quinta-feira, 30 de maio de 2013

Salas com história

A propósito das alusões recentes ao Ancienne Belgique (aqui e aqui), fui lembrar-me de outras salas europeias cujo nome fui conhecendo na adolescência, quando trocava gravações de concertos das minhas bandas preferidas, de tempos em que essas bandas dificilmente passavam por cá. Foram poucas as que visitei e uma boa parte ora deixou de funcionar ou dedicou-se a outros usos, mas ficam aqui alguns exemplos. As datas indicadas são meras referências pouco sujeitas a rigor. Cada casa tem uma história rica para contar, por vezes com séculos, noutras músicas, noutras artes, noutras folias.

Bruxelas - Ancienne Belgique, 1979-... (site)
Bruxelas - Le Botanique, 1984-... (site)
Amesterdão - Paradiso, 1967-... (site)
Amesterdão - Melkweg, 1970-... (site)
Roterdão - De Doelen, 1934-... (site)
Paris - L'Hippodrome (agora Zénith), 1974-... (site)
Paris - Elysée Montmartre, 1807-... (site)
Berlim - Metropol/Neues Schauspielhaus, 1977-.... (site)
Dusseldórfia - Philipshalle (agora Mitsubishi Electric Halle), 1971-... (site)
Berlim - Loft, ?-?
Viena - Zelt, ?-?
Munique - Theaterfabrik, ?-... (site)
Hamburgo - Markthalle, 1977-... (site)
Hamburgo - Fabrik, 1971-... (site)
Glásgua - Barrowland, 1934-... (site)
Londres - The Lyceum (Balroom), 1765-...
Londres - Electric Balroom, 1930-... (site)
Londres - Brixton Academy, 1983-... (site)
Londres - Town and Country Club (agora The Forum), 1980s-... (site)
Londres - Marquee, 1958-1996 (site)
Londres - Astoria, 1980s-2009
Manchester - Apollo Theatre, 1970s-... (site)
Manchester - Haçienda, 1982-1997
Madrid - Sala Astoria, ?-... (site)
Barcelona - Zeleste (agora Razzmatazz), (site)
Milão - City Square (depois Propaganda, depois C-Side, agora Lime Light), ?-... (site)

terça-feira, 28 de maio de 2013

Collectif Animalix chez les Belges



Quando há dois anos vi os Animal Collective no ATP de Minehead, na dupla atuação do festival em que eram os curadores, fiquei desiludido. Até prometia ao início. O Panda Bear na bateria e tudo o mais devolvia ao som do grupo um caráter orgânico, assim se costuma dizer, mas... Talvez porque os novos temas apresentados não fossem completamente apelativos (alguns deles viriam a aparecer no pobre "Centipede Hz", do ano passado), talvez porque a nova disposição do grupo, principalmente no que à posição de Panda Bear diz respeito, não estivesse ainda suficientemente bem treinada, havia ali uma sensação de algum falhanço a pairar no ar. Parecia que caía por terra o mito da banda americana mais importante do século XXI.

Mas eis que tive a sorte de poder revê-los hoje, num local magnífico: o Ancienne Belgique, em Bruxelas. Passaram dois anos e, mesmo que o alinhamento desta noite tenha sido pouco diferente, o resultado é substancialmente superior. Ao olharmos para um cuspidor de fogo, achamos piada. Se víssemos um dragão a soltar labaredas do focinho ficaríamos certamente mais contentes. Passe um pouco deste exagero e assim foi esta noite (ou este fim de tarde, que os concertos aqui começam cedo). Há temas do "Centipede Hz" que agora soam a fantasia ("Fireworks", "Rosie Oh", "Today's Supernatural" e "Applesauce", por exemplo, são agora esmagadores ao vivo, nestes novos arranjos). Há recuperações interessantes de temas mais ou menos recentes como a de "I Think I Can", agora também muito diferente (e a subir diretamente para o meu punhado de temas preferidos, pelo menos nesta versão ao vivo) e, claro, dos sempiternos "Brother Sport" (agora numa versão disco-chunga da feira da terrinha, irresistível, irresistível, irresistível), "My Girls" (como dizer que está também muito diferente sem me repetir?) e, a encerrar, "What Would I Want? Sky" (mais uma vez, desfigurado em relação ao original).

Os Animal Collective são novamente uma banda. Com guitarras e tudo. As coisas rolam na quase perfeição, sendo que os erros, ou melhor, a forma como se lhes dá a volta é também fundamental neste espetáculo. Até nisso o grupo cresceu. Avey Tare parece mandar cada vez mais, ao ponto de atravessar o palco para ir dizer duas ou três a um distraído Deakin e depois voltar ao seu posto para cortar com um beat que surpreendeu a todos. Por falar em Deakin, aquele de que quase sempre nos esquecemos, transcendeu-se a cantar "Wide Eyed". Pareceu um verdadeiro Peter Gabriel. No que ao cenário diz respeito, os AC estão também surpreendentes. O palco foi transformado numa enorme boca monstruosa. Por todo o lado são projetadas as imagens psicadélicas, cheias de cor. Nos dentes da bocarra, umas almofadas brancas gigantescas colocadas em baixo e em cima, são projetadas as imagens, através da técnica do video-mapping. Madonna, vai buscar.

Pronto, despachemos isto para sublinhar, se é que não ficou explícito, que foi inesquecível e que temos de voltar a ter AC em palcos portugueses. SÃO A MELHOR BANDA AMERICANA DO MUNDO.

Antes dos AC, subiu ao palco a também norte-americana Laurel Halo, para meia hora com os olhos postos na maquinaria. Ganhou muito com a potência e a definição do PA da sala, fazendo aquecer as poucas pessoas que àquela hora ali estavam.

E o Ancienne Belgique? Que tem um português a dizer desta sala? Devo dizer que ir ao AB era um desejo de longa data. Na adolescência, quando trocava gravações de concertos das minhas bandas preferidas, nasceu um certo fetiche por algumas salas de concertos europeias mais notórias. O Paradiso de Amesterdão, o Electric Balroom de Londres e, entre outros, este AB de Bruxelas. A sala é enorme, mesmo que para estes concertos tenha sido reduzida, através de paineis, descendo a lotação máxima das 2000 para as 800 pessoas (enorme, mesmo assim, como se percebe). Há outras coisas curiosas por aqui. Às modernices de que falava no outro dia, juntem mais algumas:

- Os concertos começam cedo e a horas. Nem mais um minuto, esteja quem estiver, pelo menos a avaliar pela pequena amostra desta noite. (Não serve isto de crítica às salas portuguesas. Bem sabemos porque nunca são respeitados os horários divulgados.)

- Há máquinas dispensadoras de... tampões protetores dos ouvidos. E, a avaliar pelo que ia vendo à minha volta, a procura é relevante. Talvez alguns dos miúdos não venham a ter as dificuldades que por vezes tenho em escutar as pessoas...

- Dentro do AB, a moeda não é o euro, mas sim as chapas que se trocam num balcão próprio ou nas várias máquinas dispensadoras (para cartões e tudo). Uma cerveja custa uma chapa e, surpresa, uma chapa custa... 2,5 euros. Para Bruxelas, é barato e é de fazer envergonhar a maioria das salas portuguesas (ainda que, sem querer entrar demasiado no campo da Economia, a culpa também seja em grande parte da nossa distribuição de rendimento, uma das mais desiguais da Europa).

- À saída, há diversos écrans montados nas paredes a indicar os horários dos comboios para a malta que sai de Bruxelas. Ah, civilização.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Modernices

O que se quer quando se compra um bilhete para um concerto pela internet? O mesmo que quando tínhamos (ou ainda temos, por vezes) de nos deslocarmos a uma bilheteira: obviamente, o bilhete, o direito de entrada na sala para assistirmos ao espetáculo, o salvo conduto que vença uma lotação que pode vir a esgotar, etc. Mas há quem vá (um pouco) mais longe. Acabo de comprar um bilhete para assistir, na próxima semana, a um concerto (a dois, na verdade) numa das salas mais importantes de Bruxelas, a Ancienne Bélgique, e há pelo menos duas novidades que merecem ser aqui partilhadas.

Primeiro, ao preço do bilhete acresce, além dos custos de operação (a intrujice aí parece ser igual, pelo menos em parte, à nossa), um euro para a... contribuição de mobilidade. O que é? Podem ver aqui. Em termos resumidos, basta dizer que com o código que vem no bilhete eletrónico do concerto, o cliente dirige-se a uma máquina de títulos de transporte e obtém um passe diário para viajar à vontade na rede de metro, de autocarros e elétricos da cidade. Quem vem de fora da cidade, por exemplo, deixa o carro num dos parques gratuitos da periferia, obtém o título grátis, apanha o transporte, vê o concerto e regressa da mesma maneira. E isto por apenas um euro a mais no bilhete, bastante menos do que o preço normal de um título de transporte diário. O interface de compra online da AB permite até que se desenhem planos de viagem, tendo em conta a localização, os horários, etc.

Segundo, na compra do bilhete, o espetador tem ainda a possibilidade de encomendar vouchers de... bebidas. Para evitar as filas no pré-pagamento, dizem eles.

Em dois ou três cliques, ajudamos o ambiente urbano e atiramos para trás das costas três preocupações: (1) já temos bilhete e vamos poder entrar, mesmo que a lotação esgote; (2) se formos locais, não nos preocupamos com o estacionamento, nem pagamos muito pelo transporte; (3) mal entremos, olhamos de lado para as filas das senhas de cerveja e avançamos confiantes em direção ao bar. Que mais interessa? Ah, um bom espetáculo, claro.

Certamente, este não será caso único. No centro ou na periferia da Europa, outras histórias semelhantes haverá. Partilhem aqui o que conheçam.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Hedningarna, Oumou Sangaré, Sofrito e outros no MED Loulé 2013

A 10ª edição do MED Loulé vai acontecer nos próximos dias 28 e 29 de junho. Entre alguns nomes importantes e azeite qb se faz o cartaz do festival algarvio, acabado de anunciar pela organização:

Dia 28 (sexta-feira)

Dead Combo (Portugal)
Samuel Úria (Portugal)
Oumou Sangaré (Mali)
Miguel Araújo (Portugal)
Aline Frazão (Angola)
Tulipa Ruiz (Brasil)
Dj Hugo Mendez "Sofrito" (Inglaterra)

Dia 29 (sábado)

Hedningarna (Suécia)
Anthony B (Jamaica)
Silvia Pérez Cruz (Espanha)
Kumpania Algazarra (Portugal)
Cuca Roseta (Portugal)
Dona Gi (Portugal)
Batida Dj set (Portugal/Angola)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

The Fall no próximo OUT.FEST!

Esta é uma semana com duas boas novas para os seguidores do culto Markesmithiano. Os The Fall lançaram mais um álbum, "Re-Mit", e ficou entretanto a saber-se que virão a Portugal em Outubro, mais precisamente ao Barreiro, para a próxima edição do OUT.FEST. (Ver notícia do Blitz.)