Ano: 1965 (7")
Versões-chave: Devo, The Residents, Otis Redding, ...
Algumas centenas de grupos e artistas registaram, ao longo dos últimos quarenta anos, inúmeras versões daquele que foi o primeiro single dos Stones a chegar ao topo da tabela norte-americana de vendas. Dos Devo ao Residents, de Bruce Springsteen a José Feliciano, de Samantha Fox a Britney Spears, dos Beach Boys aos Television, meio mundo gravou ou tocou "Satisfaction" ao vivo. Curiosamente, tratava-se de um single -- incluído álbum "Out of Our Heads" (1965) -- em relação ao qual Keith Richards terá levantado obstáculos. Imaginava ele que toda a gente iria notar que aquele seu riff de abertura era copiado de "Dancing in the Street", de Martha & The Vandella, o que até nem é tanto o caso.
Provavelmente, a mais bem conseguida dessas versões coube aos Devo, que a apresentaram logo ao primeiro álbum, "Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!" (1978). Aquela esquisita re-montagem da canção ficaria na história do grupo como mais um tema do reportório, algo que o álbum ao vivo "Now It Can Be Told" (1988) testemunharia dez anos depois.
Vinte e cinco anos depois da edição do primeiro álbum dos Specials, a revista Mojo dedica mais um número das suas edições especiais ao fenómeno revivalista do ska em Inglaterra. Ao longo de quase cento e cinquenta páginas, os redactores contam toda a história do ska inglês e do posterior movimento 2-Tone desde o momento em que o migrante jamaicano Duke Vinn montou o primeiro sound system de Inglaterra. Há muito que ler sobre os Specials, os Madness, os The Beat e muitas outras bandas que fizeram o fenómeno, com relatos da altura, entrevistas actuais, selecções de canções, de covers, da moda 2-Tone, etc. É imperdível, apesar do seu preço (12 euros, na Tema do Xenon)!
Nada melhor para começar esta rubrica do que um tema -- "Louie Louie" (ler "loui luai") -- que ao longo dos últimos quarenta anos foi tocado por quase toda a gente, tornando-se, sem margem para grandes dúvidas, na maior cover de sempre da história do rock. Nem "Yesterday", dos Beatles, lá chegará. O All Music Guide indica perto de quinhentas versões gravadas, mas é sobretudo ao vivo, nomeadamente no encerramento dos espectáculos, que "Louie Louie" encontra o seu habitat.
Zeena Parkins e Ikue Mori, que trabalharam as duas pela primeira vez para um disco agora editado pela Mego, fazem a capa da Wire de Outubro. Lá dentro, há artigos de fundo sobre Juana Molina, Comets on Fire, Henry Flynt e Mats Gustafsson, entre outros. Jennifer Herrema, ex-Royal Trux, é a vítima da Invisible Jukebox e a rubrica bi-mensal The Primer é dedicada à "psychedelic soul", isto é, às "colisões entre o rock hippie e a música negra nos anos sessenta". Um ano depois, a revista volta a estar acompanhada por um CD de música portuguesa, "Exploratory Music from Portugal 04", uma compilação criada para assinalar mais uma edição do festival Atlantic Waves, que Miguel Santos, da Fundação Calouste Gulbenkian, tem vindo a organizar, nos anos mais recentes, em Londres. Mais informação a respeito deste "Exploratory Music from Portugal 04" em breve.







Os 10 anos de música na ZDB vão ter, para além do ciclo de música electrónica e experimental que está já a decorrer às sextas-feiras, um outro evento comemorativo, que vai contar com a presença confirmada do venezuelano Miguel Depedro, aliás Kid606, o puto maravilha do heavy metal de laptop.
Ao longo dos anos, o projecto de Dave Tibet tem mantido o seu fiel grupo de seguidores, quase que num mundo à parte. A "dark folk" de pendor esotérico dos Current 93 barra, habitualmente, a aceitação de outros ouvidos geralmente atentos, mas isso não tem impedido Tibet de fazer um percurso notável, desde que em 1984 lançou o primeiro LP do projecto, "Nature Unveiled". Hoje (e amanhã) será uma oportunidade para rever uma vez mais a forte dimensão espiritual e sentimental dos C93 ao vivo.
Quem já ouviu Ben Chasny a dedilhar a sua guitarra acústica, ao vivo ou em disco, sabe que existe ali uma magia irresistível. Aqueles que o viram este ano na ZDB ou esta passada quarta-feira em registo privado dificilmente terão outra opinião. Se isto não fosse já suficiente para merecer vê-lo e ouvi-lo de novo, a notícia de que Ben vai integrar a própria formação dos C93 é um espigão bem afiado que desperta fortemente a curiosidade.



