quarta-feira, 16 de março de 2005

Uma crónica de 1975 (parte III)

E a saga continua. Neste segmento da crónica, o autor, declarado admirador das teorias situacionistas de Débord, nos anos que se seguiriam, analisa o espectáculo dos Genesis à lupa do marxismo. Mas demonstra algumas dificuldades em sair do paradoxo que ele próprio cria. E continua o "show" dos dois pontos:

Segundo aspecto: o mercado pop:
O grupo actuou para vender o seu novo LP, os Genesis mostraram aderir alienadamente à especulação bárbara dos produtores discográficos, à loucura capitalista da reprodução mercantil -- e isto sem contestação: nada no seu show indicava a mínima revolta contra este estado de coisas. Os Genesis cumpriram tudo o que uma sociedade burguesa esperava deles: divertir, alienar, dar-nos prazer idealista, para isso:
Terceiro aspecto: a sua actuação musical foi, como disse, esmerada: técnicos hábeis, de melodias cativantes, histórias genuínas no panorama da pop-art, sem qualquer erro a imputar-lhes: o que a repetição exaustiva comprovou tratar-se de produto duma estrutura tecnocrática: mercado para consumir. Se bem que perguntemos: a música não serve afinal, e apenas, o prazer? Não nos deram os Genesis um imenso prazer?

(continua)

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