Pop Dell'Arte "Free Pop" (Ama Romanta, 1987)
Na continuação desta rubrica era obrigatória esta referência a um daqueles discos maiores da música feita em Portugal nos anos 80. "Free Pop" é uma obra prima que me enche de saudosismo (ah, eterna condição de português de olhar com lamento para o passado que não se repete). Os Pop Dell'Arte eram, juntamente com os Mão Morta, as duas bandas que maior devoção (literalmente, mesmo) solicitivam na minha adolescência. Por esta altura, curiosamente, havia entre as duas bandas uma relação que tinha tanto de competitiva quando de simbiótica, como aliás espelhava o último tema do disco, "Juramento Sem Bandeira", uma espécie de manifesto ideal para estes anos de militantismo, como hoje se recorda, da música portuguesa.
Se já era complicado explicar às outras pessoas como se podia gostar de um grupo que cantava em estranhos idiomas inventados para o efeito, como dizer que era até aí que residia parte do fascínio pelo grupo de João Peste? Que era naquele surrealismo pegado (ainda que na altura não devesse saber o que era o surrealismo, e muito menos o dadá) que encontrava razões para ouvir e reouvir infinitas vezes as cassettes onde tinha o disco gravado? Que "Bladin" (apesar da sua estranheza) ou "Avanti Marinaio" exprimiam de forma sublime um romantismo do passado?
Obrigado, Pop Dell'Arte. Obrigado, Ama Romanta.
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