quinta-feira, 12 de julho de 2012

Entrevista ao sr. FMM, parte 7

(Continuação da entrevista ao diretor artístico e de produção do FMM Sines, Carlos Seixas)
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7. Falemos então da edição deste ano. Quais são, para o programador do FMM, os principais destaques destes dois fins-de-semana de música?

Vítor, seria a última pessoa a quem poderias fazer uma pergunta destas! Mas, que fazer? Respondo sob protesto. Para mim não há destaques! O FMM funciona como um todo. Respondo-te de outro modo, sobre a 14ª, sem respeitar datas ou radiografar competências. Vou mais pelas emoções!

Como já tens notícia, o Gurrumul está doente e cancelou a digressão europeia. Estou desolado porque era para mim um dos concertos de maior expectativa. E não por ser estreia, mas porque gosto tanto daquelas canções, a voz emotiva, brilhante, apetece-me dizer a face identitária atual do povo aborígene! Tão maltratado e tão longe de nós.

Os blues americanos. E há tanto tempo que não vinham cá! Logo com o senhor Otis Taylor. Conheci-o, e ao dizer conhecer digo a sua música, alguns anos atrás através de um amigo que não me disse nada... Só me ofereceu um disco – "White African” – e logo ali me interroguei: como é que das montanhas rochosas me aparece este homem branco conhecedor da cultura afroamericana, inovador, multi-instrumentista, respeitado no meio como poucos, autêntico!

Hugh Masekela. Tantos anos a querer que ele viesse e sempre algum obstáculo, por vezes digressões fora de época, outras por negociações adiadas! Mas sempre a vontade presente de ver esta personagem lendária no palco do castelo. E de repente, outubro passado em Copenhaga, um encontro de minutos com o senhor Hugh Ramopolo Masekela. Sorrisos, um abraço, duas ou três palavras em português e um sim de convicção, final feliz! Vasco da Gama que se cuide!

Era uma ou a outra! Gosto tanto das duas mas tinha de ter calma como a que tive durante os anos que se passavam sem as poder ver nos palcos FMM. Mari Boine ou June Tabor? A folk na sua dimensão universal. O poder xamânico do joik adiantou-se à antiga "silly sister" de Maddy Prior e aí está para pôr à prova o público no terreiro do castelo. Atenção meus senhores, muita atenção ao voo dos pássaros!

E por falar em pássaros, que bom poder receber mais uma vez a senhora de Wassoulou num encontro que espero memorável com o galáctico do banjo, senhor de todos os grammys! Que felicidade ter o privilégio de ouvir o alaúde e a voz dos tunisinos Dhafer Youssef e Lotfi Bouchnak, do libanês Bassam Saba, este com um trabalho notável com a Orquestra Árabe de Nova Iorque. A vinda de repetentes como a April Centrone e o Timba Harris dos Secret Chiefs 3, do casal nómada François e Chiara de guitarras em punho, do sempre jovem Tony Allen, master drummer of afrobeat...

Que o público apareça em força. Há sempre lugar para mais um! A festa começa já para a semana, são 36 concertos 36, cinema, encontros, praia, peixe ou carne?, ateliês, vai e vem castelo - pontal - centro de artes, ervas de cheiro, compra de discos, olha o Bombino! E a vida é tão curta!


[Ali mais acima, o Carlos Seixas referia-se a isto. Toma cuidado, Vasquinho...]

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