segunda-feira, 26 de abril de 2004

Quando é o comercial a mandar no jornalista

Sem querer entrar em demasia naquele tipo de opinião em circuito fechado comum da blogosfera, queria deixar uma palavra de solidariedade com os três jornalistas do Primeiro de Janeiro recentemente despedidos por causa do que escreviam no blogue diariodeumjornalista.blogspot.com. A notícia vem hoje no suplemento Computadores, do Público. Sérgio Moreira, Joel Pinto e uma outra jornalista da publicação portuense foram despedidos após divulgarem a forma como eram marcadas entrevistas: em troca de um contrato publicitário, segundo os seus relatos, oferece-se espaço redactorial à entidade em causa.
Um jornalista é obrigado, naturalmente, a cumprir o dever de lealdade para com a empresa para qual trabalha, mas a esse dever tem que se sobrepor-se sempre o de relatar a verdade, designadamente a ilegalidade do exercício da própria profissão de jornalista. Como diz o presidente do conselho deontológico do Sindicato de Jornalistas no artigo do Público, "é ilegal ser um director comercial a dar ordens a um jornalista".
Os tribunais existem e será nessa sede que terá provavelmente de ser aferida a veracidade dos relatos dos três jornalistas. Quem contacta com este meio sabe porém que estas práticas são correntes e que as histórias contadas são, pelo menos, verosímeis. Mesmo que o Sérgio, o Joel e a outra camarada estivessem a mentir, outros Sérgios e Joéis por aí existirão. É também por isso que esta situação assume tamanha importância.

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