quinta-feira, 21 de junho de 2007

O efeito Kate Moss

Há dois ou três dias, lembrei-me, talvez por defeito profissional, que seria interessante estudar a população que frequenta os festivais de rock de Verão no nosso país. Com mais ou menos ciência, pega-se numa amostra de festivaleiros e interroga-se os seus hábitos, se consomem música regularmente, se compram discos ou fazem downloads, se conhecem as bandas em cartaz, se vão ver os concertos ou vão ficar nos bares, se já estão bêbedos, se já arranjaram namorado/a novo/a, bom, adiante.

Nem a propósito, realizou-se recentemente um inquérito em Inglaterra junto de três mil indivíduos que vão ao festival de Glastonbury, que amanhã se inicia. O estudo, encomendado pela associação Freeview Playback (uma associação que reúne BBC, ITV e outros canais e que pretende promover o regresso dos hábitos das gravações caseiras de programas de tv) e entretanto citado pelo site do Blitz, revela informações curiosas, embora expectáveis, convenhamos. Quase metade dos inquiridos (49 por cento) mostrou dificuldades em recordar-se das bandas a que assistiu em festivais. Cerca de um quinto (18 por cento) disse mesmo ter assistido a menos de cinco horas de música num festival de dois dias. 16 por cento revela estar embriagado quando começam a tocar os cabeças-de-cartaz (buh, ingleses tenrinhos). Agora, a cereja no topo do bolo que é este estudo: um terço dos inquiridos admite que gasta dinheiro num guarda-roupa quase completo antes de ir a um festival...

É a moda, estúpido. É a socialização, estúpido. É o "Kate Moss effect" de que os jornais ingleses falam desde que esta foi a Glastonbury em 2003. Não é por isso de surpreender que tanto lá fora como cá dentro os festivais, por mais que surjam, são um sucesso de adesão. É a razão que explica o aparente contra-senso (só para alguns) entre o declínio acentuado das vendas de discos e o êxito dos festivais ao vivo.

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