segunda-feira, 15 de novembro de 2004

Eles vivem

Sexta-feira, ou melhor, madrugada de sábado. Lá para as três da manhã. Na rua da Atalaia, esconde-se por trás de uma porta fechada um antro que naquela noite acolhe uma fauna que se pensava extinta na cidade. Antropólogos musicais têm especulado acerca das comunidades que ainda perduram em certas zonas dos subúrbios, mas naquela noite podiam ter testemunhado a descida da espécie à cidade. E tomar nota nos seus cadernos que se mantêm os hábitos de há quinze anos. Que os espécimens mais velhos continuam a ostentar longas cabeleiras até à zona dos rins. Que continuam feios. Ou ainda mais feios, com o progredir da idade (por outro lado, há mais mulheres que outrora, e mais bonitas). Que entre todos, mesmo entre os mais novos, sobrevive o hábito salutar da air guitar, muitas das vezes ensaiada com o académico whirlwind. Que se mantém o polegar no bolso das calças de ganga elásticas. Os metálicos vivem! Sexta-feira à noite, no Tocsin.

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