Era só para dizer que, se chegar à idade deles, quero ser assim.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2004
Voyeurismo de hora de almoço
De vez em quando, vou almoçar a um café na Barata Salgueiro, um pouco mais abaixo da Cinemateca. Frequentemente, encontro dois indivíduos, cada um com mais de sessenta anos de idade, por certo, sempre na mesma mesa. Um deles usa um boné que diz logo que deve ser um velho intelectual de esquerda, apreciador de jazz, apreciador do bom charuto. O outro fala imensamente alto, de maneira que toda a esplanada do café toma conhecimento das conversas tidas entre os dois. Na mesa, há sempre diversos jornais e revistas, essencialmente publicações de letras, de cinema ou de actualidade, do Record ao Expresso. Entre eles trocam discos, cassettes de vídeo com filmes ou gravações de concertos e, imaginem, recortes de jornais que podem ir de críticas a um determinado filme ou a notícias tão específicas como o "tempo que demorará a viagem de TGV de Madrid a Lisboa". Nas conversas, falam da programação do Musik, daquele filme raríssimo que devia ter uma exibição num qualquer cineclube local, de viagens a Espanha que vão fazer com outras pessoas, não esquecendo de tomar nota da importância do facto de se passar por Badajoz para se comprar charutos.
Era só para dizer que, se chegar à idade deles, quero ser assim.
Era só para dizer que, se chegar à idade deles, quero ser assim.
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