







É a primeira vez que a Irlanda aparece num cartaz do FMM. E logo com honras de encerramento. Ou melhor, com honras de fogo de artifício, que nas primeiras edições do festival significava a despedida, algo que deixou de ser assim desde o ano passado, devido aos concertos e às sessões de deejaying que se prolongam pela noite fora junto à praia. O bodhran vai ecoar pelas muralhas do castelo, convidando à dança e à festa, numa encontro que se espera ecléctico, já que a música dos Kíla não se fica apenas pelos cantares e danças gaélicas, sendo recorrentes as incursões nos territórios do rock, do reggae e das danças africanas ou indianas.

Pelos vistos, a capa do próximo álbum dos Franz Ferdinand não vai ser assim tão igual à do primeiro, conforme se dizia há tempos (mas a manobra de marketing foi proveitosa). Entretanto, o que vale mesmo a pena saber, para quem interessar, é que o grupo escocês sempre vem cá, mas não ao Freep***, no dia 25 de Agosto, conforme estava anunciado, mas três dias mais tarde, em sala de Lisboa ainda não divulgada.
O sábado do FMM é de loucos. Ou para os que não sendo, assim ficarão ao fim da noite. Depois dos japoneses Samurai 4, sobe a palco o mais antigo colectivo do mundo -- 4000 mil anos, como dizia William S. Burroughs ("a 4000 year old rock band"). Vêm do sopé dos montes Rif, para encantar o público -- à letra -- com "ghaitas" estridentes e hipnotizantes. É a música religiosa que cativou os beatnicks Brion Gysin e Paul Bowles, nos anos 50. No final da década seguinte, Brian Jones visitou também o Rif, a convite de Gysin. Tinha acabado de ser expulso dos Rolling Stones e aproveitou a estadia para gravar sete horas de música com o colectivo (viria a morrer alguns meses depois). O disco que daí resultou, "Brian Jones Presents The Pipes Of Pan At Jajouka", veio atrair cada vez mais ocidentais. Na década de 70, foi a vez do saxofonista Ornette Coleman render-se à magia dos marroquinos, apesar de a maior parte das longas horas de gravações efectuadas não terem ainda chegado a serem editadas. Talvez para perceber o passado da sua banda, o próprio Mick Jagger gravaria em 1989 um tema com o colectivo. E a cultura ocidental não parou desde então de visitar Jajouka para dali beber influências. Bill Laswell, Lee Ranaldo, dos Sonic Youth, e, mais recentemente, o produtor anglo-indiano Talvin Singh, não escaparam à sedução milenar do grupo hoje liderado por Bachir Attar.
Se há duas figuras magnas da música brasileira que têm tanto de genialidade como de excentricidade, uma delas é Tom Zé e a outra só pode ser o multi-instrumentista (à letra!) Hermeto Pascoal. Mais ligado à cena jazz, pelo menos enquanto fora de portas, embora nunca se deixando enclausurar por nenhuma espécie de estilo, Hermeto veio reunindo, ao longo de mais de três décadas, a admiração de músicos grandes como Miles Davis, que o considerou o músico mais completo do mundo, John McLaughlin, Gil Evans, Tom Jobim, Maria Bethânia ou Elis Regina, entre muitos outros, que ora trabalharam com o músico nascido há quase 70 anos no estado de Alagoas , ora gravaram peças por si compostas. Desde que começou, de tenra idade, a criar música a partir do material que encontrava na oficina de ferreiro do pai, Hermeto tem desenvolvido uma abordagem à música que continua a constituir, nos dias de hoje, um enorme avanço na exploração e na descoberta de novos conceitos. Ou de novas formas de fazer música, afinal, como muitos terão tido a oportunidade de testemunhar há alguns anos, por ocasião de um concerto na Expo'98. A excentricidade é parte inseparável de toda a sua carreira, mas já não se espera, porém, que ele leve os porcos da sua quinta para o palco de Sines, como chegou a acontecer noutros tempos.
É sempre um privilégio imenso poder contar com a presença de Marc Ribot em palcos portugueses. Tanto mais quando vem em nome próprio (ou quase), tal como acontece desta vez. O guitarrista que já deixou marcas indeléveis na obra de John Zorn, Don Byron, Tom Waits ou Lounge Lizards, não esquecendo o seu magnífico trabalho com o combo latino Los Cubanos Postizos, vem agora acompanhado pelo baixista Jamaaladeen Tacuma e pelo baterista Calvin Weston, ambos colaboradores de Ornette Coleman. A estes junta-se, no piano e nos teclados, Anthony Coleman, figura essencial da Radical Jewish Culture, movimento nova-iorquino de vanguarda cujo epicentro se situa na Tzadik de John Zorn. Ou seja, é de esperar que o espectáculo de Marc Ribot & The Young Philadelphians nunca fique abaixo de uma intensa "jam" entre jazz, funk, música klezmer, noise e tudo o mais que costuma caber no vasto horizonte de exploração de Ribot e dos que o acompanham.
É o segundo assalto da artilharia balcânica no primeiro dia do festival. E, novamente, um encontro curioso. Parte da Mahala Raï Banda é composta por netos de Neacsu (o já desaparecido patriarca da família cigana que compõe os inenarráveis Taraf de Haïdouks), que deixaram a sua terra natal para procurar maior sorte em Bucareste, tocando essencialmente em casamentos. A outra parte é constituída por antigos soldados moldavos, também ciganos, que viram a jorna terminar com a queda do comunismo. Até há pouco tempo ganhavam a vida tocando em restaurantes de Bucareste. O que esperar do concerto em Sines? O confronto extraordinário entre uma banda de metais treinada no exército contra um grupo de tradicionais jovens músicos ciganos a lutar pela vida na cidade, como diz o press release da editora Crammed? Uma coisa é garantida: o álbum de estreia da Mahala Raï Banda é um disco enorme. Rapidez, versatilidade, festa, alegria e um certo toque pop. Mas sem nunca esquecer a tradição que lhes corre nas veias.
A península balcânica e as suas tradições regressam em força a Sines, este ano. Os primeiros representantes a subirem ao palco são os Mostar Sevdah Reunion, acompanhando a "mãe da soul cigana", Ljiljana Buttler. Actualmente emigrada na Alemanha, Buttler fez sucesso na Jugoslávia dos anos 70, então pelo nome de Ljiljana Petrovic. Juntou-se recentemente à Mostar Sevdah Reunion, um grupo que já passou por Lisboa, há cerca de quatro anos, e que assenta na tradição da canção muçulmana bósnia, a "sevdalinka" ou a "sevdah" (palavra árabe que em tempos remotos era usada para designar determinado fluído que circulava pelo corpo humano e controlava as paixões e as emoções). Aguarda-se, por isso, um grande encontro entre tradições ciganas e muçulmanas dos Balcãs. O grupo vai ainda estar no Funchal, dois dias depois, para o festival Raízes do Atlântico.
Mais uma rara imagem de Jimi Hendrix, desta vez segurando uma jazzmaster. Em adenda ao que já foi dito no "Jaguar & Jazzmaster #2" (ver mais abaixo), é preciso notar que as jaguar -- e antes, as jazzmaster -- eram o topo de gama da Fender até por volta, mais ou menos, de 1967, quando o próprio Jimi Hendrix foi o grande responsável pela instituição, praticamente definitiva, da stratocaster. Daí que estas fotografias acabem por ter um valor muito especial.

Dez anos. O grande festival de música, danças e cultura tradicional que a pédexumbo realiza anualmente em Carvalhais, no concelho de São Pedro do Sul, chegou à bonita idade dos dez anos. O Andanças 2005 realiza-se na primeira semana de Agosto (1 a 7) e conta, como sempre, com um cartaz cheio de eventos e actividades bastante alargado e diverso. Não se assustem, para o caso de não conhecerem, com o extenso rol de actividades que se seguem:


Uma das mais importantes vozes do funk mais recente vem hoje a Lisboa, ao Santiago Alquimista, apresentar o seu novo álbum, "Naturally" (distribuído em Portugal pela Loop, que também promove o concerto de hoje). Sharon Jones foi durante décadas uma voz de estúdio, trabalhando nos discos de outros sob o nome de Miss Lafaye, e só viria a ganhar projecção internacional quando no final dos anos 90, a nova-iorquina Desco (editora responsável em grande medida pelo renascimento do funk) apostou nas suas qualidades.
Never mind the Bhangra, Here's the Opium Jukebox. O título é apelativo, né? Temas de Sex Pistols em formato bhangra pop, né? A segunda ou terceira geração de indianos ou paquistaneses em Londres a prestar tributo aos Pistols, né? POIS TENHAM ATENÇÃO: SEMPRE QUE VIREM ESTE ARTIGO EM QUALQUER ESCAPARATE, FUJAM A SETE PÉS! NEM OS PISTOLS, NEM O BHANGRA MERECIAM UMA COISA ASSIM.
Lemmy on Hendrix - "I was his roadie. I used to score acid for him. I went to see him on the tour he did the year before in Blackpool when I was living up there. How's this for a line-up: The Walker Brothers, Engelbert Humperdinck, Cat Stevens, Jimi Hendrix and some local band. That's a fucking brilliant tour, that is. When I came down here I had a friend who used to work for The Who. I asked him if I could kip on his floor and he said yes. So I went over to South Kensington where he lived. He was sharing a flat with Noel Redding and a few weeks later they needed an extra geezer for their tour. I was only an extra guy just lifting and carrying shit. But it was a great, great experience to watch Hendrix every night for fuck all. Cos he was the best, man. You'll never see anything like him, never. He broke the mould. Him and Jeff Beck, Jimmy Page, Clapton, all four of them, you'll never see another... you see people who can play their licks but they didn't think of them and that's the point."
(ler mais)
Há uns largos meses, deixei aqui escrito um artigo longo (para o que é habitual no Juramento) sobre a cantora Vasthi Bunyan, ícone semi-esquecido da folk ácida britânica da transição 60/70. Façam uma pesquisa para o encontrar, se quiserem, mas fica desde já o aviso: há uma reedição em CD do único álbum que ela gravou, já lá vão trinta e cinco anos, e está aí disponível em algumas lojas portuguesas (uma delas é a loja do Chiado daquela cadeia francesa de venda de televisões e livros). É obrigatório!
![]() Angels of Light "...Sing Other People" (Young God) | ![]() Antony & The Johnsons "I Am a Bird Now" (Secretly Canadian) |
![]() Electrelane "Axes" (Too Pure) | ![]() Thee Silver Mt Zion Memorial Orchestra and the Tralala Band "Horses in the Sky" (Constellation) |
![]() Six Organs of Admittance "School of the Flower" (Drag City) | ![]() (Smog) "A River Ain't too Much to Love" (Drag City) |
![]() Konono no.1 "Congotronics" (Crammed) | ![]() Oneida "The Wedding" (Jagjaguwar) |
![]() Stephen Malkmus "Face the Truth" (Matador) | ![]() Bruce Springsteen "Devils & Dust" (Sony) |