sexta-feira, 29 de abril de 2005

Breves de final de semana

(Sim, porque não há tempo para mais...)

1. Os BYPASS vão apresentar o seu álbum de estreia já no próximo dia 7 de Maio, no Santiago Alpinista. A selecção sonora pré- e pós-concerto vai estar a cargo do Juramento.

2. Quem também vai ao Santiago Tostamista é o HOWE GELB com a sua banda de sempre, os GIANT SAND. O "codfish cowboy", que também tocará no Porto, volta a Lisboa para um concerto absolutamente imperdível. 4 de Junho.

3. As electrónicas vão voltar a Braga. MONOLAKE, PIERRE BASTIEN, SILVÉRIO, TEAMTENDO, DJ AÏ, MECANOSPHERE, TATSUMAKI EDGAR + EDGAR PÊRA, ANTÓNIO CONTADOR e PEDRO TUDELA são apenas alguns dos nomes que marcam o BRG2005, que vai decorrer no novo estádio do Sporting de Braga (cumprindo-se agora a promessa falhada do ano passado), nos dias 26, 27 e 28 de Maio.

4. Um caso extremo de pedofilia, aqui. Excelente.

5. Nota mental: fugir de Lisboa rapidamente. O Billy Corgan vai voltar.

Charadas #150

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quarta-feira, 27 de abril de 2005

Mais bandas portuguesas de outros tempos que podiam ser (re)editadas

Sendo a próxima edição das canções perdidas dos Émasfoi-se um momento importante do rock português, como se falava ontem, a ocasião faz também lembrar que há mais património perdido nos tempos, à espera de ser recuperado. Assim sendo, aqui vai uma escolha breve:

1. OCASO ÉPICO
Origem: Lisboa; Época: anos 80.

"Muito Obrigado", o único álbum dos Ocaso Épico, não reflectia de uma forma inteiramente fiel o reportório avant-pop que o grupo do falecido Farinha apresentava nos concertos, mas é, ainda assim, um objecto incontornável da chamada música moderna portuguesa.

2. CORPO DIPLOMÁTICO
Origem: Lisboa; Época: 1979-80.

Talvez a versão que os Mão Morta fizeram recentemente de "Kayatronic" recupere o interesse das pessoas num dos mais importantes projectos pós-punk cá da terra. Na transição entre os Faíscas e os Heróis do Mar, os Corpo Diplomático sobreviveram pouco tempo, mas deixaram um documento, o álbum "Música Moderna", que merece ser reeditado um dia destes.

3. LUCRETIA DIVINA
Origem: Viseu; Época: transição 80s/90s.

José Valor faleceu há alguns meses, Rini Luyks é visto habitualmente pelas ruas da baixa de Lisboa já sem o seu acordeão às costas e Alagoa desapareceu sem deixar rasto. Os três formaram um dos mais divertidos e empolgantes projectos que a MMP conheceu. As danças de tradição europeia com um cheirinho de folclore francês dado pelo acordeão de Luyks, ao que se juntava as programações minimais e tuxedomoonianas de Valor mais a postura dramatico-provocatória de Alagoa, ficaram retratadas num único CD, editado sob condições mais ou menos obscuras, por volta de 1993.

4. OS PUNKS
Origem: essencialmente Lisboa e arredores; Época: essencialmente finais dos anos 70.

Não será um facto conhecido e até pode surpreender muito boa gente, mas a verdade é que os estilhaços do punk demoraram muito pouco tempo a fazerem sentir-se em Portugal, ou melhor, pela zona de Lisboa. Em 1978, os Aqui d'El Rock davam o seu primeiro concerto. Mais ou menos pela mesma altura, outros projectos declaradamente punk surgiriam, como os Faíscas, os Minas & Armadilhas ou os UHF. Tocavam mal que doía e tinham letras de fugir, mas existiram e alguns deles continuaram ou deram origem a outros grupos com peso mediático nos dias de hoje. Não eram muitos, mas tinham uma legião de punks fiéis que passava os concertos a fazer pogo e a cuspir para o ar. Poucos anos depois, viria ainda a vaga do hardcore, com os Ku de Judas, N.A.M. ou Crise Total, entre outros. Poucos registos sonoros terão sobrado e fala-se destes grupos quase como um biólogo fala de expécies extintas há milhões de anos. Pode ser um trabalho difícil, mas justificava-se uma compilação que recuperasse o punk português.

Certamente que muitos outros projectos ficaram esquecidos no tempo. Este é apenas um esforço de memória superficial, porventura demasiado centralizado na cena lisboeta, como espero que se entenda. Se tiverem outras ideias, deixem-nas em comentário. Não deixarmos de falar das coisas já é darmos um passo valente no sentido de não nos esquecermos delas.

Fotografias de Neubauten no CCB

O Pedro Polónio (regente do Club Silêncio) tirou excelentes fotografias do concerto dos Einstürzende Neubauten no CCB. Elas estão aqui.

Charadas #148

terça-feira, 26 de abril de 2005

Uma pergunta

M'as Foice ou Émasfoi-se? Em todos estes anos, vi a banda ser designada, tanto oralmente como por via escrita, por M'as Foice, sendo que havia, isso sim, um tema chamado "É mas foi-se" ou talvez mesmo "Émasfoi-se". Agora, uma coluna de publicidade nas páginas do Blitz, que no próximo mês distribuirá nas bancas um CD que documenta pela primeira vez neste formato a inesquecível banda coimbrã, apresenta-os como Émasfoi-se... Para complicar, há uma chamada de atenção por entre o arranjo gráfico que reza assim: «...à venda com o Blitz, o CD dos 'Mas Foice'». Afinal, em que ficamos?
Mas, parafraseando outra banda portuguesa, o que é que isso interessa? O que interessa mesmo é que nos próximos dias 10 e 17 de Maio vai chegar às bancas um dos mais importantes lançamentos, dos últimos tempos, do rock português. O disco vai incluir dezassete temas gravados em estúdio e ao vivo (no Rock Rendez-Vous) e ainda dois videoclips. É de aproveitar, que ocasiões como esta são raras.

Charadas #147

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sexta-feira, 22 de abril de 2005

Últimas breves da semana

- Os Hipnótica vão produzir a banda sonora do próximo filme de Fernando Vendrell, "Pele". Também JP Simões e Sérgio Costa (Quinteto Tati) participarão com quatro temas originais na música do filme. Vendrell realizou filmes como "Fintar o Destino", "O Gotejar da Luz" e "Jogo da Glória". Escreveu também o argumento de "O Herói", filme que ganhou recentemente o Grande Prémio do Júri para Melhor Ficção na secção de World Cinema do Sundance Festival. "Pele" tem como pano de fundo a Lisboa dos anos 70.

- Malta de Évora: é favor não perderem o baile que os Uxu Kalhus vão provocar (a palavra ajusta-se bem) na Praça do Giraldo, na véspera do dia da revolução. Quem vos avisa, vosso amigo é.

- Vem aí mais uma vaga de grandes concertos na ZDB. Hoje há Nina Nastasia, amanhã Colleen.

- O Juramento vai à academia, amanhã na Universidade da Beira Interior, na Covilhã (14h - painel "Jornalismo Cultural e Blogosfera").

- E viva a Revolução! Até terça-feira.

Cada vez mais apaixonado por...

este disco:



Desprezei-o no ano passado, remetendo-o para a gaveta das "coisas cool para malta das vernissages", mas, diacho, é que não tem mesmo nada a ver. Há versões magníficas de temas como "Guns of Brixton" (The Clash), "This is Not a Love Song" (PiL), "Too Drunk To Fuck" (Dead Kennedys), "Marian" (Sisters of Mercy), "Making Plans for Nigel" (XTC), "A Forest" (The Cure), "Teenage Kicks" (Undertones) e "Friday Night Saturday Morning" (The Specials), entre outros. Raras vezes um disco de tributo conseguiu o que aqui é apresentado.

Charadas #146

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quinta-feira, 21 de abril de 2005

Ainda mais breves

- Alterações na agenda do CODEX, festival organizado pelo Teatro Nacional São João, do Porto. A ópera de David Thomas, "Mirror Man", vai decorrer apenas no dia 13 de Maio e no São João, ao contrário do que estava previamente anunciado. Outras datas imperdíveis são as de Laurie Anderson (6 e 7 de Maio), Bill Laswell e a sua mulher Gigi no projecto Abyssinia Infinite (12 de Maio) e Bugge Wesseltoft (14 de Maio). Ai que inveja dos portuenses, canudo.

- Já foi anunciado o palco secundário da Queima das Fitas de Coimbra, que, como todos os anos, fica a cargo da RUC. Assim, vão passar por lá, entre outros: d3ö, The Parkinsons, Bunnyranch, Nuno Prata, Supernada, Boitezuleika, Rags Time, António Olaio & João Taborda, 1-Uik Project, Dead Combo, Danae, Fuse, Bulllet e Tu Metes Nojo. De 6 a 13 de Maio.

- A Zona Música regressou do mundo dos mortos para editar o próximo álbum dos luso-escoceses The Neon Road. A banda liderada por Sandy Kilpatrick, que desde há alguns anos reside em Famalicão, gravou recentemente "Incandescent Night Stories" e vai apresentá-lo já este domingo, no Santiago Alquimista. Volta depois aos palcos no dia 27 de Maio, para a magnífica primeira edição do festival Tímpano, na Casa das Artes de Famalicão.

- Mais um ano em Lisboa em que o 25 de Abril é assinalado sem programa musical. Até ver, pelo menos.

- Porque é que toda a gente insiste, ainda hoje, em tratar o projecto Six Organs of Admittance, alter ego para Ben Chasny, como um colectivo? Ainda assim, vale a pena dar hoje um salto ao Lux para vê-lo, nem que seja a dobrar ou a triplicar. Também por lá estará Joanna Newsom.

Charadas #145

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Tom Waits: último dos moicanos

Uma conhecida marca de automóveis tem estado a transmitir, nos canais de televisão escandinavos, um anúncio onde se pode ouvir uma imitação da música e da voz de Tom Waits, que já emitiu um comunicado onde esclarece a sua posição. É cada vez menos habitual ver músicos a afirmarem a sua independência em relação ao mundo da publicidade, mas Tom Waits é ainda um dos resistentes que evita a todo custo que o seu nome seja associado a qualquer tipo de marca, possuindo ele próprio um historial de acções legais, bem sucedidas, contra diversas empresas que o tentaram fazer. Eis o comunicado de Waits:
In answer to the many queries I have received: No, I did not do the Opel car commercial currently running on TV in Scandinavia. I have a long-standing policy against my voice or music being used in commercials and I have lawyers over there investigating my options. But I got to tell you, it doesn't look good. This is the third car ad, after Audi in Spain and Lancia in Italy.

If I stole an Opel, Lancia, or Audi , put my name on it and resold it, I'd go to jail. But over there they ask, you say no, and they hire impersonators. They profit from the association and I lose -- time, money, and credibility. What's that about?

Commercials are an unnatural use of my work ... it's like having a cow's udder sewn to the side of my face. Painful and humiliating.

Casa comigo, Tom Waits!

quarta-feira, 20 de abril de 2005

Por falar no Ritz...

Algumas recordações (não muito antigas, que a memória também não se presta a estes esforços):

Flashback #1: Um magnífico concerto do Will Oldham. A entrada era... gratuita. 1996? 97?

Flashback #2: Uma passagem de ano, lá para 95 ou 96, com os Irmãos Catita (ou eram os Ena Pá 2000?), completamente etilizada.

Flashback #3: Uma final de um concurso da revista 365, lá para 98 ou 99, a terminar perto das cinco da manhã, como era (ainda é?) habitual em todos os festivais do Alvim, que não me deixava ir embora (eu fazia parte do júri :>).

Flashback #4: Um inesquecível concerto dos Gaiteiros de Lisboa, perante uma sala quase vazia. "Não se metam na música, já viram como isto está?", dizia o Carlos Guerreiro.

Flashback #5: Um dos regressos aos palcos dos Pop Dell'Arte. Fui com o Adolfo Luxúria Canibal, que me dizia antecipadamente que não cantava o Juramento Sem Bandeira, porque não estava preparado. Mas tanto o público pediu que ele lá subiu ao palco.

Flashback #6: Chokebore, algures no início de 98. Creio que foi a minha primeira entrevista para a Musicnet. Depois de terminado o concerto, que me deixou impressionado, até porque não conhecia nada deles, saquei de papel e caneta e -- porque não? -- ó faxavor, venha daí uma entrevista.

Flashback #7: Tédio Boys ao vivo. Um dos melhores concertos a que assisti no Ritz.

E tantas, tantas mais noites incríveis que ali foram passadas...

Petição pelo Ritz Clube

Que é feito do Ritz Clube? Muitos tem dado pela sua falta. Até há cerca de cinco anos, o Ritz orgulhava-se de poder apresentar, num belíssimo espaço, típico de clube recreativo lisboeta, uma programação regular de concertos, festas e outros eventos. De repente, fechou para obras e nunca mais voltou a abrir. Pelo meio, assistiu-se a confrontos entre os sócios, a confrontos com a instituição camarária, a promessas de que "é para o mês que vem, é para o mês que vem", mas em nenhuma circunstância as portas voltaram a abrir ao público.
Começou entretanto a circular, via email, um pedido de apoio, em jeito de petição, junto daqueles que conheceram o Ritz, que a seguir se reproduz, conforme o original. Não custa nada tentar ajudar a causa. Só quem por lá passou consegue imaginar a falta que faz o Ritz.

Subject: Fw: O RITZ-CLUBE ESTÁ A CAIR! AJUDEM-NOS A PEDIR À CML QUE ACABE A OBRAS QUE PROMETEU!

AO PÚBLICO - QUE A TANTOS ESPECTÁCULOS DEVE TER ASSISTIDO NESTE ESPAÇO - AOS AMIGOS, MÚSICOS, ROADIES, TECNICOS, AGENTES, E A TODOS OS QUE TRABALHAM NESTAS ANDANÇAS: O RITZ CLUB ESTÁ A CAIR! AJUDEM-NOS A PEDIR À CML QUE ACABE A OBRAS QUE PROMETEU!
POR FAVOR FAÇAM FOWARD, ESCREVAM O Nº SEGUINTE E VOSSO NOME - SE QUISEREM ATÉ PODEM REFIRIR O(S) PROJECTO MUSICAL A QUE PERTENCEM OU JÁ PERTENCERAM, OU GRUPOS QUEM JÁ TRABALHARAM E COLABORARAM.
E BASTA FAZER SEND PARA TODA A VOSSA MAILING LIST ONDE DEVE TAMBÉM CONSTAR ESTE ENDEREÇO: ritzclub@netcabo.pt

RITZ ? CLUBE. 5 ANOS DE SAUDADES

SENHOR PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA

FAZ CINCO ANOS QUE A PRECIOSA SALA DO RITZ ? CLUBE FECHOU PARA OBRAS DE RECUPERAÇÃO, QUE FORAM INTERROMPIDAS NO FIM DO MANDATO DO DR. JOÃO SOARES, POR RAZÕES QUE DEVEM TER A VER COM ALGUM DESENCONTRO RESULTANTE DA NOSSA CULTURAL BUROCRACIA. PARADAS JÁ HÁ 5 ANOS, ASSIM FICARAM ESTAS MEIAS OBRAS, COMO QUE CAÍDAS NO ESQUECIMENTO DE ALGUMA GAVETA.
COMO CINCO ANOS SÃO UMA MÃO CHEIA, AS SAUDADES DESTA SALA SÃO MUITAS E POR ALI PASSARAM E SE FIZERAM AS CARREIRAS DE TANTOS, PEDIMOS QUE A RECUPERAÇÃO SEJA SEGURA , URGENTE E RÁPIDA, PARA QUE NÓS E LISBOA, VOLTEMOS À ALEGRIA DE CONVIVER JUNTOS.
ritzclube@netcabo.pt

Assinaturas
1 - ...

Charadas #144

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terça-feira, 19 de abril de 2005

Mais breves

- Perry Blake volta a Portugal, dia 20 de Maio, mais precisamente ao Santiago Alquimista. Vem apresentar o álbum "Crying Room" e o livro "These Pretty Songs", que sairá em breve pelas Quasi edições.

- Mark Kozelek já não vem a Lisboa, a não ser que seja marcada outra data (fonte: Blitz).

- Querem vídeos? Ai querem vídeos? Pois tomem!

- Fumo branco para o papa que não gosta do rock. ("In many forms of religion, music is associated with frenzy and ecstasy. Such music lowers the barriers of individuality and personality, and in it man liberates himself from the burden of consciousness....this type in rock and pop music, whose festivals are an anti-cult with the same tendency...is the complete antithesis of Christian faith in the Redemption. Accordingly, it is only logical that in this area diabolical cults and demonic musics are on the increase today, and their dangerous power of deliberately destroying personality is not yet taken seriously enough...")

Juramento académico

O Juramento foi convidado a participar numa conferência integrada no IV Encontro Nacional de Estudantes de Jornalismo e Comunicação, que este ano se realiza na Universidade da Beira Interior, na Covilhã, entre os próximos dias 22 e 25 de Abril. A comunicação decorrerá no sábado, a partir das 14h, no painel denominado "Jornalismo Cultural e Blogosfera", que integra ainda o João Bonifácio, do Público, e o professor João Canavilhas, da UBI. O programa do encontro é bastante extenso e pode ser consultado em www.ubi.pt/4enejc.

Charadas #143

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segunda-feira, 18 de abril de 2005

Breves

- Os Dr. Frankenstein voltaram à carga e têm álbum prestes a sair. Chama-se "Crime Scenes and Murder Songs" e vai ser apresentado ao vivo no próximo dia 30, na Caixa Económica Operária, em Lisboa. Outros concertos se seguirão: Auditório de Barcelos (13 de Maio) e Oficina do Cais, no Montijo (28 de Maio), são, para já, aqueles que estão confirmados.

- Os Mazgani venceram a edição deste ano do Termómetro Unplugged.

- A Matéria Prima vai trazer gente importante da electrónica ao município de Oeiras. Sexta-feira, dia 22, há concertos de Post Industrial Boys, TBA e Thomas Brinkmann no Hangar K7 da Fundição de Oeiras.

- Parece que M.I.A e LCD Soundsystem vão ao Sudoeste, o que não deixa de ser surpreendente.

- A newsletter da AnAnAnA está aborrecida, embora conserve uma certa pungência. Pelo contrário, a newsletter da Flur está bem divertida.

- Questão: o grime é ou não é uma espécie de kuduro, porventura mais sofisticado?

- O Mercado (espaço recente das Janelas Verdes) fechou portas... Diz-se que foi por ameaças da concorrência.

- Não, ainda não foi anunciado Tom Jones para Vilar de Mouros.

De onde raio é que vem o nome? #29: Blixa Bargeld

Seguindo um processo comum a uma certa geração de rebeldes adolescentes nos anos 70, também o jovem Christian Emmerich mandou o seu nome de baptismo às urtigas. Começou por auto-denominar-se Blixa Color, por referência à marca de uma caneta de feltro que nesse momento segurava ("Blixa Color 70"). Mais tarde, surgiu Bargeld ("dinheiro", em alemão), não por referência a Johnny Cash, mas sim a Johannes Theodor Baargeld, que constituiu, juntamente com Max Ernst, o movimento dadá de Colónia. Ainda hoje, segundo refere Blixa no livro "No Beauty Without Danger", recebe cartas endereçadas para Frau Blixa Bargeld. É que Blixa, em alemão, só poderia ser um nome feminino...

Charadas #142

quarta-feira, 13 de abril de 2005

E hoje há... TUXEDOMOON!

Einstürzende Neubauten no CCB (A-Z)

ALINHAMENTO. 1ª hora: Yü Gung (Fütter Mein Ego), Die Befindlichkeit des Landes, Haus der Lüge, Armenia, ZNS, Youme & Meyou, Dead Friends (Around the Corner), Redukt. 2ª hora: Salamandrina, Sabrina, Perpetuum Mobile, Sehnsucht, Draussen Ist Feindlich, Selbsportrait mit Kater, Kalte Sterne, Alles, Ich Gehetz. Encore: Grundstück.
BLIXA BARGELD. Herr Bargeld está muito diferente. Sorri e brinca com o público. E tem humor.
CCB. O Grande Auditório foi o principal adversário dos Neubauten nesta noite, e o próprio Blixa confessou a sua dificuldade em vencer o espaço. Lugares sentados e uma distância abissal face aos músicos impediram talvez que este tivesse sido o concerto de uma vida.
DIE BEFINDLICHKEIT DES LANDES. Mela, Mela, Mela, Mela, Melancholia. Melancholia, mon cher.
EIN STUHL IN DER HÖLLE. Tenho três temas fétiche no reportório neubatiano. Um deles é Armenia. Foi tocado. Outro é Salamandrina (ver mais à frente). Foi tocado. Ein Stuhl in Der Hölle -- seria pedir demais -- não foi.
FIRMAMENTO. Foi uma das saídas com humor de Blixa Bargeld. Começou por designar o público, escondido através da escuridão, por "cosmos". Até que alguém no balcão brandiu um telemóvel, captando a atenção do vocalista para aquele pequeno sinal luminoso. Outros se seguiriam (substituindo a velha mania dos isqueiros), confirmando a imagem do Cosmos: "Olhem, estrelas e planetas... vejo uma luz vermelha! Será Marte?". Caiu que nem uma luva no esoterismo da escola neubauteniana.
GRAVAÇÃO DO CONCERTO. Se alguém tiver comprado e já tiver ouvido, que deixe comentários (JG?). A despesa noutras coisas foi grande e a gravação era demasiado cara (25 euros). À saída, a banca onde se podia adquirir a gravação parecia a barraca do pão com chouriço à saída de um festival...
HACKE, ALEXANDER. Continua a ser o mais roqueiro de todos, mas, ao mesmo tempo, o homem do skull ring, agora no baixo, continua a ser o director musical -- assim parece -- em palco.
INGLÊS. Já o tinha percebido antes, e confirmado uma vez mais numa entrevista que fiz a Herr Bargeld há alguns anos: a sua dicção fica muito próxima do "Received Pronunciation". Bargeld podia ser um dandy inglês, aristocrata, residente numa grande mansão com perfume de Byron e Shelley.
JOCHEN ARBEIT. Novo guitarrista (e ocasional percussionista, como qualquer Neubauten que se preze). Ex-Die Haut. Muito nervoso.
KALTE STERNE. Foi a primeira canção do reportório neubauteniano a abordar o esoterismo cósmico. Desde 1980 que não era tocada ao vivo. Esta digressão recuperou-a do baú. Bela altura para o fazerem.
LOJA NEUBAUTEN. O hall do Grande Auditório mais parecia a loja de souvenirs de um museu. Parece estranho, para um grupo que começou dadá e situacionista, mas, ora bolas, tanta coisa boa que havia para trazer.
METAL. As percussões em materiais metálicos, com frequências particularmente agudas, estiveram omnipresentes, especialmente na primeira parte.
NO BEAUTY WITHOUT NO DANGER. Um dos rombos no bolso de ontem à noite. É uma biografia do grupo limitada a 500 exemplares e destinada exclusivamente ao público dos concertos e aos "supporters" inscritos no neubauten.org. As primeiras leituras revelam que o trabalho promete ser bastante interessante.
OPUS. Não foi bem uma opus, mas havia que aproveitar o espaço deixado em aberto na letra O. Grundstück, o tema tocado no encore, é monumental. Ao longo de mais de 25 minutos, são exploradas as mais diversas facetas do grupo, em vários andamentos que vão do minimalismo tribal com que começou até aos radicalismos que põem em risco os sistemas sonoros, não deixando também de jogar amiúde com os silêncios, como o grupo aprendeu a fazer nos últimos tempos. Faz parte da colecção de quatro discos exclusivos das digressões e dos supporters.
PERPETUUM MOBILE. Servido numa magnífica e intensa versão longa, o tema que dá o nome ao último álbum, contou com a participação de... Rui Jorge. Sim, o lateral esquerdo do Sporting foi apanhado no zapping que Blixa ia fazendo, neste tema, com o seu pequeno transístor. "Temos todas as condições para passar esta eliminatória" e -- zás! -- começa a descarga sonora das percussões iniciais.
Q. Q não é uma letra neubautiana.
RUDI MOSER. Com alguém como Rudi Moser nos Neubauten, quase não se sente a falta de F.M. Einheit e não é por ele até ter traços visuais semelhantes ao antigo terrorista-chefe do grupo. É, sem sombra de dúvida, a melhor aquisição do actual plantel dos Neubauten.
SALAMANDRINA. Eu morro de cada vez que ouço "Zalamandrrina, lalala, Zalamandrrina, lalaa"...
TECLISTA CONVIDADO. Saía completamente do quadro...
UNRUH, ANDREW. É um génio desde há, pelo menos, 25 anos. Toda a vertente industrial e percussiva continua a passar por ele, ainda que Rudi Moser (ver mais acima) rapidamente tenha aprendido a saber estar no grupo. A dada altura, desapareceu para pouco depois surgir na plateia, correndo pelos degraus das coxias arrastando uma série de estridentes caixas vazias de tinta pelo chão do CCB.
VOZ DO OPERÁRIO. As comparações foram inevitáveis. Tivesse o concerto de ontem ocorrido na Voz do Operário, espaço que Blixa Bargeld evocou logo ao início, e teria sido muito diferente.
W. Ver Q.
X. Ver W.
YÜ GUNG (FÜTTER MEIN EGO). Foi assim que começou. A abrir. Mas ninguém se levantou.
ZNS. Zentral Nervensystem. Já que não houve espaço para movimentações do corpo, foi sobre o sistema nervoso que recaiu todo o impacto das explosões que deflagravam no palco. Es tanzt das Zet-En-Es!

Charadas #139

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Something about architecture

Quis a ironia que um grupo que desde há vinte e cinco anos esboça estratégias de confronto com a arquitectura, de acordo com um conceito artístico que se vê explícito no seu próprio nome, encontrasse num edifício como o CCB um adversário de peso, que impediu que o concerto tivesse sido mais do que foi, como se fosse justo pedir mais do que se teve. Mas até era possível que assim tivesse sido, e o próprio Blixa Bargeld confessou a derrota no combate, quando a meio do concerto manifestava a dificuldade que os Einstürzende Neubauten ali enfrentavam, naquele espaço novo, com o público sentado e a uma distância confragedora dos músicos. Something about architecture, dizia ele.
Ainda assim, foi muito, muito bom, como só se podia esperar de alguém como os Neubauten, mesmo que uma expectativa deste género deva ser, assim nos ensinam eles, um edifício em permanente risco de colapso. Não foi desta que ruiu, porém.
Os detalhes desta noite única chegam daqui a pouco.

terça-feira, 12 de abril de 2005

Charadas #138

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25 anos de Neubauten


Kollaps (Zick Zack, 1981) [8,5/10]

Zeichnungen des Patienten O.T. (Some Bizarre, 1983) [9/10]

2x4 (ROIR, 1984) [8/10]

1/2 Mensch (Some Bizarre, 1985) [10/10]

Fuenf Auf Der Nach Oben Offenen Richterskala (Some Bizarre, 1987) [9/10]

Haus der Lüge (Rough Trade, 1989) [10/10]

Die Hamletmaschine (Ego, 1991) [7/10]

Tabula Rasa (Mute, 1993) [9,5/10]

Faustmusik (Ego, 1996) [7/10]

Ende Neu (Mute, 1996) [9,5/10]

Silence is Sexy (Mute, 2000) [9/10]

Berlin Babylon (Ego, 2001) [8/10]

Perpetuum Mobile (Mute, 2004) [8/10]
 

A Hawk and a Hacksaw em Portugal

10 de Junho - Porto, Mercedes
11 de Junho - Lisboa, ZDB

Jeremy Barnes, antigo baterista dos Neutral Milk Hotel, vai estar no Porto e em Lisboa com o seu projecto A Hawk and a Hacksaw. Vai certamente trazer na bagagem as duas excelentes obras que são o álbum de estreia homónimo, do ano passado, e "Darkness at Noon", deste ano. A organização dos dois concertos cabe ao nosso amigo Nuno, da Ampola (ampola.blogspot.com). Dá-lhe, Nuno!

The Gift mudam de nome

É o que dá a entender uma imagem do concerto de ontem, na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão.

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(fotografia de Rui Ribeiro, som-activo.blogspot.com)

O que se seguirá? Ez Special T*N? Pedro B*S Abrunhosa?

segunda-feira, 11 de abril de 2005

KTU

Já se sabia que Kimmo Pohjonen era uma figura quintessencial na música dos primeiros anos deste milénio. A última aventura do acordeonista finlandês dá pelo nome de KTU e junta o seu amigo Samuli Kosminen, com o qual já tinha o projecto Kluster, mais dois antigos elementos dos... King Crimson: Trey GUNN, guitarrista (numa guitarra Warr, com cinco oitavas!), e Pat Masteloto, baterista, também eles elementos de um outro duo, denominado TU. No site de Kimmo Pohjonen está já disponível o vídeo de "Optikus", um tema tocado ao vivo no ano passado. É assombroso.

Estratégias do Plano Pessoal de Luta Contra a Insónia

Tenho por hábito, principalmente quando o sono teima em vir (e dele se precisa, claro), fazer alguns jogos mentais, para distrair a mente e deixar o corpo repousar. O último reza assim:

Zero 7. Este dá para dois e já vão perceber porquê.
Day One. Era um duo fraquito de trip hop. Chegaram a cá vir tocar.
U2. Quem são? Quem são?
Dirthy Tree. Austrália rocks!
Four Tet. Ele vem cá outra vez!
MC5. Kick out the jams, motherfucker!
The 6ths. Stephen Merrit para lá dos Magnetic Fields.
Sétima Legião. Alturas houve em que a voz do Pedro Oliveira podia ser um bom sonorífero... :>
Altern 8. Este demorou a surgir e trouxe alguma instabilidade ao jogo.
Nine Inch Nails. Tenho que ouvir o novo.
10cc. Xi, Jesus.
Eleventh Dream Day. Mais um grupo do Douglas McCombs (Tortoise, Brokeback, The For Carnation, Pullman, etc.)
Gabardine 12. Participaram na Insurrectos.
13th Floor Elevators. Roky Ericsson! Roky Ericsson!

E, pronto, daqui para a frente é que a porca começou a torcer o rabo. 14? 15? Bom, 16 é 16 Horsepower, mas e mais? A ideia era chegar ao Quarteto 1111 ou, colocando mesmo ambição na coisa, aos Ena Pá 2000...

Charadas #137

Tuxedomoon já em Portugal

Os concertos a sério só acontecem amanhã e depois, na Casa das Artes de Famalicão e no Forum Lisboa, respectivamente, mas os Tuxedomoon já cá estão e vão mesmo tocar hoje a uma conhecida loja de uma cadeia francesa de retalho de televisores instalada num conhecido centro comercial de Matosinhos. O showcase começa às 22h.

Skatalites, Romeo e uma letra

Os Skatalites fizeram a festa, tal como se esperava, ainda que bastante distantes da prestação de há cerca de dois anos, em Sines. O senhor Lloyd Brevett, contrabaixista do grupo desde a sua formação em 1964, não subiu ao palco de Algés, tendo sido substituído por um convidado no baixo eléctrico. Não terá sido por isso, talvez, mas as bombas em forma de música que os Skatalites fazem habitualmente deflagrar nos seus concertos nem sempre atingiram a potência desejada, parecendo, a espaços, meros exercícios de repetição forçada de um catálogo com quarenta anos (que não deixa, apesar disso, de ser riquíssimo).
Antes esteve Max Romeo com a sua banda. Muito roots reggae, claro, aludindo aos seus maiores hits, como "War Ina Babylon", "Iron Shirt/Chase the Devil", "One Step Forward" ou "3 Blind Mice". Foi também ao ska com o velhinho "Jamaican Ska", de Byron Lee, e coube-lhe o melhor e mais arrepiante momento da noite, quando entoou, juntamente com o público (um encontro pacífico de friques, betos de Cascais e skinheads) a letra de "Redemption Song", de Bob Marley...
Old pirates yes they rob I
Sold I to the merchant ships
Minutes after they took I from the
Bottom less pit
But my hand was made strong
By the hand of the almighty
We forward in this generation triumphantly
All I ever had is songs of freedom
Won't you help to sing these songs of freedom
Cause all I ever had redemption songs, redemption songs

Emancipate yourselves from mental slavery
None but ourselves can free our minds
Have no fear for atomic energy
Cause none of them can stop the time
How long shall they kill our prophets
While we stand aside and look
Some say it's just a part of it
We've got to fulfill the book

Won't you help to sing, these songs of freedom
Cause all I ever had, redemption songs, redemption songs, redemption songs

Emancipate yourselves from mental slavery
None but ourselves can free our minds
Have no fear for atomic energy
Cause none of them can stop the time
How long shall they kill our prophets
While we stand aside and look
Yes some say it's just part of it
We've got to fulfill the book

Won't you help to sing, these songs of freedom
Cause all I ever had, redemption songs
All I ever had, redemption songs
These songs of freedom, songs of freedom

sexta-feira, 8 de abril de 2005

Charadas #136

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Logh no Alquimista

Cerca de ano e meio depois, os suecos Logh voltam ao nosso convívio. Fico contente por saber que um grupo pouco conhecido, na altura -- no qual um pequeno grupo de amigos, amadores nas produções de concertos, então apostou -- tenha conseguido criar motivos para voltar, quem sabe perante mais público. Ontem foi no Mercedes, hoje é no Alquimista.

quinta-feira, 7 de abril de 2005

Faltam cinco dias

MOJO especial punk

A Mojo (ou a Q, no Reino Unido) já tinha feito um excelente trabalho sobre o ska britânico. Não li os outros números da colecção de especiais (Bowie, rock psicadélico, Pink Floyd, entre muitos outros assuntos), mas estou novamente viciado num outro compêndio, acabadinho de sair: punk!
São quase cento e cinquenta páginas, com entrevistas (actuais e antigas), relatos de várias vozes que viveram os anos 70 (e não só), selecções de discos e tudo o que mais se possa desejar num trabalho destes. Logo a abrir, surge o relato abrangente de alguém que esteve no epicentro do nascimento do punk: Nick Kent, escriba do NME que chegou a tocar com os Sex Pistols. Depois, uma biografia livre e inquietante de Johnny Thunders (e, claro, dos New York Dolls e dos Heartbreakers). Depois, a primeira entrevista feita aos Sex Pistols... E isto é só o início. Ainda tenho muito para ler...

Charadas #135

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quarta-feira, 6 de abril de 2005

NYC fat free

A dica foi dada pelo José Marmeleira. Excelentes fotos, entre outros tipos de media, num excelente cartão de visita para Nova Iorque dos concertos, dos happenings, dos prédios altos, do ground zero, etc. http://nycfatfree.danielbauer.com/main.html

Alexander Hacke na Mondo Bizarre electrónica

Alexander Hacke vai estar cá para a semana com o grupo onde milita desde há vinte e cinco anos, os Einstürzende Neubauten. Essa não foi, porém, a razão, embora disso também se fale, para esta entrevista. Herr Hacke tem um álbum a solo, "Sanctuary", onde juntou fragmentos sonoros de inúmeros amigos que foi apanhando pela estrada, de James G. Thirwell a Gianna Nannini. A entrevista está disponível no site da Mondo Bizarre.

A propósito de Mondo Bizarre, o novo número está prestes a sair. Com capa dedicada a Six Organs of Admittance, o nº22 traz destaca ainda: The Arcade Fire, Antony, The Kills, Jesu, The Diplomats Of Solid Sound, Tuxedomoon, Low, The Blood Brothers, ...Bender, Rádio Hip-Hop, Damien Jurado, Jon Savage, Queens Of The Stone Age, Lou Barlow, The Evens, Bloc Party, New Order, Old Jerusalem, William Basinski, Josh Rouse, Red Sparowes e Martin Denny, entre outros assuntos.

Charadas #134

Previsão do tempo para sábado


SOL
Temperatura máxima: 17º
Temperatura mínima: 7º

Óptimo. Valha-nos Jah.