quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Em busca dos clubes recreativos - parte VI

A listagem que se segue já é conhecida pelos frequentadores deste tasco amarelo. Tenho vindo a integrar nela, desde Agosto de 2003, um conjunto de clubes recreativos de Lisboa que vou descobrindo ou que vão sendo sugeridos pelos leitores. A propósito, mantenho o repto: usem e abusem da caixa de comentários para sugestões, correcções, actualizações, etc.

Entre os clubes recreativos aqui elencados há os que fazem parte de um passado "glamouroso" da cidade (e do país, em traços gerais), sendo hoje, entre a maioria, apenas frequentados por idosos a baterem cartas nas mesas gastas pelo tempo, por malta da rua que vai ver a bola do canal codificado, isto quando as portas não estão já fechadas e o estado de degradação vai já irremediavelmente avançado.

Não se defende aqui aquela velha ideia do "antigamente é que era bom". Nem tão pouco se defende que a preservação destes espaços seja feita com o mesmo espírito com que se levam artefactos antigos para dentro de um museu. Na lista, encontram-se também outros espaços recentes que recuperam de forma natural a tradição das colectividades, com os resultados que aqueles que as frequentam bem conhecem.

Eis, então, mais uma edição do roteiro dos clubes recreativos de Lisboa, integrando já as últimas sugestões recebidas (e indicadas a verde). Vai daqui também um especial abraço ao Donatelo pela maior parte destas novas entradas.


View Em busca dos clubes recreativos em Lisboa in a larger map

- ACADEMIA DE RECREIO ARTÍSTICO (rua dos Fanqueiros, 286 - 1º andar) - Fica mesmo ao lado da Pollux e tem site: academiaderecreio.ning.com.

- ACADEMIA MUSICAL JOAQUIM XAVIER PINHEIRO (alameda das Linhas de Torres, 45) - Apesar de ficar ao lado do Estádio de Alvalade, não conheço este espaço :). Quem mo sugeriu lembrou-se dos concertos de punk que por lá já aconteceram.

- ACADEMIA DE SANTO AMARO (rua da Academia de Santo Amaro, 9) - Fica em Alcântara, perto do Hotel Carlton. Segundo um leitor, "é um espaço óptimo. Teatro/sala à antiga, tipo Ritz Club (mas sem aquela entrada toda). Fui lá ver o concerto de lançamento do disco dos Room 74 em Junho, acho eu, e posso assegurar que o espaço é excelente. Fica perto de Alcântara, lá mais para cima, ao pé do Hotel Carlton."

- ATENEU COMERCIAL DE LISBOA (rua das Portas de Santo Antão, 110) - É comparável à Voz do Operário, em termos de dimensão, de propósitos e de actividades que actualmente desenvolve. É um grande espaço nas portas de Santo Antão, onde decorrem diversas actividades desportivas e culturais. Tem muitas salas onde se podem realizar concertos, por exemplo.

- BACALHOEIRO (rua dos Bacalhoeiros, 125) - Esta casa destaca-se de todas as outras por uma razão nobre. Não foi fundada há cento e tal anos. Foi criada há apenas dois anos por um grupo de estudantes de Erasmus, cidadãos estrangeiros que nos vieram mostrar, pela experiência do dia a dia que ali se vive, que o conceito de associativismo e de clube recreativo não é algo que tem de ficar necessariamente perdido na memória dos tempos da cidade. O Bacalhoeiro promove diversas actividades, com especial destaque para os concertos e para as festas com DJs (o Bailarico Sofisticado tem por lá uma residência mensal, a propósito), que envolvem cada vez mais público, que por natureza é associado da causa. É o exemplo vivo do clube recreativo dos nossos dias. Tem um blogue com informação actualizada da programação em bacalhoeiro.blog.com.

- CAIXA ECONÓMICA OPERÁRIA (rua Voz do Operário, 64) - Já por lá trabalhei, como elemento da Associação O Grito. O espaço tem uma sala com palco e um mezanino. Lotação: aí umas 500 pessoas. Tem bar e um pequeno PA de som e luz. Tem servido de palco a espectáculos e festas de uma forma (muito) irregular. Tem um site (desactualizado): www.caixaeconomicaoperaria.web.pt

- CASA DO ALENTEJO (rua das Portas de Santo Antão, 58) - A caber no conceito de clube recreativo, trata-se de um dos maiores de Lisboa. Funciona essencialmente como restaurante, existindo ainda a secção de bar, um espaço muito agradável, bastante amplo, com um palco que ameaça ruir a qualquer instante. Possui ainda uma área utilizada para reuniões ou eventos culturais. Apesar do estado avançado de decadência, a Casa do Alentejo está sempre cheia de pessoas, muitas delas turistas, e possui uma vida que nenhum dos outros espaços têm. Envolve-se ainda em diversas outras actividades, como a edição da Revista do Alentejo. Tem um site: www.casadoalentejo.pt

- COLECTIVIDADE DOS VENDEDORES DE JORNAIS (rua das Trinas, 55) - Tem um amplo salão com palco. O espaço está também servido de bar.

- CLUBE FERROVIÁRIO DE PORTUGAL (rua de Santa Apolónia, 63-65)
Além das vivências bairristas, as corporações foram também um motivo para o aparecimento de algumas colectividades. Os ardinas e os ferroviários eram exemplos de profissões que, não apenas em Lisboa, promoviam o associativismo. O Ferroviário está instalado perto de Santa Apolónia, como não podia deixar de ser, promovendo hoje actividades na área do desporto, pelo menos, embora já lá se tenham realizado festas e concertos recentemente.


- CLUBE RECREATIVO DOS ANJOS (rua dos Anjos, 17) - Tem um pequeno palco que, volta e meia, serve para os bailaricos.

- CLUBE PRIMEIRO DE JANEIRO (Bairro Alto - Rua da Atalaia, 124?) - Fica em frente ao Portas Largas, na esquina oposta ao Frágil. Há mais de 15 anos assisti por lá a um concerto de Tina & The Top Ten e Ena Pá 2000, se não me falha a memória. É pena que não tenha sido aproveitado para muito mais coisas - aquele ringue de boxe dá-lhe um toque muito especial (actualização: já não há ringue de boxe).

- COMUNA (Praça de Espanha) - Tal como o Ritz, o café-concerto da Comuna não entra a 100% na definição de clube recreativo, mas acaba por ter muitas semelhanças, entre as quais o facto de estar sub-aproveitado. Tem uma sala aí para umas 600 pessoas, com palco e bar. Creio que existe um PA mínimo de som e luz. Tem site: www.comunateatropesquisa.pt

- CREW HASSAN (rua das Portas de Santo Antão, 159) - Tal como o Bacalhoeiro, este é mais um exemplo vivo da movida verdadeiramente actual do que podemos continuar a chamar de clubes recreativos. Tem um site em www.crewhassan.org.

- ESPAÇO CENTRO DE DESASTRES (rua Maria Andrade, 5)
Em pleno coração dos Anjos, há, desde há quatro ou cinco anos, um pequeno espaço que tem conseguido algum dinamismo na organização de concertos, festas, feiras, exposições, etc. Foge um pouco ao espírito de colectividade que perspassa esta lista, mas fica aqui a referência, ainda assim. Pode ser consultado aqui: espacoespaco.blogspot.com


- GALERIA ZÉ DOS BOIS (rua da Barroca, 59) - Como o Bacalhoeiro, como a Crew Hassan, a ZDB, que já passou pelo 15º aniversário, não poderia ficar ausente desta lista. Embora se tenha perdido o fulgor associativista do início, a galeria continua a ter sócios, que obtém vantagens nas entradas para as diversas actividades. Possui, como meio mundo sabe, uma programação verdadeiramente invejável, com destaque para os concertos, para as exposições e para as peças de teatro mais ou menos regulares. Tem ainda um serviço educativo para as crianças das escolas primárias das freguesias da zona. Tem um site em www.zedosbois.org e um myspace em myspace.com/galeriazedosbois.

- GCD TRABALHADORES DO BES (rua D. Luís, 27) - Não conheço. Foi-me indicada por um leitor, que não conhecendo também o estado actual do espaço, se lembrava dele como "uma sala razoavelmente grande e bem equipada". Outro leitor lembrou que "tem regularmente peças de teatro de Gil Vicente com apresentações para os alunos das escolas secundárias".

- GRUPO DESPORTIVO DA MOURARIA (travessa da Nazaré, 21 - antigo Palácio dos Távora, abaixo do miradouro da Sra. do Monte)
Fundado em 1936, o GDM continua em actividade, não só na área desportiva mas também na cultural. Organiza a marcha da Mouraria desde a sua fundação, promove noites de fados e é Instituição de Utilidade Pública desde 1988. O colectivo GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental) fez entretanto do GDM a sua sede e tem por lá organizado festas e jantares. O GDM tem site em
www.mouraria.webs.com.

- GRUPO DRAMÁTICO ESCOLAR OS COMBATENTES (Rua do Possolo, 7) - Fica ali entre a Estrela e os Prazeres. Tem uma sala, com palco, para umas 500 pessoas. Tem bar bem equipado ao lado. Está vedada a concertos, desde há algum tempo.

- KILOMBO (av. Gomes Pereira, nº11) - Armazém 13. Fica nas traseiras do Auditório Carlos Paredes, ou seja, mesmo ao pé da Junta de Freguesia de Benfica.

- LUSITANO CLUBE (rua São João da Praça, 81 - r/c)
Fundado em 1936, na zona da Sé/Alfama, o Lusitano Clube foi reabilitado em 2008 por uma nova equipa de gente activa. Tem servido de palco, entre outras actividades, para as rodas de choro. Pode-se saber mais do Lusitano aqui:
lusitano-clube.blogspot.com.

- PADARIA DO POVO (Campo de Ourique, rua Luís Derouet, 20) - A casa tem dois ou três andares. No piso térreo, existe um espaço agradável para festas e concertos, sem palco, onde no qual ainda estão instalados os antigos fornos de pão.

- RITZ CLUB (Rua da Glória, 57) - Um dos mais conhecidos, embora não se trate propriamente de uma colectivade como as restantes, dada a actividade que por lá existiu há anos. Há obras que teimam em ser acabadas e um desentendimento entre os sócios que exploravam o espaço que já chegou ao tribunal. Encontra-se fechado ao público. Vai servindo de sala de ensaios para algumas bandas.

- SOCIEDADE BOA UNIÃO (beco das Cruzes, 9)
A Sociedade Boa União é um dos ex-libris de Alfama, e tem o fado e as marchas na sua tradição, como não podia deixar de ser naquele bairro popular. Tem um salão de festas com palco, camarins, sistema de som e cozinha, disponível para alugar.


- SOCIEDADE FILARMÓNICA JOÃO RODRIGUES CORDEIRO (Rua da Fé, 46A) - Fica na freguesia de São José, perto da avenida da Liberdade. É onde se instalou a mais recente (já com uns largos anos) versão da Jukebox. Do que me recordo, tem um palco e uma sala bem grande.

- SOCIEDADE GUILHERME COUSSOUL (avenida D. Carlos I, 61) - Tem um belo auditório e ainda uma sala de bar que pode servir para café concerto. Tem sido utilizado com alguma frequência nos últimos tempos.

- VOZ DO OPERÁRIO (rua Voz do Operário, 13) - Esta será provavelmente a maior associação recreativa de Lisboa, senão mesmo do país, tanto em termos de espaço como ao nível das actividades que continua a desenvolver nos dias de hoje e que lhe merecem o estatuto de Sociedade de Instrução de Utilidade Pública. Já serviu de palco para inúmeros concertos de grande envergadura. Tem um site: www.vozoperario.pt.

- ? (rua da Fraternidade Operária) - Fica na zona de Marvila/Braço de Prata/Poço do Bispo, perto da Universidade Internacional (?). Tem uma sala, com palco, para umas 500 pessoas. Não sei como aquilo está agora. Aqui há 20 anos, na altura em que eu ia lá frequentemente, pois duas bandas amigas lá ensaiavam, encontrava-se já num estado avançado de decadência.

ODDSAC, o filme dos Animal Collective

Estreou ontem no festival Sundance a média-metragem "ODDSAC", realizada por Danny Perez, colaborador dos AC, de Panda Bear e de Black Dice, entre outros.
Eis o trailer e o texto de apresentação do filme no festival:


Opening with torch-wielding villagers and a wall bleeding oil, ODDSAC attaches vivid scenery and strange characters to the wonderful melodic wavelengths of the band Animal Collective, revitalizing the lost form of the “visual album.” Working on the project for three years with friend Danny Perez, Animal Collective pushes the boundaries of the music video and joins music visionaries like The Residents, Devo, and Daft Punk, who previously connected film imagery with their songs.

Animal Collective’s music is a glittering mix of pop rock, experimental noise, and horror-movie soundtrack. Perez’s visuals mirror that, incorporating intense scenes of vampires, campfires, and screaming prophets to form themes and a distinct vision, rather than following a traditional plot and dialogue. The characters are interlaced with flicker effects that mimic pressure phosphenes, the magic colors produced by rubbing your closed eyes. A true physical experience, ODDSAC turns the theatre into a sensory submarine.

Site oficial: www.oddsac.com

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Mão Morta e Três Cantos na RTP

Hoje, ou em maior rigor, à 1h30 da madrugada de sábado, a RTP2 passa "Maldoror", o espectáculo gravado pelos Mão Morta no Theatro Circo e disponível em DVD.

Amanhã, às 22h51, é a vez da RTP1 passar "Três Cantos", o espectáculo que recentemente juntou José Mário Branco, Fausto Bordalo Dias e Sérgio Godinho no Campo Pequeno (e no Coliseu do Porto). Logo a seguir, o canal transmite o making-of.

Os cartazes bonitos são para se ver em tamanho grande e outra vez, especialmente quando foram actualizados

Pois é, acontece que, por coincidência, ambos os cartazes que aqui mostrei há dias (este e este) foram entretanto corrigidos. Se não tiverem nada mais importante que fazer, sempre podem passar o tempo a descobrir as diferenças. Aqui ficam, então, as duas peças de arte devidamente corrigidas:



quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Os M&Ms dos Van Halen

Estava aqui eu em pesquisas para a redacção de um "hospitality rider", uma lista que por vezes acompanha outra documentação importante na contratualização de um espectáculo, onde ocasionalmente se encontram aquelas famosas exigências absurdas, quando, por falar nisso, deparo-me com esta história espantosa:
Van Halen requested in the technical rider that a bowl of M&Ms be provided in their dressing room with the brown ones removed (failure to do so would not only mean that the band would not perform, but the venue would still have to pay the full fee). The objective of this wasn't due to any excesses on the part of the band, but was a method to determine how much attention to detail the crew at a local venue paid to the requests specified in the rider. Should the bowl be absent, or if brown M&Ms were present, it would give band members reason to suspect other, legitimate, technical and safety issues were also being performed poorly or were outright overlooked. David Lee Roth stated in his autobiography that this request was done as a result of faulty workmanship at a venue on an earlier tour which nearly cost the life of a member of Van Halen's road crew, as well as $85,000 damage to the venue and their own equipment.

Nova enciclopédia da música portuguesa

A obra «Enciclopédia da Música em Portugal no século XX» será apresentada amanhã, quinta-feira, no teatro S. Carlos. Este trabalho, conduzido por uma vaste equipa coordenada pela etnomusicóloga Salwa Castelo-Branco, da Universidade Nova de Lisboa, assume-se como abrangente nos géneros, dos mais populares aos mais eruditos, e resulta de um trabalho de 13 anos.
A enciclopédia encontra-se dividida por quatro volumes, com mais de 1200 entradas e cerca de 1500 páginas (360 por volume) e 550 fotografias. A edição pertence à Círculo de Leitores (que em tempos já teve uma outra enciclopédia da música portuguesa, esgotadíssima) e está à venda, pelo preço de 24,90€/volume para sócios.

Os resultados do Orçamento Participativo da CML

Numa iniciativa curiosa, desenvolvida pelo segundo ano consecutivo, a Câmara Municipal de Lisboa convidou os seus edis a proporem projectos de desenvolvimento para a cidade, oferecendo à própria comunidade a oportunidade de decisão, através de votação, dos mais importantes, ou seja, daqueles que virão a ter apoio camarário. Na passada segunda-feira, foram divulgados os resultados do Orçamento Participativo de 2010, assim se chama a iniciativa, com um total de 12 projectos a serem escolhidos para receberem o patrocínio da Câmara. Entre estes, as propostas vencedoras no âmbito cultural foram as seguintes:

Centro Local de Base Local - Cinema Europa
A associação SOS Europa não conseguiu evitar a futura demolição do Cinema Europa, mas garantiu através do Orçamento Participativo que o piso 0 do novo empreendimento que naquele local será edificado será um espaço cultural que servirá a zona de Campo de Ourique e de Lisboa em geral.
Prazo previsto de execução: 24 meses

Pop Up Lisboa 2010
"2.ª edição de uma iniciativa de arte urbana a realizar em espaços devolutos. Enquadra-se nos objectivos da Cultura para o desenvolvimento e apoio da actividade artística, nomeadamente na dinamização de espaços devolutos da cidade para esses fins, integrando as comunidades locais."
Prazo previsto de execução: 1 mês

Festival de Netaudio de Lisboa
"Realização de um Festival Net Audio em Lisboa, à imagem dos Festivais congéneres em Berlim, Londres, Moscovo e Barcelona, promovendo concertos, workshops e debates. A realizar durante uma semana."
Prazo previsto de execução: 1 mês

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Os DJs não são músicos, irra (pelo menos, a maior parte não é)

Não era para voltar a bater no ceguinho, mas arranjei uma espécie de amparo ali com o Vítor Rua no final do trailer do filme do Tiago Pereira, "SIGNIFICADO - a música portuguesa se gostasse dela própria". Não fosse esta coincidência de ter o Rua a abordar (também ele mais uma vez) o tema e não voltaria a pegar nele. E tinha chegado a pensar pegar nele porque, aqui há dias, uma programadora dizia-me, não vem ao caso a circunstância, que o "prato é o instrumento dos DJs". Não é minha intenção deturpar-lhe o provável sentido das suas palavras e seguramente que não é ela o alvo desta espécie de protesto, mas acho que por vezes nos esquecemos, ora na linguagem, ora mesmo na essência das coisas (e quando uma se transforma na outra é que está o risco), que um DJ não é um músico (*). Nem "toca", como alguns dizem. Selecciona a música de outros para criar um ambiente, põe as pessoas a dançarem ou a relaxarem, conforme os contextos. Cada macaco no seu galho.

(*) Mas, ainda assim, mais por abono da justiça do que por contradição com o que acabei de dizer, há aqueles outros DJs, uma minoria em termos de número, que são verdadeiros... músicos. E grandes músicos até. Fazem das suas actuações algo que é muito diferente do que uma selecção de temas. Não são melhores ou piores, são diferentes. Só que, justamente, é importante compreender esta distinção para se perceber a espécie de protesto acima lavrada. Nunca me passaria pela cabeça meter naquele saco um DJ Ride, para citar um (excelente) exemplo nacional. Ele, sim, é um músico.

A música portuguesa se gostasse dela própria

O realizador Tiago Pereira tem mais um promissor documentário na calha. "SIGNIFICADO - A música portuguesa se gostasse dela própria", que será apresentado durante este ano, parte da história da fundação da Associação Cultural d'Orfeu, que celebra 15 anos em 2010, e das nossas músicas tradicionais, para colocar a pergunta explícita no subtítulo, como seria a música portuguesa se gostasse dela própria?
Enquanto não há mais, vale a pena ver o trailer:

Trailer - SIGNIFICADO - a música portuguesa se gostasse dela própria from Tiago Pereira on Vimeo.

Novo álbum de El Guincho lá para meio do ano

Já não é propriamente uma novidade, mas talvez ainda nem todos os interessados terão reparado, como eu não reparei a não ser hoje, na notícia que o El Guincho deixou escrito no blogue do seu myspace, poucos dias antes do Natal:
Visca el Barça de les Sis Copes
Por fin hemos terminado de grabar el disco nuevo! Mil gracias a toda la gente que me ha ayudado. Ídolos. En Berlín, en Madrid luego, en Las Palmas y aquí al final en Barcelona. Y en especial a Alejandro Mazzoni aka El Loco, que ha estado conmigo en toda la producción y ha sido también guía espiritual.

Ahora estaremos un rato con la mezcla y todos esos rollos. Supongo que a mitad del año 10 se podrá comprar. Antes (pronto) es muy posible que se edite un EP con unas versiones muy bonitas que grabé el año pasado.

Nos leemos pronto.

Cuídense bien,

Pablo

Entretanto, a Young Turks ainda está a vender cópias das edições limitadas dos máxis de remisturas.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Mixtape da casa #10



Contribuições:
Peter Ivers & David Lynch "In Heaven (Lady in the Radiator Song" [excerto] (EUA, 1977)
Rainbow Arabia "Holiday in Congo" (EUA, 2009)
Fool's Gold "Surprise Hotel" (Micachu and the Shapes remix) (EUA/Inglaterra, 2009)
Vampire Weekend "White Sky" (EUA, 2010)
Radioclit "Tutule Dance" (Inglaterra, 2009)
Salif Keita "Bolon" (Mali, 1999)
Bhundu Boys "Ring of Fire" (Zimbabué, 1993 / versão de Johnny Cash)
The Flaming Lips Stardeath and White Dwarfs feat. Henry Rollins "On the Run" (EUA, 2009 / versão de Pink Floyd)
Animal Collective "What Would I Want? Sky!" (EUA, 2009)
Rachid Taha "Barra Barra" (Argélia, 2000)
Dissidenten "Inshallah" (Alemanha, 1985)
Sunset Rubdown "The Taming of the Hands that Came Back to Life" (Canadá, 2007)
Peter Ivers & David Lynch "In Heaven (Lady in the Radiator Song" [excerto] (EUA, 1977)

50'41" / 81MB

Disponível aqui e no mixcloud:

Os cartazes bonitos são para se ver em tamanho grande, parte 2



E o outro é da autoria de um ilustrador do qual já tenho falado por aqui. É português, chama-se João Maio Pinto e é cada vez mais famoso. O seu trabalho pode ser consultado aqui: pleasepatronizeoursponsors.weblog.com.pt

A esta altura do campeonato, já não é preciso sequer fazer referência à noite que é anunciada no cartaz, tal é a ansiedade que já percorre tanta gente.

Os cartazes bonitos são para se ver em tamanho grande, parte 1



Este é do Rodrigo "Katafú", ilustrador sul-americano que vive em Barcelona e cujo trabalho, absolutamente delicioso, pode ser acompanhado aqui: krafica.blogspot.com.

E, claro, fica também a não menos importante referência ao interessante festival que o MusicBox vai albergar daqui a dias.

Cartaz dos sentados completo

Dia 26 de Fevereiro: Bill Callahan, Perry Blake e Matt Valentine & Erika Elder. No dia seguinte: Dakota Suite, Camera Obscura e Noiserv. Bilhetes a 20 (um dia) e 30 euros (dois dias). Notícia no Blitz.pt.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Viking Moses, hoje, na Zê

Surrounding Skin from This Is Not A Record Label on Vimeo.



Toca também amanhã e depois em Coimbra e em Faro, respectivamente. Nas primeiras partes, há Golden Ghost.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Os concertos que o 10 traz, parte 2

1. A Lumin tinha-me dito que o próximo Baile prometia. E aí está: Radioclit, Plaid e Octa Push foram confirmados no facebook pela Madame, que com a Lupin organiza "O Baile", a festa regular que recentemente trouxe Micachu até nós. Este segundo Baile em Lisboa, que ainda vai ter mais nomes, vai ter lugar na LX Factory, a 13 de Fevereiro.
Radioclit = imperdível. Plaid = vai ser bom revê-los.

2. Tom Zé pelo Norte. O astronauta libertado está de volta, com datas marcadas para o Teatro Viriato, em Viseu (21 de Janeiro), e para o Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães (dois dias depois).

3. Já são conhecidos os dois primeiros nomes do Festival Para Gente Sentada deste ano, na Feira, diz o Rua de Baixo: Bill Calahan e o regressado Dakota Suite (por onde andou ele estes anos?). O festival decorre nos dias 26 e 27 no Cineteatro António Lamoso.

4. A Filho Único anuncia, além de outras datas que já eram conhecidas, Panda Bear no Lux (12 de Fevereiro), Matt Valentine & Erika Elder e Tigrala em mais um Sarau no Museu do Chiado (25 de Fevereiro), Joe McPhee & Chris Corsano em local a anunciar (12 de Março) e Beach House no Lux (17 de Março).

Os concertos que o 10 traz, parte 1

Há muita coisa a entrar nas agendas, contrariando, felizmente, os meus receios de há dias. Comecemos pela agenda da ZDB, com uma programação extremamente americanizada nos primeiros meses deste ano:

JANEIRO:
9: David Maranha, Manuel Mota e Riccardo Wanke
14: Viking Moses (EUA) e Golden Ghost (EUA)
20: Phill Niblock (EUA) e O.Blaat (EUA)
22: Gary War (EUA) e PC Worship (EUA)



FEVEREIRO:
2: Sunn O))) (EUA) e Eagle Twins (EUA) - É a grande aposta da programação ZDB em 2010. Estes dois espectáculos vão ter lugar no LX Factory, na Sala das Colunas. Os bilhetes custam 18€, em venda antecipada, e 20€, no dia do evento, e estão à venda na Flur e na Louie Louie e ainda na ZDB em noites de concerto.
10: Lichens (EUA)
19: Real Estate (EUA) e U.S. Girls (EUA)
20: Lydia Lunch & Big Sexy Noise (EUA/Inglaterra)

ABRIL:
(Ainda sem dias anunciados) Sensational e Spectre

MAIO:
(Ainda sem dias anunciados) Castanets, Times New Viking e Crystal Antlers e High Places

JUNHO:
(Ainda sem dias anunciados) Dead C e No Age

Visita regular ao Central Musical, nº 7


SIX ORGANS OF ADMITTANCE @ Nimas (24/11/2009)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Acabou a viagem de Lhasa

Lhasa de Sela morreu na passada sexta-feira. Com apenas 37 anos, foi vítima de cancro (ver notícia). Ainda há dias a recordava por causa daquele magnífico concerto -- um de vários que deu em Portugal -- no Forum Lisboa (reportagem).
(Um grande abraço para o Vasco e para todo o pessoal da Sons em Trânsito.)