4 de Julho de 2007
Lá mais abaixo, na posição 36, e a respeito dos Death in Vegas, falava daquela história típica que se passa quando vamos ver o projecto (que imaginamos como sendo apenas) de estúdio e ficamos boquiabertos como a coisa rocka forte e feio ao vivo, com banda completa e tudo. Foi também o caso dos LCD Soundsystem, que só vi, infelizmente, nesta ocasião. Escrevi, de forma muito breve, na altura: "Com a secção rítmica a dar o toque da festa, James Murphy e amigos não precisaram de muito mais para produzirem o grande (e único) estrondo da noite. Tremendo."
22. PIXIES @ SBSR
11 de Junho de 2004
Faço parte do grupo dos que não conseguiram ver Pixies na primeira ocasião que visitaram Lisboa, em 1991. 13 anos depois, faria ainda sentido? Fez, claro. As composições, todas elas peças permanentes da galeria da pop independente, continuam lá. Frank Black, Joey Santiago, Kim Deal e David Lovering podiam estar a precisar de dinheiro, podiam não ter vergonha na cara ao exporem-se perante tanta gente na primeira queca pós-divórcio, mas continuam a ser as melhores pessoas para trazerem a palco tão rico espólio. Escrevi, então, com todo o entusiasmo de quem via uma das suas bandas preferidas da adolescência: "A loucura instalou-se rapidamente. Assim que começou a soar a linha de baixo de 'Bone Machine', foi furar, furar, furar, furar, furar, até, ufff., chegar à frente, onde toda a gente pulava, dançava, 'slamava', enfim... a maior das alegrias por ver e ouvir de perto o quarteto fantástico. Por duas ou três vezes, os ténis iam ficando pelo caminho, os óculos saltando, as forças faltando, mas... cada momento era celebrado como se nada mais fosse importante. Cada tema tocado servia de motivo a enormes explosões de alegria, de gozo pela experiência ali sentida. 'Where is My Mind', 'Hey', 'Caribou', 'In Heaven (Lady in the Radiator Song)' ou 'Monkey Gone to Heaven' foram momentos mágicos. 'I Bleed', 'Something Against You' (quase inaudível para quem estava lá mais à frente), 'Isla de Encanta' ou 'Vamos' foram absolutamente trepidantes. Mas houve muito mais. Nunca mais esquecerei o final, perfeitamente diabólico, com 'Tame'..."
23. JOHN ZORN'S ELECTRIC MASADA @ AULA MAGNA
25 de Abril de 2004
John Zorn, Marc Ribot, Cyro Baptista, Joey Baron, Ikue Mori, Kenny Wollesen, Trevor Dunn e Jamie Saft. Os dedos quase tremem ao escreverem estes nomes. Se, individualmente, são colossos, quando se juntam, então, fazem estragos imensuráveis e inimagináveis. O meu amigo João Gonçalves falou assim do espectáculo, na altura: "John Zorn funciona como um maestro da orquestra do caos sonoro, consegue arrancar sequências devastadoras, tudo com simples gestos que todos os músicos entendem. E depois faz, com só uma palavra, com que o público se indentifique com tudo aquilo: 'Revolution!', gritou Zorn para a plateia da Aula Magna, em pleno dia 25 de Abril. A Electric Masada mostra que está ali a fazer tudo menos maçar o público. Há uma alegria no palco que transborda para a plateia. A experiência, musicalmente falando, é inesquecível e a vontade que dá de ficar a ouvir aquelas composições sonoras a noite toda... Há alturas em que Zorn parece Mourinho a dar indicações para o relvado, ao mesmo tempo que a sua equipa interpreta as instruções na perfeição para obter o êxito. Neste quadro, Ribot toma o lugar de sábio adjunto.
Um concerto 10/10."
24. ZU @ ZDB
20 de Fevereiro de 2004
A primeira actuação dos italianos Zu na ZDB (a segunda foi este ano), foi inesquecível. Escrevi, na altura: "Ainda apenas vamos em Fevereiro e 2004 já conheceu uma série de óptimos concertos. A actuação de ontem dos Zu, um trio de free-hardcore-jazz italiano composto por Massimo Pupillo (baixo), Jacopo Battaglia (bateria) e Luca Tommaso Mai (saxofone alto e barítono), na Galeria Zé dos Bois, foi mais uma dessas ocasiões. Pense-se em Painkiller, pense-se em Shellac (não é estranho que os Zu estejam envolvidos com gente de Chicago, como o próprio Steve Albini), pense-se em Nomeansno, pense-se numa secção rítmica tremendamente forte e irrepreensivelmente sincronizada, pense-se numa postura sempre dirigida por uma excelente disposição (o descambanço no final em 'Beat on the Brat', dos Ramones, é apenas uma pequena ilustração disto), e talvez se consiga imaginar um pouco do que foi o concerto de ontem."
25. PJ HARVEY @ TEATRO RIVOLI
30 de Outubro de 2000
As obras na praça D. João I, onde fica o Rivoli, faziam com que o local parecesse um qualquer cenário de guerra trazido pelas televisões. A ajudar ao ambiente de caos, largas centenas de pessoas tentavam arranjar forma de entrar para uma sala que já se encontrava com lotação esgotada. O mau tempo tinha transferido para aquela sala, à última da hora, um concerto que estava prometido para a rua de Santa Catarina, na inauguração da segunda loja no Grande Porto de uma conhecida cadeia francesa de retalhistas de plasmas, portáteis, livros e discos. Mas a maior responsável por tanto desejo, ora satisfeito, ora frustrado, era Polly Jean Harvey, que ali aparecia pela primeira vez em Portugal num palco só para si. Já tinha havido a actuação no Sudoeste de 98, já tinha havido a hipótese frustrada, por doença, do Coliseu dos Recreios, com Howe Gelb. Saiu a sorte grande a quem conseguiu entrar no Rivoli.
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