<< Parte 1
2. A primeira edição, em 1999, tinha apenas sete nomes, quatro deles portugueses. Durou três dias e realizou-se apenas no castelo. Nessa altura, passava-te pela cabeça que o FMM podia vir a dar o salto que deu alguns anos mais tarde, em público, em organização, em dimensão do cartaz?
Como sabes, naquela altura a oferta cultural na periferia era reduzida e muitas vezes redutora, embora quanto a festivais de matriz similar houvesse as referências dos Encontros Musicais da Tradição Europeia, promovidos pela Etnia em várias cidades do país; o Cantigas do Maio, organizado pela Associação José Afonso, iniciado em Setúbal e depois consolidado no Seixal; o Viva a Rua em Évora, organizado pela câmara local; o Tom de Festa em Tondela, promovido pela Acert; o Festival Intercéltico do Porto, entre outros. Alguns destes já com bastante público e divulgação mediática.
A primeira edição curiosamente foi realizada no mês de agosto. Tinha sido preparada em poucos meses. Havia algumas reservas por parte de alguns membros do executivo da câmara mas uma vontade firme do presidente, um orçamento reduzido e uma grande ansiedade para saber como o público reagiria. Sabíamos que mais cedo ou mais tarde o Festival de Sines poderia dar o salto! Seria uma questão de tempo e de afinação organizativa, mesmo que nos primeiros anos fosse difícil.
Mas queríamos uma programação mais abrangente, que o FMM não se resumisse ao "reino do exótico" como escreveria o David Byrne em outubro desse ano. Da tradição ao jazz, do tango ao reggae, da fusão ao folk. Mas também da erudita ao rock!
Pretendíamos um festival que servisse de ponte cultural entre o norte e o sul, o oriente e o ocidente, que motivasse o diálogo intercultural. Que desse importância ao trabalho criativo de artistas que normalmente são afastados dos grandes circuitos mediáticos, independentemente do género musical e da geografia dominantes. Três anos mais tarde acontecia a primeira grande enchente do castelo!
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