terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Os DJs não são músicos, irra (pelo menos, a maior parte não é)

Não era para voltar a bater no ceguinho, mas arranjei uma espécie de amparo ali com o Vítor Rua no final do trailer do filme do Tiago Pereira, "SIGNIFICADO - a música portuguesa se gostasse dela própria". Não fosse esta coincidência de ter o Rua a abordar (também ele mais uma vez) o tema e não voltaria a pegar nele. E tinha chegado a pensar pegar nele porque, aqui há dias, uma programadora dizia-me, não vem ao caso a circunstância, que o "prato é o instrumento dos DJs". Não é minha intenção deturpar-lhe o provável sentido das suas palavras e seguramente que não é ela o alvo desta espécie de protesto, mas acho que por vezes nos esquecemos, ora na linguagem, ora mesmo na essência das coisas (e quando uma se transforma na outra é que está o risco), que um DJ não é um músico (*). Nem "toca", como alguns dizem. Selecciona a música de outros para criar um ambiente, põe as pessoas a dançarem ou a relaxarem, conforme os contextos. Cada macaco no seu galho.

(*) Mas, ainda assim, mais por abono da justiça do que por contradição com o que acabei de dizer, há aqueles outros DJs, uma minoria em termos de número, que são verdadeiros... músicos. E grandes músicos até. Fazem das suas actuações algo que é muito diferente do que uma selecção de temas. Não são melhores ou piores, são diferentes. Só que, justamente, é importante compreender esta distinção para se perceber a espécie de protesto acima lavrada. Nunca me passaria pela cabeça meter naquele saco um DJ Ride, para citar um (excelente) exemplo nacional. Ele, sim, é um músico.

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