Junghans, com Back to Comm a aparecer também no cartaz.

4. O Doc Lisboa 2010 começa hoje. Se for como nos anos anteriores, a maioria das propostas do festival de cinema documentário serão quase como que obrigatórias, mas fica aqui o destaque para uma delas, pelo menos, que decorrerá no próximo sábado e que coincide com a sessão de encerramento da Festa do Cinema Francês: "Benda Bilili!", documentário deste ano, realizado por Renaud Barret e Florent de la Tullaye, sobre, como não poderia deixar de ser, os congoleses Staff Benda Bilili. Às 22h, na sala principal do São Jorge. E diz-se que depois haverá uma festa africana... (Quem se deslocar amanhã a Almada, ao auditório Fernando Lopes Graça, também poderá ver o filme, no âmbito da programação da Festa do Cinema Francês.)

5. Para a semana, também haverá muitos motivos para se sair de casa, para usar a expressão típica de programas de televisão dedicados a agendas culturais. Na terça-feira, por exemplo, o compositor Terry Riley, que anda por aí com uma digressão comemorativa dos seus 75 anos, vai ao Theatro Circo, em Braga. Por Lisboa, na Quinta-feira, acontece a primeira das "Só Desta Vez", conjunto de três noites no Lux com os Paus e convidados. Desta vez, os convidados serão Filho da Mãe e João Nogueira, nas guitarras eléctricas, e Eduardo Raon, na harpa. No sábado, 23, vai haver Hipnótica a lançarem o magnífico álbum novo no Maxime e, no Musicbox, uma noite com El Guincho, Toro y Moi e Noiserv. Por falar em Toro y Moi, o norte-americano vai também estar no Porto, numa festa da Lovers & Lollypop no Plano B, na quarta-feira da próxima semana.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Bor Land (2000-2010)



Freud's Quest, Moving Coil, Wave Simulator, Mindelo, Plasticine, Bildmeister, The Unplayable Sofa Guitar, Old Jerusalem, Bypass, Alla Polacca, Boiar, Zöe, Dead Sea Israel, Stealing Orchestra, Polaroid, Abstrakt Circkle, Norton, The Neon Road, In Her Space, Simpletone, Stowaways, Tenaz, Kubik, Murangus, Kafka, Ölga, Fat Freddy, The Grey Blues Bend, Rose Blanket, Puget Sound, Complicado, Starlux, Carlos Bica, Roll Müic, München, The Allstar Project, Spatial White Noise, Lemur, Jeffrey Lewis, Plasticine, Gordon's Deal, Most People Have Been Trained To Be Bored, Alexandre Soares & Jorge Coelho, The Astonishing Urbana Fall, Bruno Duarte, Puny, La La La Ressonance, Lobster, Norberto Lobo.

Ao longo de 10 anos, quase cinco dezenas de projectos viram o seu nome sair à rua estampado num disco, em compilação ou em álbum próprio, pelas mãos da Bor Land. O ano de 2010 marca o fim da vida de uma editora fundamental na lufada de ar fresco que se sentiu na música independente feita em Portugal. Os tempos agora são outros e o melhor que se pode dizer da Bor Land é que cumpriu os objectivos a que se propôs com absoluta eficiência e com a coragem de poucos, num reconhecido ambiente de respeito pelos artistas que representava.

A última edição em disco da Bor Land é uma caixa única com todas as edições realizadas ao longo destes 10 anos, que estará a leilão até ao final do mês de Outubro. Há mais informações aqui.

Obrigado, Rodrigo e outros camaradas borlândicos.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

E que tal uma viagenzita?

É um facto que Portugal aparece cada vez mais nos mapas das digressões de bandas internacionais. Pontualmente, contudo, há coisas que passam ao largo do país. Eis quatro propostas de bandas e uma de um artista a solo que, por uma razão ou outra, não vão passar por cá, pelo menos que se saiba neste momento, e que estão apenas à distância de uma viagem de avião numa companhia low cost (ou até mesmo a poucas centenas de quilómetros de auto-estrada): godspeed you! black emperor, Einstürzende Neubauten, The Pogues, Swans e Jonathan Richman. Atenção, que alguns destes espectáculos já têm bilhetes à venda.

godspeed you! black emperor
Estão de regresso, depois de um hiato de sete anos. São até os curadores do próximo ATP de Minehead. Vão passar aqui no país ao lado.

Dezembro de 2010
3 a 5: ATP Minehead
7: Manchester, Academy 1
8: Glasgow, Barrowlands
12: Bristol, Anson Rooms
13 e 14: Londres, Troxy

Janeiro de 2011
14: Paris, Parc de la Villette
15: Bruxelas, Cirque Royal
17: Helsínquia, Kulttuuritalo
19: Amesterdão, Paradiso
20: Berlim, Astra Kulturhaus
22: Poszan, Eskulap
23: Praga, Akropolis
25: Viena, Arena
28: Marselha, Espace Julien
29: Barcelona, Apolo
30: Madrid, Joy Eslava

Fevereiro de 2011
01: Toulouse, Le Bikini
02: Diksmuide, 4AD


Einstürzende Neubauten
Os berlinenses fazem 30 anos e, para celebrar, vão andar pela Europa e pelos EUA até ao fim do ano, numa digressão com contornos curiosos: em cada cidade, haverá duas noites, sendo que uma é preenchida com um espectáculo comum, onde a banda revisitará as três décadas de carreira, e a outra, que se chamará "An Evening With Einstürzende Neubauten", será dedicada à exibição de filmes, fotografias, realização de workshops e conferências com os fãs, e ainda performances a solo dos elementos da banda (na lista que se segue, indica-se esta noite com um asterisco).

Outubro de 2010
14: Amesterdão, Melkweg *
15: Amesterdão, Melkweg
16: Londres, The Forum
17: Londres, Garage *
20: Tampere, Klubi *
21: Tampere, Pakkahuone
23: Berlim, Columbiahalle
24: Berlim, Columbia Club *
30: Atenas, Fuzz
31: Atenas, Fuzz *

Novembro de 2010
4: Copenhaga, Store Vega *
5: Copenhaga, Store Vega
6: Estocolmo, Sodra Teatern *
7: Estocolmo, Cirkus
11: Praga, Archa
12: Praga, Archa *
13: Bolonha, Estragon
14: Bolonha, Estragon *
16: Paris, Cité de la Musique
17: Paris, Cité de la Musique *
18: Bruxelas, Ancienne Belgique *
19: Bruxelas, Ancienne Belgique


The Pogues
Preparam-se para a série habitual de concertos de Natal no Reino Unido e na Irlanda. Atenção: os membros da banda afirmam que esta será a última vez que farão estes concertos, acredite-se ou não.

Dezembro de 2010
8 e 9: Dublin, Olympia
11: Killarney, INEC
13: Glasgow, O2 Academy
14: Newcastle, O2 Academy
16: Sheffield, O2 Academy
17: Manchester, Apollo
18: Birmingham, O2 Academy
20: Londres, O2 Academy
21: Londres, O2 Academy


Swans
Regressaram ao activo, lançaram um excelente disco, "My Father Will Guide me up a Rope to the Sky", e têm marcada uma série extensa de concertos por essa Europa fora. Em 2011, haverá mais concertos. E há ainda uma réstia de esperança, pelo menos no caso dos Swans, que haja uma passagem por cá. Quase todas as datas que se seguem contam com a primeira parte do James Blackshaw.

Outubro de 2010
21: Cork, Cyprus Avenue
22: Dublin, Button Factory
23: em aberto
24: Birmingham, Supersonic Festival
25: Glasgow, Arches
27: Brighton, Concorde 2
28: Londres, Koko Theatre
29: Leeds, Uni Stylus
30: Manchester, Academy

Novembro de 2010
23: Gronignen, VERA
24: Utrecht, Le Guess Who Fest at Tivoli de Helling
25: Bruxelas, AB
26: Lille, Le Grande Mix
27: Rouen, 106 Club
28: Paris, BBMIX festival
30: Toulouse, Le Phare

Dezembro de 2010
1: Lyon, Epicerie Modern
2: Genebra, L’Usine
3: Turim, Musica90 c/o Sala Espace
4: Bolonha, Locomotive Club
5: Roma, Piper Club
7: Viena, Arena
8: Praga, Akropolis
9: Wrocław, Firlej
10: Varsóvia, Palladium
12: Hamburgo, Kampnagel
13: Berlim, Volksbuehne


Jonathan Richman
Há dois ou três anos, tivemos quase a oportunidade de o ver em Lisboa, mas o concerto foi cancelado e, desde então, nunca mais se soube da eventualidade de um dia termos, finalmente, o Jonathan Richman por cá. Enquanto isso não acontece, há que aproveitar a digressão por Londres e França neste mês de Outubro que se avizinha. Cuidado que os bilhetes já poderão estar esgotados para a maioria destas datas.

Outubro de 2010
6: Londres, Luminaire
8: Londres, Amersham Arms
9: Londres, Monto Water Rats
11: Londres, Tabernacle
13: Paris, La Boule Noire
14: Toulouse, La Dynamo
15: Angouleme, La Nef Club
16: Bordéus, Le Krakatoa
19: Poiters, Le Confort Moderne
20: Clermont-Ferrand, La Cooperative De Mai
21: Montpelier, La Secrete Place

Yeah, it's an angry world



Do novo "Le Noise", álbum absolutamente a solo de Neil Young, que já anda por aí.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Para que não se fale só bem dele por aqui

O novo álbum do El Guincho, "Pop Negro", é... de fugir. Alguém que venha com remisturas para salvar o que se possa do disco.

Só desta vez

O título acima aplica-se a uma série de três noites promovidas pelo Lux e pelos Paus. O grupo vai convidar amigos com quem vai partilhar o palco em cada um dos concertos e o primeiro já foi anunciado: dia 21 de Outubro, vamos ter Paus com um trio de cordas formado por Filho da Mãe e João Nogueira, nas guitarras eléctricas, e Eduardo Raon (Bypass), na harpa.

O cosmos segundo El Guincho

O Grande Baile da República na Alameda

Quase não há há lisboetas que se refiram a ela na toponímia completa, alameda D. Afonso Henriques. Basta "Alameda" e todos sabem situar o rectângulo verde coroado pela Fonte Luminosa que o Estado Novo ali construiu. O relvado amplo, que os locais utilizam para o desporto, desde o futebol até ao críquete, para fazer piqueniques ou juntar as diversas comunidades imigrantes que ali residem e que recentemente regressou à plenitude de outros tempos, com a parte ocidental reaberta depois de fechado o estaleiro das obras do Metro, é também utilizado com frequência para manifestações artísticas, principalmente concertos. Lembro-me, já lá vão mais de vinte anos, de uma Alameda repleta de gente para ver os GNR, então na curva ascendente da fama. Lembro-me de uma final de um concurso promovido pela RFM, em que os Ik Mux, um trio onde apareciam Armando Teixeira e Paulo Sousa Coelho, o vocalista dos More República Masónica, levaram o prémio depois de um concerto memorável. Lembro-me das celebrações da CGTP do 1º de Maio, que agora regressaram ali depois de um exílio forçado pelas obras, em particular de um concerto dos Sitiados. E tem havido muito mais. Recentemente, a Alameda tem servido também de palco para festivais e eventos de promoção da diversidade cultural, com grupos vindos do Brasil, do Leste europeu, dos países africanos de expressão portuguesa. E é bonito ver a zona em moro tirar proveito dos seus espaços comuns desta forma. É (qualidade de) vida.



Serviu esta introdução para informar que, no próximo dia 4, segunda-feira, véspera de um feriado muito particular, a Alameda vai receber mais uma grande festa. A Alameda que recebeu o nome de um rei, do primeiro dos monarcas, vai celebrar a república. A Câmara Municipal de Lisboa, a EGEAC e a Comissão do Centenário da República organizam ali o "Grande Baile da República", comandado pela música de Pedro Burmester, da Banda Sinfónica da GNR, do Real Combo Lisbonense, que convida Vitorino, Lenita Gentil, Jaime Nascimento e B Fachada, e dos brasileiros Orquestra Imperial. No papel de mestre de cerimónias desta festa da república, vai estar um ex-candidato a presidente, Manuel João Vieira.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

El Guincho em Lisboa, finalmente, e outras coisas boas que aí vêm

O excesso de trabalho nos tempos recentes e as deslocações a sítios onde meia hora de acesso à internet custa mais que uma imperial no Lux têm-me impedido de aqui vir arejar o tasco, mas há algumas novidades (ou semi-novidades ou até mesmo notícias velhas para alguns) que não podem escapar:

Um.
Pablo Díaz-Reixa, mais conhecido por El Guincho, vem finalmente a Lisboa, depois de concertos já ocorridos no Porto e, já este ano, em Barcelos e Coimbra. A ocasião decorre no Urban Routes do Musicbox, um festival que o Musicbox alberga nos dois últimos fins-de-semana de Outubro. O cartaz é composto por You Can't Win Charlie Brown, Casiotone for the Painfully Alone e DJ Ride Showcase (dia 21); Louie Austen, The Correspondents, Me Dá Só Sangue (22); Toro Y Moi, El Guincho e Bigfoot Soul Club (23), Marina Gasolina, WhoMadeWho, Jimmy Edgar, Hang em High (29); Nicola Conte, Marc Hype & Jimmy Dunlop e The Groovy Kids (30).

Dois.
O Out.fest já tem cartaz (e um senhor cartaz), com Panda Bear a encabeçar a lista de espectáculos que decorrerão no Barreiro entre 5 e 16 de Outubro: Alexander Von Schlippenbach (dia 5, Be Jazz Cafe, 17h30), Norberto Lobo (dia 6, Teatro Municipal, 21h30), Noël Akchoté (dia, 8, Convento da Madre de Deus da Verderena, 22h), Panda Bear e Oneohtrix Point Never (dia 9, Casa da Cultura, 22h), Calhau! (dia 10, workshop, concerto, palestra na Coop. Cultural Popular Barreirense, 17h30), Stellar OM Source (dia 12, Clube Naval, 21h30), Tetutzi Akiyama e Rafael Toral (dia 14, Teatro Municipal, 21h30), Emeralds, Kosmicdream (dia 15, convento, 22h), Rodrigo Amado Motion Trio, Lol Coxhill e AJM Collective (AMAC, dia 16, 22h). O Out.Fest vai também projectar diversos filmes, com destaque para a série de películas do etnomusicólogo mais conceituado de sempre, Alan Lomax.

Três.
Os rockers adeptos do revivalismo do garage, surf e afins devem ser pessoas felizes nos dias que correm. Enquanto os brasileiros Haxixins ainda andam por cá, sabe-se que vai haver concertos dos conterrâneos Autoramas (dia 9 de Outubro, no Clube Ferroviário, em Lisboa, para o "Mega Festão de Rentrée" da Void Creations), dos argentinos Los Peyotes (dia 15, no Armazém do Chá; dia 16, no Santiago Alquimista) e dos Fuzztones (dia 15, no Alquimista). Junte-se a isto o Barreiro Rocks em Novembro e ficamos com um Outono sempre a partir.

Quatro.
Num campo ligeiramente oposto, esta é também a altura d'O Gesto Orelhudo, o festival que a d'Orfeu realiza em Águeda: Al Buen Tun Tun [ES] e Povo que Lavas no Rio Águeda [PT] (dia 1 de Outubro), Ri Bemol [PT] e Funky Junk [Austrália] (2), Barbieri [IT] (3), Tangos & Tragédias [BR] (4), Sensormen [ES] (6), Ovay [ES] (7), Rock Comedy Show [BE] e Farra Fanfarra [PT] (8). A d'Orfeu participa ainda na organização de mais um OuTonolidades, com quase 70 concertos a acontecerem no Norte do país e na Galiza. Há mais informação em sitio.dorfeu.pt.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Há festa na Mouraria!

Neste próximo fim-de-semana, há uma zona no coração de Lisboa que vai estar em festa. O eixo Anjos-Mouraria-Martim Moniz vai receber mais uma edição, a segunda, do festival de rua "Todos - Caminhada de Culturas". Com um magnífico espírito de celebração de uma sã convivência entre culturas, como aquelas que no dia-a-dia se cruzam no terreno onde o Todos assentará arraiais, vai haver teatro, vai haver circo, vai haver dança, vai haver exposições, e, claro, vai haver muita música, com fado (incluindo uma curiosa aproximação à... China), com bailes e com muitos concertos e fanfarras. Vão por lá estar os macedónios Kočani Orkestar, uma das brass bands mais incríveis dos Balcãs. Destaque ainda para os Bela Nafa, grupo do mestre de kora Braima Galissá.

Eis o programa:

PARADIS TZIGANE - CIRCO ROMANÈS [ Roménia / França ]
Espectáculo de Circo
16 | 17 | 18 | 19 de Setembro às 21H30
Largo do Intendente
90’ | M/6
Entrada Gratuita (sujeita a levantamento de senha uma hora antes no local do espectáculo)

DEAMBULA SOM
Antoniopedro | Companhia Caótica [ Portugal ]
Caminhadas Sonoras
17 de Setembro das 18H às 20H
18 de Setembro das 16H às 20H
19 de Setembro das 15H às 18H
Ponto de Encontro do Festival: Martim Moniz
45´| Adultos
Entrada Gratuita (sujeita a inscrição prévia no ponto de encontro do TODOS)

SOPRO DE ETERNIDADE
Grupo Coral da Igreja Ucraniana de Nossa Senhora da Nazaré em Lisboa [ Ucrânia ]
Concerto coral
18 de Setembro às 15H30
Capela de Nossa Senhora da Saúde
R. da Mouraria
45´| Para todos
Entrada Livre

MULHERES AO ESPELHO - ALDINA DUARTE [ Portugal ]
Concerto
18 de Setembro às 16H30
Grupo Desportivo da Mouraria
Travessa da Nazaré Nº 21 (Antigo Palácio dos Távora)
90´| M/6
Entrada Gratuita (sujeita a levantamento de senha uma hora antes no local do espectáculo).

ESCOLA DO MUSEU DO FADO [ Portugal ]
Concerto
19 de Setembro às 15H30
Grupo Desportivo da Mouraria
Travessa da Nazaré Nº 21 ( Antigo Palácio dos Távora)
45´| Para todos
Entrada Gratuita (sujeita a levantamento de senha uma hora antes no local do espectáculo).

...UM BEIJO... MAIS UM BEIJO...OUTRO BEIJO
Livremente inspirado na obra “Otelo“ de Shakespeare [ Itália / Portugal ]
Espectáculo Teatro
16 | 17 | 18 | 19 de Setembro às 21H30
Grupo Desportivo da Mouraria
Travessa da Nazaré Nº 21 ( Antigo Palácio dos Távora)
60´| M/12
Entrada Gratuita (sujeita a levantamento de senha uma hora antes no local do espectáculo)

OVELHAS CLANDESTINAS
Inspirado na obra "Raúl, o Pastor" de Eva Muggenthaler
Espectáculo Teatro e conversa
17 de Setembro às 14H00 | 15H00
Espaço SOU - Rua Maria nº73
(à Rua Forno do Tijolo)
18 e 19 de Setembro às 11H30 | 15H00 | 17H30
Centro Escolar Republicano
Rua do Terreirinho, 77
45´ | Maiores de 4 anos e adultos
Entrada Gratuita (sujeita a levantamento de senha uma hora antes no local do espectáculo).

A VÓS [ Espanha / Portugal ]
Espectáculo Dança
17 de Setembro às 16H30 e 19H00
18 de Setembro às 15H00 e 17H30
19 de Setembro às 11H30 e 16H30
Ponto de Encontro do Festival: Martim Moniz
90´| M/6
Entrada Gratuita (sujeita a levantamento de senha uma hora antes do espectáculo no ponto de encontro do TODOS)

BAILE
Agrupamento Musical Suspensão [ Portugal ]
Grupo Excursionista Recreativo dos Amigos do Minho
19 de Setembro das 16H00 às 20H00
Rua do Benformoso, 244-1º
Para todos

DRASKA [ África Ocidental / Europa ]
Concerto
18 de Setembro às 15H30
Martim Moniz
60´| Para todos

DINHO ZAMORANO [ Brasil ]
Concerto
18 de Setembro às 16H30
Martim Moniz
60’ | Para todos

KOCANI ORKESTAR [ Macedónia ]
Fanfarra
18 de Setembro às 12H00
Saída do Largo do Intendente
19 de Setembro às 16h15
Saída do Largo das Olarias
45´| Para todos
Concerto
18 de Setembro às 18H00
Martim Moniz
90´| Para todos

TAIJIQUAN
Lição Grão Mestre Wu Xuan [ China ]
19 de Setembro às 10H00
Martim Moniz
20´

DJ MK [ Índia / Portugal ]
Set de Música Indiana
19 de Setembro das 14H30 às 15H30
e das 18H30 às 20H30
Martim Moniz
Para todos

BELA NAFA [ Guiné / Portugal ]
19 de Setembro às 15H45
Martim Moniz
60´| Para todos

DANÇA DO LEÃO [ China / Portugal ]
Associação Portuguesa de Kung Fu Xuan Wu
Dança Folclórica Chinesa
19 de Setembro às 17H00
Martim Moniz

CORES DA SAUDADE / XIANG SI RAN
António Chainho / Gong Linna / Isabel Noronha [ Portugal / China ]
Concerto
19 de Setembro às 17H30
Martim Moniz
75´| Para todos

PULSAR DO BAIRRO
Rui Júnior [ Portugal ]
18 de Setembro das 15H00 às 19H00
Rua da Mouraria, 64, (Inatel) 15H00 às 16H00
Intervalo com refrescante
Percurso nas ruas da Mouraria
(Rua Acima, Rua Abaixo) 17H00 às 19H00
Para todos


OIÇO VOZES NO MERCADO
estúdio e open-mic | “rádio transístor”
Espaço ConTacto / Associação Freestylaz [ Portugal]
18 de Setembro das 15H00 às 20H00
Mercado do Forno do Tijolo - R. Maria da Fonte
Para todos

CANÇÕES PARA EMBALAR O MUNDO
Inês Barahona [ Portugal ]
c/ a colaboração de Sílvia Filipe
18 de Setembro às 16H00
19 de Setembro às 11H00 | 16H00
Espaço SOU
Rua Maria nº73 (à Rua Forno do Tijolo)
90´| Bébés, pais e avós

CANTO CRIOULO
Danae e Raimund [ Cabo Verde / Alemanha ]
18 de Setembro às 17H00
Rua da Mouraria, 64, (Inatel)
90´| Para todos

TRAVESSIAS
Isabel Campelo [ Portugal]
Acompanhada por Margarida Campelo ( Piano / Teclado)
e André Santos (Guitarra)
19 de Setembro às 15H00
Rua da Mouraria, 64 (Inatel)
90´| Para todos

CORO DA ACHADA [ Portugal ]
Direcção de Pedro Boléo
19 de Setembro às 17H00
Largo da Achada
Dur: 45´| Para todos

GASTRONOMIA COM VIDA
18 | 19 de Setembro das 10H00 às 14H00
Mercado do Forno do Tijolo
Rua Maria da Fonte
Preço: € 6 | Sujeito a inscrição prévia
festival.todos@gmail.com
Tm: 915095513 | 914144311
M/6

NOVELOTECA
Biblioteca de novelos e novelas para visitar e construir
Concepção: Ana Madureira com a colaboração de um grupo de moradores [ Portugal ]
Experiência para ler, dobar e escrever
16 de Setembro das 15H00 às 17H00
18 | 19 de Setembro das 15H00 às 18H00
Edifício da Santa Casa da Misericórdia
Rua da Mouraria, 64
Para todos

LEITORES DE IMAGENS
Visitas Guiadas por crianças dos Anjos à Biblioteca do
Núcleo Fotográfico
Concepção: Miguel Fragata [ Portugal]
Coordenação: Suzana Branco
Apoio: Serviço Educativo Núcleo Fotográfico
16 de Setembro às 19H00
18 | 19 de Setembro das 10H00 às 20H00
Visitas das 11H às 13H e das 15H às 18H
Arquivo Municipal de Lisboa / Núcleo Fotográfico
Rua da Palma, 246
30´| Para todos

BIBLIOTECA DA ACHADA [ Portugal ]
18 | 19 de Setembro entre as 11H00 e as 18H00
Casa da Achada - Rua da Achada, nº11, r/c
Para todos

PEQUENOS PROFESSORES DE LÍNGUAS
Lição de línguas
Coordenação: Joana Quadros [ Portugal ]
18 de Setembro
11H30 (mandarim)
16H00 (punjabi / hindi)
19 de Setembro
11H30 (crioulo)
16H00 (ucraniano)
Edifício da Santa Casa da Misericórdia
Rua da Mouraria, 64
45´| Para todos

CINEMA
A COR DO OLHAR
Criação colectiva de jovens moradores
[ Portugal | China | Guiné-Conacri ]
Coordenação: Os Filhos de Lumière [ Portugal ]
Colaboração: Espaço ConTacto
Exibição, com uma introdução dos jovens participantes
16 de Setembro às 19H00
18 | 19 de Setembro das 11H00 às 13H00 e das 15H00 às 20H00
Arquivo Municipal de Lisboa / Núcleo Fotográfico
Rua da Palma, 246

TODOS
Exposição Fotográfica de Camilla Watson, Carlos Morganho, Cláudia Damas, Luís Pavão e Luísa Ferreira [ Reino Unido / Portugal ]
Exposição Fotográfica | Visitas guiadas por moradores
Inauguração 16 de Setembro às 19H00
17 | 18 | 19 de Setembro das 10H00 às 20H00
Arquivo Municipal de Lisboa / Núcleo Fotográfico
Rua da Palma, 246
Até 16 de Outubro | Para todos

QUARTEIRÃO DOS LAGARES "INSIDE-OUT"
Camilla Watson [ Reino Unido ]
Exposição Fotográfica
A partir 16 de Setembro
Travessa e Rua dos Lagares
Para todos

20 ANOS DE FOTOGRAFIA NOS AMIGOS DO MINHO
Luís Pavão [ Portugal ]
Exposição Fotográfica
19 de Setembro das 16H00 às 20H00
Grupo Excursionista Recreativo dos Amigos do Minho
Rua do Benformoso, 244-1º
Para todos

Informação mais detalhada em todoscaminhadadeculturas.blogspot.com

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cada um vende o que pode e a mais não é obrigado

O B Fachada desapontou-nos recentemente ao entrar-nos em casa pela televisão a vender azeite (é bem feita para quem andava, como eu, a fazer comparações tolas com o Sérgio Godinho), mas valha-nos esta notícia para nos deixar bem dispostos: os Moonspell vão vender funerais.

Se o Barreiro não rocka, não sei o que rocka então

De repente, notícias sobre três-festivais-três no Barreiro. Pela 4156ª vez, vou dizer que a hiper-actividade da boa gente do Barreiro só se pode dever aos químicos que inalaram ao longo do crescimento. Benditos químicos.

Em primeiro lugar, porque está aí para muito breve, o Barreiro Outras Músicas. A terceira edição deste festival decorre de 24 a 25 deste mês, no Auditório Municipal Augusto Cabrita, e vai contar com nomes sonantes como Anti-Pop Consortium ou Oval. E o resto do cartaz está particularmente apetecível. Ora vejam:

Dia 24
The Hidden Cookie (banda local)
Lula Pena

Dia 25
Allen Halloween (hip hop nacional)
Anti-Pop Consortium (EUA)

Dia 26
Tigrala
Oval (Alemanha)

Mais informação em www.myspace.com/barreirooutrasmusicas


Depois, temos o Out.Fest - Festival de Música Exploratória do Barreiro, que vai ter organização da out.ra, em colaboração com a Filho Único, e que deverá acontecer no início de Outubro. Ainda não se conhece o cartaz.

Finalmente, já há datas e cartaz para a dose bruta de rock'n'roll que todos os anos é conhecida pelo nome de Barreiro Rocks:

12 de Novembro
22h00 – erm... Tiago Guillul (PT)
23h00 – Ty Segall (EUA)
00h00 – Demon's Claws (Quebeque)
01h00 – The Strange Boys (EUA)
(after party) 02h30 – Thee Vicars (Inglaterra)

13 de Novembro
22h00 – Tiguana Bibles (PT/Inglaterra)
23h00 – Nicotine's Orchestra (PT)
00h00 – Dávila 666 (Porto Rico)
01h00 – King Khan & The Shrines (Quebeque/Alemanha)
(after party) 02h30h – Guadalupe Plata (Espanha)

Os pratos vão estar por conta, como sempre, do norte-americano DJ Shimmy. Mais informações em www.myspace.com/barreirorocks

Senhoras e senhores, do meu lado esquerdo, vestindo calção preto, os Mão Morta, do meu lado direito, vestindo calção multi-colorido, os Pop Dell'Arte!

Aqui há uns tempos, embalado pela febre do "Don't Look Back", a série de eventos que a boa gente da ATP vem promovendo desde 2005 para cá, com bandas a tocarem ao vivo os seus álbuns de referência, um radialista conhecido achava que devíamos mover influências para termos os Mão Morta e os Pop Dell'Arte, como primeiro exemplo, a actuarem num mesmo palco, tentando recuperar as memórias de outros tempos. Torci desde logo o nariz à ideia. Não só gosto de preservar a ideia de que a água não passa duas vezes debaixo da mesma ponte, como acho que, naquele exemplo concreto, ao trazer de novo à luz do dia uma boa memória de um passado bonito como foi aquele que juntou as duas bandas no início, e tentar fazê-lo existir de novo, corríamos um certo risco de invocar a... maldição da esfinge.

Mas, entretanto, o reencontro entre Mão Morta e Pop Dell'Arte em palco vai mesmo acontecer. São, à partida, concertos distintos, esperando-se que haja pelo menos um "Juramento Sem Bandeira" a meias entre o Peste e o Adolfo, e vão acontecer em mais uma edição do Clubbing da Casa da Música, no próximo dia 2 de Outubro. E há muito mais a acontecer. Na sala Suggia, há cinco bandas: Sektor 304, The Mad Dogs, OliveTreeDance, Plus Ultra e Pequeno Bandido. Há ainda uma actuação de Sei Miguel, deejaying de Klint Gonzev e Joe K, mais um set especial de Álvaro Costa a meter... kraut! Sim, o Álvaro Costa promete uma noite de kraut! A entrada vai custar 10 euros. Mais informação aqui.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Jazz.pt

Começa hoje mais uma edição do Festival Jazz.pt, organizado pela revista com o mesmo nome. Entre hoje e o próximo domingo vão passar por Santa Apolónia os seguintes nomes:
quarta 08 setembro . 24h00 . Odessa
GRÜNEN
Lançamento do disco “Grünen” (Clean Feed)

quinta 09 setembro . 22H30 . Esplanada DeliDelux/Odessa
AFONSO PAIS TRIO
Lançamento do disco “Fluxorama” (JACC Records)

quinta 09 setembro . 23H00 . Odessa
FAUSTINO / RODER / EBERHARD / NEUSER
Lançamento do disco “50” (JACC Records)

sexta 10 setembro . 22H30 . Lux Frágil
THE CORE
Lançamento do disco “Party” (Moserobie)

sexta 10 setembro . 24H00 . Odessa
HASSE POULSEN’S SOUND OF CHOICE
Lançamento do disco “Hippies with Money” (Quark Records)

sábado 11 setembro . 22H30 . Lux Frágil
SHTIK
Lançamento do disco “The Manne I Love Vol. 1 & Vol. 2” (El Gallo Rojo)

sábado 11 setembro . 24H00 . Odessa
DESIDÉRIO LÁZARO TRIO
Lançamento do disco “Rotina Impermanente” (JACC Records)

domingo 12 setembro . 19H00 . Odessa
HUGO CARVALHAIS “NEBULOSA”
Lançamento do disco “Nebulosa” (Clean Feed)

Para mais informações sobre os artistas, preços e outras actividades do programa (showcases, debates, exposições, sessões de giradiscanço, etc.) há que consultar o site oficial do festival:
www.jazz.pt/festival

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Festa pela Crew Hassan



A Crew Hassan está fechada, mas quer voltar rapidamente à actividade. A equipa que há quatro anos tinha na rua das Portas de Santo Antão um espaço com funcionamento diário, com concertos, exposições, workshops, aulas de dança, exibição de cinema e tantas, tantas outras actividades, sempre sob o signo da independência, viu-se obrigada a procurar outras instalações. E para esse efeito, está a preparar uma festa em grande, ali no vizinho Atheneu. A ideia da festa, que contará com inúmeras actuações (ver abaixo) é começar a angariar fundos para a procura de um novo espaço. Vejam o blurb da festa, com todas as informações necessárias:
CREW HASSAN BENEFIT PARTY

Após 4 anos de actividades diárias na nossa sede na rua Portas de Santo Antão, a Crew Hassan vê-se obrigada a procurar outro espaço!

Por este espaço passaram workshops, aulas de capoeira,dança contemporanea,ensaios e gravações, exposições, performances, teatro, cinema alternativo, instalações artisticas, debates, e claro, uma dose diária de concertos e dj's.

Assim, para manter a nossa independência (pois relembramos que nunca recebemos qualquer verba de nenhuma instituição pública ou privada),procuramos uma nova sede para manter as nossas actividades! Para esta mudança precisamos de fundos e temos o contributo de vários artistas para este evento.

Como não somos da cultura da tristeza,mas sim da alegria,não vamos chorar sobre o leite derramado e enfrentamos o futuro com o mesmo empenho de sempre: Em Festa!!

Dia 11 de Setembro no Ateneu de Lisboa na mesma Rua que um dia também foi nossa, vamos festejar e angariar os fundos que nos ajudarão a encontrar uma nova sede onde prometemos continuar a abanar Lisboa!

A entrada custa 5 euros e dá direito a uma festa com muitos dos artistas que fazem parte da história da Crew Hassan: Musicos, Djs, Vjs, Performers etc..

Nomes já confirmados
Melo D, Selecta Lexo, Johnny (Cool Train Crew), Deni Shain (Fr), DJ 2old4school, Mike Stellar, Nuno Bernardino, Tony Montana, Mo'Junkie (Phonotactics), Dubadelic Vibrations, Kid Selecta, E.D.P., VJ X, Mystic Fyah, Mo'Junkie, Vítor Silveira

Jam session aberta com músicos!

CREW HASSAN BENEFIT PARTY
11 DE SETEMBRO
ATENEU DE LISBOA - A PARTIR DAS 22H
ENTRADA 5 EUROS

sábado, 4 de setembro de 2010

Recorte histórico


NME, 6 de Novembro de 1976
(Não é difícil perceber por que razão, anos mais tarde, se tornou especial este recorte de imprensa...)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O zam rock e a história do feitiço que se virou contra o feiticeiro

Surge esta história na sequência da compra, ontem, destes dois discos:



O da esquerda é de um colectivo chamado Amanaz e teve edição em 1975 (cheguei a ele através do meu amigo Dário, que lhes chamou Ananaz. Ha.). O segundo pertence à Ngozi Family ("Ngozi" significa perigo ou acidente em xhosa) e saiu 1977. Claro que o que tenho entre mãos são reedições relativamente recentes, sendo que uma delas, a dos Ngozi Family, até é portuguesa.

O que une os dois discos? São ambos provenientes da Zâmbia e são documentos inequívocos de uma faceta da música daquele país do Sul de África nos anos 70 que muitos desconhecerão. Para aqueles que são apanhados neste grupo, imaginam zambianos a fazer rock pesado e psicadélico, carregadinho de fuzz, a pisar o território de tipos como o Jimi Hendrix, os Stooges, os Black Sabbath ou o James Brown nos seus grooves mais sombrios? Pois, a cena existiu na Zâmbia, e com mais grupos (The Witch e The Peace são dois outros nomes - vejam os vídeos abaixo). Houve quem chamasse a isto Zam Rock.

Naturalmente, a pergunta tinha que surgir: mas que fez aparecer este fenómeno num país como a Zâmbia, precisamente naquela altura? Além dos tempos conturbados que o país vivia, entre os conflitos com a Rodésia (hoje Zimbabué) e entricheirado entre dois países que faziam a guerra da independência (Angola e Moçambique), e que podem ajudar a explicar, em parte, a dureza do género, há uma outra resposta que ajuda a explicar a razão para haver todos estes (bons) grupos a editarem discos, e que me foi ontem dada pelo Luís da Groovie: na altura, uma lei proibia a transmissão de música estrangeira nas rádios da Zâmbia, justamente para proteger a cultura local. Só que, o feitiço virou-se contra o feiticeiro. Porque na rádio havia falta de Hendrix e dos outros nomes que citei acima (e muitos mais que ficaram por citar), a juventude zambiana começou a produzir os seus próprios heróis, que assim já podiam passar na rádio...





Hoje há...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Democratização da promoção

Tornou-se frequente, nos últimos tempos, receber mails de bandas e artistas estrangeiros a quererem promover o seu trabalho. Não deixa de ser um fenómeno com graça, já que depois da suposta democratização do lado da opinião (toda a gente pode escrever), da suposta democratização do lado da criação (toda a gente pode gravar com meios suficientemente bons e colocar na internet o seu trabalho), há também uma suposta democratização na ponte entre estes dois conjuntos imensos, na promoção.

Apesar de os mails virem minimamente personalizados (qualquer coisa como "hello vítor, nice blog you have, I wonder if you'd like the songs we wrote"), não é difícil de acreditar que, na maioria das situações, estamos perante mecanismos automáticos, os bots, que recolhem e processam a informação necessária para chegar ao maior número de pessoas que tenham blogues de música por esse mundo fora.

Na maior parte das vezes, também, tenho que confessar que a música a que sou convidado a dispensar os meus ouvidos é francamente desinteressante.

Ontem, porém, recebi um mail que desafiava estes dois aspectos que acabei de enumerar. Começava assim:
«Hey Vitor, me perdoe o meu Português é muito ruim. Meu nome é Cashew Von Harding e eu sou um leitor muito tempo de su blog ligado para os Paus em sua opinião um tempo atrás e eles têm todo o meu Ipod desde então. Eu estou escrevendo sobre o meu grupo chamado Eagle Winged Palace, um ato popular pouco estranho aqui em Los Angeles.»

Aquela referência aos Paus desafia, de facto, a possibilidade de ser mais um mail automático. Mas até podia sê-lo. Enfim, um bot mais sofisticado que qualquer outro. Todavia, e porque na prática pouco valor tem, na verdade, a personalização do contacto (o que interessa é que a mensagem chegou!), importa, isso sim, conhecer a música. E, não sendo propriamente uma maravilha, não deixa de ser uma experiência simpática. Estes Eagle Winged Palace soam a uns Incredible String Band fora do prazo, mas tirem vocês mesmo a vossa opinião aqui no soundcloud, onde o álbum está disponível para escuta na íntegra. Destaco a sexta faixa, "In Another Life".