neste tempo futuro não existe um dj, mas sim vários, embora não tenham necessariamente que estar no mesmo clube.
neste clube do tempo futuro, as pessoas dançam ao que ouvem, naturalmente, mas aqui cada pessoa pode ouvir algo de diferente da que outra mesmo ao lado está a ouvir. já veremos mais à frente.
neste tempo futuro, os leitores pessoais de música evoluiram bastante e generalizaram-se a toda a gente que habitualmente frequenta os clubes. só que já não são leitores de mp3 como agora, mas antes implantes que transmitem à pessoa, se ela escolher tal equalização, o mesmo tipo de sensações auditivas que no passado (isto é, 2006 e para trás) as pessoas tinham numa discoteca. as colunas já não existem, mas as sensações espaciais que se tomam do som são as mesmas.
cada pessoa escolhe o tipo de música a que quer dançar naquele momento, ou melhor, o tal dos djs que estão naquele momento a pôr música. ou então escolhe um set seu ou gravado em diferido de qualquer outro dj.
os djs que estão a pôr música neste momento não são mais do que uma brilhante ideia por parte do consórcio financeiro que dirige todos os clubes que existem neste tempo futuro. com meia-dúzia de djs põe todos os clubes do país, perdão, todos os clubes do mundo a dançar.
torna-se igualmente engraçado, neste tempo futuro, desligar o implante por alguns segundos, para ver a descoordenação completa das pessoas que estão na pista e a forma como dançam ao silêncio. há, neste tempo futuro, quem vá a uma discoteca só para assistir a este espectáculo errático.
agora o mais importante:
neste tempo futuro, a partilha de música tem uma componente de interacção social interessante. aos poucos e poucos, os nightclubbers descobriram aqui uma bela maneira de engate. queres dançar comigo, pergunta ele. oh, mostra-me a tua música, diz ela (mudem os géneros explícitos conforme for o caso -- não há homofobia neste tempo futuro). e ali ficam os dois a dançar, a trocar não só olhares mas também passos de dança. um pé para ali, um braço para acolá. só eles os dois estão a dançar aquela música. a metáfora deixa de ser metáfora, passa a ser realidade, para, quem sabe, voltar a ser metáfora.
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