A cobertura mediática dos festivais de Verão tem vindo a crescer. É natural. Há cada vez mais festivais, há cada vez mais público (bilhetes e passes esgotam cada vez com maior frequência, mesmo em tempo de crise), parece haver cada vez mais investimento das marcas, etc. A exposição mediática é tal que, hoje em dia, e nas faixas etárias mais jovens, deverá ser motivo para alguma ostracização social não ir aos festivais mais badalados.
Na generalidade dos casos, essa tal cobertura mediática continua a restringir-se a dois ou três tipos de formatos. Primeiro, a tradicional cobertura em modo de crítica aos eventos, com reportagens aos concertos escritas ou relatadas por especialistas, por vezes muito boas, por vezes muito fracas, muito convencionais, muito conservadoras. Segundo, nas televisões e em publicações menos sérias, a cobertura de aspetos mais sociais do evento, ignorando ou deturpando até o que se passa em palco e sempre no mesmo tom, sempre com a mesma fórmula. Há ainda um terceiro formato, cada vez mais em voga, que é aquele que decorre, por ligação direta, das agendas das marcas envolvidas nos eventos. Mas desse nem vale a pena escrever mais uma palavra que seja.
Mais do que isto, convenhamos, é coisa rara. Não há tradição de jornalismo assente num pouco mais de investigação, de cobertura de aspetos nunca ou raramente tratados. Ainda há dias,
aqui me referia ao facto de pouco se falar, por cá, do funcionamento da indústria discográfica, por exemplo.
As coisas raras merecem, por isso mesmo, serem destacadas. É o que acontece com esta peça assinada pela jornalista Nídia Faria, que hoje aparece na edição do Público:
Os jovens que arriscam entrar à borla nos festivaisContudo, apesar da PSP no local, houve quem entrasse à borla no Alive. Paulo, Catarina e João enganaram a segurança. Têm vinte e poucos anos e acham que, em tempo de crise, é no poupar que está o ganho.