Perdoem-me os que não tiveram oportunidade de ver os Sonic Youth, no ano passado, no Primavera Sound, mas não consigo deixar de reagir ao concerto desta noite sem ter por referencial aqueloutro. Como é que dois espectáculos com alinhamentos tão semelhantes, conseguem ser tão diferentes, pelo menos nas reacções que provocaram a mim e, suspeito, a outros que, como eu, também lá estiveram? Será porque hoje estávamos numa sala cheia, comprimida, com muito calor e muito suor, e não numa doca, ao ar livre, entre largos milhares de pessoas, entre horários de dezenas e dezenas de outras actuações? Será porque os temas mais recentes estão agora mais rodados ao vivo? Será porque hoje a banda esteve efectivamente melhor, sem ostentar aquele ar de frete do ano passado? Será porque a empatia com o público foi outra? Será pelo clima de euforia com que toda a gente -- pelo menos ao meu redor -- ansiava pelo concerto de hoje? Não sei. O que sei é que tudo hoje, desde os temas mais recentes até coisas antiquíssimas como "Shadow of a Doubt", "Schizophrenia", "Cross the Breeze" ou "Death Valley '69" soava (e fazia suar) de uma forma que me fez sentir um miúdo a ir aos seus primeiros concertos no Coliseu (tal como o André, que tem 14 anos e saiu de lá com um sorriso de orelha a orelha). Estes foram os "meus" Sonic Youth. Os meus e os de muita gente, ao longo de várias gerações. E provavelmente vão por cá andar ainda em 2020 ou 2030, a conquistar novos públicos e a manter estas relações "para a vida" com as gerações mais antigas. Pelo menos, é o que o espectáculo de hoje sugere.
Muito bem estiveram também os Gala Drop. Surpresa ou não, o cosmos alucinante que o grupo serve tão bem modo dub -- hoje com uma incursãozita por uma cena mais disco-trashy -- acabou por colher bastante entusiasmo junto de público que não os conhecia e que até protestou pelo acontecimento estranho ao último tema. É que as luzes apagaram-se e, segundos depois, aconteceu o mesmo ao som. Toda a gente ali por perto imaginou que terão sido "calados", mas fontes próximas da banda (sempre quis usar esta expressão) garantiu que foi uma falha técnica. Há quem não acredite...
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