10. AMADOU & MARIAM @ Grande Auditório da Gulbenkian
18 de novembro de 2012
"Se podes ouvir, escuta. Se podes escutar, repara. A citação de Saramago ao "Livro dos Conselhos" não é bem esta, mas assim ajusta-se bem a "Eclipse", o espetáculo que o casal Amadou & Mariam trouxe ontem ao Grande Auditório da Gulbenkian. Um espetáculo que prometia uma experiência multissensorial única, vedado que estava o sentido da visão de se distrair (a sala foi mergulhada durante quase todo o concerto na completa escuridão), deixando livres a audição para a música e os sons ambientes da história subjacente, o olfato para os odores de África e a perceção da temperatura que foi oscilando ao longo do concerto. (...) sentimo-nos felizes por nos terem deixado experimentar o bom que é reparar no que escutamos."
9. SWANS @ Aula Magna
9 de abril de 2011
"Quantas bandas viram vocês que, regressadas ao ativo, gravam um disco tremendo como "My Father Will Guide Me Up a Rope to the Sky", dão concertos tão intensos como o de ontem, onde tocam versões demolidoras de temas antigos, com a segurança perfeita de um relógio suíço, e ainda... surpreendem com dois temas inéditos?"
8. CORDEL DO FOGO ENCANTADO @ Teatro Viriato
15 de junho de 2007
"(...) Se os Mão Morta não tivessem nascido em Braga, mas sim em Pernambuco, na pequena cidade de Arco Verde, talvez tivessem sido como o Cordel. E se Adolfo Lúxuria Canibal não crescesse a ler Lautréamont ou outros autores malditos e tivesse os poemas de cordel do interior brasileiro na mesinha de cabeceira, talvez tivesse sido Lirinha, figura epicêntrica deste abalo de terras que dá pelo nome de Cordel do Fogo Encantado. Foi melhor que em Sines? Foi sim, embora não consiga sequer explicar como é que isso ainda pôde ser possível."
7. DIRTY THREE @ Lux
2 de junho de 2007
"(...) é sobre o violino de Warren Ellis que acaba por recair, na maior parte das vezes, a atenção. Ele não fez um pacto com o diabo. Ele é mesmo o diabo. Não que seja o mais virtuoso dos violinistas. (...) Ellis é o 'fiddler' que anima uma tasca barulhenta algures no meio do deserto australiano, acompanhado de bouzukis num numa aldeia grega, musicando lendas de lobos algures na Europa de Leste. E ainda tem a lata de tirar feedbacks do instrumento. O concerto desta noite conseguiu ser, por diversos momentos, e não se tenha pejo em usar a palavra quando ela deve ser efectivamente usada, epifânico. Foi a celebração plena daquilo que a música consegue por vezes produzir ao vivo: um rapto violento da consciência do ouvinte (e tão bem que sabe fechar os olhos e facilitar essa captura) para uma terra de ninguém, onde se experimentam sensações que só algumas drogas poderão produzir."
6. CONGOTRONICS VS. ROCKERS @ FMM Sines (Castelo)
23 de julho de 2011
"Intenso, esgotante. Talvez o melhor concerto que alguma vez o FMM acolheu."
5. KONONO n.º 1 @ Museu de História Natural
4 de julho de 2009
"Totalmente poderosos. A 'orquestra folclórica toda poderosa Konono nº1 de Mingiedi' voltou a mostrar por cá por que é cada vez mais famosa, por que é que o Congo está de volta ao mapa da música reconhecida pelo Ocidente, depois do soukous e kwassa kwassa dos anos 80. (...) Dança-se -- mesmo o pé de chumbo mais empedernido -- como se não houvesse amanhã."
4. DAMO SUZUKI NETWORK @ ZDB
19 de julho de 2004
"(...) A 'comunicação' tinha acontecido e, ao fim da noite, entendia-se melhor o que Damo antes explicava acerca da sua forma de ver a música. Afinal, não se tratava de meros símbolos, de meras teorias de 'proggie'. Era mesmo a música a assumir o seu mais ancestral desígnio, amplamente disseminado pelas civilizações desde a idade da pedra. Magnífica comunhão de espaço e tempo."
3. TOM ZÉ @ FMM Sines (Castelo)
30 de julho de 2004
"(...) Por vezes rimos, por vezes chorámos, por vezes dançámos, por vezes saltámos e a toda a hora fomos levados por um moleque safado de 67 anos. Não há palavras suficientemente justas para Tom Zé, para as suas palavras, para as suas músicas, para a sua banda."
2. AKRON/FAMILY @ MusicBox
22 de abril de 2007
"(...) como não haveremos nós de reagir perante tipos simples e humildes que tocam bem e suam em palco (conseguido com que a plateia os acompanhe nessa missão), enquanto esticam os limites da imaginação melómana ao jogarem os Can e os Faust com a free folk marada norte-americana, as polifonias do gospel com as polifonias das guitarras?"
1. NEIL YOUNG @ Alive
12 de julho de 2008
"(...) Não é uma banda nova que promete vir a revolucionar a música e que provavelmente estará esquecida daqui a poucos anos. E também não é (só) uma lenda que está ali em palco. É, genuinamente, um músico vivo e transbordante de energia que, à frente da sua banda, mostra, quase como se fosse a primeira vez que o fizesse, uma pequena parte de um reportório tão rico que devia ser património mundial da UNESCO."