sexta-feira, 2 de abril de 2004

Para o José Marmeleira

Lá mais abaixo perguntavas-me por exemplos da "regra" (aquela que tinha a ver com a industrialização das formas de fazer jornalismo/crítica musical, de que o Rui Monteiro falava, penso eu, na citação que lhe fiz). Abre o Y de hoje (devo dizer que nada tenho de especial contra o semanário do Público e muito menos contra os bons profissionais que vão fazendo das tripas coração para que todas as semanas possa sair a publicação -- sublinho que se trata de um fenómeno que vai, na maior parte das vezes, além das liberdades pessoais daqueles que escrevem ou editam e que é algo de transversal na imprensa, seja tanto cá dentro como lá fora).
Mas abre então o Y. Hás-de encontrar dois destaques grandes, com entrevistas longas e imagens de meia página ou mais a dois grupos, um estrangeiro, o outro português. As críticas aos respectivos discos não são, no entanto, particularmente entusiastas do trabalho desenvolvido pelos dois grupos. Ambas saem, aliás, com a classificação 6/10. Porquê então perder tanto espaço com estes dois assuntos? Repara, não sou adepto da ideia de que um jornal deva ocupar todo o seu espaço para falar do que acredita que é, na sua óptica, merecedor e valioso. Pelo contrário, acho que os críticos devem também marcar posição fincada em relação ao que acham que seja medíocre, banal ou mesmo desprezível. No entanto, se os dois discos dos quais se fala na edição de hoje são assim tão medíocres, porque razão achará então o Y que os seus leitores estão interessados nas palavras dos respectivos autores? Porque aqueles grupos tinham que ter uma entrevista? Não sei se é disto que o Rui Monteiro falava (até acho que lhe vou perguntar), mas foi pelo menos essa uma parte da interpretação que fiz...

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