quarta-feira, 13 de abril de 2005

Einstürzende Neubauten no CCB (A-Z)

ALINHAMENTO. 1ª hora: Yü Gung (Fütter Mein Ego), Die Befindlichkeit des Landes, Haus der Lüge, Armenia, ZNS, Youme & Meyou, Dead Friends (Around the Corner), Redukt. 2ª hora: Salamandrina, Sabrina, Perpetuum Mobile, Sehnsucht, Draussen Ist Feindlich, Selbsportrait mit Kater, Kalte Sterne, Alles, Ich Gehetz. Encore: Grundstück.
BLIXA BARGELD. Herr Bargeld está muito diferente. Sorri e brinca com o público. E tem humor.
CCB. O Grande Auditório foi o principal adversário dos Neubauten nesta noite, e o próprio Blixa confessou a sua dificuldade em vencer o espaço. Lugares sentados e uma distância abissal face aos músicos impediram talvez que este tivesse sido o concerto de uma vida.
DIE BEFINDLICHKEIT DES LANDES. Mela, Mela, Mela, Mela, Melancholia. Melancholia, mon cher.
EIN STUHL IN DER HÖLLE. Tenho três temas fétiche no reportório neubatiano. Um deles é Armenia. Foi tocado. Outro é Salamandrina (ver mais à frente). Foi tocado. Ein Stuhl in Der Hölle -- seria pedir demais -- não foi.
FIRMAMENTO. Foi uma das saídas com humor de Blixa Bargeld. Começou por designar o público, escondido através da escuridão, por "cosmos". Até que alguém no balcão brandiu um telemóvel, captando a atenção do vocalista para aquele pequeno sinal luminoso. Outros se seguiriam (substituindo a velha mania dos isqueiros), confirmando a imagem do Cosmos: "Olhem, estrelas e planetas... vejo uma luz vermelha! Será Marte?". Caiu que nem uma luva no esoterismo da escola neubauteniana.
GRAVAÇÃO DO CONCERTO. Se alguém tiver comprado e já tiver ouvido, que deixe comentários (JG?). A despesa noutras coisas foi grande e a gravação era demasiado cara (25 euros). À saída, a banca onde se podia adquirir a gravação parecia a barraca do pão com chouriço à saída de um festival...
HACKE, ALEXANDER. Continua a ser o mais roqueiro de todos, mas, ao mesmo tempo, o homem do skull ring, agora no baixo, continua a ser o director musical -- assim parece -- em palco.
INGLÊS. Já o tinha percebido antes, e confirmado uma vez mais numa entrevista que fiz a Herr Bargeld há alguns anos: a sua dicção fica muito próxima do "Received Pronunciation". Bargeld podia ser um dandy inglês, aristocrata, residente numa grande mansão com perfume de Byron e Shelley.
JOCHEN ARBEIT. Novo guitarrista (e ocasional percussionista, como qualquer Neubauten que se preze). Ex-Die Haut. Muito nervoso.
KALTE STERNE. Foi a primeira canção do reportório neubauteniano a abordar o esoterismo cósmico. Desde 1980 que não era tocada ao vivo. Esta digressão recuperou-a do baú. Bela altura para o fazerem.
LOJA NEUBAUTEN. O hall do Grande Auditório mais parecia a loja de souvenirs de um museu. Parece estranho, para um grupo que começou dadá e situacionista, mas, ora bolas, tanta coisa boa que havia para trazer.
METAL. As percussões em materiais metálicos, com frequências particularmente agudas, estiveram omnipresentes, especialmente na primeira parte.
NO BEAUTY WITHOUT NO DANGER. Um dos rombos no bolso de ontem à noite. É uma biografia do grupo limitada a 500 exemplares e destinada exclusivamente ao público dos concertos e aos "supporters" inscritos no neubauten.org. As primeiras leituras revelam que o trabalho promete ser bastante interessante.
OPUS. Não foi bem uma opus, mas havia que aproveitar o espaço deixado em aberto na letra O. Grundstück, o tema tocado no encore, é monumental. Ao longo de mais de 25 minutos, são exploradas as mais diversas facetas do grupo, em vários andamentos que vão do minimalismo tribal com que começou até aos radicalismos que põem em risco os sistemas sonoros, não deixando também de jogar amiúde com os silêncios, como o grupo aprendeu a fazer nos últimos tempos. Faz parte da colecção de quatro discos exclusivos das digressões e dos supporters.
PERPETUUM MOBILE. Servido numa magnífica e intensa versão longa, o tema que dá o nome ao último álbum, contou com a participação de... Rui Jorge. Sim, o lateral esquerdo do Sporting foi apanhado no zapping que Blixa ia fazendo, neste tema, com o seu pequeno transístor. "Temos todas as condições para passar esta eliminatória" e -- zás! -- começa a descarga sonora das percussões iniciais.
Q. Q não é uma letra neubautiana.
RUDI MOSER. Com alguém como Rudi Moser nos Neubauten, quase não se sente a falta de F.M. Einheit e não é por ele até ter traços visuais semelhantes ao antigo terrorista-chefe do grupo. É, sem sombra de dúvida, a melhor aquisição do actual plantel dos Neubauten.
SALAMANDRINA. Eu morro de cada vez que ouço "Zalamandrrina, lalala, Zalamandrrina, lalaa"...
TECLISTA CONVIDADO. Saía completamente do quadro...
UNRUH, ANDREW. É um génio desde há, pelo menos, 25 anos. Toda a vertente industrial e percussiva continua a passar por ele, ainda que Rudi Moser (ver mais acima) rapidamente tenha aprendido a saber estar no grupo. A dada altura, desapareceu para pouco depois surgir na plateia, correndo pelos degraus das coxias arrastando uma série de estridentes caixas vazias de tinta pelo chão do CCB.
VOZ DO OPERÁRIO. As comparações foram inevitáveis. Tivesse o concerto de ontem ocorrido na Voz do Operário, espaço que Blixa Bargeld evocou logo ao início, e teria sido muito diferente.
W. Ver Q.
X. Ver W.
YÜ GUNG (FÜTTER MEIN EGO). Foi assim que começou. A abrir. Mas ninguém se levantou.
ZNS. Zentral Nervensystem. Já que não houve espaço para movimentações do corpo, foi sobre o sistema nervoso que recaiu todo o impacto das explosões que deflagravam no palco. Es tanzt das Zet-En-Es!

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