quarta-feira, 5 de outubro de 2005

A santíssima trindade do bom gosto

Há poucos dias, numa aula de música para bebés que o meu Tomás começou entretanto a frequentar, uma mãe perguntava à professora se era bom para o seu filho ouvir, um, música clássica, dois, jazz, e, três, música brasileira. Um imediato momento de alguma fraqueza levou-me a julgar as aparências daquele casal. Classe média alta, na casa dos trinta anos, com a ameaça por perto dos quarenta. Alcovitice à parte, fiquei a pensar naquele triumvirato... Música clássica, jazz e música brasileira. Quantas pessoas, de classe média e alta, das mais diversas idades, não deixam de encontrar nas palavras "música clássica", "jazz" e "música brasileira" um sinónimo de bom gosto, sem sequer se darem conta das generalidades absurdas que estes termos abarcam? Será que para a tal mãe, a música clássica é apenas Mozart, Beethoven e mais um punhado de compositores anteriores ao século XX? Que o jazz é apenas Diana Krall e mais um punhado de intérpretes daqueles-que-não-incomodam-muito-o-ouvido? Que a música brasileira é apenas Tom Jobim e Elis Regina? Eu quase que apostaria, mas achei que estava a querer meter-me em demasia na vida dos outros...
Eu nem quero ter bom gosto!

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