segunda-feira, 13 de outubro de 2003

Bypass: dias melhores virão, com certeza

Há uns dois meses atrás, escrevi um artigo para a revista Número, a qual deve estar prestes a sair, onde procurei explorar dois ou três pontos de vista mais ou menos generalistas sobre o estado do rock -- não todo o rock, mas aquele que mais me interessa -- em Portugal. A jeito de ilustração, e a respeito de um dos pontos de vista abordados, falava de uma hipotética banda que, por mais que trabalhasse, nunca conseguia realmente saltar da garagem ou da meia-dúzia de concertos que conseguia fazer por ano, até que acontecesse ao baixista ir fazer o Erasmus lá para fora, ao baterista arranjar um emprego das 9 às 23h que lhe impedia quaisquer aventuras no rock'n'roll, conduzindo toda esta sucessão de peripécias ao fim de uma banda que até era bem interessante.
Por coincidência, e já depois de eu ter escrito o artigo e tê-lo enviado para a redacção da Número, eis que nos meus amigos Bypass se dá a saída (temporária, parece) de dois dos seus elementos, o guitarrista-vocalista e o teclista-baixista, os quais irão estar durante o próximo ano a prosseguir os seus estudos ou os seus trabalhos no estrangeiro. No Sábado fui ver pela primeira vez a nova formação -- três novos elementos entraram para o grupo enquanto convidados -- no concerto do Santiago Alquimista, em Lisboa. Para quem, como eu, já os conhece há mais de meia-dúzia de anos, do tempo em que não eram mais do que uma mera brincadeira de liceu, ainda sob outro nome, e que os viu crescer e tornar-se um grupo com a força que eles tinham, produzindo concertos inesquecíveis -- Paredes de Coura, Rock Kastrus, Fábrica da Pólvora, Lounge (num formato mais soft), Casa das Artes, etc. --, foi muito estranho entrar no Alquimista e dar, de repente, com aquela nova configuração do palco, com alguns novos arranjos e com uma forma de tocar ainda muito longe da invulgar coesão que a formação anterior tinha. Momentos houve em que ali parecia estar uma banda completamente diferente. Outros em que as coisas já funcionavam melhor. Desilusão? Pois sim, um pouco. Mas, ao mesmo tempo, estou seguro que estes comentários vão perder a sua razão com o tempo e que, olhando para isto tudo pelo lado bom da coisa, o tombo podia ser muito pior, tanto mais sabendo o pouco tempo em que foi produzida esta remodelação.
Tudo isto para dizer que eu só queria mesmo era que a história que eu descrevia no artigo não fosse a dos Bypass. Ou então mudo de nome para Professor Karamba.

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