sexta-feira, 3 de abril de 2009

Ainda sobre o cérebro emocional

Relendo o que escrevi ontem, parece-me agora óbvio que faltou dizer uma coisa, nomeadamente na ponte entre a citação do professor Damásio e as questões que lancei. Imagino eu, a partir do meu modesto -- diria nulo -- conhecimento dos meandros da mente e da ciência que a ela se dedica, que o professor se estivesse a referir a algo muito específico, isto é, a reacções emocionais no imediato, nos tais segundos que nos dão para, por exemplo, digerirmos as notícias de um telejornal. A ponte para o raciocínio e para as questões que imediatamente surgiram na minha cabeça pode, por isso, ser exagerada ou desadequada, mas, e não sendo aliás um tema novo, creio que algumas delas tenham alguma pertinência.
Uma outra questão que deriva daquela "reflexão" prende-se com o trabalho diário dos especialistas da matéria, no caso específico, da música, e, particularizando um pouco mais, dos críticos. Na mesma linha de pensamento, será que, perante a obrigação de conhecer tudo, conseguem eles reagir a algo, conseguem eles ser mais do que autómatos com funções cognitivas? No tempo em que desempenhava tais tarefas, principalmente nos últimos anos, acumulei uma espécie de stress ou cansaço que se resumia a algo como "estou farto de ouvir música" ou "estou farto de não ter prazer ao ouvir música". Tal opinião era partilhada por outros camaradas, como o Pedro Gonçalves, que chegou a escrever um editorial na revista "On", do Independente, a precisar, ponto por ponto, os sintomas dessa espécie de stress. Desde então, sempre imaginei que a origem do problema estivesse na mistura entre trabalho e prazer, isto é, que tudo era consequência de se transformar um prazer numa obrigação. Talvez assim seja, mas vai ganhando força a teoria de que também para isso contribuirá este desfasamento entre as velocidades da função cognitiva e da função emocional.

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