sexta-feira, 18 de março de 2005

Uma crónica de 1975 (parte V)

Eis-nos chegados, finalmente, à quinta e última parte desta empolgante crónica. É um autêntico grand finale.
Prometi revelar o nome do autor e do projecto que ajudou a recuperar esta preciosa cápsula do tempo. A primeira informação pode ser conhecida já no final desta última citação. Relativamente ao resto, aconselho uma visita ao blogue genesiscascais75.blogspot.com. Trata-se de um espaço de evocação, trinta anos depois, de um momento único para o Portugal recém-saído do obscurantismo fascista. Por lá, encontrarão também uma versão digitalizada do texto original.

Outra novidade era: a droga. Talvez existisse, mas se existia qual é o moralista da judiciária que pode combater tal facto? A droga existe porque as condições sociais assim o permitem e facultam -- não é a repressão judiciária (à maneira fascista) que inverte esta situação -- bem pelo contrário.
A luta à drogra faz-se na prática revolucionária e não na perseguição paranóica da polícia.
De resto havia os tanques e os carros de assalto à volta do recinto que «garantiam» a melhor «ordem».
O aparato militar conciliou-se perfeitamente com o pacifismo dos espectadores. Uma lição: a boa música pop é inofensiva e não provoca distúrbios. Os militares presentes em Cascais podem testemunhá-lo.
É absolutamente útil e desopilante a continuação deste tipo de espectáculos. A Arte e a Liberdade são os melhores amigos...

J. L. Barreto

3 comentários:

  1. Ehehe! Por acaso não estava à espera que fosse do Jorge Lima Barreto.

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  2. Este texto até é muito arrumadinho para JLB. Há coisas dele muito mais delirantes, e publicadas em livro. Agora, o JLB, na altura e depois (em especial na rádio com o Rui Neves), teve um papel importante como divulgador, crítico, o que quer que seja. Sobre a música não me pronuncio, mas foi muito depois que começou a ter alguma importância. Ah, e há uma coisa muito curiosa: o JLB foi (!), juntamente com o Rui Neves (!), o programador do Vilar de Mouros 82. Trouxeram cá os Durruti Column, os U2, Gist, Rip Rig & Panic, Sun Ra, Echo & the Bunnymen. Estes últimos foram corridos do palco por um público idiota, tal como aconteceu com os Gist, a banda dos irmãos Moxham, ex-Young Marble Giants. Enfim, bom gosto e intuição musical foram coisas que nunca faltaram ao JLB. Já na escrita... enfim. Mas olha que este texto está bastante no tom geral da imprensa em 1975. Um dia tenho que ir ao DN arranjar fotocópias dos textos do Eduardo Prado Coelho dessa altura. São de chorar a rir, com coisas tipo 'a pulsão desejante da revolução' e tal.

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  3. Também já tinha pensado fazer isso mesmo... Recuperar outros textos, de outros autores, de edições do DN dessa altura.

    Tenho todo o respeito pelo Jorge Lima Barreto, mas isso não me impede de ler esta crónica com um largo sorriso na cara... ;) (E, sim, também já conhecia esta faceta do JLB de pelo menos dois livros)

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