quinta-feira, 30 de junho de 2005

Breves

1. A revista The Wire deste mês (Jamie Lidell na capa) apresenta uma das mais admiráveis Invisible Jukeboxes de sempre. Na rubrica onde o entrevistado é posto à prova para adivinhar um conjunto de temas seleccionados que vai escutando, o japonês Keiji Haino tem uma prestação incrível. Só falha por duas vezes. Numa delas, a primeira resposta que dá é que se trata de algo do Congo... É que, afinal, até era do guitarrista Franco que se falava...

2. Ainda a propósito da Wire, é também divulgada a notícia de que Vashti Bunyan, ícone da folk britânica de finais dos anos 60, agora recuperada por músicos como Devendra Banhart, Animal Collective ou Stephen Malkmus, vai regressar com um álbum novo, trinta e cinco anos depois do brilhante "Just Another Diamond".

3. Não há duas sem três: mais uma breve a propósito da Wire. Não percam a edição de Agosto. Vai trazer um artigo particularmente especial...

4. Lightning Bolt. Novo álbum. 3 de Outubro! YEAAHHH!

5. Há, como é habitual, muitos concertos pela Grande Lisboa, este fim-de-semana. Já amanhã, na ZDB, há a estreia a solo em Portugal de Martin Rev, uma das metades dos Suicide (ele estará também no Passos Manuel, no Porto, no próximo domingo). No sábado, há Bypass e Ölga, para uma noite de pós-rock feito em Portugal.

6. Mas há também a sétima edição do festival MUSA, em Carcavelos, que manifesta especial incidência no reggae e seus derivados. Os cabeças-de-cartaz deste ano são os Zion Train (sexta-feira) e a dupla-maravilha Sly & Robbie (sábado). Também interessantes são os preços dos bilhetes: 4 euros (um dia) e 6 euros (dois dias). Mais informações em www.criativa.org.

7. E ainda há, hoje, em Oeiras, Schlammpeitziger e Boy from Brazil, à borla...

8. À semelhança do que aconteceu no ano passado, aqui o gerente do tasco vai ter o privilégio de ter a companhia do Mário Dias, da TSF, na giradiscagem final do Festival de Músicas do Mundo de Sines. Ó Mário, a festarola vai ter que ser ainda maior que a do ano passado. As outras noites -- ou melhor, madrugadas -- serão ocupadas pelo Luís Rei (Crónicas da Terra) e pela Raquel Bulha (Antena 3), noutra disputa animada, e pelo maliano DJ Mo.

quarta-feira, 29 de junho de 2005

A nova compilação do Som da Frente

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As memórias não se devem deixar trair pelos tempos que vivemos. É ou não é verdade que muitos de nós nos sentimo privilegiados por termos crescido com o "Som da Frente" a tocar nas nossas rádios? O António Sérgio e a Ana Cristina voltaram a compilar alguns dos temas que fizeram mossa a uma geração de ouvintes do "Som da Frente", para edição já na próxima segunda-feira, dia 4 de Julho, com selo EMI.
Quando no ano de 2001 comecei a coligir dados para a primeira compilação "Som da Frente" senti de imediato que os 11 anos em que o programa se manteve "No Ar", através na R.D.P. - Rádio Comercial entre 1982 e 1993, iriam obrigar-me a muita ginástica para lidar com essa enorme carga de actividade ininterrupta do meio musical.

Estava consciente de que o programa divulgara milhares de bandas, artistas e projectos musicais, uns mais marcantes que outros, o que naturalmente levantava constrangimentos à concepção de um acoplamento coerente e, ao mesmo tempo, aliciante para quem se sentisse motivado para tal reencontro.

Antevi, mas nunca na totalidade do pesadelo que se tornou, que o processo de licenciamento viria a sofrer incríveis dificuldades (muitas das quais redundaram em impossibilidade) na obtenção de determinados temas de certos artistas.

Resolvi planear uma compilação de material sonoro da emissão radiofónica que viajasse desde o seu início até ao aparecimento do 'compact-disc' em 1986, ganhando assim, uma data 'redonda' e um limite cómodo.

Confiei que, mediante resultados, tudo se viesse a completar com um resumo menos parcial de todo o tempo de vida do programa, pondo em saliência os muitos cambiantes, as novidades e os empurrões com que a música popular (e não só o rock) nos presenteou nesse período brilhante de invenção e performance.

Ao partir para este segundo e final passo na reposição da memória do "Som da Frente", pensei no reencontro com os que descobriram na Rádio portuguesa, um espaço que apenas tinha como objectivo ser um estandarte da "arte de ouvir".

Sabia que o concretizá-lo se tornou a companhia duma geração a quem se pedia avidez pelo conhecimento, uma atitude de diferença, uma agilidade igual ou superior à do próprio programa, para que a montra de sons se tornasse a "enriquecedora experiência sensorial" que povoa ainda o imaginário de muitos seus contemporâneos.

«O 'Som da Frente' propunha-se como projecto de divulgação e como espaço de inovação na medida em que procurava encontrar o ponto de viragem nas formas de abordar a música, tentando deslocá-las para fora do âmbito restrito do 'rodar de discos' descontextualizado. De onde quer que o mundo o observasse , o 'Som da Frente' observava o mundo.» (escreveu Ana Cristina Ferrão na nota de capa da edição anterior, e estas palavras espelham o projecto rádio subjacente a esses 11 anos de emissão)

Graças aos ouvintes, às músicas e aos músicos a quem sempre brindei com o protagonismo na inovação, na mudança e na alternativa, constato hoje que o sonho de muitas noites desses longos 11 anos de vida "no éter" se tornou realidade.

Uma realidade que é também memória e que dedico a quem fez mais do que todos nós pela música: "John Peel - Music Lover".

Como repeti noite após noite, pelo direito à diferença!

We love you!

António Sérgio, Janeiro 2005

CD1:

The The - Uncertain Smile
M/A/R/R/S - Pump Up the Volume
Mantronix - Who Is It?
Jesus Jones - Move Mountains
Stump - Charlton Heston
The dB's - Dynamite
Stan Ridgway - Peg and Pete and Me
Youssou N'Dour - Macoy
Les Négresses Vertes - C'est Pas La Mer à Boire
New Model Army - 51st State
American Music Club - Johnny Mathis's Feet
Cocteau Twins - Wax and Wane
Morrissey - My Love Life

CD2:

The Alarm - Where Were You Hiding When the Storm Broke?
Red Hot Chili Peppers - Jungle Man
Talking Heads - Burning Down the House
Romeo Void - Never say never
Devo - The Day My Baby Gave Me a Surprise
The Specials - Ghost Town
Fun Boy Three - Murder She Said
Boomtown Rats - A Hold of Me
Anne Clark - World Without Warning
Scritti Politti - The Sweetest Girl
Mazzy Star - Fade Into You
The Passions - I'm in Love With a German Film Star
The Sundays - Here's Where The Story Ends

PELO DIREITO À DIFERENÇA!

A nova capa dos FF...

...será assim?
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(ver notícia cotonete)

Parvoíce

É claro que é o Martin Rev que se desloca a Portugal para dois concertos e não o seu parceiro nos Suicide, Alan Vega, que por (mais um) acaso disléxico, entrou erradamente na agenda do Juramento. Reposta a verdade, sublinhe-se então as duas datas em questão:

1 de Julho (sexta-feira) @ Lisboa, ZDB (7,5 euros 10 euros)
3 de Julho (domingo) @ Porto, Passos Manuel (7,5 em venda antecipada, 10 no próprio dia)

Rock em Portugal

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«TUDO O QUE VOCÊ QUERIA SABER SOBRE O ROCK PORTUGUÊS E NÃO ENCONTROU NOUTRO LOCAL DA INTERNET». É assim, desta forma mais ou menos pomposa, mas inteiramente verdadeira e justa, que se apresenta o rockemportugal.blogspot.com. Quem o alimenta, a um ritmo quase impossível de acompanhar, é o Aristides Duarte, um professor do Sabugal (distrito da Guarda). Já conhecia o Aristides dos seus artigos sobre rock português no jornal Nova Guarda, que constituíam referência única para se alguns dos movimentos mais importantes do género no Portugal dos últimos quarenta anos. É disso mesmo que agora -- desde Março deste ano -- trata o blogue. Fotografias esquecidas no correr dos tempos, algumas delas de grupos e artistas que já nem conhecemos, capas de LPs, de singles, cartazes de concertos, textos biográficos, etc. É um autêntico serviço público para a perpetuação da memória colectiva do rock português. Obrigado, Aristides.

terça-feira, 28 de junho de 2005

Coisas-rock que irritam #20

QUEM DIZ, QUANDO SE FALA EM MÚSICA PORTUGUESA E DA NECESSIDADE DESTA SER ABORDADA NAS PUBLICAÇÕES E NAS RÁDIOS NACIONAIS, QUE A MÚSICA PARA SI NÃO TEM NACIONALIDADE, QUE OU PRESTA OU NÃO PRESTA.

(À partida, a afirmação até encerra alguma verdade, pelo menos em tese. Mas o que essas pessoas se esquecem é do factor local e da importância que este tem para avaliar, em primeira mão, os fenómenos, que só depois saltam, se tiverem condições para isso, para fora da esfera local. Porque todos os artistas e projectos internacionais que cá chegam tiveram um dia exposição privilegiada no orgão de comunicação local, seja o jornal generalista da localidade, seja o NME...)

Jajouka mais perto (entrevista Musicnet)

Vou imitar o meu amigo Luís Rei, das Crónicas da Terra, e também copiar para aqui uma entrevista que fiz a Bachir Attar, dos Master Musicians of Jajouka, pela mesma altura. A famosa família de músicos do Rif vem a Portugal, mais concretamente ao Festival de Músicas do Mundo, de Sines, a 30 de Julho. É um evento de transcendental importância, naturalmente.


JAJOUKA MAIS PERTO
Setembro de 2000

Os Master Musicians of Jajouka são uma instituição sólida da cultura marroquina. A "mais velha música da terra", como William S. Burroughs um dia a ela se referiu, é feita por este colectivo há vários milhares de anos, numa aldeia do sopé das montanhas Rif. Há menos tempo, há cerca de quarenta anos, o mundo ocidental descobriu-os pela mão de Brian Jones, guitarrista dos Rolling Stones, e desde essa altura muitos outros músicos, como os saxofonista Ornette Coleman e Maceo Parker ou os guitarristas Lee Ranaldo e Thurston Moore, dos Sonic Youth, visitaram a aldeia marroquina. A mais recente colaboração entre os dois mundos ocorreu recentemente, entre o colectivo e o produtor/DJ britânico de origem indiana Talvin Singh. O resultado ficou gravado num disco onde as "ghaitas" hipnotizantes e rudes de Jajouka se misturam com a electrónica do autor de "Ok". A Musicnet quis saber um pouco mais dos Master Musicians of Jajouka e falou, via telefone, com o actual líder do colectivo, Bachir Attar.

Como surgiu a ideia de gravar um álbum com Talvin Singh?
Há cerca de três anos eu estava à procura de um bom produtor, americano ou europeu, para este disco. A ligação ao Talvin Singh veio através da editora. Disseram-me que era um bom tipo, que podia falar com ele. Contaram-me também que ele tinha a ver com a música indiana e que tinha abertura de espírito e então eu disse que seria uma boa ideia. Ele trouxe um estúdio inteiro para a [nossa] aldeia e aí gravámos algumas coisas. Depois fui para Londres, onde gravámos as restantes faixas, no seu estúdio.

Foi o Talvin Singh que gravou os Master Musicians of Jajouka e que depois escolheu o que saiu e como saiu no disco ou foi uma decisão conjunta?
Algumas faixas trabalhámos em conjunto em Londres. Vivemos estas canções em conjunto. As restantes foi ele que as trabalhou.

Viveu a fase em que Brian Jones trabalhou em conjunto com a sua banda, nos anos 60?
Eu tinha apenas quatro anos e meio, mas lembro-me (risos).

E do que se lembra?
Ele permaneceu apenas uma noite na aldeia. Gravou, com a ajuda de um engenheiro de som dos Rolling Stones, uma longa noite de música. Lembro-me que foi uma noite diabólica. Era o primeiro tipo de cabelo comprido que aparecia na aldeia, mexia-se por todo o lado, dançava... Nós não sabíamos quem eram os Rolling Stones na altura, até à sua morte. E então alguém trouxe música dos Rolling Stones e eu ouvi pela primeira vez rock'n'roll e vi que ele era um grande músico. Nunca o vimos mais, obviamente, mas ele está na história de Jajouka para sempre.

Os Master Musicians of Jajouka são muito respeitados em Marrocos. Poderão estes encontros entre mundo árabe e mundo ocidental afectar de alguma forma esse respeito?
As pessoas ouvem muito a nossa música em Marrocos e não creio que isto possa afectar o respeito que sentem por nós. Isto é uma coisa fantástica porque podemos mudar a cultura, misturá-la, etc. O mundo de hoje é muito pequeno. Temos que fazer pontes entre a cultura de Marrocos e outras culturas. Toda a gente quer isto. Marrocos está muito aberto a outras culturas. É o país norte-africano que está, por excelência, aberto ao mundo. E temos um grande rei - Deus o abençoe - que apoia a verdadeira cultura de Marrocos. É por causa do nosso rei que a música tradicional de Marrocos tem sobrevivido. A música de Jajouka é bastante respeitada. A família real adora-nos e isso é muito bom porque podemos sobreviver.

Voltando ao disco, como é para a banda, que está habituada a tocar peças de longa duração, fazer faixas de cinco minutos ou menos?
Temos que ser como todos os outros... cinco ou seis minutos por canção. Julgo que não há problema nisso. Foi algo que não nos preocupou. É normal, acho.

É verdade que alguns dos vossos espectáculos demoram várias horas?
Temos um festival anual na aldeia - Pipes of Pan at Jajouka Festival - que é uma semana de música. E por vezes chegamos a tocar durante umas dez horas...

Deve ter sido bom, não?

Nem quero saber se foi bom ou mau. Acho que só há uma resposta possível. Ontem faltei a um dos concertos mais aguardados deste ano. Mesmo depois de, poucas horas antes, ter enfrentado o stress e o trânsito para comprar o bilhete a um grande amigo meu, que, por razões mais ou menos análogas, também não pôde ir. Um percalço de última hora, porém, obrigou-me a ficar por casa e pensar, por uma vez que seja, na família e não no rock'n'roll. Até vem ao encontro do tema do último álbum do Tom Zé: a segregação da mulher. Espero que a pessoa a quem vendi o bilhete, já à porta da Aula Magna, tenha gostado do Tom Zé.

segunda-feira, 27 de junho de 2005

Intercéltico de Sendim completo

É o que dá ainda prestar atenção às colunas de cultura dos jornais mainstream, quando há gente nos blogues que consegue avançar com este tipo de informação mais cedo e de forma mais completa. O Intercéltico de Sendim afinal já tinha o seu cartaz fechado e o Luís Rei já o tinha publicado nas Crónicas da Terra, de onde eu aproveito para copiar, à descarada, o programa das festas:

Dia 5
Palco Sons da Terra (Parque das Eiras): Mu (Porto) - 22h, La Bruja Gata (Madrid) - 23h, Xosé Manuel Budiño (Galiza) - 24h.

Dia 6
Palco Sons da Terra (Parque das Eiras): Les Violines (Catalunha) - 22h , N'Arba (Astúrias) - 23h, Eliseo Parra + Tactequete (Castela, Leão) 24h;
Palco Mirai Qu'Alforjas (Largo da Igreja): Fiesta de Los Rigaleijos (Tierra de Miranda) - 16h30, La Bandina'l Tombo (Astúrias) - 17h, Ritual Mágico-Céltico (Astúrias) - 21h30, Gaiteiros de Moimenta (Vinhais) 22h;
Taberna dos Celtas (Caminho do Prado): Biba La Gaita! Ui! - 01h30

Dia 7
Igreja Paroquial (Largo da Igreja): Coro de Canto Gregoriano de Penafiel - 14h00
Taberna dos Celtas (Caminho do Prado): Biba La Gaita! Ui! - 01h30 + Gaiteiros de Moimenta (Vinhais)

Nur Was Nicht Ist, Ist Möglich #4

ANDREW UNRUH: Era excelente ter aquelas casas ocupadas em Berlim. Eram umas boas 141 casas no seu pico. Berlim estava cheia de gente, mas ninguém investia em Berlim porque a situação durante a Guerra Fria parecia ser muito arriscada. Muitas casas estavam em más condições e desocupadas e então os squatters usavam-nas como uma oportunidade para criarem um espaço para eles próprios viverem. Chamava-se então a isso "Instandbesetzung" -- "squatting reparador".
ALEXANDER HACKE: Em 1980, eu mudei-me para o squat da Pflügerstrasse, na esquina da Reuterstrasse, onde o Andrew vivia com um grupo de hippies, a facção comedora de muesli dos squatters. (...)
ANDREW UNRUH: Tínhamos uma sala de ensaios na cave, onde tocávamos. Isto era Berlim-Neukölnn. A casa foi demolida entretanto. Divertimo-nos muito por lá. Muita alegria, mas também muito sofrimento. (...)
BLIXA BARGELD: É verdade. O Alex vivia nesse edifício ocupado. Foi expulso de lá muito rapidamente. O Andrew, que vivia na mesma casa, comportava-se de forma mais inteligente. Tudo por lá estava decorado com grafitti políticos, aqueles peace-and-love e flower-power dos últimos tempos da era hippy, tudo de bom. O Andrew começou a riscar tudo, escrevendo ao lado: "Bid Farewell." Nenhum dos squatters compreendeu aquilo. Não era óbvio. E por isso não podiam fazer nada contra ele, ainda que pensassem que ele era um pouco suspeito. A suástica do Alex era fácil de entender, mas não o "Bid Farewell".


Excerto de "Nur Was Nicht Ist, Ist Möglich / No Beauty Without Danger", de Max Dax e Robert Defcon, biografia dos Einstürzende Neubauten, recentemente publicada através de edição limitada disponível apenas nos concertos da presente digressão e no site do grupo.

Alguns nomes para o Intercéltico de Sendim

La Bruja Gata, Eliseo Parra, Tactequete, Xose Manuel Budino, Bandina'L Tombo e Coro de Canto Gregoriano de Penafiel. Realiza-se no fim-de-semana de 5 a 7 de Agosto, ou seja, não coincide, tal como aconteceu no ano passado, com o festival de Sines. Fonte: JN.

É hoje!



Tom Zé na Aula Magna

A-B-S-O-L-U-T-A-M-E-N-T-E
I-M-P-E-R-D-Í-V-E-L


(Depois de ter estado no Sábado no Porto e de hoje vir apresentar o novo álbum, "Estudando o Pagode - Segregamulher e Amor", a Lisboa, Tom Zé vai ainda estar no Festivalmed, em Loulé, na próxima quarta-feira, e na Guarda, na sexta-feira. Livrem-se de perder o espectáculo do maior génio vivo da música brasileira.)

sexta-feira, 24 de junho de 2005

Charadas #171

Putáquêpariu

Os Hurtmold são absolutamente geniais. O Maurício Takara, baterista do grupo, é genial. Fiquei rendido aos Hurtmold, ontem. Eles não são cópia de Tortoise. Eles são, sim, tão inventivos, tão desafiadores, tão entusiasmantes e quase tão bons músicos como os Tortoise. E o Takara, o John McEntire paulista, com aqueles timbalões de chão, dá aquele toque tão brasileiro àquele ora denso ora explosivo rock instrumental... Obrigado Katia, pela dica. É um dos meus concertos preferidos deste ano. Katia, manda vir todos esses cabra daí!

quinta-feira, 23 de junho de 2005

O assombro

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KTU "8 Armed Monkey" (CD Westpark, 2005)
Hoje não se consegue ouvir outra coisa. Já deve ter rodado umas dez vezes, no mínimo. KTU = Kimmo Pohjonen, Samuli Kosminen, Trey Gunn, Pat Mastelotto.

O Juramento vai à escola

O Juramento vai hoje à ETIC (Escola Técnica de Imagem e Comunicação) para uma aula sobre blogues e fóruns do curso Produção e Marketing Discográfico.

quarta-feira, 22 de junho de 2005

Para quem acha que "Internacionalização? Só cantando em inglês!"

Artigo de hoje do pitchforkmedia.com:
Seu Jorge Schedules U.S. Shows

Jessica Suarez and Rob Kleckner report:
There are three ways to hear the songs of David Bowie in Portuguese: 1) Sing them to yourself, in Portuguese; 2) Get someone who speaks Portuguese to sing them to you; 3) Check out the special features on your The Life Aquatic With Steve Zissou DVD, where you can hear Brazilian singer Seu Jorge perform 10 of the Thin White Duke's songs (in Portuguese). The home video release has full-length versions of the early Bowie songs that audiences heard just pieces of in the theater.

(continua)

Charadas #170

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terça-feira, 21 de junho de 2005

Estranhos encontros #2: Anthony Braxton e Wolf Eyes

O que leva uma figura respeitada do jazz, com quase sessenta anos, a querer associar-se a um estranho grupo de miúdos barulhentos do underground nova-iorquino? Ou o que leva, como já alguém perguntou, o professor negro da universidade a dar-se com os miúdos brancos expulsos da escola? Respostas prováveis: primeiro, Anthony Braxton, que não encaixa seguramente no papel de jazz player convencional e confortavelmente instalado no seu meio, anda atento; segundo, os Wolf Eyes merecem cada vez mais respeito.
O que aconteceu então? Braxton viu os Wolf Eyes pela primeira vez em Estocolmo, durante um festival. Tanto terá gostado do que viu que chegou a imaginar mudar-se para a capital sueca, nem que fosse como cozinheiro, como terá confessado mais tarde, para estudar as "energias vibratórias" do grupo. Até que descobriu que também eram, afinal, norte-americanos. Diz-se ainda que, durante esse mesmo festival, Braxton limpou a mesa do merchandising dos Wolf Eyes...
No passado mês de Maio, já no Canadá, o saxofonista juntou-se ao grupo em palco. O encontro deu-se no Victo 05, festival de jazz de Victoriaville tradicionalmente associado a experiências sonoras mais radicais. Thurston Moore tinha responsabilidades na programação de uma das noites, tendo convidado os Hair Police, o seu próprio projecto Dream Aktion Unit e, entre outras coisas mais, os Wolf Eyes. Anthony Braxton tocou também numa outra noite do festival, num dueto com o guitarrista Fred Frith, mas a subida ao palco para o encore dos Wolf Eyes deve ter deixado muita gente surpreendida. Reza uma das crónicas do acontecimento (ler aqui!) que os Wolf Eyes estavam a pedir ao público, ao fim do concerto, para este optar entre dois temas: "Leper War" ou "Black Vomit". Não se notando nenhuma inclinação especial por um ou por outro, alguém da banda terá chamado por Braxton, que logo respondeu, sorrindo, "Black Vomit". A partir daí, reza ainda a mesma crónica, o palco ter-se-á invadido pela loucura, com Braxton a mergulhar com o seu saxofone no caos sonoro dos Wolf Eyes...

(Já agora, a não perder, na próxima sexta-feira, Wolf Eyes na ZDB.)

Tom Zé no Forum Sons

Aguarda-se com enorme ansiedade pelo regresso de Tom Zé a Portugal, que acontecerá já nos próximos dias 25 (Porto), 27 (Lisboa) e 29 deste mês (Loulé) e a 1 de Julho (Guarda). Antes disso porém, os admiradores do trabalho de um dos maiores génios da música nos últimos quarenta anos poderão entrar em contacto com ele e fazer-lhe perguntas e trocar comentários no Forum Sons. Vai ser amanhã, quarta-feira, a partir das 16h.

Charadas #169

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Supersilent no Ó da Guarda!

O Ó da Guarda!, festival de improvisação e de "novas músicas" que todos os anos se realiza naquela localidade serrana, apresenta um nome grande para esta próxima edição. Os noruegueses Supersilent regressam a Portugal, para um concerto no dia 9 de Julho, no auditório do novíssimo Teatro Municipal da Guarda. Os Supersilent, que já passaram por Lisboa, por ocasião de um Jazz em Agosto da fundação Gulbenkian, procuram na improvisação a base de partida para um trabalho que paira em redor do jazz, do rock instrumental e de texturas e da electrónica mais oblíqua.
Segue-se o programa completo do Ó da Guarda! 2005:
Dia 7 de Julho, Quinta-feira
21.30 h - Pequeno Auditório - 5?
VÍTOR JOAQUIM E LIA

Dia 8 de Julho, Sexta-feira
21.30 h - Pequeno Auditório - 5?
ZNGR ELECTRO-ACOUSTIC ENSEMBLE (Carlos Zíngaro, Urich Mitzlaff, Nuno Rebelo, Emídio Buchinho e Carlos Santos)
23.00 h - Café-Concerto - Entrada livre
"Palavras Desencarnadas" (Conferência e sessão de Djing de RUI EDUARDO PAES)
Entrada Livre

Dia 9 de Julho, Sábado
21.30 h - Grande Auditório - 10?
SUPERSILENT
23.00 h - Café-Concerto - 3?
Ó ? Colectivo de Improvisação (Rogério Pires, Zé Tavares, Luís Andrade, Victor Afonso, Alberto Lopes)

sexta-feira, 17 de junho de 2005

Erro na agenda: LCD Soundsystem

Certamente, TODA a gente reparou no erro. Para o caso de ainda haver algum incauto, fica a informação que os concertos de LCD Soundsystem estavam adiantados um dia (se não me falha a memória, terá sido assim agendados no início). As datas definitivas são então: dia 20, no Porto (Casa da Música), e dias 21 e 22, em Lisboa (Lux).

Charadas #167

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quarta-feira, 15 de junho de 2005

Nur Was Nicht Ist, Ist Möglich #3

JOCHEN ARBEIT: Sabia-se sempre o que se passava com os Neubauten, porque frequentávamos os mesmos bares, primeiro o Risiko e depois o Ex'n'Pop. No Risiko, o Blixa geria o bar e quando eles apareciam depois de uma sessão de estúdio e tinham uma mistura que se pudesse tocar, ela ia direita para o leitor de cassettes e era ouvida no volume máximo por toda a noite. No Risiko, acabava-se sempre por ouvir aquilo em que eles estivessem a trabalhar na altura. E toda a gente analizaria aquilo. Era muito divertido. E quando o disco estivesse acabado, obtinha-se também uma cópia. Estávamos todos interligados. Quase todas as bandas que estavam na editora ZickZack de [Alfred] Hilsberg e que iam aos mesmos bares, assim como gente como o Nick Cave.

Excerto de "Nur Was Nicht Ist, Ist Möglich / No Beauty Without Danger", de Max Dax e Robert Defcon, biografia dos Einstürzende Neubauten, recentemente publicada através de edição limitada disponível apenas nos concertos da presente digressão e no site do grupo.

Charadas #165

segunda-feira, 13 de junho de 2005

Sly & Robbie no MUSA 05

O baterista Sly Dunbar e o baixista Robbie Shakespeare, que constitutem a secção rítmica mais famosa do mundo do reggae, vão voltar a Portugal. Desta vez é para um espectáculo no festival MUSA, que decorrerá em Carcavelos, no início de Julho. E se das anteriores vezes que a dupla por cá passou teve por companhia alguns membros dos Black Uhuru (inesquecível aquele fogo-de-artifício em Sines), agora é o "toaster" Bunny Rugs, mais um veterano do reggae, antigo líder dos Third World, e um conjunto de músicos denominados por Taxi Band que se juntam a Sly & Robbie. É um acontecimento a não perder, no dia 2 de Julho. Os bilhetes para o festival custam apenas 4 euros (um dia) e 6 euros (dois dias).

sábado, 11 de junho de 2005

Os concertos de Sines (cartaz fechado!)

O Juramento regressa de mais uma pequena semana de férias com uma bela notícia: o cartaz dos concertos do próximo Festival de Músicas do Mundo de Sines, a decorrer no último fim-de-semana de Julho. Com nomes fortes como Marc Ribot, Hermeto Pascoal (ainda andará com as galinhas e os porcos na sua entourage?), Kimmo Pohjonen (no seu projecto KTU), a Mahala Rai Banda, os Konono no.1 ou os míticos Master Musicians of Jajouka, vai ser, uma vez mais, um evento de arromba. O último dia, então, vai certamente fazer história no panorama dos festivais (de qualquer género) de música em Portugal. Os concertos, que constituem a parte principal de uma série de acontecimentos associados ao Festival de Música de Sines, decorrem nos habituais espaços do Castelo, da Capela da Misericórdia e da avenida da Praia, estando previsto ainda acontecer um espectáculo na localidade de Porto Covo.

28 de Julho
34 PUÑALADAS (Argentina)
CRISTINA BRANCO + BRIGADA VITOR JARA + SEGUE-ME À CAPELA (Portugal)
LJILJIANA BUTTLER & MOSTAR SEVDAH REUNION (Bosnia-Herzegovina)
AMADOU & MARIAM (Mali)
MAHALA RAI BANDA (Roménia)

29 de Julho
LULA PENA (Portugal)
MARC RIBOT & THE YOUNG PHILADELPHIANS (Estados Unidos)
ASTRID HADAD (México)
HERMETO PASCOAL (Brasil)
BA CISSOKO (Guiné-Conakri)

30 de Julho
SAMURAI 4 (Japão)
MASTER MUSICIANS OF JAJOUKA feat. BACHIR ATTAR (Marrocos)
KTU (Finlândia/Estados Unidos)
KILA (Irlanda)
KONONO Nº 1 (Congo)

sexta-feira, 3 de junho de 2005

Breves desta semana, antes de mais umas férias

1. É favor não esquecer o concerto de amanhã dos Giant Sand, no Santiago Alquimista. Pessoalmente, vai ser um grande prazer rever o Howe Gelb, quase três anos depois d'A Mula o ter trazido pela primeira vez a Lisboa. Ele então prometeu que voltaria e aqui está a promessa a ser cumprida. Será também a oportunidade de assistir ao concerto que há cerca de quatro ou cinco anos foi cancelado, devido a problemas de saúde de PJ Harvey, para a qual os Giant Sand fariam então a primeira parte.

2. Hoje há improvisação a rodos na ZDB. Matt Valentine e Erika Elder encabeçam um cartaz que terá ainda a presença do duo Manuel Mota e Margarida Garcia.

3. Serralves está em festa neste fim-de-semana. Entre sábado e domingo vão por ali acontecer dezenas de eventos, no teatro, na música, na dança, etc. E na próxima terça-feira, já fora da festa, mas também a não perder, os Black Dice vão passar por lá.

4. O destaque da Wire deste mês é o humor na música. O artigo está interessante, mas entre os críticos que participam deverá haver alguns com um sentido de humor muito, muito estranho...

5. Oeiras tem reggae de novo. Ou melhor, desta vez é sobre o ska que se debruça o mini-festival que no dia 11 de Junho decorre no Jardim de Oeiras, com bandas portuguesas: Contratempos, Skazz e Skareta. A entrada é livre e a skantoria começa às 20h.

6. Já o deixei claro e aproveito agora para reafirmar: o novo álbum das Electrelane, "Axes", é viciante...

7. Vêm aí os Vibracathedral Orchestra...

8. Já começou mais uma edição da FIMFA LX, Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas de Lisboa.

9. Segue-se mais uma semana de férias. Se não for mais cedo, o Juramento regressa depois dos "Santos" de Lisboa.

Charadas #164

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