Serem difíceis? Não pode ser. Talvez nem todos os ouvidos tenham a predisposição (ou a formação) necessária para absorverem com maior profundidade os elementos mais complexos e quase inexpugnáveis das actuais composições do grupo, mas a música é inteiramente acessível à partida.
Terem passado da moda por estarem ainda rotulados com o downtempo e o trip hop? Também não pode ser, não só porque o downtempo e o trip hop já não estão de novo assim tão fora de moda, mas até porque os Hipnótica estão cada vez mais roqueiros (a guitarra voltou a ser um instrumento essencial, por exemplo) e cada vez mais bombásticos ao vivo, o que corresponde já mais aos actuais padrões de moda da música popular.
Serem músicos diletantes? Até o podem ser por definição, mas estão em processo constante de criação. Lançam álbuns com regularidade, dão os concertos que podem, musicam filmes e dão-se até ao luxo de tocarem temas inéditos em apresentações de álbuns, como se não houvesse tempo a perder, dando o rótulo de proibido à palavra comodismo.
O que pode estar, então, na origem do underrating dos Hipnótica? Como é que não houve mais gente a assistir ao fantástico concerto deste sábado no Music Box? No ouvido ainda ressoam os temas deste belíssimo novo álbum "New Communities For Better Days", os inéditos e a quase epifânica versão para "Song to the Siren", do Tim Buckley, ou a forma como o concerto acabou, ao jeito dos Akron/Family, com toda a gente a cantar "Women of the World", de Ivor Cutler, mas redescoberta no "Eureka" de Jim O'Rourke (olhem, outro génio que nunca teve o reconhecimento merecido do público).
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