sábado, 22 de abril de 2006

Deerhoof em Portugal

A boa notícia vem pela mão da recém criada Conta-Gotas, que depois do festival na Caixa Económica Operária, se prepara para uma segunda investida, e logo a matar. Os Deerhoof vão estar ao vivo no Porto Rio, a 5 de Junho, e no Lux, no dia seguinte. Os bilhetes vão custar 8 (Porto) e 12 euros (Lisboa).
Para ouvir Deerhoof: www.myspace.com/deerhoof

Não desistam, porra

Dizia ontem o AP que a reportagem aos concertos de Black Dice e de Panda Bear iria ser o seu último texto para o Blitz. Já não é novidade para ninguém que, ao fim de pouco mais de vinte anos de publicação ininterrupta, o Blitz, tal como o conhecemos, vai acabar. E é já nesta próxima segunda-feira (por ironia do calendário, o último Blitz nem sequer vai sair a uma terça...)

Não é só ele a escrever nestes dias "o último texto para o Blitz". Quase toda a redacção rescindiu o vínculo com a Impresa. É com muita tristeza que vejo alguns bons amigos perderem as suas ocupações diárias, a fonte de rendimento que, por mais parca que fosse, permitia pagar a casa, a comida e os vícios que a cada um e só a cada um dizem respeito. Da parte que me toca, porque já passei exactamente pelo mesmo, só posso dar o conselho: não parem. Por mais infrutíferas e por mais desgastantes que sejam as vossas tentativas de continuarem a fazer alguma coisa, pior é pararem e abraçarem o desespero. Porque é aí que a expressão recorrente "isto está difícil" assume o seu pior significado: "isto está difícil, porque hei-de eu ir à procura das coisas?" Isto é uma nota que também serve para outro bom amigo, o JC, ex-editor d'A Capital, desempregado desde há bastante tempo, que ontem também apareceu pela ZDB. Isto é também ainda um conselho para outro grande cromo, o PG, que cada vez menos vejo nestes meios. Não desistam, porra.

Não tenho grandes dúvidas que ele vai saber rapidamente dar a volta, mas não deixa de ser estranho estar a aguardar aquele que vai ser o seu último texto no Blitz. É aqui que vem a parte da lamechice. Ainda me lembro do entusiasmo infantil de quando "conheci" pela primeira vez aquele gajo da t-shirt do Unknown Pleasures. Teria eu uns 16 ou 17 anos, quando fui à redacção instalada no Dafundo para levantar um prémio qualquer. Entre outros escribas de eleição, foi um dos que mais conseguiu estimular o gosto pela música. Foi? Bah, continuará a ser, certamente.

AP, GF, LG, GP e todos os outros: não parem, porra.

terça-feira, 18 de abril de 2006

Volto já

Nesta semana, não haverá certamente muito tempo e cabeça para actualizar o blogue. O que há é muitos caixotes e cada vez mais dores nas costas. É a mudança de casa. Até já.
(Quem quiser ajudar, é sempre bem vindo... Cerveja não falta!)

sexta-feira, 14 de abril de 2006

E viva o Porto

Hoje:

Casa da Música: Faust + Dälek
O Meu Mercedes é Maior que o Teu: This is Your Captain Speaking

(Mais uma vez:) que faço eu aqui?

quinta-feira, 13 de abril de 2006

E, na Páscoa, precisamos é de...

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Parabéns à Bíblia e ao apóstolo Tiago.
Hoje, vão ser comemorados os 10 anos da Bíblia que interessa, no Maxime, com concertos de Act Ups e Ref (ainda alguém se lembra deles?) e discos da dupla Glam Slam Dance (Señor Pelota e Mário Valente).

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Festival Santos da Casa



Eis o cartaz da sétima edição do festival organizado pela malta do programa Santos da Casa, o mais antigo programa sobre música portuguesa na rádio. O Santos da Casa vai diariamente para o ar, entre segunda e sexta-feira, na RUC, entre as 19h e as 20h.

Bailarico Sofisticado @ Left: setlist

the expressions - money i$ king [p]
booker t & the mg's - melting pot [p]
marlena shaw - whoman of the ghetto [p]
curtis mayfield - move on up [p]
blackbyrds - the blackbyrds' theme [p]
isley brothers - it's your thing [p]
dennis coffey - theme from 'black belt jones' [p]
aretha franklin - i say a little prayer [p]
barry white - let the music play [p]
salinas - straussmania [p]
richard marks - i'm the man for you [v]
manu dibango - new bell [v]
harold young & the magnificents - criss cross [v]
exile one - funky crookie [v]
richard marks - cracker jack [v]
gloria jones - tainted love [v]
bill haley - hail, hail rock and roll [v]
johnny cash - get rhythm [v]
the who . baba o' riley [b]
the rolling stones - she's a rainbow [b]
animal collective - grass [b]
pulsallama - ungawa pt.2 [b]
liquid liquid - optimo [b]
the squirrel nut zippers - lowdown man [b]
mc hammer - u can't touch this [b]
beastie boys - girls [b]
lady saw - sycamore tree [b]
sister nancy - bang bang [b]
roisin murphy - ramalama [b]
heart of glass - product 01 [b]
devo - (i can't get no) satisfaction [b]
aldo vanucci - blow horace blow [p]
the commodores - keep on dancin' [p]
the blenders - nothin but a party (part 1) [p]
cold blood - no way home [p]
vicki anderson - once you get started [p]
betty davies - this is it [p]
carleen and the groovers - right on [p]
the detroit sex machines - the stretch [p]
jimmy castor - it's just begun [p]
soul survivors - respect [p]
aretha franklin - a change [p]
imagination - just an illusicon [v]
queen of japan - i was made for loving you [v]
dead or alive - you spin me round (like a record) [v]
whitey - leave them all behind [v]
the bravery - an honest mistake [v]
tv on the radio - wolf like me [v]
pixies - tony's theme [b]
man or astroman? - message from the cd + lo batt [p]
eagles of death metal - i want you so hard (boy's bad news) [v]
the clash - o gajo não se lembra [b]
morrisey - irish blood [p]
the jam - 'a' bomb in wardour street [v]
the toasters - don't let the bastards let you down [b]
monkey mafia - lion on the hall [p]
p.i.l. - rise [v]
joy division - transmission [b]
combustible edison - spy vs. spy [p]
david bowie - rebel rebel [v]
the velvet underground - beginning to see the light [b]
black heart procession - did you wonder [p]
ramones + paley bros. - come on let's go [v]
kiss - i was made for loving you [b]
the moog cookbook - come out and play [p]
rachid taha - rock el casbah [v]
faith no more - edge of the world [b]
p - dancing queen [p]
arctic monkeys - when the sun goes down [v]
the smiths - panic [b]
the teardrop explodes - reward [p]
the clash - charlie don't surf [v]
bob marley - redemption song [b]
ennio morricone - metti una sera a cena [p]
stanley clark & george duke - louie louie [v]
catherine ringer and the renegade brass band - les joyeux bouchers [b]
otis redding - satisfaction [p]
[bailarico sofisticado outro]

terça-feira, 11 de abril de 2006

As comunidades

Antes de mais, parabéns ao Luís Guerra pelo artigo hoje publicado no Blitz acerca da relevância que espaços comunitários como o myspace.com ou o last.fm vieram a ganhar nos últimos tempos.

O conceito de comunidade é um aspecto essencial ao entendimento da música popular e à nossa relação com esta forma de arte. Ainda que a audição seja sempre, como é óbvio, um processo individual, a relação que temos com a música reveste-se igualmente de inegáveis contornos sociais. Logo desde a infância. Começámos, por exemplo, por ouvir outra pessoa, a nossa mãe, a cantar-nos a "Carochinha". Na creche, já o fazíamos em coro com os camaradas das brincadeiras. A fruição da música era mais uma das brincadeiras que tínhamos em comum. Na escola, andávamos com crachás ou dorsais cosidos nos blusões, para nos evidenciarmos perante os outros. Trocávamos discos ou cassettes com os amigos, discutíamos o que íamos ouvindo. Levando mais longe a ideia de trabalhar a música em grupo, chegávamos muitos de nós a formar bandas.

Hoje, continuamos a trocar discos, a partilhar mp3, a falar de música com os amigos, a ir a concertos (a forma mais explícita de apreender a música em comunidade), a frequentar e fomentar sites como o last.fm e o myspace.com.

Numa outra perspectiva, a própria indústria mainstream assenta (ou assentava) numa demonstração inequívoca da importância da comunidade de consumidores de música: as tabelas de vendas de discos. Quando um disco chega a um lugar visível, forma-se a possibilidade de este assumir-se como padrão de consumo extensível à sociedade em geral (alguém dirá: "Muita gente compra este disco... Deve ser bom... Deixa cá ir comprar!").

A outro nível, ainda, e só para citar outro exemplo, as cenas que vão amiudemente florescendo no mundo do rock não são mais do que outras expressões desta forma gregária que temos de trabalhar a música.

A comunidade é, por tudo isto, um aspecto essencial para que se perceba a relevância que, por exemplo, os p2p assumiram logo desde o primeiro momento em que apareceram. Não só porque estes levam a outro patamar o conceito de partilha de música, como chegam mesmo até a providenciar espaços de discussão activa. Como não há-de ser um sucesso?

links pessoais:
www.myspace.com/junqueirakicks
www.last.fm/user/junqueira

Quem canta num táxi sujeita-se a isto...

A história aconteceu há poucos dias, em Londres. Enquanto se deslocava num táxi para o aeroporto, Harraj Mann, de 24 anos, ia trauteando a letra de "London Calling", dos Clash, e a de "Immigrant Song", dos Led Zeppelin, entre outras. Estava Harraj já no avião, prestes a levantar voo, quando a polícia o deteve sob suspeita de ser terrorista ou ter ligações a alguma rede terrorista. Foi mais tarde ilibado, já, claro, depois de ter perdido o avião.
Ah, quem o denunciou foi o taxista. É que a letra de "London Calling" tem coisas como "now war is declared / and battle come down" e a de "Immigrant Song" outras como "We are your overlords / On we sweep with threshing oar / Our only goal will be the western shore / So now you?d better stop and rebuild all your ruins / For peace and trust can win the day / Despite of all your losing". O taxista não teve, está bem de se ver, meias medidas.
Um gajo já não pode cantar no táxi. Chiça.

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Ainda a propósito dos Sunn O))) e dos Earth na Casa da Música

O Paulo Gomes teve a simpatia de me enviar algumas fotografias tiradas por ele na noite em que os Earth e os Sunn O))) foram à Casa da Música. Eis uma selecção:

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Dylan Carlson (Earth)

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Sunn O)))

(Creio que nunca aqui o disse, mas a caixa de email está sempre aberta para os profissionais ou amadores que tenham interesse em ver as suas fotos aqui divulgadas. Desde que o assunto em causa encaixe minimamente, né?)

Encontro de rádios europeias



Programa mais detalhado aqui.

domingo, 9 de abril de 2006

No JN de hoje

O Cristiano Pereira, do Jornal de Notícias, quis fazer-me algumas perguntas em relação à forma como vejo a polémica do momento na indústria musical em Portugal (e no mundo): a perseguição aos utilizadores de p2p. A entrevista sai na edição de hoje. Há que ressalvar, porém, a verdade: eu nunca disse, conforme indica o lead da peça, que "não há base legal para a criminalização dos utilizadores das plataformas de partilha de discos na internet". Eu tenho "ouvido dizer", é verdade, mas eu não conheço a legislação em causa, nem sequer tenho competências técnicas que me permitam fazer esse género de afirmações. A entrevista pode ser lida, na sua versão online, aqui.

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Marc Ribot dá aula em Sines

Já se começa a perspectivar o próximo Festival de Músicas do Mundo de Sines. Este ano os concertos começam mais cedo -- Porto Covo começará logo a receber artistas e público no dia 21 de Julho, sendo que outras actividades paralelas começam ainda mais cedo -- embora os dias fortes continuem a ser os do último fim-de-semana de Julho. Bom, fim-de-semana é um eufemismo para os dias que decorrem de quarta a sábado, 26 a 29...
À semelhança do ano passado, o FMM 2006 vai também contar com um atelier dirigido por um músico reputado. No ano passado era David Murray sobre saxofone e clarinete. Este ano o mestre será Marc Ribot, numa aula de guitarra que durará três dias, entre 26 e 28 de Julho, no novíssimo Centro de Artes. Marc Ribot, guitarrista experiente do jazz nova-iorquino, antigo guitarrista de Tom Waits e dos Lounge Lizards, volta a Sines um ano depois do magnífico concerto no castelo. A masterclass dirige-se, naturalmente, a guitarristas, bem como outros músicos e curiosos em geral. As inscrições são limitadas ao número de participantes.

O melhor Gouveia Art Rock de sempre


É o melhor cartaz de sempre do Gouveia Art Rock, mostra de prog rock e afins que neste fim-de-semana ocorre naquela cidade serrana. Com o Van Der Graaf Generator Peter Hammill (na foto) como cabeça de cartaz, o alinhamento distingue-se ainda pela presença dos veteranos do kraut Amon Düül II e dos novos "fusionistas" como os finlandeses Alamaailman Vasarat. Mas há mais, amanhã e domingo:

Teatro-Cine:

Sábado, 8 de Abril de 2006
15:00-15:15 cerimónia de abertura
15:15-16:30 Taal (França)
17:00-17:45 Matthew Parmenter (EUA)
18:30-20:00 Present (Bélgica)
20:00-22:00 intervalo para jantar
22:00-24:00 Peter Hammill (Inglaterra)

Domingo, 9 de Abril de 2006
15:00-16:30 Anekdoten (Suécia)
17:15-18:30 Alamaailman Vasarat (Finlândia)
19:15-21:00 Amon Düül II (Alemanha)

Auditório da Biblioteca Vergílio Ferreira (9 de Abril):

10:30 Showcase de Trape-Zape (Portugal)

W nas bancas

Image hosting by PhotobucketO Y, suplemento do Público, traz hoje, como companhia, o W. Ou melhor, a W, já que se trata de uma revista. As músicas do mundo são o tema da W, recaindo os destaques desta edição na evocação do recentemente desaparecido Ali Farka Touré e na antevisão dos festivais que estão para acontecer. A direcção cabe a Vasco Sacramento, o incansável promotor de eventos ligados às músicas do mundo (e não só) e a coordenação editorial é de Luís Rei, incansável divulgador destes temas (cf Crónicas da Terra).

quinta-feira, 6 de abril de 2006

Bah - eu sabia

Bah. Que dinheiro mais mal gasto num concerto. Os Sisters of Mercy tocam como se o Vision Thing, álbum de 1991, tivesse acabado de sair. Nem é propriamente hábito nestes grupos-zombie que vivem de sucessivos regressos aos palcos (leia-se vida mundana). Regresso por regresso, saudosismo por saudosismo, ao menos que mimassem, por mais patético que isso fosse, as diferentes fases pelas quais o grupo passou. Mas nem tão pouco isso. Os Sisters of Mercy de hoje (e de há quinze anos, portanto) pertencem a essa espécie abominável do goticus americanus, hard rock fm armado em industrial, que se desenvolveu tardiamente no outro lado do Atlântico (não admira que tenham tanto sucesso por lá). E tudo é regado com esse azeite de qualidade duvidosa, mesmo os temas mais antigos como Alice ou Temple of Love, entre outros impossíveis de identificar no meio da omnipresença do ultraraver Dr. Avalanche. Os Sisters of Mercy de hoje (e de há quinze anos, como da primeira vez que passaram pelo Coliseu dos Recreios) são um espectáculo de luz e fumo, com todos os tiques e toda a reverberação de concerto de estádio. É um pormenor pouco importante, mas não deixa, porém, de ser curiosa a forma como os elementos visuais permitem caracterizar a figura de Andrew Eldritch. Há momentos em que parece o busto do logotipo da Merciful Release e há outros em que parece o Nosferatu do Murnau. A música? Não me façam lembrar...

quarta-feira, 5 de abril de 2006

A brincadeira do 1 de Abril na Casa da Música

A agenda do passado dia 1 de Abril anunciava, como cabeças-de-cartaz, os Master Musicians of Jajouka, o fantástico colectivo milenar proveniente da aldeia de Jajouka, hoje liderado por Bachir Attar, e que já passou por Portugal em 2000 (Culturgest) e no ano passado (FMM Sines). Chegaram até a fazer-se reportagens na imprensa a propósito do concerto. Mas... o concerto não aconteceu. Ou melhor, não houve nenhum concerto do grupo de Jajouka. O que houve, entenda-se, foi um concerto dos Master Musicians of Joujouka (atentem à grafia diferente), liderado pelo irlandês Frank Rynne, onde apenas alguns dos músicos são provenientes da aldeia de Jajouka, sem serem mestres, de acordo com a tradição local. Esta é uma polémica que já se arrasta há algum tempo. Basicamente, este grupo que actuou na Casa da Música tem aproveitado o nome do colectivo original -- a banda mais antiga do mundo, como lhes chamava William S. Burroughs, respeitada por músicos como os Rolling Stones, Sonic Youth ou Ornette Coleman --, para se apresentar pelos palcos do mundo Ocidental.
A propósito, aqui há uns anos, quando entrevistei Bachir Attar e toquei nesta polémica, a resposta dele foi curta e dura, como não querendo perder muito tempo com o assunto. "São uns oportunistas", terá ele respondido (ou coisa parecida).

terça-feira, 4 de abril de 2006

Blitz passa a revista mensal

«O jornal Blitz vai ser reformulado, passando a adoptar o formato de revista e a ser distribuido mensalmente, avança a edição de hoje da Meios & Publicidade.»
(continuar a ler a notícia no cotonete)

Os tempos mudaram muito. Com o aparecimento de webmagazines actualizados no momento, blogues, forae, etc., o Blitz, enquanto jornal semanal, só podia perder em actualidade e pertinência. Tornou-se muito mais difícil trazer novidades à terça-feira. Já toda a gente sabe daquele tal concerto. Toda a gente sabe que aquele tal vocalista da banda tal foi preso. Toda a gente já o sabia através da internet. Até os pregões perderam todo o interesse quando começaram a surgir as salas de IRC e outros chats.
Talvez por isso seja esta a opção mais inteligente. O mercado português deverá ter espaço para uma revista bem feita, como se espera que seja o novo (nova) Blitz. E mais: se uma marca está desgastada, dir-se-á na pré-primária do marketing que o melhor é dar-lhe um abanão...
Contudo, mudanças como esta custam. São mais de vinte anos de companhia semanal do "diário da república". E saber que algumas pessoas vão perder o seu trabalho (ver notícia) também é aborrecido...

O fantástico regresso do Bailarico

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O LEFT é um bar novo em Santos-o-Velho, no largo Vitorino Damásio. Para quem está no jardim, virado de costas para o rio, fica no quarteirão à direita, na face virada a Norte. A festa começa por volta das 22h e termina às 2h da manhã.

Geração iconoclasta?

O Luís Guerra usa, na reportagem à segunda noite do José Cid no Maxime, a expressão "geração iconoclasta" para caracterizar este novo público do músico. Não concordo. Esta geração não é iconoclasta. Esta geração manifesta regularmente esta fé levada ao extremo, naquilo que habitualmente designamos por histeria de grupo. E é uma fé que é depositada nas mais diversas referências, sejam elas cantores antigos, com reminiscências na infância ou na adolescência (caso do José Cid), seja o último grito da moda dos leitores de mp3. Esta geração tem mais ícones do que qualquer outra.

Capas da Mojo

Para quem ficou viciado na última versão das charadas aqui da casa:
www.mojo4music.com/promo/quiz/quiz.htm
(João Farinho, dá-lhe!)

domingo, 2 de abril de 2006

"Eu sei que a vossa vontade é abraçarem-me, eu sei que a vossa vontade é despirem-me..."

A fila. Não havia compra antecipada de bilhetes (só reserva de mesas) e, logo pelas 22h30, a fila começava já a demonstrar alguns contornos burlescos. A excitação pairava no ar, como se este fosse um evento há muito aguardado e os microfones da rádio e as objectivas dos fotógrafos foram apanhando o momento. Não, não era a fila para a compra de bilhetes para o regresso dos U2. Era a fila para a entrada no concerto do José Cid, no Maxime.

O ambiente. A sala depressa encheu. Era impossível circular sem dar um encontrão numa tia do T-Club, num queque das docas, num daqueles broncos do clube de fãs do Fava com Chouriço, na elite fashion do Bairro Alto, na elite fashion do Lux, numa actriz conhecida, no Avô Cantigas, no Luís Montez ou no David Ferreira. Se Cid era o rei da noite, desde cedo também se percebeu que a histeria daquela gente iria com ele partilhar o trono. Mas nem tudo era assim tão "urticante": do sistema de PA saía esse magnífico -- a sério, magnífico -- trabalho que é "10 000 anos depois entre Vénus e Marte".

O espectáculo. Cid é uma personagem inexplicável. Génio? Clown? As duas coisas ao mesmo tempo? Ele é a Rita Lee portuguesa ou até mesmo uma versão compacta dos Mutantes para piano e voz, mas também é o entertainer de cabaret (a conjugação com o espaço era, daí, naturalmente perfeita) ou, nos momentos mais simianos, o único nacional cançonetista que ainda não foi esquecido. Toda a gente conhece as canções de cor (bom, nem todas, como aquela do "Deus Inventou o Rock" -- bem catita, por sinal). Há direito a "Vinte Anos" (duas vezes), "No Dia em que o Rei fez Anos", "A Cabana", "Como o Macaco Gosta de Banana" (horror, horror, fujam!), "Eu Nasci para a Música", "Cai Neve em Nova Iorque", "Adio, Adieu, Auf Wiedersehen, Goodbye" e muito mais. Afinal de contas, foram cerca de três horas (há que descontar o longo intervalo) de concerto, onde ainda se pôde ouvir (mas porquê? porquê?) versões de Rui Veloso e, ainda pior (a sério, como é que ainda podia ser pior?), Luís Represas. E vários convidados, como Paula Varela Cid, uma cantora lírica galega arrepiante (no pior dos sentidos) e o homem da casa, Gimba (para o "Navio" dos Afonsinhos do Condado"). E o povo ainda ficou a gritar pelo bis do... "Macaco". Terá Cid vivido todos estes anos da música para agora ser adorado pelo público como o novo Quim Barreiros?

After-hours. Ao set de disco e funk do giradisquista da noite, sucedeu-se, já lá para as tantas, o outro espectáculo da casa. E, não, não vão haver aqui descrições do que se sucedeu. Quem quiser que vá ao Maxime numa destas noites e veja com os próprios olhos o que aquela casa, agora nas mãos de pessoas tão equilibradas como o nosso presidente Manuel João Vieira e o sempre inclassificável Gimba, seja de supor que ofereça...