terça-feira, 30 de setembro de 2003

Música maquinal

No passado Domingo, teve lugar no café do S. Jorge (agora chama-se Lounge Space) um debate sobre o futuro do uso da música, por ocasião da Experimenta Design 2003, onde o principal orador era o músico, jornalista, musicólogo, blablabla, David Toop, coadjuvado pelos portugueses João Paulo Feliciano e António Contador. Não trago aqui a generalidade da conversa, até porque cheguei demasiado tarde, mas gostaria de reflectir aqui sobre um assunto que ali foi abordado. Podia tê-lo feito lá, e estive quase a fazê-lo, mas a participação estava tão animada que nem sequer arrisquei pedir para falar. Mas vamos a factos concretos. Enquanto se falava sobre a popularização e universalização (por mais sofistas que sejam estes termos, mas isso é outra história) dos meios tecnológicos ao serviço da música ou do ponto a que estes próprios meios chegaram e do alcance que permitem ao potencial criador musical, um dos indivíduos da assistência fez questão de lembrar por duas vezes que mais tarde ou mais cedo seria delineado o mapa cerebral e que tal, em conjunto com o conhecimento das reacções bioquímicas que o som produz no cérebro humano, permitiria saber-se como fazer boa música para o cérebro, isto é, permitiria a qualquer máquina decentemente programada criar música para o humano ouvir com agrado.
É uma imagem pertinente. Não me espanta nada que com o avanço da bioquímica e da tecnologia em geral se possa chegar a um estado destes. No campo das imagens, por exemplo, sabemos que a intermitência cadenciada de luz produz efeitos nada negligenciáveis naqueles que a vêem. Ainda na noite anterior ao debate, no concerto para filmes de Lee Ranaldo, João Paulo Feliciano advertia eventuais epilécticos presentes na sala do S. Jorge para o risco que poderia constituir a curta-metragem "The Flicker", que não era mais do que meia hora de flashes de luz branca. Desde a altura que "The Flicker" foi realizado (falha-me a memória, mas talvez anos 40), muito já se avançou neste campo. Imagens subliminais, terapias de choque através de imagens, etc., são termos a que nos fomos habituando. Ao mesmo tempo, e voltando à música, vamos ouvindo falar que muitos dos grandes êxitos mainstream são minuciosamente produzidos, com base em hipotéticos estudos, para que esta ou aquela frequência, esta ou aquela sequência de notas, agradem ao maior número de pessoas.
Por mais pertinente que seja esta ideia dos efeitos bioquímicos dos sons, estaremos sempre a falar de algo que é apenas, afinal, uma das muitas faces da música. Isto é, a música não pode ser reduzida ao estímulo sensorial. Como forma de expressão, a música é pluridimensional e encerra em si muitos mais atributos do que um encadeamento de frequências e volumes. Para começar, a música é indissociável do contexto em que foi produzida, por um lado, e do contexto em que é ouvida, por outro. Beethoven não faria hoje o mesmo tipo de sinfonias. Pelo lado do ouvinte, não podemos ter pretensões de ter as mesmas sensações a ouvir as primeiras canções dos Rolling Stones como os nossos pais ou avós tiveram há quarenta anos. A música tem tempo, tem espaço, tem relevo social e relevo cultural. Mais importante ainda, talvez, cada ouvido é diferente de outro ouvido.

quinta-feira, 25 de setembro de 2003

A petição

Os Clã pretendem editar um DVD com a gravação do magnífico espectáculo onde fizeram a banda sonora ao vivo do "Nosferatu" de Murnau. Só falta a autorização do Instituto Murnau.
Eu estive lá e fiquei francamente impressionado com a forma como os Clã musicaram o filme. Seria uma enorme pena que esta banda sonora não ficasse registada para a posteridade, como este DVD permitirá.
Quem estiver interessado em dar o seu apoio a este projecto, pode ir a:
http://www.petitiononline.com/cla2409/petition.html

quarta-feira, 24 de setembro de 2003

Incógnito - parabéns a você

Já lá vão 15 anos. O Incógnito celebra hoje mais um aniversário, com os tradicionais bolo e champanhe. PARABÉNS!

terça-feira, 23 de setembro de 2003

A entrevista do Blitz ao Mark E. Smith

Gostei muito de ler a "entrevista" do Sérgio Gomes da Costa ao Mark E. Smith, dos Fall, na edição de hoje do Blitz. Sempre admirei a capacidade que alguns jornalistas têm em transfomar entrevistas impossíveis em belos textos, como é o caso deste.

(Esta é a única posta de hoje e, possivelmente, o "Juramento Sem Bandeira" vai reduzir a sua actividade nos próximos dias. Os últimos capítulos na biografia dos Mão Morta, que urge acabar o mais depressa possível, estão a roubar-me demasiado tempo...)

segunda-feira, 22 de setembro de 2003

Um cartaz magnífico

É o mínimo que se pode dizer da programação da segunda edição do festival Sons em Trânsito, que este ano decorre entre 20 e 30 de Novembro, em Aveiro. Alguns dos nomes mais solicitados e mais conceituados da actual música do mundo vão lá estar. É ou não é um luxo de cartaz aquele que apresente Klezmatics, Mari Boine, Susheela Raman e Kimmo Pohjonen (na foto), entre outros? Para mais informações vejam o cronicasdaterra.blogspot.com, o blogue do Luís Rei, que acabou de dar esta "caixa".

Regresso ao passado #3: Corpo Diplomático

1978. Nasciam os Faíscas, a primeira banda punk portuguesa, a par com os Aqui D'El Rock. Na formação estavam Rocky Tango (Paulo Pedro Gonçalves, ex- Heróis do Mar, LX90, etc.), Dedos Tubarão (Pedro Ayres Magalhães, hoje nos Madredeus), John Lee Finuras e Gato Dinamite (Emanuel Ramalho, hoje baterista nos Delfins). O manager era o Zé Pedro que conhecemos da guitarra ritmo dos Xutos & Pontapés.
Em Janeiro de 79, na comemoração dos 25 anos do rock, nos Alunos de Apolo, os Xutos davam o seu primeiro concerto, ao passo que os Faíscas davam o último. À formação dos Faíscas juntar-se-iam Ultravioleta (Carlos Gonçalves, hoje vocalista nos Raindogs) e Carlos Maria Trindade (hoje nos Madredeus). Na audição de vocalistas onde foi escolhido Carlos Gonçalves chegou a aparecer António Variações...
Mudavam a sonoridade -- em direcção à new wave -- e mudavam de nome para Corpo Diplomático, estreando-se ao vivo com esta designção na primeira parte dos Tubes em Cascais. António Sérgio, o senhor da rádio, apostou neles e começou por editar, através da etiqueta "Nova", um single numerado, com os temas "A Festa do Bruno" e "Engrenagem", uma versão de José Mário Branco. Depois veio o álbum, "Música Moderna", de onde foi retirado o tema que o "Juramento sem Bandeira" aqui disponibiliza em mp3: "Amor de Guichet".
Os Corpo Diplomático acabaram algures no ano de 1980, mas pouco tempo demorou para que alguns deles aparecessem de novo em cena, com um novo nome: Heróis do Mar.
Dois sítios sobre os Corpo Diplomático a visitar: #1, #2.

domingo, 21 de setembro de 2003

O belo panorama

Esperei que a festa pudesse ser um tudo nada mais agitada, é certo. O Burnt Friedmann, por exemplo, já fez espectáculos melhores, diga-se. Mas o melhor da noite de ontem foi mesmo a descoberta daquele espaço fantástico. Contextualizo: a bienal Experimenta Design teve ontem a sua festa de inauguração no Restaurante Panorâmico de Monsanto, um misterioso edifício situado no centro da floresta de Lisboa, que em pouco -- ou mesmo nada -- fica a dever às bizarras construções dos mestres Schuiten & Peeters. Projectado, segundo palavras soltas ouvidas ontem, por Cassiano Branco, o grande urbatecta do Estado Novo, esta torre circular de oito andares não é usada para os fins que foi construída, isto é, o restaurante com uma bela vista sobre Lisboa, há mais de dez anos. E, no entanto, tudo parece estar na mais perfeita das condições, como se o último jantar ali servido tivesse sido apenas anteontem.
No último dos andares, parece que mora, qual Geovanni Batista, um caseiro. Depois há uma imensa cisterna que recolhe a água da chuva. Depois, as salas cheias de requinte onde ontem teve lugar a festa. E depois ainda fica uma enorme vontade de descobrir o resto, de protagonizar uma aventura aos confins do misterioso restaurante.
A Experimenta não podia seguramente ter escolhido melhor lugar para a festa.

sexta-feira, 19 de setembro de 2003

Os Fall já não vão ao Porto

"Aparentemente", para citar o termo usado no site da banda, o concerto dos Fall no Porto foi cancelando, mantendo-se o de Lisboa, para o qual, aliás, são válidos os bilhetes entretanto comprados para o Sá da Bandeira, de acordo com a mesma fonte.

Blur em Lisboa

Pois é. Os Blur vão regressar ao nosso país para um concerto no Coliseu dos Recreios, a 5 de Novembro. É uma boa notícia para quem, como eu, acha que "Think Tank" é uma das melhores coisas do rock mainstream deste ano. O preço dos bilhetes, bem como o nome da banda que fará a primeira parte, serão revelados em breve pela Smog, a produtora do evento.
Actualização: em princípio, serão os também ingleses Elbow a fazer a primeira parte. Não está nada mal.

quinta-feira, 18 de setembro de 2003

Oriente Selvagem

Hoje, lembrei-me de repescar para ouvir um dos mais belos discos portugueses dos últimos anos. O único álbum dos Um Zero Amarelo. Quando se fala que em Portugal só se imita, que não há boas canções, que só se canta em inglês coisas que na maior parte das vezes não querem dizer nada, este disco dos Um Zero Amarelo prova exactamente o contrário (felizmente, diga-se em abono da verdade, que não é o único do qual se possam dizer as mesmas palavras). Depois do regresso para concertos, que aconteceram há alguns meses atrás, já era altura de haver novo disco. A gerência agradece.

quarta-feira, 17 de setembro de 2003

O veneno eficaz

Nunca ouvi nada dos Idem Barra, um grupo de Setúbal que chegou a editar um EP e a ter algum destaque na TSF. Nem nunca sequer tinha ouvido falar deles, até que, há poucos momentos atrás, o meu amigo Rui Malheiro, do Terceiro Anel falou-me no desgosto que estava a sentir depois de ir ao blogue de um dos elementos do grupo, venenoeficaz.blogspot.com/. Estive a ler uma parte dos textos. O Fernando Cameira, um dos principais compositores e letristas do grupo, escrevia como poucos. Há momentos no seu blogue que são francamente perturbantes. Apetece-me ler todos aqueles belos pedaços de texto que ali foi deixando, até que um dia, há cerca de duas semanas atrás, o cancro o levou...
(Já me lembrei disto esta semana a propósito da morte do Vítor Damas, o meu maior ídolo de sempre no futebol: se o cancro mata mais gente por dia que um avião quande bate no World Trade Center ou quando uma bomba deflagra num autorraco israelita, porque é que os orçamentos de investigação são sempre tão diminutos quando comparados com os orçamentos de defesa? É uma pergunta retórica...)

Hino do Alvalade XXI

Pago um copo a quem me souber dar referências do hino do novo estádio do Sporting. Atenção, não estou a falar do tema cantado pela Dulce Pontes, mas antes do outro que tem sido apresentado como hino do estádio e que deverá vir a estar presente num próximo DVD. Só vos digo que aqueles loops de guitarras são fantásticos.

Grande encontro de concertinas

Ponte de Lima, no Alto Minho, vai acolher, já no próximo fim-de-semana, centenas de tocadores de concertina. O instrumento, que possui grande tradição na zona, na maior parte das vezes enquanto acompanhante dos típicos "cantadores ao desafio", vai ocupar lugar de destaque nas Feiras Novas, que este fim-de-semana se realizam na localidade minhota. No Sábado, esperam-se entre 400 a 500 tocadores de concertina e cantadores ao desafio.

terça-feira, 16 de setembro de 2003

Rock no hospital

No trabalho de pesquisa que tenho levado a cabo para a biografia dos Mão Morta, deparei aqui há tempos com um excelente artigo de Miguel Francisco Cadete, no Blitz de 2 de Novembro de 1993, e com o mesmo título desta posta. Basicamente, o jornalista foi à procura de casos de violência no rock em Portugal e compilou-os em duas páginas de jornal recheadas de histórias interessantes. Ali fala-se da violência infligida pelas forças de ordem, antes e depois do 25 de Abril, nos concertos rock. Fala-se da violência da segurança, como o caso dos profissionais que pontapeavam os "crowd-surfers" que caíam no fosso do concerto dos Stranglers. Fala-se na violência dos próprios músicos, como quando um dos guitarristas de Sepultura, em Cascais, atingiu um segurança (que se estava a exceder -- eu estive nesse concerto) com a guitarra. Fala-se violência do público, e nas vezes que UHF ou os Guns n'Roses foram arremessados com cerveja. Fala-se nas situações de limite a que os músicos se entregaram e que, por tal, se viram obrigados a fazer viagem do palco para o hospital, como a facada de Adolfo Luxúria Canibal. Fala-se em muitas outras espécies de distúrbios, mas as situações mais interessantes (e cómicas) são aquelas que envolvem músicos e críticos. Entre os exemplos dados, "Rui Veloso encostou o crítico do Expresso, João Lisboa, à parede, nos corredores do Teatro São Luiz, por altura do concerto de Marc Ribot" ou "O autor de "A Arte Eléctrica de Ser Português" [António Duarte] foi vítima de uma tentativa de agressão por parte de Iggy Pop"...

segunda-feira, 15 de setembro de 2003

Chico Buarque e Budapeste

Chico Buarque esteve praticamente incontactável ao longo do último ano. A razão: estava a escrever mais um livro, "Budapeste". Passo a citar a sinopse que se pode encontrar na submarino, uma das lojas virtuais que têm disponíveis o livro (não sei se já dá para fazer encomendas a partir de Portugal):
Budapeste é caracterizada pela história de um ghost-writer. Alguém que escreve o que outras pessoas assinam, artigos para jornal, discursos de autoridades, autobiografias e, no ápice, poemas. Um autor anônimo, um brilhante autor anônimo. Chico Buarque já disse que sua ficção é conseqüência de sua música: "O ritmo, a cadência saem dela, embora não a temática. Mas há um Chico compositor, um Chico escritor. São o mesmo, são dois. E José Costa, do Rio, é o mesmo Zsoze Kósta, de Budapeste, dois homens que são um só e cuja realização artística se dá sob os nomes de quem assina seus textos. Enfim, um romance do "duplo" e de muita erudição -tão popular na literatura européia do século XIX e XX.
O músico brasileiro vem a Barcelona em 2004 para a comemoração do centenário do nascimento de Pablo Neruda, e parece que está também previsto um concerto em Portugal. Até lá, há "Budapeste".

Atlantic Waves 2003

A secção londrina da Fundação Calouste Gulbenkian anunciou já o cartaz do Atlantic Waves 2003, um festival que vai levar à capital inglesa, uma vez mais, a música portuguesa, nas suas mais diversas formas. Nesta terceira edição do evento, a ter lugar entre 27 de Outubro e 6 de Dezembro, o cartaz vai contar com o fado de Mariza ou de Lula Pena, mas também com a electrónica dos @c ou de Vítor Joaquim, que vai tocar com o inglês Scanner, os experimentalismos da Pangeia Instrumentos ou de Heitor Alvelos, o rock dos Raincoats de Ana da Silva (na foto), que vão voltar a reunir-se especialmente para a ocasião, dos Blasted Mechanism, entre muitos outros nomes e muitas outras estéticas. De realçar os contactos próximos com outros artistas europeus que colaborarão com os portugueses.
Segue-se o cartaz:

Mariza
the new queen of fado
Monday 27 October 2003 8pm Royal Festival Hall £25 £20 £10

The Raincoats
Lula Pena
raw rock and urban fado
Saturday 01 November 2003 7pm Union Chapel £12 £10 conc.

Spaceboys (live set)
Ian Simmonds (Juryman, UK) (DJ set)
Mike Stellar (Journeys, Portugal) (DJ set)
dancefloor and funky beats
Thursday 06 November 2003 7.30pm 93 Feet East £10 £8 conc.

Rui da Silva (live set)
Chris Coco (Radio 1/The Blue Room, UK) (DJ set)
DJ Jiggy (Portugal) (DJ set)
tribal/progressive/hypnotic house
Wednesday 12 November 2003 8pm Cargo £5

Blasted Mechanism
dancefloor beat rock
Friday 14 November 2003 8pm Cargo £5 b4 9pm, £9 after

Zé Eduardo Unit with Peter King and Martin Shaw
Rodrigo Amado with Paul Dunmall, Dave Kane and Acácio Salero
cinematic jazz
Sunday 23 November 2003 7pm The Vortex £12

Pedro Carneiro with Drumstruck!
contemporary percussion
Monday 24 November 2003 7.30pm Purcell Room £12 £10 conc.

@c with Andy Gangadeen + Lia
Vitor Joaquim with Scanner + Pure
powerful laptops night
Thursday 27 November 2003 7pm 93 Feet East £10 £8 conc.

Royal Scottish Academy Brass
The Galliard Ensemble
contemporary brass and winds
Saturday 29 November 2003 3.30pm Purcell Room £12 £10 conc.

Katia Guerreiro
António Zambujo
seductive young fado singers
Tuesday 02 December 2003 7.30pm Purcell Room £15

Pangeia Instrumentos with Max Eastley and Heitor Alvelos
Rephlex DJs in the bar until 1am
experimental music and visuals
Saturday 06 December 2003 8pm ICA £10 £9 conc. £8 ICA members

Para mais informações: www.atlanticwaves.org.uk

À Sombra de Deus - volume 3

Está já na calha um novo volume de "À Sombra de Deus", projecto que tem tido como propósito a tomada de pulso ao panorama musical bracarense, através da edição de uma compilação com temas de algumas bandas locais. A primeira, editada em 1989, reuniu nomes como Mão Morta, Bateau Lavoir, Rua do Gin, Rongwrong, etc. Os Mão Morta apadrinharam o volume 2, editado seis anos mais tarde, mas sem a mesma projecção pública que o primeiro (e, diga-se, o mesmo nível).
A Câmara Municipal de Braga prepara-se para lançar o 3º volume no início do ano que vem. A comandar as operações, estão de novo os Mão Morta, ou melhor, dois dos seus elementos, Miguel Pedro e Adolfo Luxúria Canibal, e, naturalmente, a C.M. de Braga. Este júri irá escolher as bandas que participarão nesta terceira colectânea, convidando directamente algumas delas e seleccionando outras através de um concurso entretanto aberto. A estas últimas compete elaborar um processo de candidatura -- nada de muito complicado -- composto pelos seguintes elementos: 1) CD; 2) identificação dos músicos, com os respectivos instrumentos; 3) as letras e 4) contactos. A entrega deve ser feita no Convento do Pópulo até dia 15 de Outubro.

Agenda Bor Land

Kafka:
17/09 - Braga, RUM
20/09 - Porto, Maus Hábitos
21/09 - Matosinhos, FNAC Norteshopping
26/09 - Matosinhos, Blá Blá
27/09 - Caldelas, Quinta do Olival
03/10 - Arcos de Valdevez, Azenha
10/10 - Cascais, Lótus Bar
11/10 - Almada, FNAC Forum Almada
12/10 - Porto, FNAC Santa Catarina
16/10 - Viana do Castelo, Café Teatro
25/10 - Lisboa, Santiago Alquimista
26/10 - Lisboa, FNAC Colombo
31/10 - Braga, Deslize

The Unplayable Sofa Guitar
20/09 - Lisboa, Fonoteca (21h30)

sábado, 13 de setembro de 2003

Descida de preços nos discos da Universal não chega cá

Há cerca de uma semana atrás, fazia referência aqui das intenções manifestadas pela Universal em avançar, no mercado norte-americano, para uma descida considerável nos seus discos mais comerciais. Ora, e segundo notícia publicada no JN de quinta-feira, essa não vai ser, pelo menos no curto-prazo, uma estratégia a copiar pelos escritórios portugueses do grupo discográfico. O administrador da empresa portuguesa, Tozé Brito, afirmou mesmo ao diário que "a medida só fará sentido no nosso País quando existir a possibilidade de se fazerem 'downloads' legais e a pirataria for alvo de um controlo rigoroso". A mesma peça dá ainda conta das opiniões de outros responsáveis nacionais por grandes editoras, igualmente contrárias à estratégia da descida de preços anunciada.

sexta-feira, 12 de setembro de 2003

Bypass e Hipnótica juntos

Amanhã, Sábado, vão estar juntos e ao vivo no Porto dois dos mais interessantes projectos da música portuguesa actual: Bypass e Hipnótica. O espectáculo, para o qual se prevê, além das prestações separadas dos dois grupos, algumas intromissões de parte a parte, vai decorrer no Museu do Carro Eléctrico (Alameda Basílio Teles, 51) e a entrada custa apenas 3 euros. Os Bypass encontram-se em fase de preparação para a gravação do seu álbum, ao passo que os Hipnótica, cujo novo longa-duração está previsto sair em Novembro, vão apresentar o espectáculo "short stories about an instant called hipnotic life", uma recriação ao vivo para cinco curtas-metragens que a banda levou já a outros locais, sendo inédito na cidade invicta.

Johnny Cash (1932-2003)


quinta-feira, 11 de setembro de 2003

Noite giradisquista

O Juramento sem Bandeira (em bloguês fala-se assim; na terceira pessoa, como o Jardel, e usando o título do respectivo blogue) vai estar esta noite de quinta-feira a giradiscar no Agito (Bairro Alto - Rua da Rosa), entre as 22h e as 2h da manhã.

quarta-feira, 10 de setembro de 2003

Mondo Bizarre #16 vem aí

O mais recente número da revista Mondo Bizarre está quase pronto. Na tarde de amanhã, quinta-feira, deverá começar a chegar aos lugares habituais em Lisboa. Seguem-se depois os arredores e todo o resto do país. A capa é, como podem facilmente reparar, dedicada aos Spiritualized, mas há ainda muitos outros artigos e entrevistas a nomes como: Cabaret Voltaire, Good Riddance, Black Rebel Motorcycle Club, Manic Street Preachers, Dismemberment Plan, More República Masónica, Locust, Mars Volta, Willard Grant Conspiracy, Tindersticks, Adam Green, Jane's Addiction, Mogwai, Erase Errata, etc.

A reunião dos... PIXIES!!!

Parece que depois de várias tentativas frustradas ou, talvez melhor, depois de vários rumores de tentativas frustradas, Frank Black, Kim Deal, Joey Santiago e Dave Lovering devem ressuscitar os Pixies já a partir de Abril do próximo ano, para uma digressão mundial, podendo ainda vir a gravar um novo álbum de originais. Foi pelo menos o que uma fonte próxima do grupo, não identificada, revelou à MTV, o primeiro serviço noticioso a dar este furo.

Regresso ao passado #2.1 (correcção)

Recebi, entretanto, um email do Rui Ramos, guitarrista dos Crise Total, que passo a transcrever:
Oi pessoal, eu sou o Rui Ramos (guit. de crise total). Em primeiro lugar gostava de agradecer o espaço dedicado a Crise Total no vosso site. É bom saber que ainda não fomos esquecidos.
Em segundo lugar gostaria de corrigir o seguinte: o primeiro vocalista de Crise Total foi o Manolo e o Ampola na altura tocava baixo; mais tarde o Ampola sai da banda e aí é que entra o Pêjó para o baixo.
Já agora aproveito para dizer que o 2º disco de Crise Total acabou de ser editado pela zero work recs e dá pelo nome de Suicídio Involuntário e tem como vocalista o Miguel (voc. dos MAD).
Já agora aproveito para vos dizer que no principio de Outubro vai haver um concerto de Crise Total + Bandas convidadas na zona de Lisboa para o lançamento deste disco.
Se precisarem de mais alguma informação podem-me contactar pelo mail:rollshome@msn.com.
ELES PODEM MANDAR-NOS CALAR , MAS NUNCA CALAR-NOS

segunda-feira, 8 de setembro de 2003

Ronda de imprensa #1

[Disco Digital] The Doors agendam segundo concerto; Robbie Williams agenda segundo concerto.
[Comentário] Falta dinheiro, falta dinheiro, mas o povo já encheu dois Atlânticos e ainda vai a mais... (bom, mas a verdade é que este também não é o público que, por hábito, gaste dinheiro em música, seja gravada, seja ao vivo...)

[Disco Digital] Vencedor do Mercury Prize conhecido esta terça-feira; Radiohead e Coldplay favoritos.
[Comentário] Mas os Mercury não se tinham já instituído como prémios para bandas-revelação inglesas?

[Cotonete] Piratas recebem amnistia (..."Os representantes da indústria discográfica norte-americana estão a considerar a hipótese de oferecer um acordo de amnistia às pessoas que admitam trocar ficheiros de música na Internet.")
[Comentário] Então agora a acusação, a RIAA, também concede amnistias?

[Disco Digital] Limp Bizkit escolhem cover de canção dos Who como single.
[Comentário] É o costume. Agora, que o público original dos Limp Bizkit cresceu, a banda de Fred Durst quer mostrar-se também mais adulta. Uau, uma cover dos Who. É muito à frente.

Regresso ao passado #2: Crise Total

Conforme prometido, regresso a esta rubrica, não com a periodicidade inicialmente desejada mas antes a um ritmo quinzenal (assim espero). Para hoje escolhi uma das mais míticas bandas punk portuguesas de sempre, os Crise Total.
A informação acerca do grupo não é propriamente abundante nos dias de hoje (*), mas em meados dos anos 80, os Crise Total, juntamente com outras bandas, como os Ku de Judas ou os Grito Final, dominavam a cena lisboeta (e não só) do punk/hardcore. Vinham do Algueirão e, fazendo parte, se assim se puder dizer, de uma segunda vaga de punk na capital, depois do boom no final dos anos 70 com os Faíscas, os UHF ou os Xutos & Pontapés, eram, no entanto, dos primeiros a trazer o hardcore da costa Oeste norte-americana para salas de concertos nacionais como o Rock Rendez-Vous.
A formação inicial contava com Ampola, na voz, João Filipe, na bateria, Rui Ramos, na guitarra, e Pejó, no baixo. Tirando algumas participações em compilações, como uma do Rock Rendez-Vous onde entravam com o tema "Assassinos no Poder", nunca chegaram a editar um álbum nesta primeira fase de vida. Anos depois, já em meados da década de 90, alguns dos elementos regressaram com a banda e aí, então, gravaram o único álbum, "A Crise Continua" (a somlivre.pt ainda o tem à venda, na secção de hip hop... :>), integrando músicos dos Subcaos, que hoje estão noutros projectos como os The Mayhem Doctrine of the No Counts. O guitarrista da formação original dos Crise Total tem actualmente outro projecto, os Rolls Rockers, depois de ter passado pelos Profilaxia e pelos Feijão Freud (juntamente com Pejó).
Deixo-vos um mp3 de um tema ao vivo, gravado em 1984 no Rock Rendez-Vous. Esta foi uma das gravações piratas dos Crise Total com maior circulação. O tema chama-se "Autista" e, apesar de não ser um dos mais representativos do som da banda, era, creio, um dos mais requisitados. Lembrem-se, vai estar apenas disponível até ao próximo "Regresso ao passado" (o espaço não dá para mais).
(*) Valeu a preciosa ajuda do meu amigo João Rolo, que foi manager do grupo na sua "ressureição" nos anos 90.

As estatísticas

Volvidas pouco mais de duas semanas de vida deste blogue, é altura de publicar algumas breves estatísticas. Comecemos pela tabela da proveniência dos visitantes (após "clique" num link disponível algures nos sites que se seguem):

Forum Sons
Janela Indiscreta
A Corneta
Google
Mondo Bizarre

Interessante são também os dados referentes às palavras mais usadas para chegar aqui: "festa", "avante", "lee", "ranaldo", "setembro", "lisboa". Ora se as duas primeiras dizem respeito a um fim-de-semana que já passou, as restantes dão conta do interesse depositado na vinda do Lee Ranaldo a Lisboa, no próximo dia 27 de Setembro, conforme anuncia o site oficial dos Sonic Youth.

domingo, 7 de setembro de 2003

Sol de Domingo

À semelhança do que acontece em muitas outras áreas de negócio deste país, o meio musical local vê-se enjeitado por uma notável inexistência de relacionamento. Primeiro, os músicos mal se conhecem uns aos outros. Não discutem entre si os problemas que os afectam em conjunto. Não têm, pelo menos em Lisboa, um espaço onde possam tocar com frequência ou onde se encontrem para beber uma cerveja e, realce-se, falar, trocar experiências. Até mesmo criar, quem sabe, as famosas "cenas locais". Segundo, à excepção de uma publicação (o DN+), não se pode dizer que existam propriamente editoriais sobre música nos jornais portugueses. E, ao contrário do que acontecia há anos atrás, tem sido raro encontrar-se nas páginas dos jornais os encontros de músicos ou outros agentes do meio para discutir as temáticas mais importantes da indústria em que se inserem (excepção feita ao notável trabalho do Blitz a respeito da aclamada "crise da música portuguesa"). Terceiro, uma editora evita sempre misturar o seu nome com as suas concorrentes (diz, por exemplo, quem tenta fazer, a custo, uma compilação de artistas provenientes de diferentes "casas"). Quarto, é raríssimo haver conferências públicas de abordagem de temas como a importância da imprensa musical nacional nos dias de hoje, o relevo da pirataria em Portugal ou o preço dos CDs nas lojas. Se muitas das vezes nem os próprios agentes do meio dominam na globalidade os temas que, de certa forma, os afectam no dia-a-dia, o que dizer do público em geral? Na maior parte das vezes, nem imaginará a situação de crise que a indústria musical atravessa.
Em relação ao quarto ponto anterior (os debates públicos), a associação 100 Ideias decidiu meter mãos à obra e organizar um ciclo de debates integrado no festival New Sounds from Portugal, que a mesma associação está a levar a cabo em Cascais (começou ontem e vai até ao final do mês -- o calendário de concertos, debates e demonstrações está disponível numa posta mais abaixo). É, conforme disse, uma ocasião rara, que traz à memória os prestimosos debates que todos os anos, por altura do festival SBSR, o casal António Sérgio e Ana Cristina têm vindo a realizar. Fora esses, poucas mais exemplos são vistos no panorama nacional.
Fui convidado há poucos dias para moderar o debate de hoje, o primeiro, em virtude da impossibilidade do Nuno Galopim poder dar a sua ajuda. "Vou pois. Agrada-me a ideia." Foi isso que deverá também ter respondido à organização o Rodrigo Cardoso, responsável pela editora Bor Land, que ultimamente tem dado a conhecer os nomes Alla Pollaca (onde ele também toca), Old Jerusalem, In Her Space, Bildmeister, Norton, entre muitos outros, entre muitas outras edições. Não sei o que os outros convidados terão então respondido, mas, segundo a organização, tanto o Nuno Gonçalves, dos Gift, como o Tozé Brito, da Universal, ou o Francisco Silva, da FNAC Cascais, estavam todos eles confirmados para aparecerem hoje no Centro Cultural de Cascais. Mas a verdade é que não apareceram mesmo e nem sequer se dignaram -- uma vez mais segundo a 100 Ideias -- a dar qualquer satisfação. Resumindo, o debate (sobre o preço alto a que a música é hoje vendida) não aconteceu.
É verdade que, apesar do empenho da organização, o público não acorreu em massa. É verdade que, dadas tais circunstâncias, o debate, a acontecer, nunca iria produzir grandes mais valias de conhecimento, a não ser nas poucas pessoas que ali estavam, a contar com os próprios oradores. Concordo em absoluto que alguns dos convidados terão coisas mais importantes para fazer numa tarde ensolarada de Domingo do que enfiar-se num pátio fechado (triste ideia do arquitecto ou do dono do espaço) do Centro Cultural de Cascais. Mas, e a confiar, sublinhe-se, nas palavras da organização, confirmar a presença e depois não aparecer é pouco ético, tanto mais neste meio, como dizia ao início, onde a falta de relacionamento é já tanta.

sexta-feira, 5 de setembro de 2003

Será para durar?

A maior companhia discográfica do mundo, a Universal Music Group, tomou uma decisão aparentemente auspiciosa: baixar drasticamente o preço dos seus discos nos EUA. Conforme se pode ler no comunicado publicado no seu site (www.umusic.com), a editora prepara-se para, no último trimeste deste ano, fazer descer o preço de venda ao público recomendado para a cifra fixa de 12,98 dólares, o que corresponde a uma diminuição do preço final de um CD em cerca de um terço.
Vejamos -- espero bem que sim -- se a descida dos preços permite a recuperação da indústria discográfica. Vejamos -- espero que não -- se o corte incide sobre a parte fraca dos artistas. Vejamos quanto tempo pode durar este choque tarifário, isto é, partindo logo do princípio (admito que errado) que tudo isto não é nada mais do que uma momentária descida de preços, conduzida com a intenção de aumentar o mercado, habituando o consumidor a comprar música, para mais tarde, com uma base de clientes mais alargada, se poder voltar progressivamente aos velhos preços. Vejamos também -- espero que sim -- se a medida é adoptada pelas editoras concorrentes. Vejamos ainda finalmente -- espero que sim -- se a estratégia é também aplicada fora dos EUA, e em particular no mercado português (devemos ficar a sabê-lo no próximo Domingo, por ocasião do debate do Festival New Sounds of Portugal -- ver mais abaixo).

quinta-feira, 4 de setembro de 2003

Descubra as diferenças

Knockoff*Project. Assim se chama o projecto que uma pequena editora de Seattle, a Blue Disguise Records, se lembrou de montar na web. Basicamente, trata-se aqui de juntar, lado-a-lado, capas de discos que, por sua vez, estão inspiradas noutras, seja pela via do gamanço descarado, seja pela via do tributo ou da paródia. Aqui vão alguns dos exemplos:






(espreitem só a quantidade de capas que há iguais a esta...!)





Vou parar com os exemplos. São tantas e tantas as capas que estão neste site, que o melhor é mesmo prestarem-lhe uma visita. Fica em www.knockoffproject.com. Aí encontram várias secções repletas de capas, entre as quais uma especialmente dedicada aos Beatles.

discos & notas #1

É certo que uma apreciação ao disco carece sempre de uma boa explicação. Não basta dizer que se gosta do disco x; é preciso mostrar as razões. No entanto, a falta de tempo para o fazer é grande e, portanto, fico-me apenas pelas notas. Se a alguém interessar, ficam aqui os discos que eu tenho ouvido ultimamente, com as respectivas notas. Delas se depreende o que eu gostei do disco. As razões, essas, ficam para outras calendas.

• Cramps "Fiends of Dope Island" 9/10
• Black Rebel Motorcycle Club "Take Them on Your Own" 2/10
• John Zorn "Masada Guitars" 9/10
• Kraftwerk "Tour de France" 6/10
• Four Tet "Rounds" 7/10
• Matmos "Civil War" 8/10
• Mogwai "Happy Songs for Happy People" 10/10
• Peaches "Fatherfucker" 8/10
• Señor Coconut "Fiesta Songs" 6/10
• Super Furry Animals "Phantom Power" 7/10
• Tindersticks "Waiting for the Moon" 5/10
• Tomahawk "Mit Gas" 8/10
• Yeah Yeah Yeahs "Fever to Tell" 8/10

Mais se seguirão.

quarta-feira, 3 de setembro de 2003

Não percebo

Faz-me confusão como é que se perde tanto tempo e tanta página de jornal a falar dos Black Rebel Motorcycle Club. Já o primeiro álbum não me tinha dito nada, mas hoje estive a ouvir com atenção este novo, "Take Them on Your Own", para ver se realmente me estava a passar qualquer coisa de importante ao lado. Mas... o que é aquilo? Os Oasis a fazerem versões do pior dos Jesus & Mary Chain?
Mas o dia, no que diz respeito a audições, teve o contrapeso em duas outras coisas:
O novo tema dos Sonic Youth no split single com as Erase Errata, "Mariah Carey and the Arthur Doyle Handcream". Dá vontade de ouvir umas seis ou sete vezes seguidas!
Os X-Wife. Finalmente ouvi o single dos portugueses X-Wife, com os temas "Rockin' Rio", "Eno" e "We Are". Falhei os concertos deles cá por Lisboa e arrependo-me. É certo que há ali muito de beat do electroclash, moda que até acompanhei no início e da qual me fui progressivamente afastando por via do desgaste, mas há -- como dizer? -- um kick qualquer que deve proporcionar excelentes concertos. E há lá partes em que a voz parece mesmo o John Lydon no melhor dos PIL! :)

O Reininho tem graça

Foi agora há pouco, no Jornal da Tarde da SIC. Os GNR tocam hoje no Porto, com Sérgio Godinho e Rui Veloso, e aproveitaram o facto de estarem no espaço, para o sound-check, para dar uma mini-entrevista ao jornalista da televisão. Na última pergunta, o repórter quer saber qual vai ser a primeira música de logo à noite. "Portugal na CEE", responde Reininho, para daí a segundos rematar com "Mais vale Portugal na CEE, do que GNR no Iraque"... :)

Pergunta maliciosa

Será que, se os Strokes tivessem aparecido apenas agora, em 2003, no meio desta grande armada de revivalistas (BRMC, The Raveonettes, Datsuns, Interpol +/-, etc.) teriam tido um décimo do sucesso que tiveram?

O Rock in Rio Lisboa

No Jornal de Negócios da passada semana vem um artigo alargado sobre os números do festival Rock in Rio Lisboa, que acontecerá para o ano, entre 29 de Maio e 6 de Junho, na capital. São números que, claro, impressionam o olhar mais incauto:
• Cartaz com 70 bandas;
• Cinco mil (!) empregos directos;
• 25 milhões de euros de bilheteira;
• Bilhetes de dia a 50 euros;
• Investimento superior a 30 milhões de euros;
• Presença esperada de 500 mil pessoas (embora aqui já saibamos como são sempre feitas as contas desta cifra: somam-se os públicos dos diferentes dias, o que ainda assim dá um número surpreendente se o formos a dividir pelos 7 dias do festival...)

Ressalta ainda outro pormenor importante na leitura do artigo. A Associação de Turismo de Lisboa vai, segundo representante da própria, entrar em 5% do investimento total. E para isso vai candidatar-se ao Programa de Intervenção na Qualificação do Turismo (o famoso PIQTUR), o qual deverá participar com 75%. O artigo não deixa claro se estes 75% são inteiramente a fundo perdido ou não. Mas façamos as contas: 75% de 5% de 30 milhões dá... 1125 mil euros, isto é, cerca de um milhão de euros. Bem sei que o investimento neste festival pode ser proveitoso para o futuro do turismo na região de Lisboa. Mas parece-me também mais do que óbvio que este é um festival puramente comercial, isto é, com capacidade de gerar receitas por si próprio, que vão desde as bilheteiras (ainda que acredite que as receitas de bilheteira estimadas estejam algo sobrevalorizadas) aos grandes e pequenos patrocínios. Mas, tinha que lá estar 5% em dinheiro público. O PIQTUR não tem dinheiro para realizar outros projectos porventura mais interessantes e mais carentes de financiamento, mas já apoia projectos comercialmente viáveis... Talvez se assim não fosse, Roberto Medina fosse fazer o festival em qualquer outra capital europeia, eu sei. Mas é triste ver as coisas acontecerem assim, como se o paradigma da relação entre uma câmara municipal de província e um industrial ganhasse contornos europeus, enquanto outras, porventura mais interessantes e mais carentes de financiamento não acontecem...
(Uma nota final para o ilustrador do JdN: eu sei que no Jdn fala-se de números e que mesmo quando o tema é o rock, é para se falar de números do rock. E o trabalho é, tirando uma coisa ou outra, bem conseguindo. Mas não havia necessidade de criar uma guitarra tão mal feita... quatro cordas para cada lado? :>)

terça-feira, 2 de setembro de 2003

Os minipops

A ideia é fantástica. Craig Robinson é um designer que um dia lembrou-se de pegar em algumas das suas referências da música (e não só) e transformá-las em bonecos com menos de 50 pixels de tamanho. A colecção de miniaturas pop foi crescendo e hoje conta com dezenas e dezenas de pequenos bonecos que vão dos 2Live Crew aos ZZ Top, do Aphex Twin às personagens do "Feiticeiro de Oz", do Che Guevara aos Sonic Youth. Vejam alguns exemplos:


The Specials

U2 (fase Joshua Tree)

Sigue Sigue Sputnik

Abba

Há muitos mais em www.flipflopflyin.com/minipops.

segunda-feira, 1 de setembro de 2003

Cascais com concertos

FESTIVAL NEW SOUNDS OF PORTUGAL
Setembro 2003 - Cascais: Largo Camões, Parque Palmela e Centro Cultural - Entrada Livre

CONCERTOS:
- 6 de Setembro (Sábado)
NORTON + 3 ANGLE
Largo Camões - 21:30
- 12 de Setembro (Sexta-Feira)
GRACE + (Banda a anunciar!)
Parque Palmela - 21:30
- 13 de Setembro (Sábado)
MESA + IN HER SPACE
Parque Palmela - 21:30
- 19 de Setembro (Sexta-Feira)
INFAMOUS & VRZ + PHILARMONIC WEED
Largo Camões - 21:30
- 20 de Setembro (Sábado)
SUBMARINE + TWOKINDERMEN
Largo Camões - 21:30
- 27 de Setembro (Sábado)
GHOST IN THE MACHINE + SILKY
Largo Camões - 21:30

CONFERÊNCIAS:
- 7 de Setembro (Domingo)
"Música a Preço de Ouro" com Francisco Silva (Fnac Cascais), Rodrigo Cardoso (Bor Land), Nuno Gonçalves (The Gift), Tozé Brito (Universal).
Centro Cultural - 17horas
- 14 de Setembro (Domingo)
"A Cultura do Disco" com Nuno Calado (Antena 3), Pacman (Da Weasel), Francisco Silva (Fnac Cascais)-
Centro Cultural - 17 horas
- 21 de Setembro (Domingo)
"Divulgação: Rádio, T.V., e Imprensa" com Pedro Gonçalves (Blitz), Pedro Tojal (Best Rock), Francisco Penim (Sic Radical).
Centro Cultural - 17 horas
- 28 de Setembro (Domingo)
"Novas Bandas - Que Futuro?" com Jorge Baldaia (BodySpace/Divergências), Henrique Amaro (Antena 3), Miguel Cardona (Coldfinger), Pedro Henriques (Ghost in The Machine).
Centro Cultural - 17 horas

-DEMONSTRAÇÕES:
- 7 de Setembro (Domingo)
Saxofone e Piano com Nanã Sousa Dias e Filipe Melo
Centro Cultural - 18:30
- 14 de Setembro (Domingo)
Bateria + Baixo com Vicky e Miguel Amado
Centro Cultural - 18:30
- 21 de Setembro (Domingo)
Guitarra e Percussão com Micky Trovoada e André Fernandes
Centro Cultural - 18:30
- 28 de Setembro (Domingo)
Didgiridoo e Djambé com Guillermo Llera e Ricardo Abreu

O programa da festa do Avante!



PALCOS 25 DE ABRIL E 1º DE MAIO

(não existe, no site da festa, informação detalhada do programa destes palcos; apenas a lista dos participantes)

Ary dos Santos - Espectáculo de homenagem
Banda Bassotti (Itália)
Brigada Victor Jara
Cabeças no Ar
Cantautores
Cristina Pato (Galiza)
Choronas (Brasil)
Contrabando
Cruce de Caminos (Espanha)
Danças Ocultas
Dilli All Stars (Austrália/Timor)
Filipa Pais
Galandum Galandaina
Inadaptats (Catalunha)
Julián del Valle e o Grupo Origens (Chile)
Maria Alice (Cabo Verde)
Maria João e Mário Laginha
Moçoilas
Primitive Reason
Quadrilha
Quinteto Rodrigo Gonçalves
Rádio Tarifa (Espanha)
Realejo
Ronda dos Quatro Caminhos
Renderfly
Segue-me à Capela
Schalmeinenkapelle (Alemanha)
Sloppy Joe
Terrakota
Tito Paris
Tucanas
Telectu com Eddie Prevost, John Edwards e John Butcher
Tocá Rufar
Xutos & Pontapés


PALCO ARRAIAL

SEXTA-FEIRA

20h00 – União Filarmónica do Troviscal, Oliveira do Bairro
20h45 – Grupo Coral de Instrumentos «5 de Janeiro» AURPI da Amora
21h30 – Grupo Coral da Associação de Reformados do Barreiro
23h00 – Rancho Regional de S. Miguel - S. Miguel de Souto e Santa Maria da Feira
23h45 - Cantar D'Amigos, Alenquer

SÁBADO

14h00 – Filarmónica Idanhadense (Idanha-a-Nova)
14h45 – Grupo Coral Alentejano «Populares do Cacém», Sintra
15h30 – Coral Etnográfico «Coop». Grândola
16h45 – Grupo Folclórico e Etnográfico da Vimieira, Mealha
17h00 - Grupo Regional Folclórico e Agrícola de Pevidém, Guimarães
17h45 – Grupo de Danças e Cantares de Vila Maior, S. Pedro do Sul
18h30 - Rancho Etnográfico «Os Camponeses de Arraiolos»
19h15 - Associação do Rancho Folclórico da Alegria do Alqueidão de Santo Amaro do Zêzere
20h00 - Grupo Folclório do Carregal, Aveiro
20h45 - Rancho Folclórico de São João, Mealhada
21h30 - Rancho Folclórico de S. Paio de Oleiros, Santa Maria da Feira
22h15 - Banda da Sociedadde Músical e Desportiva de Caneças
23h00 - Grupo Coral de Baleizão
23h45 Grupo Coral Alentejano «Os Amigos do Barreiro»
00h30 - Grupo «Voz Amiga» da Terrugem, Elvas

DOMINGO

14h00 – Banda Filarmónica de Sesimbra
14h45 - Grupo Folclórico de S. Miguel - Stª Marta de Penaguião
15h30 - Grupo Folclórico da Casa do Povo de Briteiros, Guimarães
16h 45– Grupo Coral Cardadores da Sete, Castro Verde
17h00 – Grupo de Cantares «Abelterium», Alter-do-Chão

PALCO NOVOS VALORES

SEXTA-FEIRA
19:00 - Assacínicos
20:00 - SideWalk
21:00 - Tetanus
24:00 - Last Hope

SÁBADO
17:00 - Switch Tense
18:00 - Frequency
19:00 - Limbo
20:00 - Ho-Chi-Mihn
21:00 - ExLovers Sex
22:00 - Frente do Barulho Demófilo
23:00 - Skareta
24:00 - Le Partisan

DOMINGO
15:45 - Skapula
16:45 - Comício
20:15 - Die in Vain
21:15 - Albert Fish

PALCO DE SETÚBAL

SEXTA-FEIRA

20h30 - «Debaixo do Bulcão», grupo de poesia;
21h30 - «Artemsax», Quarteto de Saxofones de Palmela;
23h00 - «Grouve Kid», DJ.

SÁBADO

11h30 - Debate: «Para mais desenvolvimento e qualidade de vida uma outra política para a região é necessária», Jorge Pires, José Maia e Alfredo Monteiro;
13h30 - «Os Truca Truba Batuca», pintura de caras;
18h00 - Debate: «Contra o Pacote Laboral, pelo emprego com direitos e melhores salários, lutar é preciso!», com José Caetano, Odete Santos e Rui Paixão;
20h00 - «Enredo», grupo de expressão cultural;
21h30 - «Toni da Costa e Amigos», música popular portuguesa;
22h30 - Grupo musical «Rosa do Adro»;
23h30 - «Entretantos», grupo de música rock.

DOMINGO

11h30 - Debate: «Reivindicar, organizar, desenvolver a luta popular!», com Cristina Rocha Neto, Joaquim Judas e Valdemar Santos;
13h30 - «Os Truca Truba Batuca», pintura de caras;
16h00 - «Musicanto», música tradicional portuguesa;
20h00 - Grupo musical «Os Amigos das Lagameças»;
21h00 - «Gaitafolia», recolha de música para gaita de foles;

CAFÉ-CONCERTO DE LISBOA

SEXTA-FEIRA

21h30 – Teatro em Movimento: «Linguagem brechtiana em Gil Vicente e linguagem vicentina em Brecht»
22h15 – Canções de Lopes Graça na voz de Celeste Amorim, acompanhada ao piano por Madalena Sá Pessoa
23h45 – Quinteto de Jazz de Francisco Medina
24h30 – Música cubana e forró brasileiro

SÁBADO

15h00 – Imitações por Daniel Garcia
16h00 – Debate «Cultura popular, de massas e erudita», com José Casanova, Manuel Gusmão, Fernando Guerreiro, Carmen Santos, Paulo Rato e Urbano Tavares Rodrigues
19h00 – Blues Acústico
20h00 – «U» Tópico: jograis. Homenagem a Ary dos Santos e Glória Marreiros
20h30 – Domingos Gomes, pianista clássico
21h15 – Milongueiros de Lisboa: tango argentino
23h00 – Espectáculo multicultural
Grupo «Batuko Rais Di Cau Verde»
Capoeira com «Alto Astral»
«Dili All Stars» (Timor e Austrália)
Comunidade Indo
Gaitas de Foles de Bragança
Cavalinho dos Olivais

DOMINGO

14h30 – Schalmeienkapelle
16h00 – Debate «Censura hoje – Pensamento único», com Orlando César, Cândido Azevedo, César Príncipe e Filipe Dinis
19h00 – Lançamento do CD em homenagem a Ary dos Santos, na voz de Morais e Castro. Poesia com Percussão
19h30 - Escola de Jazz do Barreiro
21h00 - «De pé como um poeta»: espectáculo de poesia e música sobre Ary dos Santos pelo grupo Sobretábuas do Teatro de Benavente

ANIMAÇÃO EM MOVIMENTO

A Festa do Avante! não pára. A animação que dela advém, também não. Neste sentido, durante estes três dias, para além dos diversos palcos, a música irá desfilar por toda a Quinta da Atalaia.
A par das bandas que actuam no Palco Arraial, os alemães Schalmeienkapelle e os portugueses Tocá Rufar irão deliciar, com a sua boa música, as centenas de milhar de pessoas presentes no maior acontecimento de âmbito político/cultural, que se realiza em Portugal.


Mais informações aqui.