quinta-feira, 31 de julho de 2008

O Verão dos festivais de músicas do mundo e afins

A proliferação massiva de festivais associados às músicas do mundo é um fenómeno que ocorre desde há poucos anos. Inspiradas, possivelmente, pelo exemplo de Sines ou de Loulé, que representam o sucesso de público e de visibilidade que outros festivais mais antigos nunca conseguiram ter, são cada vez mais as câmaras municipais e associações locais que se lançam à realização deste tipo de eventos. Vejamos o que ainda (*) está para acontecer, numa lista que inclui festivais já veteranos como o Intercéltico de Sendim ou o Andanças, em Carvalhais, e onde ainda se destacam os cartazes especialmente interessantes do Galaicofolia (já este fim-de-semana) e do Músicas do Mar, da Póvoa de Varzim, que celebra a sua segunda edição:

31 de Julho a 3 de Agosto
FESTIVAL GALAICOFOLIA
Esposende
Artistas: Julie Fowlis (Escócia), Monte Lunai (Portugal), Gaiteiros de Lisboa (Portugal), Arrefole (Portugal), Fía na Roca (Galiza), Red Hot Chilli Pipers (Escócia), etc.
Bilhetes: preço varia em função do número de dias e do número de bilhetes comprados.
url: www.galaicofolia.com

31 de Julho a 3 de Agosto
FESTIVAL OLLIN KAN
Extensão portuguesa do festival mexicano
Vila do Conde
Banda de Tlayacapan (México), Radaid (México), Pibo Marquez (Venezuela), Cheik Tidiane Seck (Mali), Paban das Baul (Índia), Costo Rico (Espanha), Cadência (Espanha), Xarnege (País Basco), Dites 34 (França), Dazkarieh (Portugal), Atlântida (Portugal), Mú (Portugal), Batoto Yetu (Portugal/PALOP), Galandum Galundaina (Portugal), Frei Fado d'el Rei (Portugal), Duo Huong Thanh et Guo Gan (Vietnam/China), DJ Gringo da Parada (França).
Bilhetes: entrada gratuita.
url: www.ollinkanportugal.com

1 a 3 de Agosto
INTERCÉLTICO DE SENDIM
Sendim, Miranda do Douro
Artistas: Ginga (Portugal), Skanda (Astúrias), Luar na Lubre (Galiza), Kerekes Band (Hungria), Voanerges (Ucrânia), Shooglenifty (Escócia), Pica Tumilho (Portugal).
Bilhetes: €12,5 (dias 1 e 2), gratuito (dia 3)
url: www.intercelticosendim.com (não disponível neste momento)

1 a 3 de Agosto
CCB FORA DE SI (programação de world music)
Lisboa
Artistas: Tony Allen (Nigéria), Toumani Diabaté (Mali), Rabih Abouh-Khalil com Ricardo Ribeiro (Líbano/Portugal), Eliades Ochoa (Cuba).
Bilhetes: €5 nos concertos de Tony Allen e Eliades Ochoa.
url: www.ccb.pt/sites/(...)rais.aspx

4 a 10 de Agosto
ANDANÇAS
Carvalhais, São Pedro do Sul
Artistas: [Portugueses] Alafum, Bailebúrdia, Crones, Dyabara, Fol&ar, Galandum Galundaina, João Gentil & Luís Formiga, King Mokadi, Mandrágora, Melech Malaya, Monte Lunai, Mosca Tosca, Mú, Musicalbi, Nação Vira Lata, No Mazurka Band, Olivetree Dance, Pé na Terra, Rabies Nubies, Semente, Teresa & Rodrigo Maurício, The Most Wanted, Tanira, Toques do Caramulo, Tor, Uma Coisa em Forma de Assim, Uxu Kalhus, Velha Gaiteira, Ventos da Líria, etc. [Estrangeiros] Amanida Folk (Espanha), Belamath Quartet (França), Bruel (Espanha), Észtenas (Hungria), Ginginha Grátis (França), Inquedanzas (Espanha), La Machine (França), Patxi eta Konpania (Espanha), Trio Lam (França), Triple-X (Bélgica), Viis (Estónia), Violons et Talons (França), Tarantelle Abusive (Itália), etc.
O Andanças é essencialmente um evento dedicado às danças de carácter tradicional. Paralelamente aos bailes decorre um número imenso de actividades, como sejam as que envolvem o contacto com a natureza, o teatro, a projecção de filmes, as actividades para crianças, os workshops de construção de instrumentos, e muito mais.
Bilhetes: variam bastante em função dos dias de permanência.
url: www.pedexumbo.com/content/view/26/59

14 e 15 de Agosto
FESTIVAL M.U.N.D.O.
Viana do Castelo
Artistas: Buraka Som Sistema, Kumpania Algazarra, Olive Tree Dance, Madandza, A Naifa, Dead Combo, Deolinda, Madame Godard, Selecta Xibata, Aerosoul, DJs Raquel Bulha, Balkan Beats

15 a 17 de Agosto
ECOFEST
Odeceixe
Artistas: Dazkarieh (Portugal), Tanira (Portugal), Rarefolk (Espanha), DJs António Pires, Carlos B. Norton e Osga.
url: ecofest-odeceixe.blogspot.com

22 a 24 de Agosto
FATT - FESTIVAL DE DIDGERIDOO
Ameixial, Loulé (Serra do Caldeirão)
Artistas: Exhºr, Imp.a.c.to, Ortal, Nação Vira-Lata, Gauthier Aubé, 3ple-D, Corroboree, etc.
Bilhetes: €10 (passe), €5 (bilhete diário)
url: www.apdidgeridoo.pt

28 a 30 de Agosto
MÚSICAS DO MAR
Póvoa de Varzim
Artistas: Serra-lhes Aí!!! & Ivan Costa (Galiza), Nobody's Bizness (Portugal), Dele Sosimi Afrobeat Orchestra (Nigéria/Inglaterra), Deolinda (Portugal), Dengue Fever (EUA/Cambodja), Alamaailman Vasarat (Finlândia), Farra Fanfarra (Portugal), Aron Ottignon (Nova Zelândia), Rosapaeda (Itália), Hoba Hoba Spirit (Marrocos), Bailarico Sofisticado (Portugal).
Bilhetes: entrada gratuita

29 e 30 de Agosto
VINHAIS FEST
Vinhais
Artistas: UHF (numa versão alegadamente folk), Trasga (Portugal), Mercedes Péon (Galiza), Los Niños (Espanha), Los Ojos Rojos (Espanha), Judith (Espanha) Wolfstone (Escócia).

5 a 7 de Setembro
FESTA DO AVANTE!
Seixal
Artistas: The Coal Porters, Chad Dughi, André Cabaço, André Fernandes Quarteto com Mário Laginha, Blues Big Band (Brasil), Big Band do Hot Clube de Portugal, Camané, Da Weasel, David Binney Quintet (com Mark Turner), Eneida Marta, Fado Morse, Faith Gospel Choir, Galandum Galundaina e Toques do Caramulo, Grupo Moncada, Júlio Pereira, Júlio Resende Quarteto, Krissy Mathews Blues Band, Kumpania Algazarra, Mind da Gap, Mú, Navegante, Nuno Mindelis, Pedro Jóia, Skalibans, Tabanka Djaz, Terrakota, Tucanas, Vieux Farka Touré, WrayGunn, X-Wife, Xaile, Xutos & Pontapés, ...
url: www.pcp.pt/festa-do-avante

5 a 7 de Setembro
ARRAIAIS DO MUNDO
Tavira
Artistas: Gaiteiros de Lisboa, Mosca Tosca & Rancho da Luz de Tavira, Omiri (a edição deste é especialmente dedicada aos bailes algarvios, sendo a própria actuação dos Gaiteiros orientada nesse sentido).

11 a 14 de Setembro
PLANÍCIE MEDITERRÂNICA
(Extensão do festival europeu Sete Sóis, Sete Luas)
Castro Verde

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(*) Não podia faltar uma referência aos festivais que têm vindo a acontecer nos últimos meses, que atestam a proliferação de eventos deste género de que se falava ao início: Tom de Festa (Tondela), Festa China Pop (Museu do Oriente, Lisboa), Festival Al'Buhera (Albufeira), Festival Évora Clássica, Évora Folk Fest, Festival de Música Medieval (Carrazeda de Ansiães), Musa (Carcavelos), d'Orfeu (Águeda), Granitos Folk (Palácio de Cristal, Porto), Ananil (Montemor-o-Novo), Souselas Ethnica, Portugal a Rufar (Seixal), Rotas e Rituais (São Jorge, Lisboa)

Uma parte desta informação foi obtida através dos camaradas António Pires e Luís Rei, no Raízes e Antenas e no Crónicas da Terra, respectivamente.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Horários de Coura

Quinta, 31 de Julho
PALCO PRINCIPAL: Bunnyranch (19h30), X-Wife (20h30), The Bellrays (21h40), Mando Diao (23h), Sex Pistols (00h30)
PALCO AFTER-HOURS: The Mae Shi (02h), DJ Amable (03h)

Sexta, 1 de Agosto
PALCO JAZZ NA RELVA: Jazz Resort Soundsystem (16h30)
PALCO IBERO SOUNDS: Layabouts (17h30), D3Ö (18h25)
PALCO PRINCIPAL: Two Gallants (19h30), The Rakes (20h30), The Sounds (21h40), Editors (23h), Primal Scream (00h30)
PALCO AFTER-HOURS: These New Puritans (02h), Optimo DJs (03h)

Sábado, 2 de Agosto
PALCO JAZZ NA RELVA: Man-Drax (16h30)
PALCO IBERO SOUNDS: Sean Riley and the Slowriders (17h30), Dorian (18h25)
PALCO PRINCIPAL: Spiritual Front (19h30), The Teenagers (20h30), Wraygunn (21h30), dEUS (22h50), The Mars Volta (00h30)
PALCO AFTER-HOURS: Woman in Panic (02h30), Surkin (03h45)

Domingo, 3 de Agosto
PALCO IBERO SOUNDS: Komodo Wagon (17h30), We Are Standard (18h25)
PALCO JAZZ NA RELVA: Trio de Afonso Pais (18h25)
PALCO PRINCIPAL: Ra Ra Riot (19h), Au Revoir Simone (20h), Tributo a Joy Division (21h10), Biffy Cliro (22h20), The Lemonheads (23h40), Thievery Corporation (01h20)
PALCO AFTER-HOURS: Caribou (02h30), Twin Turbo (03h45)

Fora de Si

No âmbito do programa "Fora de Si", o CCB vai trazer durante o próximo fim-de-semana um naipe excepcional de artistas das músicas do mundo. Ainda por cima, em regime de entrada livre ou a preços bastante convidativos.

Dia 1 de Agosto
Tony Allen (Nigéria)
Grande Auditório, 22h, €5

Dia 2 de Agosto
Toumani Diabaté (Mali)
Praça do Museu, 22h, entrada livre

Dia 3 de Agosto
Rabih Abouh-Khalil com Ricardo Ribeiro (Líbano/Portugal)
Praça do Museu, 19h, entrada livre
Eliades Ochoa (Cuba)
Grande Auditório, 22h, €5

terça-feira, 29 de julho de 2008

A fortaleza americana

Não é só na Europa que se levantam as vozes contra as políticas de porta fechada que cada vez mais afectam o mundo do espectáculo. Também nos EUA, as medidas tomadas para fazer face ao terrorismo estão a impedir que até os próprios europeus possam ali apresentar-se ao vivo. Num excelente artigo, o jornalista Jason O'Bryan reflecte sobre os constrangimentos na obtenção de vistos aos quais se aliam outros problemas, como o encarecimento do petróleo, que estão a impossibilitar cada vez mais a realização de digressões na América por artistas não americanos. Se a rampa de salvação da indústria musical era o mercado dos espectáculos, os factos demonstram que talvez nem por aí possa vir a passar o futuro da música.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Alguns flashes de Sines

Dez espectáculos favoritos. (1) ROKIA TRAORÉ. (2) Orchestra Baobab. (3) Bassekou Kouyaté & Ngoni Ba. (4) Faiz Ali Faiz. (5) Iva Bittová. (6) Flat Earth Society meets Jimi Tenor. (7) Moskow Art Trio. (8) Rachel Unthank & The Winterset. (9) Moriarty. (10) Silvério Pessoa.

Estouro físico. Não foi nada fácil aguentar concertos a acabarem às seis da manhã, depois do sobe e desce entre a praia e o castelo, depois de tanto ritmo a puxar a dança. E dos 40 espectáculos em cartaz, só perdi três (A Naifa, Nortec Collective e Dizu Plaatjies).

Público. Porto Covo com mais gente que no ano passado, Centro de Artes sempre a abarrotar, Castelo mais tranquilo, tal como o próprio centro da cidade, e praia sempre cheia.

Surpresas pela positiva. Waldemar Bastos, Moriarty.

Momento mais bonito do festival. Rachel Unthank e as Winterset a cantarem, com as crianças mais bonitas do festival a brincarem em frente ao palco.

Festa popular. Siba e a Fuloresta no exterior do Centro de Artes, com o Siba a improvisar versos dedicados a Sines, às pessoas e ao festival. O público hindu que dançava com toda a alegria ao concerto de Asha Bhosle, em Porto Covo.

Grandes vozes. Iva Bittová, com grande empenho dramático e solta de compromissos líricos, num registo que vai do demoníaco ao pueril, do soturno ao cómico. Faiz Ali Faiz. Sergey Starostin, dos Moskow Art Trio. As irmãs Unthank.

Virtuosos de outro planeta. A Flat Earth Society, enquanto colectivo. Qualquer um dos músicos do Moskow Art Trio. Iva Bittová, na voz. Wade Schuman, dos Hazmat Modine, na harmónica. Richard Bona, o baixista dos Toto Bona Lokua. Qualquer um dos KTU. Christophe "Disco" Minck, o baixista de Rokia Traoré. Jean-Paul Bourelly, Melvin Gibbs e Will Calhoun.

Pedra nos rins do baterista valente. O baterista dos Mandrágora, entrou em colapso durante o concerto. Ainda voltou para duas ou três músicas mas viu-se de novo forçado a abandonar o palco, sendo posteriormente conduzido ao hospital. Mereceu todos os aplausos.

Mulheres mais bonitas do cartaz. Stef Conner, pianista das Winterset, e Rokia Traoré.

Azeite. Por um lado, o puro, extra-virgem, como dizia um amigo, servido pelo grupo da indiana Asha Bhosle. Por outro, o mais impróprio para consumo, saído do lagar do italiano Enzo Avitabile (ou Evitabile, como passou a ser chamado ao longo da semana).

sábado, 26 de julho de 2008

Por entre o cansaço e a tristeza da despedida

Todos os anos é a mesma coisa. Chega-se ao último sábado do FMM e sente-se na alma (e no corpo!) a marca das dezenas de espectáculos e das centenas de experiências vividas ao longo dos dias que passaram com uma rapidez desumana. Começa também a chegar, por antecipação, a tristeza de saber que amanhã é domingo, dia de regressar à casa de partida, à vida pouco interessante, por comparação com estes dias, do resto do ano. A memória irá então seleccionar os momentos que farão regressar a esta edição do festival. A celebração hipnotizante do paquistanês Faiz Ali Faiz? A dança interminável ao son dos Orchestra Baobab? A cataclísmica Brucia Troia do Vinicio Capossela ou o apocalipse revisitado pelos KTU? A beleza comovente da folk das Winterset da nortumbrianas Rachel Unthank? A opulência harmónica da Flat Earth Society com o Jimi Tenor? A festança servida nas guitarras ngoni de Bassekou Kouyaté? A irresístivel capacidade vocal e dramática da checa Iva Bittová? O blues-cabaret dos Moriarty? A perturbante forja de sons ora contemporâneos ora ancestrais do Moscow Art Trio? E o que irá ainda acontecer hoje, com o quarteto da Erika Stucky a revisitar Hendrix, os israelitas Koby Israelite e Boom Pam, a Rokia Traoré, entre outros? E este nervosismo que começa a chegar por causa do Bailarico Sofisticado...
Dá vontade de ficar neste mundo de mundos todo o ano.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Breves de Sines

Cinco melhores concertos até agora: Bassekou Kouyaté, Flat Earth Society meets Jimi Tenor, Hazmat Modine, Moscow Art Trio e Siba & a Fuloresta.

Alterações no cartaz: Schengen voltou a atacar e provocou mais uma baixa no alinhamento. O grupo de Asif Ali Khan viu negada a sua viagem para a fortaleza do velho mundo, sendo substituído no cartaz de sexta-feira por outro grupo de paquistaneses, o colectivo de Faiz Ali Faiz, que já se encontrava em trânsito por terras europeias.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Se é para começar assim...

Foi magnífica a noite de ontem, aqui pelo FMM. As guitarras ngoni de Bassekou Kouyaté e do seu grupo arrasaram o Centro de Artes, num espectáculo muito mais aconchegante, muito mais arrebatador, muito mais emotivo que a actuação do ano passado no África Festival. Antes, houve festa rija com os Serra-lhes Aí, acompanhados do casal Os Rosais, a matar saudades de um bom baile galego por estas bandas (e já nem falemos da outra festa até às tantas que os galegos ofereceram no bar da SMURSS...). E antes de tudo isto, o samba nordestino de Siba Veloso, que dentro do Centro de Artes estava a tornar-se um tudo nada monótono, para se transformar na grande festa popular que o carnaval pernambucano sugere, com as rimas improvisadas do maestro Siba nas ruas, acompanhado de muito perto pelo povo.
(Ei, não esperem reportagens diárias... Só em dias em que o resto do pessoal demore a acordar...)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

O mundo em Sines (décimo e último dia)



Boom Pam no Off Festival

SÁBADO, 26 DE JULHO

Dizu Plaatjies' Ibuyambo Ensemble (África do Sul) - Avenida da praia (19h30). Fusão de várias tradições sub-sarianas, pela mão do antigo líder dos Amampondo.
Koby Israelite (Israel) - Castelo de Sines (21h30). Depois de Kimmo Pohjonen na noite anterior, mais um acordeonista maldito. Free jazz com lugar na Tzadik? Klezmer? Balcãs?
Rokia Traoré (Mali) - Castelo de Sines (23h00). Mais um regresso aguardado ao FMM. Traz novo álbum, "Tchamanché".
Doran-Stucky-Studer-Tacuma (Irlanda / Suíça / EUA) - Castelo de Sines (00h30). É ao som de uma super banda que o fogo de artifício vai rebentar nesta edição do FMM. Os intervenientes são a inenarrável Erika Stucky, que proporcionou a maior surpresa na edição do ano passado do festival, o guitarrista Christy Doran, o baterista Fredy Studer e o baixista Jamaaladeen Tacuma. O motivo? Um tributo a... Jimi Hendrix!
Jean-Paul Bourelly meets Melvin Gibbs & Will Calhoun (EUA). Avenida da praia (02h30). A última noite na praia começa com o blues arraçado de jazz, de funk e de África do guitarrista Bourelly, que já colaborou com Miles Davis, Elvin Jones, Roy Haynes, Cassandra Wilson, entre outros nomes, e com a companhia de peso nos nomes de Melvin Gibbs, baixista da Rollins Band, e de Will Calhoun, baterista dos Living Colour.
Boom Pam (Israel). Avenida da praia (04h00). O cartaz das bandas do FMM termina em apoteose com o surf rock balcânico e médio-oriental dos Boom Pam. É para partir tudo. E, se ainda houver pernas, há Bailarico Sofisticado a seguir, pelo resto da madrugada fora.

ENCONTRAMO-NOS POR LÁ, QUE É ALTURA DE BOTAR O PÉ NA ESTRADA!

Mais avenida



A boa gente da Filho Único volta à casa da avenida (Avenida da Liberdade, nº 211), com mais uma festa cheia de actuações (bilhetes a seis euros):

21h30 - Pedro Barateiro & Ana Santos
22h - Toshio Kajiwara e PCF Moya
22h30 - Bernardo Devlin e Chaminne Ndongo Afrobeat
23h - Sei Miguel e Norberto Lobo Trio
23h30 - Stellar Om Source e Kotalume
0h00 - Afonso Simões & Manuel Mota, Nuno Rebelo & Marco Franco e DJ Marfox
1h00 - Time Machine, Jooklo Duo + Tiago Miranda e Portable
2h00 - The Act-Ups e Photonz

O mundo em Sines (nono dia)



KTU em Sines, há três anos

SEXTA-FEIRA, 25 DE JULHO

Rachel Unthank & The Winterset (Inglaterra/Escócia) - Avenida da praia (19h30). Folk britânica, com sede da Nortúmbria, que também pega em canções de Robert Wyatt e Will Oldham, entre outros nomes.
Asif Ali Khan & Party (Paquistão) - Castelo de Sines (21h30). Uma noite sufi com dez vozes e alguns instrumentos de percussão, num colectivo liderado por um discípulo de Nusrat Fateh Ali Kahn. (Existe, infelizmente, a possibilidade de Schengen voltar a atacar... é favor consultar o site do festival para actualizações.)
KTU (Finlândia/EUA) - Castelo de Sines (23h00). Da primeira vez, Kimmo Pohjonen e companhia tentaram mas não conseguiram derrubar as muralhas do castelo com as descargas sonoras da sua música. Regressam agora com o mesmo intuito e com temas novos que integrarão o segundo álbum, já gravado e a sair em breve.
Cui Jian (China) - Castelo de Sines (00h30). É raríssimo ter-se por cá artistas desse país enorme que é a China. Cui Jian é o roqueiro mais famoso e um dos que mais vende por aquelas bandas.
Firewater (EUA) - Avenida da praia (02h15). Um pouco de punk, um quê de médio oriente, mais não-sei-quanto de balcãs, e mais algumas pitadas de músicas do mundo em mais um exemplo de mestiçagem neste cartaz.
Nortec Collective presents Bostich and Fussible (México) - Avenida da praia (03h45). Nortec = Norteño + Techno, ou seja, música mexicana e muita electrónica, por quem sabe pôr a malta a dançar até às tantas da manhã. No palco instalado junto à praia, vão estar dois dos Nortecs, acompanhados por uma secção de metais. Tijuana sessions!

domingo, 13 de julho de 2008

O mundo em Sines (oitavo dia)



Toubab Krewe ao vivo em Roanoke, Junho de 2006

QUINTA-FEIRA, 24 DE JULHO

Mandrágora & Special Guests (Portugal/Bretanha) - Avenida da praia (19h30). São também encontros como este que tornam o FMM especial, todos os anos: os portugueses Mandrágora aliam-se a um conjunto de músicos bretões liderados pelo inenarrável violinista Jacky Mollard (FMM 2007).
Marful (Galiza) - Castelo de Sines (21h30). Os galegos que prometem transformar o castelo num enorme salão de baile.
Toto Bona Lokua (Martinica / Camarões / Congo) - Castelo de Sines (23h00). Toto Bona Lokua são mais do que a soma das partes que representam as origens caribenhas e africanas dos elementos do grupo, com as vozes do trio principal a procurar mais mestiçagens nas famílias da pop, da soul e do r&b.
Orchestra Baobab (Senegal) - Castelo de Sines (00h30). São, talvez, o nome mais forte do cartaz do FMM08. A mais famosa orquestra de Dacar, regressada ao activo em 2003 para regojizo de muitos, traz de novo a Portugal o eco da presença cubana na África Ocidental, das rumbas e das pachangas interlaçadas com as tradições mandingas da região.
Silvério Pessoa (Brasil) - Avenida da praia (02h15). Forró com estilo, com contaminações do rock aos quais é impossível resistir. Vai ser, possivelmente, uma das maiores surpresas do cartaz.
Toubab Krewe (EUA) - Avenida da praia (03h45). São cinco americanos (estrangeiros, portanto, ou seja, toubab) apaixonados pela música da África Ocidental e intérpretes de kora, ngoni e outros instrumentos da região. Já conseguiram tocar no mítico Festival do Deserto, no Mali. Não é um concerto para os polícias da autencidade nas músicas do mundo...

Das palavras, das guitarras e das idades

Singing words, words
Between the lines of age
Words, words
Between the lines of age

Neil Young, in "Words (Between the Lines of Age)"

A juventude é uma dádiva da natureza, mas a idade é uma obra de arte.
Stanislau Jerzy Lec (poeta polaco)

Há uma altura que nas telas laterais se agigantam duas mãos marcadas pela idade. Os dedos de Ben Keith, esculpidos com a rugosidade do tronco de um carvalho, dançam sobre a steel guitar durante "Words (Between the Lines of Age)", a canção que encerra "Harvest". Por sinal, é o primeiro álbum em que trabalhou, já lá vão 36 anos, com o homem que no centro do palco capta todas as atenções, Neil Young. De cabelo ralo e quase inteiramente branco, o homem transpira enquanto se lança a mais um acto de amor com uma das várias guitarras que trouxe consigo. Do lado de cá, novos e velhos cantam os temas de cor com um brilho nos olhos, com esgares de admiração ou apenas um sorriso largo que teima em ficar durante horas, como prova da experiência sónica e emocional que todos ali partilham. Não é uma banda nova que promete vir a revolucionar a música e que provavelmente estará esquecida daqui a poucos anos. E também não é (só) uma lenda que está ali em palco. É, genuinamente, um músico vivo e transbordante de energia que, à frente da sua banda, mostra, quase como se fosse a primeira vez que o fizesse, uma pequena parte de um reportório tão rico que devia ser património mundial da UNESCO. E, por falar em reportório, volte-se a "Harvest", o álbum mais vendido nos EUA durante o ano de 1972, para se dizer que foi daqui que saíram a maior parte das canções desta noite, como "Heart of Gold", "Old Man", "The Needle and the Damage Done" ou o já citado "Words". Houve pulos com a electricidade de "Keep On Rockin' in a Free World" imediatamente seguidos da introspecção acústica da versão belíssima de "Oh Lonesome Me", que Young gravou em 1970. Houve momentos a solo, ou perto disso, como em "Mother Earth (Natural Anthem)", com Young a tocar harmónica e um orgão de tubos ao fundo do palco nesta versão pró-ecologia da ancestral canção folk escocesa "The Water is Wide", ou como em "The Needle and the Damage Done". Houve temas especialmente alongados, como foi o caso de "No Hidden Path", o segundo dos dois temas do recente "Chrome Dreams II", com Young numa relação tremendamente sedutora e irresistível com a guitarra, a trazer à lembrança o convite que há 17 anos dirigiu aos seus eleitos Sonic Youth para com ele andarem em digressão. E houve, claro, a prometida versão de "A Day in the Life", a última do "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band" e a última deste espectáculo. Até pareceu que Lennon e McCartney a escreveram de propósito para Neil Young.
Iria parecer estranho ler de alguém que já leva duas décadas de experiência enquanto espectador, mais de um milhar de concertos na memória (ou nos arredores desta), que este foi o concerto da sua vida. Mas... acreditem que dá vontade de o dizer. Fica o alinhamento da noite, numa escolha que, surpreendemente, acabou por ter inúmeras diferenças face a espectáculos recentes da actual digressão:

Love and Only Love
Powder Finger
Spirit Road
Cortez the Killer
Keep on Rockin' in a Free World
Oh Lonesome Me
Mother Earth
Needle and the Damage Done
Unknown Legend
Heart of Gold
Old Man
Get Back to the Country
Words (Between the Lines of Age)
No Hidden Path
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A Day in the Life

sábado, 12 de julho de 2008

Estágio





O mundo em Sines (sétimo dia)



Justin Adams & Juldeh Camara, ao vivo em Bristol, 2007.

QUARTA-FEIRA, 23 DE JULHO

Waldemar Bastos (Angola) - Castelo de Sines (21h30). Chegou há 26 anos a Portugal para uma participação num festival de teatro e por cá ficou. Por cá e por esse mundo fora onde tem levado a música popular angolana.
Vinicio Capossela (Itália) - Castelo de Sines (23h00). Substituto de penúltima hora para os Kasaï All Stars, o cantor com voz mais parecida com o Tom Waits em Itália, tem arrancado do público dos seus espectáculos as melhores reacções. Portugal, por onde já passou, não tem sido excepção.
Justin Adams & Juldeh Camara (Inglaterra/Gâmbia) - Castelo de Sines (00h30). O inglês é etnomusicólogo, produziu os álbuns dos Tinariwen e é guitarrista na banda de Robert Plant. O gambiano é griot (uma função hereditária em parte equivalente à figura do bardo, na Europa) e é intérprete do riti (um violino de apenas uma corda, comum na África Ocidental). Este ano, a colaboração entre os dois foi premiada nos prestigiados BBC Radio 3 Awards na categoria de "Culture Crossing". Está-se mesmo a ver que vai ser muito bom.
Anthony Joseph & The Spasm Band featuring Joe Bowie (Trindade / EUA) - Avenida da praia (02h30). Mais um caso interessante de fusão, mas agora entre a poesia, o jazz e os ritmos caribenhos. Anthony Joseph, escritor nascido na ilha de Trindade, mas a viver no Reino Unido (onde já é figura de relevo nas letras), junta-se à Spasm Band liderada pelo trombonetista Joe Bowie.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Casa cheia...

...para ver o Will Oldham, hoje, na ZDB. Não se assuste quem não tem reserva, porque amanhã há mais. Mas amanhã, hereges, é dia de Neil Young. Oldham traz banda consigo: Ruby Kash (violino e voz), Joshua Abrams (contrabaixo, lembram-se dos Town & Country, da Thrill Jockey?), Emmet Kelly (guitarra) e Michael Zerang (percussão).

Relato mais do que telegráfico do Alive de ontem

Muita gente. Gente demais. Poucos pontos de venda de cerveja. A lição outros festivais urbanos no passado (e aparentemente aprendida no entretanto) parece não ter servido de nada. Os Vampire Weekend não deixam de ser bons, mas tocam tal e qual como no disco. Os MGMT são uma seca. Os National estiveram quase perfeitos e tiveram um som bastante melhor que o da Aula Magna, que até foi bom para abafar as palminhas e outras histerias do público. Os Gogol Bordello precisam de quatro muralhas e fogo de artifício. Os Hercules and Love Affair são o pastiche dos anos 80 e do mutant disco mais ridículo e mais fútil dos últimos tempos. Os Rage Against the Machine são entediantes.

Não custa nada tentar

Ninguém tem um bilhete para o Neil Young para vender, assim mais barato e coiso, não?

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O mundo em Sines (sexto dia)



Moriarty, "Jimmy"

TERÇA-FEIRA, 22 DE JULHO

Iva Bittová (República Checa) - Auditório do Centro de Artes de Sines (22h00). A solo, com o seu violino e a sua voz, Iva Bittová expõe o seu diverso leque de influências, com a música clássica e popular da Europa de Leste a assumir destaque claro.
Moriarty (EUA/França) - Auditório do CAS (23h30). A voz de Rosemary Moriarty lembra as cantoras folk inglesas dos anos 60 (Vashti Bunyan, Shirley Collins, ...) mas os restantes "irmãos" Moriarty puxam ora pelo blues, ora pela folia das pequenas orquestras de bar franceses.
Dead Combo (Portugal) - Ruas do CAS (01h00). O que começou por ser uma homenagem a Carlos Paredes transformou-se rapidamente num dos projectos mais interessantes da nova música portuguesa. No meio das planícies perigosas dos filmes que Morricone musicou, do clima de cortar à faca do tango de Buenos Aires, ou de música nocturna de tantas cidades desse mundo fora, esconde-se um certo toque de fado vadio, um ar em que se respira em português, seja o que for que isso queira dizer.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Erm... num táxi?



MAN MAN, com "Doo Right", de "Rabit Habbits" (2008), ao vivo... num táxi.

Bom, já havia a boa gente da Blogothèque com a sua série fantástica de concerts à emporter, concertos gravados na rua, em apartamentos, onde calhe, sem grandes preparativos ou artifícios (por falar nisso, já ouviram o do Bon Iver, já? Ide já aqui, caramba... que versões magníficas!).

Agora... concertos num táxi? O projecto chama-se The Black Cab Sessions e já vai no 48º capítulo (ei, se já não é novidade para ninguém, era pelo menos para mim e para a Paula, onde descobri isto). Já passaram pelo táxi pessoas como ilustres como os Man Man (vídeo em destaque ali mais em cima), o Micah P Hinson, o Bon Iver (está em todas o homem, está visto), os Sunset Rubdown, os Death Cab for Cutie, a Lykke Li, o/a Baby Dee, a Scout Nibblet, os National, o Bill Callahan e o Daniel Johnston, entre tantos outros. Fantástico.

(Ficam desde já avisados que comprei já o domínio moshesnacasadebanho.com e que estou a negociar o digressaoporroullotesondesirvamsandesdecouratoemines.net, o que se está a revelar mais difícil, porque alguém já teve a mesma ideia.)

Mão Morta nas Ilhas

Pode parecer estranho, mas vai ser a primeira vez que uma Região Autónoma recebe os Mão Morta para concertos. No dia 8 de Agosto, o grupo toca no festival Semana do Mar, na Horta. No dia seguinte, é a vez da ilha do Pico, com um concerto em São Roque.

O mundo em Sines (quinto dia)



Lo Còr de la Plana no bar La Tor deu Borreu, em Pau, na Aquitânia (Fevereiro de 2008).

SEGUNDA-FEIRA, 21 DE JULHO

Moskow Art Trio (Rússia/Noruega) - Auditório do Centro de Artes de Sines (22h00). Estiveram no ano passado em "Viseu a 15 do 6", na companhia do colectivo de Tuva Huun-Huur-Tu. Apresentam-se agora sozinhos, para um concerto de piano e sopros.
Lo Còr de la Plana (Occitânia) - Auditório do CAS (23h30). São grupos como estes que fazem perdurar a tradição das polifonias nesta antiga nação onde o "sim" se diz "óc". Tal como outros jovens projectos da Occitânia, os Lo Còr de la Plana cruzam as suas raízes com influências externas, transformando as polifonias num convite para a dança.
Danae (Portugal) - Ruas do CAS (01h00). Nasceu em Havana, filha de pai cabo-verdiano e mãe cubana. Cresceu em Cabo Verde e, já em idade de estudos, em Coimbra. Não se estranha que toda esta geografia se revele nos temas que compõe. Ah, e na banda tem dois alemães e um cabo-verdiano.

Por falar em SY



Ao vivo há poucos dias (4 de Julho), no Battery Park de Nova Iorque. "Hei Joni", um dos meus temas-fétiche desde a adolescência.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Viva o carteiro

Acabadinho de chegar:



"Our whole scene is under their shadow. They've remained 'the band' forever. They're royalty. If Sonic Youth had only made three or four records, they might be part of a list of the greatest American bands. Considering they've made 20 years of great records, they pretty much left everybody in the dust." Slim Moon, fundador da Kill Rock Stars Records.

O mundo em Sines (quarto dia)



Asha Bhosle & Michael Stipe, "The Way You Dream" (videoclip amador)

DOMINGO, 20 DE JULHO

Danças Ocultas (Portugal) - Porto Covo (21h30). Regressam ao FMM as concertinas loucas de Artur Fernandes e companhia, agora num espectáculo com especial destaque para a imagem.
Asha Bhosle (Índia) - Porto Covo (23h00). A comunidade hindu já começou a comprar bilhetes e promete encher o recinto de Porto Covo neste domingo, para assistir ao espectáculo de uma das maiores divas da canção de Bollywood, cuja voz entrou em perto de um milhar de filmes...
A Tribute to Andy Palacio feat. Special Guests (Belize/Honduras) - Porto Covo (00h30). O beliziano Andy Palacio foi um dos primeiros nomes confirmados para o FMM 2008, mas, infelizmente, faleceu no início do ano. Em Porto Covo estarão os músicos do Garifuna Collective, que o acompanhavam, e que agora se reúnem para lhe prestar homenagem.

domingo, 6 de julho de 2008

Cartaz de Coura fechado

Já não entra mais ninguém. De 31 de Julho a 3 de Agosto, vão passar pelas margens do Tabuão os seguintes nomes:
31 de Julho - Sex Pistols, Mando Diao, The Bellrays, X-Wife, Bunnyranch, The Mae Shi, DJ Amable.
1 de Agosto - Primal Scream, Editors, The Rakes, Two Gallants, The Long Blondes, Jazz Resort Soundsystem, We Are Standard, D3Ö, These New Puritans, Optimo DJs.
2 de Agosto - The Mars Volta, dEUS, The Pigeon Detectives, Wraygunn, Spiritual Front, Man-Drax, Dorian, Sean Riley and the Slowriders, Woman in Picnic, Surkin.
3 de Agosto - Thievery Corporation, The Lemonheads, Biffy Clyro, Tributo a Joy Division, Au Revoir Simone, Ra Ra Riot, Trio de Afonso Pais, Layabouts, Komodo Wagon, Caribou, Twin Turbo.

(Com Pistols, Primal Scream, dEUS, Thievery Corporation e até -- medo, medo, medo! -- um tributo a Joy Division, o cartaz deste ano é uma autêntica cápsulta do tempo... E nada convidativo.)

Se esta rua fosse minha...

A boa gente do Plano B está a preparar a segunda edição de um festival de animação de rua. É na rua Cândido dos Reis, onde aliás se encontra a sede do Plano B, que tudo acontecerá no próximo feriado do 5 de Outubro. Ainda falta tempo, mas o Plano B está a receber candidaturas de projectos, até ao final do mês. Mais informações em www.planobporto.com ou em www.festivalplanob.com.

O mundo em Sines (terceiro dia)



The Last Poets, "Niggers Are Scared of Revolution", do primeiro álbum (homónimo, 1970)

SÁBADO, 19 DE JULHO

Flat Earth Society & Jimi Tenor (Bélgica/Finlândia) - Porto Covo (21h30). E esta, hein? Jimi Tenor em Sines. E na companhia de uma big band composta por quinze músicos. É também destes encontros que vive o festival.
The Last Poets (EUA) - Porto Covo (23h00). O hip hop não existiria ou seria muito diferente, não fosse este colectivo de músicos e poetas ter aparecido em Nova Iorque no final dos anos 60, no epicentro da luta mais radical pelos direitos civis dos negros na América. É um pedaço enorme da história da música que se desloca até Sines neste sábado.
Enzo Avitabile & Bottari (Itália) - Porto Covo (00h30). Da Campânia, um grupo de bottari (tocadores de pipas de vinho, isso mesmo, pipas de vinho).

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O mundo em Sines (segundo dia)



HAZMAT MODINE tocando "Bahamut" na televisão russa

SEXTA-FEIRA, 18 DE JULHO

A Naifa (Portugal) - Porto Covo (21h30). Luís Varatojo e João Aguardela a meterem electrónica por baixo de uma guitarra portuguesa.
Herminia (Cabo Verde) - Porto Covo (23h). A outra grande voz do Mindelo, que o mundo só descobriu depois dos 60 anos.
Hazmat Modine (EUA) - Porto Covo (00h30). São um grupo de jazz de Nova Orleães? São judeus a tocar klezmer? Jamaicanos a levantar poeira? Não, são uma bela banda sonora para o caldeirão de culturas da cidade de onde vem, Nova Iorque. E se o líder Wade Schuman, que também é um pintor com nome cada vez mais reconhecido, se puser a tocar harmónica sozinho, o comboio vai chegar a Porto Covo (vejam este outro vídeo, por favor).

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O fim da world music tal como a conhecemos?

Esta questão decorre de uma conversa ocasional com o director artístico do FMM Sines. Para onde vai a world music? Falamos na mesma coisa quando falamos de world music hoje ou como quando falávamos há 10 anos? E como será daqui a outros tantos? Continuaremos a colocar eventos magníficos como o FMM e o MED (oxalá resistam à passagem do tempo!) na categoria da world music?

Nos anos 80, as lojas de discos introduziram nos escaparates a secção da world music, a partir de um termo originalmente usado pelo etnomusicólogo Robert E. Brown (o primeiro grande divulgador das tradições indonésias do gamelão), para ali disporem tudo o que não fosse produção não ocidental. O interesse crescente do público e dos próprios músicos ocidentais, foi aproveitado pelo mercado e a especialização tornou-se uma realidade viável: nasceram as publicações, as editoras europeias e americanas, as lojas, os festivais, etc. Tal como jazz ou no heavy metal, por exemplo, havia um nicho do mercado que sustentava a especialização.

Hoje, o retrato que se tira à cena das músicas do mundo é diferente. A especialização deixou de ser assim tão clara como era há dez anos. Os públicos, os festivais, as publicações, as lojas, as editoras e os próprios músicos demonstram ser cada vez mais heterogéneos. E no que antes era dedicado apenas ao rock, à música nova ocidental, o mesmo se sucede. A secção da loja de discos está cada vez mais diluída pelas restantes e vice-versa.

Talvez a principal razão para esta evolução se deva à desfragmentação ou liberalização, se assim lhe quisermos chamar, do mercado da música, tal como proporcionada pela internet. A instituição de uma rede social com grande impacto na divulgação da música como o myspace.com ou a generalização do download gratuito de todo o tipo de música, trouxe uma nítida alteração nos comportamentos de todos os agentes envolvidos neste negócio, desde a origem, os músicos, até ao destino, os ouvintes. E se o mercado discográfico quase pede a extrema unção, o mercado dos espectáculos cresce a olhos vistos, o que explica que haja cada vez mais bandas a aparecer, cada vez mais digressões, cada vez mais festivais, cada vez mais promotores, cada vez mais público. Seja no rock, seja nas músicas do mundo. E este crescimento rápido em todas direcções estéticas está a trazer consequências para as antigas fronteiras de géneros e de mercados específicos. O fim do mainstream, de que tanto se fala, encontra o reflexo na diluição dos nichos.

Veja-se o caso dos festivais. Em Portugal, o MED trouxe este ano a lenda da soul Solomon Burke e os belgas Zita Swoon, dois nomes que dificilmente entrariam no clube fechado da world music de há dez anos. O FMM traz nomes como os Last Poets, o Nortec Collective ou os Firewater. Em Inglaterra, o Womad de Charlton Park apresenta o regresso dos Chic (sim, os do disco dance dos anos 70) e o Roni Size no cartaz. Nos festivais de rock é também cada vez mais frequente encontrar por lá artistas associados às músicas do mundo. O Sudoeste, por exemplo, tem feito aposta todos os anos no reggae. Os Gogol Bordello tocaram em 2007 no FMM, mas também em Paredes de Coura, e este ano regressam para o Alive. No fim-de-semana que passou, Glastonbury teve um palco que contou com Rachel Unthank, Justin Adams & Juldeh Camara (tocam ambos no FMM deste ano), Balkan Beat Box (estiveram no MED), etc.

Veja-se os músicos. Os Balkan Beat Box, por exemplo, que levam os Balcãs para a pista de dança. Os Extra Golden, que hoje tocam na ZDB, que promovem um encontro entre o rock e a música benga queniana. Os israelitas Boom Pam, que metem no mesmo saco o klezmer, a música cigana e as guitarras surf do rock'n'roll dos anos 60. Os Vampire Weekend que recuperam o legado deixado por Paul Simon em "Graceland", um exemplo perfeito de outra era de como a mestiçagem pode produzir excelentes resultados. O caso de Beirut ou do amigo Hawk and a Hacksaw, que transportam para a sua visão ocidental elementos que outrora faziam apenas parte da cena da world music. Os exemplos são infindáveis.

Veja-se o público. O castelo e toda a cidade de Sines enche-se de gente das mais diversas idades, das mais diversas "tribos", no último fim-de-semana de Julho. Os Tinariwen esgotam numa hora ou pouco mais o São Jorge, com um público que não é apenas o público da world music, no conceito que tínhamos até aqui. O público típico dos festivais de rock, outrora mais fechado e mais preconceituoso, ouve com mais respeito a "contaminação" das músicas do mundo.

Veja-se as publicações. Já repararam como, em publicações mais generalistas, já não se chuta um artigo sobre um qualquer artista do Mali para a secção das músicas do mundo? E que já não é sempre o mesmo especialista a assinar esses artigos?

Daqui a dez anos, estará tudo definitivamente diluído?

terça-feira, 1 de julho de 2008

O mundo em Sines (primeiro dia)



SIBA E A FULORESTA no Auditório Ibirapuera

QUINTA-FEIRA, 17 DE JULHO

Siba e a Fuloresta (Brasil) - ruas do Centro de Artes de Sines (19h00). Sérgio Veloso (Siba), um dos fundadores dos incontornáveis Mestre Ambrósio leva a paixão pelo samba rural nordestino ainda mais longe, com a revitalização do colectivo Fuloresta. É, por assim dizer, a primeira parte de um espectáculo dedicado à reinvenção das tradições do Nordeste que se complementa em Sines, uma semana depois, com o novo forró de Silvério Pessoa.
Bassekou Kouyaté & Ngoni Ba (Mali) - Auditório do Centro de Artes (22h00). "Segu Blue", provavelmente o melhor disco africano do ano passado, volta a ser apresentado em Portugal, depois do excelente concerto junto à Torre de Belém, no último África Festival.
Serra-lhe Aí!!! & Os Rosales (Galiza) - Ruas do Centro de Artes (00h00). Dois acordeões, uma gaita, alguns metais e vozes, para animar a noite em Sines com música de tasca galega.

Brancos a tocarem música de pretos?

O meu bom amigo Carlos mandou-me este artigo do Alex Minoff, dos Extra Golden (e dos Weird War, dos Golden, dos Make-up e, uff, dos Six Finger Sattelite), colectivo americano-queniano que se encontra actualmente em Portugal, prevendo-se para amanhã noite de arromba na ZDB, alguns dias depois do espectáculo oferecido ao público do Mestiço, na Casa da Música. No artigo, Minoff aborda, não só no caso dos Extra Golden como num contexo mais global, a questão da autenticidade, da mistura da música africana com o rock, dos Toubab Krewe (grupo de música africana composto por americanos, a não perder na edição deste ano do FMM), das inovações dos Konono no.1, enfim, de mestiçagens e de racismos. O texto foi originalmente publicado na revista MungBeing (cujo site se encontra, aparentemente, inacessível). Já agora, parte disto faz-me lembrar a magnífica citação do compositor Gustav Mahler que o camarada António Pires tem no seu Raízes & Antenas: "A tradição é a transmissão do fogo e não a veneração das cinzas".

Extra Golden is a musical group consisting of two Americans (myself and Ian Eagleson) and two Kenyans (Opiyo Bilongo and Onyango Wuod Omari). The story of our formation is well-documented in other places, so I won't go into it here. The issue of how four musicians from such disparate economic and cultural backgrounds are able to create sounds sympathetic to each other's ears doesn't matter now. Instead, what I hope to address are the questions of Authenticity that relate to Extra Golden and our audience, as well as the general presentation of, and critical approach to, African music.

One of the most frequent questions asked of me is: "How do Africans react when they see a couple of white guys up on stage playing African music?" This is really just a coded way of asking, "Do they think you're fake or do they accept you as one of them?"

When I'm asked this question I usually explain that, at first, the Kenyans in the audience express a friendly disbelief, a sort of "I gotta see this!" mentality. But, after a few moments, any skepticism disappears, and they quickly revert to what they are there to do in the first place - have fun. That, of course, is the goal of the band. However, it is also the goal of the audience, which is why you'll never find a patron at a Kenyan bar watching the band from a distance with their arms folded, scratching their chin.

But there is more to this question than meets the ear. To a lot of people, nothing oozes Authenticity more than a couple of poor, African musicians ("These guys are the real deal, man!"). There is a subtle racism at work here, presupposing some sort of initiation into a mystical cult of Africanness, which would explain why I've never been asked, "How do Americans react when they see a couple of Africans playing rock music?"

Questions of Authenticity also arise when it comes to language. On our upcoming record, Hera Ma Nono, all four members of Extra Golden sing in English, Luo and Swahili. This raises all sorts of red flags with studious, world music types, and a recent review of a group called Toubab Krewe illuminates this point.

Toubab Krewe is a quintet from North Carolina who perform songs from the West African repertoire, incorporating the indigenous instruments of the region (kora, kamelengoni, etc.). They honed these difficult skills through various trips to Mali, Guinea and the Ivory Coast. This hard work is not lost on the critic, who compliments the group for the results of their travails. However, an interesting comment is added at the end of the review:

"The decision to include no singing on the album was both brave and wise. When Americans add English lyrics to African music, or sing in African languages, a line is crossed and a whole new set of compromises must be breached."

I am wondering about this. Earlier, the critic notes that Toubab Krewe, "have made this music their own with inventive, natural sounding arrangements that never lag or fall back on clichés." What is it about singing that would make Toubab Krewe's efforts inauthentic? The irony, of course, is that this group is performing using the instruments and songs of cultures far removed from their own.

It would be easy for a cynic to label them inauthentic without ever hearing a note. Yet, to this critic, the line between authenticity and inauthenticity is a lyrical one. What is it about the voice that makes it sonically more expressive than a guitar or kamelengoni? More important than a drum?

In Extra Golden, everybody sings together because we are a team. Sound is the most important thing, and everybody knows a chorus sounds better with four voices rather than two, no matter what language it is - it is called a chorus after all! (A quick sidenote: English happens to be an official language, not only of Kenya, but of such world music titans as Nigeria and Ghana, too.) To me, only allowing vocals to be sung by native speakers would be the real "compromise". Would it be a problem for me to sing in French? Probably not. This point of view is consistent with the one that exoticizes the African musician as possessing some form of inherent purity or Authenticity, ignoring the fact that most would put a bagpipe solo on their record in exchange for a new set of guitar strings!

So, does Extra Golden stand any real chance of being considered "authentic"? Well, if the above sentiments are any indication, then the answer would have to be a resounding "NO". Of course, these assumptions, and what they imply, would mean that nothing really could be. Too often, Authenticity is really just a synonym for cultural ignorance or misunderstanding. Fodeba Keita, who almost single-handedly modernized (inauthenticated?) Guinean music in the 1950s and 1960s, asked:

"How often do we hear the word authentic used here, there, and everywhere to describe folkloric performances? Come to the point! Authentic compared to what? To a more or less false idea which one has conceived about the sensational primitiveness of Africa?"

In coveting what is essentially a colonialist's concept of foreign cultures, Authenticity discourages innovation. In its place is a preference for stasis or genre music. Even though Africa contains thousands of cultures, each with their own unique traditions, it is much easier to understand a continent of aural oddities populated with half-naked men creating rhythmic cacophony. In fact, when I explain to people that I play with African musicians, the typical response is: "So you guys have a bunch of drums?"

Lost in all of these discussions are the musicians themselves. I can confidently say that, for the African half of Extra Golden, music is a true passion - however, it is also a job. This point cannot be emphasized enough, especially as it is ultimately the determining factor behind most decisions. Authenticity can be a diverting topic for scholars to kick about, but for the working African musician economics will usually defeat academics.

No finer example of economics factoring into the lives of African musicians (only to be misunderstood by Western critics) exists than the Congolese group Konono No. 1. Founded almost 30 years ago, Konono play a form of traditional Bazombo music that features several likembes (thumb pianos). In order to compete with the urban noise pollution of Kinshasa, the group devised their own collection of microphones and amplifiers built from spare auto parts and the like. This helped create a unique sound but also, more importantly, kept the group working feverishly. It also allowed the band to gain exposure in Europe, where their inventiveness earned them the dubious classification of "Afro-punk". While it has undoubtedly done wonders for the group's wallets, this odious appellation is condescending and confused, representative of commercial considerations and unrealistic expectations.

If a rock group from Atlanta or Amsterdam built their own amplification system, as Konono did, then they might be acting in the DIY spirit often equated with the "punk" movement. This implies a choice. Could they have opted for a complete backline of vintage Fender tube amplifiers? Yes, but they made a conscious decision about their own identity by going against the perceived mainstream. Many Western groups define themselves through decisions like this, their music a decorative afterthought. Konono, like most African groups, did not have the luxury of this kind of fashionable declaration. For them, the choice was get louder or lose business. Konono did what they had to do, and Western critics have placed them at the forefront of a punk/industrial/trance/experimental/electronica movement for it. Won't they be surprised!?!

Before I conclude, I must mention something that has been playing around in my head ever since I started contemplating the Authenticity issue. Almost a decade before they became the Hollywood cocaine consorts of Stevie Nicks and Lindsey Buckingham, Fleetwood Mac were a rocking, British band led by the incomparable Peter Green. They specialized in faithful renditions of the blues, exactly the sort of formulaic genre music that proponents of Authenticity tend to champion. Of course, until the sixties, blues had generally been the exclusive domain of African-American musicians. In this writer's opinion, Fleetwood Mac's first couple of records stand as some of the finest recordings of blues music of the decade - from either side of the Atlantic. While the idea of "British Blues" has always ruffled the feathers of true blues purists, anyone who has spent January in Birmingham (Midlands, not Alabama) can surely sympathize.

Somewhere around 1968, Peter Green seemed to decide that a purely blues template was becoming a bit limiting. He started to incorporate elements of pop, rock and even African music into the group's work, culminating in one of the greatest albums of the decade, 1969's Then Play On. Hints of Green's boredom with the blues could be found on the single "Albatross", an astonishingly beautiful instrumental paean to the ambient resplendence of the guitar, released a mere eight months before what would be his last LP as a member of the group. The song was a huge success in England reaching #1 on the charts in February of that year.

Why do I mention all of this? On Samba Gaye, his 1997 collaboration with wife Djanka, Guinean guitarist Sekou Diabate Bembeya recorded his own version of Peter Green's "Albatross". While most critics reviled it as "tasteless" and "inauthentic", one could imagine Diamond Fingers (one of the many sobriquets Diabate's sparkling guitar work has earned him over the years) revelling in it, perhaps eliciting one of his trademark laughs that pepper the album. You see, Mr. Diabate gets it. The question shouldn't be is it Authentic, but, rather, is it good?

Isto sim, é nostalgia

myspace.com/beekeeperlx
(Beijinhos, Elsa.)