sábado, 4 de julho de 2009

Companheiros

Soaram tão bem ao vivo os novos temas de Tinariwen, ontem, no Forte de São Filipe, no arranque da primeira edição do Arrábida World Music Festival. Em "Imidiwan Afrik Tendam", por exemplo, uma balada perfeita que remete em parte para o título do álbum, "Imidiwan", não é preciso percebermos a linguagem tamasheq em que Ibrahim Ag Alhabib reúne os "companheiros de toda a áfrica" (a tradução do título) para ali vermos uma canção de reencontros à volta de uma fogueira no meio de um oásis, por excelência o ponto de intersecção nos caminhos de tuaregues como os Tinariwen. E isto tem ainda mais piada quando acontece numa imponente fortificação militar com quase cinco séculos, parecido com muitos daqueles castelos, mais antigos, que pelo país fora marcam os outras intersecções que fomos tendo -- por motivos bélicos, é certo -- com os nossos vizinhos muçulmanos. Mas a História levou para longe esses tempos e hoje só nos podemos sentir privilegiados por partilhar reencontros como este.
O Forte de São Filipe é mesmo um dos protagonistas deste festival, que hoje continua com, entre outros, a Sun Ra Arkestra e os Heavy Trash. Parece até que foi desenhado de propósito para um evento como este (ainda que não permita que o festival cresça muito, contudo). O outro palco, por exemplo, num dos pontos mais altos do forte, de onde aliás se captura uma magnífica vista sobre toda a península, colocou literalmente o Paulo Furtado no céu. É uma visão inesquecível a do Legendary Tiger Man iluminado e recortado na noite da Arrábida.
Um festival como este merece continuar (agradece-se é que se arranje outra pessoa para desenhar as luzes do palco principal -- se não há rede suspensa, que se use luzes laterais... ainda hoje vejo sinais vermelhos quando fecho os olhos...)

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