domingo, 5 de julho de 2009

Tout puissant

Totalmente poderosos. A "orquestra folclórica toda poderosa Konono nº1 de Mingiedi" voltou a mostrar por cá por que é cada vez mais famosa, por que é que o Congo está de volta ao mapa da música reconhecida pelo Ocidente, depois do soukous e kwassa kwassa dos anos 80. Já o tinham deixado bem claro em Sines, há três anos, mas na noite de ontem conseguiram ir ainda mais longe, tocar mais fundo nos cérebros e corpos de centenas de pessoas que se entregaram ao baile "congotrónico" por ocasião da festa de aniversário da ZDB nos arruamentos do Museu de História Natural.
Não é fácil descrever este poder "congotrónico", que para sempre ficará associado aos Konono, a quem nunca os viu ao vivo. Há temas que se prolongam e conduzem a estados de autêntico transe, no desenvolvimento dos ritmos minimais produzidos pelo veterano e fundador Mawangu Mingiedi. As mbiras (ou likembés) electrificadas e distorcidas, quando entram, criam momentos de euforia que não encontramos noutras músicas de dança. Dança-se -- mesmo o pé de chumbo mais empedernido -- como se não houvesse amanhã.
Concerto do ano, até ver, e um 10/10 sem espinhas, se isso ajudar a explicar o quão bom foi (e eu a pensar que, depois da epifania com o Neil Young, no ano passado, ia demorar eternidades a voltar a ter uma experiência destas...).

Alguém gravou no telemóvel os primeiros oito minutos do espectáculo (obrigado, Nuno). A qualidade da captação não ajuda, mas ainda assim dá para perceber parte do furor da noite de ontem:

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