segunda-feira, 31 de agosto de 2009
A Jojo's está maior
A Jojo's Music / cdgo.com já chegou às três décadas de vida e a comemoração foi feita com o alargamento do espaço a todo o prédio que a loja ocupa na rua de Cedefeita. Na mais antiga loja de música do Porto há agora muito espaço não só para os discos, nos diferentes formatos, novos e usados, mas também para livros, DVDs, merchandising, raridades e, claro, actuações ao vivo.
Charadas #488
(Começa aqui, tantos meses depois, nova série de charadas. Como sempre, um ponto para quem acertar primeiro e acaba aos 10.)
Cápsula nostálgica de Verão (notas finais)
1. Já chega. O exercício de nostalgia facilmente se deixa resvalar para terrenos da futilidade, se o deixarmos. Já diz a sabedoria popular que "dias passados, fogueiras mortas; quem os recorda, revolve cinzas".
2. Fica aqui uma nota de agradecimento ao José F. Pinheiro, quase de certeza o realizador português com mais telediscos no seu portfólio. Mais, ao contrário do que é habitual, não se deixou ficar com o trabalho encerrado na gaveta e tem vindo a disponibilizar, sem parar, a sua obra, imagens fundamentais para recordarmos e percebermos o que foi a evolução da música moderna portuguesa dos anos 90 para cá. Há que agradecer também ao utilizador PORTUGALMETAL pelo volume imenso de telediscos que tem vindo a colocar no youtube e que em muito serviram estas 40 cápsulas que aqui tivemos.
3. Por fim, uma pequena nota de reflexão (ou de mera constatação, quanto mais não seja). Nestas 40 cápsulas, cantava-se em português em 32 delas, em inglês em quatro (e numa era porque se tratava de uma versão), em francês numa, restando ainda dois instrumentais. Como é que este cenário se inverteu por completo, de um momento para o outro, é uma questão que continua a não ter resposta fácil. Talvez os novos rockers baptistas consigam baralhar as cartas de novo e mudar o jogo na mesa. Se ficarem com esse mérito, já valeram a pena.
2. Fica aqui uma nota de agradecimento ao José F. Pinheiro, quase de certeza o realizador português com mais telediscos no seu portfólio. Mais, ao contrário do que é habitual, não se deixou ficar com o trabalho encerrado na gaveta e tem vindo a disponibilizar, sem parar, a sua obra, imagens fundamentais para recordarmos e percebermos o que foi a evolução da música moderna portuguesa dos anos 90 para cá. Há que agradecer também ao utilizador PORTUGALMETAL pelo volume imenso de telediscos que tem vindo a colocar no youtube e que em muito serviram estas 40 cápsulas que aqui tivemos.
3. Por fim, uma pequena nota de reflexão (ou de mera constatação, quanto mais não seja). Nestas 40 cápsulas, cantava-se em português em 32 delas, em inglês em quatro (e numa era porque se tratava de uma versão), em francês numa, restando ainda dois instrumentais. Como é que este cenário se inverteu por completo, de um momento para o outro, é uma questão que continua a não ter resposta fácil. Talvez os novos rockers baptistas consigam baralhar as cartas de novo e mudar o jogo na mesa. Se ficarem com esse mérito, já valeram a pena.
domingo, 30 de agosto de 2009
E se um dia...
...me perguntarem quem são os melhores DJs da noite lisboeta, os que fazem a maior festa, eu responderei Irmãos Makossa. Paolo e Nelson Makossa, muito afrobeat, muito soukous, muito makossa, muitos motivos para libertar suor pela noite fora.
sábado, 29 de agosto de 2009
Cápsula nostálgica de Verán, nº 41
Os Resentidos, "Galicia Canibal (Fai un Sol de Carallo)" (1986)
(Esquecín esta pérola de Antón Reixa e compañia nas cápsulas dos anos 80, alí atrás. Eran galegos? Pois ben, eran como portugueses e se cadra ata máis do que moitos outros...)
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Amanhã, sábado, no CCB: Seun Kuti!
(Seun Kuti no FMM, há três anos.)
Cápsula nostálgica de Verão, nº40
Refundidos, "Eu Quero Ser o Teu Cão", 1992(?)
(Nunca passaram deste tema que toda a malta de Lisboa conhecia...)
Fim-de-semana de Ritual
O evento de rock português mais notável e mais longínquo do país começa hoje. À 18ª edição, as Noites Ritual vão levar aos jardins do Palácio de Cristal, no Porto, Deolinda, Dead Combo, Foge Foge Bandido, Noiserv, One Mand Hand e Peltzer (hoje), e Mão Morta, Blind Zero, Os Pontos Negros, Hot Pink Abuse, Andrew Thorn e Paul da Silva (amanhã). A entrada é livre. Mais informações em www.noitesritual.com/nr2009/.
Cápsula nostálgica de Verão, nº39
Flávio com F de Folha, "Sonhos Automáticos", 1992 (Pop-Off, real. José F. Pinheiro)
(Olhem aí Madchester por cá... Os Flávio com F de Folha voltaram mais tarde sob a designação Supernova.)
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
The Very Best vs Architecture in Helsinki e vice-versa
Os The Very Best, de Radioclit e Essau Mwamwaya, que têm álbum aí a aparecer (pré-encomenda via Rough Trade), pegaram no magnírico "Heart It Races", dos Architecture in Helsinki, e fizeram o não menos magnífico "Kamphopo", que aparecia na mixtape com que surgiram ao mundo. Agora, foi ao contrário. Os AiH pegaram no novo "Warm Heart of Africa", single que dá o tema ao álbum dos TVB, e remisturaram-no (eu diria mais: fizeram uma versão nova). Tiraram-lhe a voz de Ezra Koenig, dos Vampire Weekend, mas ficou, ainda assim, brilhante:
Warm Heart Of Africa (Architecture In Helsiniki Remix) - The Very Best
Download this Mp3 @ Booster MP3
Warm Heart Of Africa (Architecture In Helsiniki Remix) - The Very Best
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Rock'n'chili no Barreiro
Ainda estamos a dois ou três meses do Barreiro Rocks, mas alguma da malta que todos os anos o organiza tem já uma proposta com sabor a irresistível para o próximo sábado. Sabor a irresistível e sabor aos grelhados e ao picante do chili que Los Santeros, o trio local de mexicanos postiços e chanfrados, vão servir ao público, num dia com rock, cante alentejano, quermesses e tudo. É o II Grande Arraial da Juventude e realiza-se no ringue da Avenida da Praia. É este o programa dos concertos:
17h - Ninjas!
18h - Grupo Coral Alentejano "Os Unidos do Lavradio"
19h - Los Santeros (com chili)
22h - Chicken Mithyc
23h - Traumático Desmame
00h - Los Santeros (sem chili)
(Actualização: faltou dizer que a entrada é livre.)
17h - Ninjas!
18h - Grupo Coral Alentejano "Os Unidos do Lavradio"
19h - Los Santeros (com chili)
22h - Chicken Mithyc
23h - Traumático Desmame
00h - Los Santeros (sem chili)
(Actualização: faltou dizer que a entrada é livre.)
Cápsula nostálgica de Verão, nº38
Tina and the Top Ten, "Looking at the Sick Pearl" (1992)
Cápsula nostálgica de Verão, nº37
Três Tristes Tigres, "O Mundo a Meus Pés", 1993 (Real. José F. Pinheiro)
(Uma voz, Ana Deus, uma poetisa, Regina Guimarães, e um grupo que devia ter ganho outro papel mais importante e mais frequente na pop nacional. Desapareceu quando não devia, tal como o som que desaparece a meio do vídeo.)
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Cápsula nostálgica de Verão, nº36
(Desta vez, não é um teledisco, mas um texto do Jorge P. Pires a propósito do Pop-Off -- ele era um dos guionistas do programa --, que aqui aproveito para recuperar. Este texto surge também na Enciclopédia da Música Ligeira Portuguesa, dirigida por Luís Pinheiro de Almeida e João Pinheiro de Almeida, e editada em 1998 pelo Círculo de Leitores.)
POP-OFF
O magazine «Pop-Off» foi emitido pela RTP-2 entre Setembro de 1990 e Agosto de 1993, e foi um dos programas que marcaram a imagem e o sentido da produtora independente Latina-Europa, a par do programa infantil «Ícaro» e do magazine juvenil «Lentes de Contacto», entre outras produções. Intencionalmente dedicado à moderna música urbana portuguesa, o «Pop-Off» foi contratado pela RTP - na época em que o responsável pelo Departamento de Programas Musicais e Recreativos era José Nuno Martins - a uma nova empresa de produção televisiva, fundada em 1987 por Paulo Miguel Forte e António Saraiva, que, além da experiência recolhida junto de algumas empresas congéneres europeias, eram já responsáveis por alguma animação no panorama musical da RTP, sendo autores dos primeiros videoclips dos Madredeus e de Júlio Pereira (Paulo Miguel Forte), ou dos Mler Ife Dada (A. Saraiva). A Latina-Europa estreou no Verão de 1989 a sua primeira produção para a RTP, o magazine «Lusitânia Expresso», que além das produções originais incluía blocos de programação consignados por outras produtoras independentes europeias, com as quais a Latina-Europa estabelecera convénios. Com o «Lusitânia Expresso», a RTP abriu-se pela primeira vez à influência das estéticas alternativas em televisão, e exibiu obras paradigmáticas da estética videográfica - como as do polaco Zbig Rybczynski - intercaladas por pequenas ficções, videoclips e curtos documentários sobre a nova geração das artes nacionais, produzidos e realizados por Paulo Miguel Forte e António Saraiva. Ficaram aí registados os primeiros audiovisuais sobre autores como o fotógrafo Daniel Blaufuks, ou o poeta Al Berto. Na sequência do «Lusitânia Expresso», aclamado por críticos tão impenitentes como o decano Mário Castrim, a Latina-Europa conseguiu junto da RTP, em 1990, contratos para novas produções.
O contrato do «Pop-Off» impunha a regularidade de produção de um videoclip original por emissão. Os apresentadores eram Gimba (Eugénio Lopes) e Sofia Morais, uma adolescente que fôra vista pela primeira vez nos estúdios da Latina-Europa enquanto figurante no primeiro videoclip dos Sétima Legião, realizado por António Gutierres. Os textos - cuja elaboração foi inicialmente proposta por José Nuno Martins a João Gobern e José Matos Cristovão - eram de Rui Monteiro, que nesse ano se tornara director do semanário «Blitz». A realização, inicialmente de Paulo Miguel Forte e António Saraiva, ao longo dos meses seguintes foi progressivamente confiada a José Pinheiro e Bruno Niel Costa - o primeiro vinha de um Curso de Formação na RTP; o segundo, francês e ex-estudante universitário de Artes e Estética, com alguma experiência em video, residia há pouco tempo em Lisboa desde que se casara com uma portuguesa.
Desde o início, o programa marcou a diferença. Primeiro pela inacreditável irreverência de Gimba - que, além de apresentador, era também o entrevistador de serviço, e certa vez ofereceu a Rui Reininho 500 escudos para um corte de cabelo novo, pormenor apenas digno de registar devido à reacção gelada do cantor dos GNR. Depois pelo registo de reportagem de rua conseguido por José Pinheiro e Bruno Niel (por vezes em situações quase inacreditáveis), o qual permitia a espontaneidade neste primeiro contacto com a nova geração de músicos - até aí sobretudo mediatizados pelos jornais e pela rádio. Finalmente, pela prossecução e desenvolvimento da estética visual antes experimentada no «Lusitânia Expresso», talvez o melhor trunfo da Latina-Europa, que a dada altura era a única produtora televisiva em Lisboa a dispôr da tecnologia necessária para a obtenção de semelhantes resultados visuais e gráficos no écran televisivo.
A meio da Primavera de 1991, a emissão do videoclip «A Minha Sogra É Um Boi», do grupo Mata-Ratos (realizado por Diamantino Ferreira, que trabalhava com Paulo Miguel Forte no programa «Ícaro») provocou a ira de José Nuno Martins e dos responsáveis da RTP por esta canção incluir a frase «Chutou-me os colhões». Este episódio veio introduzir alguns factores de tensão na Latina-Europa (particularmente porque, apesar de diversos episódios do «Pop-Off» já terem sido emitidos, o contrato do programa ainda não havia sido assinado - e assim a produtora não recebera ainda qualquer pagamento), depois agravados com o mini-folhetim «Cázé Duarte», a história de um artista de subúrbio que quer brilhar na grande cidade. A história, escrita por Rui Monteiro e improvisada por Gimba e por toda a equipa da Latina-Europa (a banda de Cázé Duarte, Os Fatelas, era constituída por Elvis Veiguinha, Manuel Amaro da Costa, realizador do «Lentes de Contacto», Diamantino Ferreira e José Pinheiro) em episódios de 5 minutos por emissão, teve o seu público mas não estava prevista no contrato do programa. O posterior desentendimento entre Paulo Miguel Forte e Rui Monteiro levou à demissão deste. Desde então tornaram-se mínimas as referências às actividades da Latina-Europa nas páginas do «Blitz», embora mais tarde Gimba tenha vindo a colaborar no jornal durante um certo período. Nos tempos seguintes, os textos do programa passaram a ser escritos por Gimba, com a colaboração de Henrique Amaro (então adolescente e locutor de rádio numa estação dos arredores de Lisboa) durante dois meses.
Quando, no entanto, a RTP renovou o contrato do programa por mais um ano, Paulo Miguel Forte convidou o jornalista ( e ex-estudante de Filosofia) Jorge Pires a ocupar-se do programa - o que, para este, significava um regresso à Latina-Europa, que conhecera na fase inicial do «Lusitânia Expresso», cujos textos da primeira série escrevera a partir da oitava emissão, após desistência de Inês Pedrosa, embora o seu nome nunca fosse creditado no genérico do programa (escrevera também o guião da curta-metragem «Body-Chip», realizada por Paulo Miguel Forte e interpretada pelo modelo Ricardo Carriço no seu primeiro desempenho como actor). A sua primeira tarefa, no final de Agosto, consistiu em estruturar o guião de uma reportagem sobre o Rock Rendez-Vous, para a qual Gimba e Henrique Amaro haviam recolhido diversos depoimentos. Quase em simultâneo com Jorge Pires, entraram também para a equipa do «Pop-Off» o músico Tiago Lopes, dos Golpe de Estado (e ex-Linha Geral), que passou a assegurar a sonoplastia do programa, e João Marchante, finalista da Escola Superior de Cinema, que ali colaborou entre Setembro de 1991 e Março de 1992.
Entretanto, as alterações sentidas no meio musical português no início da década de 90 encontravam o seu veículo ideal de expressão: novas editoras independentes, edições de autor, projectos musicais ainda não publicados (como os participantes no concurso de novas bandas organizado pela Câmara Municipal de Lisboa), encontravam no «Pop-Off» um meio de expressão à sua altura. Por isso, o programa passou a preterir o contacto com as editoras em favor do relacionamento directo com os músicos, assumindo por inteiro a sua dupla estratégia: adquirir um estatuto sólido de impulsionador da cena musical, enquanto revelava a actualidade de um mercado discográfico nacional cujos limites se iam progressivamente alargando. O programa introduziu igualmente as formas e a estética de um programa completamente alternativo, que pulverizava os géneros musicais e não se coibia de incluir uma entrevista com o acordeonista Quim Barreiros (no que foi, aliás, pioneiro na televisão portuguesa) ao lado de um videoclip com uma nova e absolutamente desconhecida banda de heavy-metal portuguesa, ou apontamentos de reportagem sobre as profissões adjacentes: os «roadies», os produtores, os radialistas, etc. Além dos textos, as entrevistas e reportagens do programa passaram a ser feitas por Jorge Pires, e o papel da apresentadora Sofia Morais foi reconduzido no sentido da criação de uma figura virtual, puramente videográfica - mas, graças aos excelentes dotes de interpretação de Sofia Morais, capaz de assumir diferentes personalidades e formas. A ideia foi aperfeiçoada a partir da Primavera de 1992, com a caracterização de Alda Salavisa e a colaboração de Cristina Duarte, que passou a assegurar o «styling».
Em Fevereiro de 1992, José Pinheiro interrompeu por algumas semanas as suas funções no «Pop-Off» para acompanhar a romântica viagem até Timor de um navio curiosamente chamado «Lusitânia Expresso»; as muitas horas de reportagem que então obteve permanecem até hoje inéditas. Em Maio desse ano, Bruno Niel Costa abandonou a Latina-Europa para integrar temporariamente o Departamento de Promoções da RTP. O seu último trabalho para o «Pop-Off» foi «B.A.D.», um videoclip dos Zirkus Maximus (uma efémera banda da Azambuja) que foi parcialmente filmado junto dos altos fornos da Siderurgia Nacional e contou com a colaboração da bailarina Mónica Lapa e do actor Duarte Barrilaro Ruas. António Forte, ex-baterista dos Emílio e a Tribo do Rum e dos Osso Exótico, e também ex-assistente de realização do «Ícaro» (que entretanto terminara) juntou-se então à equipa do «Pop-Off» - a par de João Pedro Gomes, ex-estudante da Escola António Arroio e também radialista numa estação dos arredores de Lisboa, que passou a ser o infografista do programa, em substituição do original Zeb.
Ao longo do tempo, cada alteração na equipa do programa teve consequências mais ou menos subtis. A entrada de João Pedro Gomes ocorreu em Junho de 1992, e ficou assinalada pela elaboração de uma «emissão em brasileiro» (onde a voz de João Pedro dobrava a de Sofia Morais, e que foi parcialmente filmada no lote de terreno deixado vazio após a demolição do Rock Rendez-Vous), com que a equipa decidiu saudar a simultânea abertura dos trabalhos da conferência mundial ECO-92 no Rio de Janeiro. Um segundo programa dedicado à ECO-92 foi, na semana seguinte, filmado junto às poluídas margens do rio Trancão, perto de Moscavide. Esta emissão praticamente inaugurou a fase dos «programas de tema», com cuja construção a equipa se ocupou ao longo do Verão e do Outono seguintes: um «Pop-Off policial», um «Pop-Off Side» (em ‘blague’ aos programas desportivos da RTP), um «Pop-Off Star Trek», um «Pop-Off dos Milhões» (‘blague’ aos concursos televisivos), ou um «Pop-Off no ano 2012» são apenas alguns exemplos. A entrada para a equipa de Nuno Tudela, estagiário do Curso Superior de Cinema do Conservatório, foi assinalada pela criação de um «Pop-Off Twin Peaks», para o qual os textos de Jorge Pires foram reescritos com as sílabas em ordem inversa, para que Sofia Morais os lesse nessas condições. A gravação video de Sofia Morais foi depois lida em retrocesso e copiada para um segundo gravador video, de modo a que o estranho resultado final da apresentação se assemelhasse à fala do anão na popular série televisiva realizada por David Lynch. O assistente de realização Jesus Roque, que viria mais tarde a gozar de grande destaque como «o figurante desconhecido», foi também contratado nesta época, bem como Maria João Wolmar, que veio substituir Teresa Albuquerque na assistência de produção.
No início de Setembro, por consulta ocasional de uma revista que continha a programação da RTP-Internacional (que estreara as suas emissões no início de Agosto desse ano), a equipa descobriu que o programa estava a ser emitido semanalmente via satélite, embora num horário diferente (aos domingos à tarde, de acordo com o tempo médio de Greenwich, e era actualmente visto na Madeira e nos Açores.
Faltavam duas semanas para o início das emissões regulares da estação privada SIC quando o «Pop-Off» celebrou a sua centésima emissão, com um programa dos mais arrojados, que incluía uma extensa entrevista com o vocalista dos Ena Pá 2000, Manuel João Vieira. O delírio valeu à equipa uma reportagem do «Diário de Notícias», porque uma jornalista vira a emissão às 2 e meia da manhã (o horário para que a RTP remetera o programa) e ficara curiosa, porque pensava tratar-se de uma estação de televisão pirata. Quando publicada, a reportagem acabaria porém por divulgar diversa informação truncada. Na noite anterior à estreia da SIC, o «Pop-Off» teve uma das suas mais radicais emissões, iniciada com uma mira técnica igual à daquela estação, mas alterada de forma a ler-se «BIC», e dedicada a Nossa Senhora de Fátima: Sofia Morais, nesse papel, voava como o Super-Homem, calçava uns ténis com meias às riscas (como as da Pippi das Meias Altas) e dava conselhos a dois pastorinhos que nunca se fartavam de ver televisão debaixo de uma azinheira, interpretados por João Pedro Gomes e Jesus Roque.
Estimulado pelo facto de estar a ser difundido por satélite, foi neste período que o «Pop-Off» se tornou mais declaradamente semiótico e experimentalista, manipulando e subvertendo os códigos normais de significado, e procurando levar ao ridículo a ideia de que a comunicação televisiva atinge as pessoas no seu último reduto - o lar - e, graças a alguns processos que não cabe aqui enumerar, em regra provoca nelas um efeito perverso: o de ser sucessivamente interpretada como "verdadeira". Se alguma coisa aparece na televisão, não pode ser mentira - e assim, a par de videoclips, reportagens e entrevistas no mais puro estilo realista (todas as entrevistas e reportagens do programa sempre foram feitas «live on tape» e ao primeiro take) e elementos declaradamente falsos e erróneos. Um dos momentos mais apreciados pela equipa foi a produção de um videoclip dos "Fake No More" (com letra de Jorge Pires, música de Tiago Lopes e vocalização de João Pedro Gomes), uma banda inexistente que reunia quase todos os pequenos defeitos e «clichés» das bandas portuguesas. Outro momento célebre aconteceu no programa 110 (emitido a 25.11.92), concebido como um filme mudo e antigo, com intertítulos, saltos e riscos na película.
Quando, em Novembro de 1992, a RTP difundiu, num noticiário da hora de almoço, as primeiras imagens do massacre no cemitério de Santa Cruz, em Dili, a equipa do programa reuniu-se de emergência e concebeu uma resposta imediata, que surgiu na forma de videoclip, com música de Tiago Lopes e letra do rapper General D, naquela que foi a sua segunda intervenção televisiva (a primeira ocorreca exactamente durante uma reportagem do programa com os «rappers» de Miraflores. Oferecido ao noticiário da RTP, o clip seria recusado com uma desculpa fraca, de que o jornalista João Dias Miguel deu conta em notícia publicada no matutino «Público».
Num texto escrito por Jorge Pires e divulgado pela equipa por altura da sua centésima edição, proclamava-se que «Quantos aos lançamentos editoriais das grandes editoras, habituámo-nos a falar com os músicos antes e durante o seu trabalho. Não depois. O princípio do realismo fez-nos preferir que as pessoas falem francamente daquilo que tentam construir, e dos problemas que defrontam para o fazer. Existem outros programas de televisão onde se pode fazer melhor figura e vender mais discos. É possível manter e amplificar a ficção de que existe um país cheio de músicos, que estão cheios de ideias novas. É possível oferecer liberdade de expressão aos músicos portugueses; o Pop-Off nunca se limitou a ser um programa "de rock"; é um programa de música. É possível oferecer aos espectadores a visão do que acontece nas grandes noites dos pequenos concertos, e descobrir o que é que anima toda esta gente que deseja ser músico e ter uma banda. Se tudo isto está a acontecer na televisão, é porque é verdade». Todo este jogo com o sentido e o significado de um programa sobre música moderna portuguesa ajudou a criar códigos e uma identidade própria, bem como um público de culto, que anos depois ainda recordava os melhores momentos. Para isso também contribuiu o lado "verdadeiro" do programa: em 1992/1993 o POP-OFF acompanhou várias histórias com meses de antecedência em relação à imprensa (casos dos álbuns dos Xutos e Pontapés e dos Zero), efectuou várias incursões em reportagem no «país real» (Açores, Porto, Vila do Conde, Ovar, Braga, Évora e Viseu), e conseguiu garantir um razoável equilíbrio na informação sobre as chamadas "bandas de primeira linha" e sobre os grupos completamente desconhecidos do grande público. Ao mesmo tempo, a temática nem sempre se concentrou exclusivamente na música: entrevistaram-se escritores, autores de banda desenhada, editores, radialistas, engenheiros de som, produtores de espectáculos, "roadies", "managers" e, por diversas vezes, público anónimo. Foram várias as bandas reveladas pelo programa, e que graças a ele conseguiram contratos para edição discográfica, quando as editoras perceberam que determinadas canções já tinham um público conhecedor, que as entoava durante os concertos de bandas que não haviam gravado ainda nenhum disco - citem-se os casos dos Ramp, dos LX-90 e dos Braindead.
No seu último ano, e apesar de seleccionado para a RTP-Internacional, o «Pop-Off» não voltou a beneficiar de um contrato de produção anual; em vez disso, teve contratos de 13 episódios, que foram sucessivamente renovados até findarem em Agosto de 1993. Ao longo dos seus três anos de emissão, o «Pop-Off» coleccionou um bonito livro de recortes, repleto de críticas e referências elogiosas na imprensa mas que, na maior parte das vezes, eram completamente alheios ao contexto e aos objectivos da equipa do programa. Melhores momentos: as referências elogiosas feitas pela revista alemã "Metronom", e a reportagem feita em Fevereiro de 1992 pelo programa "Boomerang" da FR3 (Marselha), cuja equipa se deslocou ao estúdio da Latina-Europa e acompanhou um dia na vida do programa.
O programa 133, e último, foi emitido em Agosto de 1993. Era construído como uma ‘blague’ em torno do filme «Terminator 2», com Arnold Schwarzenegger, e, no termo de uma aventura de acção com a esfuziante Sofia Morais e os diversos elementos da equipa do programa (alguns disfarçados de Ninjas para um breve apontamento de «filme kung-fu» - uma das ideias, neste caso de Tiago Lopes, que nunca se concretizaram), o andróide maligno era derrotado. As suas últimas palavras: «I’ll be back». Desde então, a equipa do programa não voltou a reunir-se.
José Pinheiro - seguramente o maior autor português de videoclips, e responsável por boa parte da imagem da música popular portuguesa na entrada dos anos 90 - prosseguiu a sua carreira como realizador video, bem como Bruno Niel e António Forte, tendo estes últimos, em épocas diferentes, adaptado a linguagem visual ensaiada no «Pop-Off» ao magazine televisivo de moda «86-60-86». Sofia Morais prosseguiu carreira como locutora da estação de rádio XFM, tendo feito aparições esporádicas em programas da RTP. Gimba tornou-se posteriormente um dos fundadores dos Irmãos Catita, e em 1997 publicou o seu primeiro trabalho em nome próprio, após duas décadas de colaboração com os mais diversos grupos e projectos musicais.
POP-OFF
O magazine «Pop-Off» foi emitido pela RTP-2 entre Setembro de 1990 e Agosto de 1993, e foi um dos programas que marcaram a imagem e o sentido da produtora independente Latina-Europa, a par do programa infantil «Ícaro» e do magazine juvenil «Lentes de Contacto», entre outras produções. Intencionalmente dedicado à moderna música urbana portuguesa, o «Pop-Off» foi contratado pela RTP - na época em que o responsável pelo Departamento de Programas Musicais e Recreativos era José Nuno Martins - a uma nova empresa de produção televisiva, fundada em 1987 por Paulo Miguel Forte e António Saraiva, que, além da experiência recolhida junto de algumas empresas congéneres europeias, eram já responsáveis por alguma animação no panorama musical da RTP, sendo autores dos primeiros videoclips dos Madredeus e de Júlio Pereira (Paulo Miguel Forte), ou dos Mler Ife Dada (A. Saraiva). A Latina-Europa estreou no Verão de 1989 a sua primeira produção para a RTP, o magazine «Lusitânia Expresso», que além das produções originais incluía blocos de programação consignados por outras produtoras independentes europeias, com as quais a Latina-Europa estabelecera convénios. Com o «Lusitânia Expresso», a RTP abriu-se pela primeira vez à influência das estéticas alternativas em televisão, e exibiu obras paradigmáticas da estética videográfica - como as do polaco Zbig Rybczynski - intercaladas por pequenas ficções, videoclips e curtos documentários sobre a nova geração das artes nacionais, produzidos e realizados por Paulo Miguel Forte e António Saraiva. Ficaram aí registados os primeiros audiovisuais sobre autores como o fotógrafo Daniel Blaufuks, ou o poeta Al Berto. Na sequência do «Lusitânia Expresso», aclamado por críticos tão impenitentes como o decano Mário Castrim, a Latina-Europa conseguiu junto da RTP, em 1990, contratos para novas produções.
O contrato do «Pop-Off» impunha a regularidade de produção de um videoclip original por emissão. Os apresentadores eram Gimba (Eugénio Lopes) e Sofia Morais, uma adolescente que fôra vista pela primeira vez nos estúdios da Latina-Europa enquanto figurante no primeiro videoclip dos Sétima Legião, realizado por António Gutierres. Os textos - cuja elaboração foi inicialmente proposta por José Nuno Martins a João Gobern e José Matos Cristovão - eram de Rui Monteiro, que nesse ano se tornara director do semanário «Blitz». A realização, inicialmente de Paulo Miguel Forte e António Saraiva, ao longo dos meses seguintes foi progressivamente confiada a José Pinheiro e Bruno Niel Costa - o primeiro vinha de um Curso de Formação na RTP; o segundo, francês e ex-estudante universitário de Artes e Estética, com alguma experiência em video, residia há pouco tempo em Lisboa desde que se casara com uma portuguesa.
Desde o início, o programa marcou a diferença. Primeiro pela inacreditável irreverência de Gimba - que, além de apresentador, era também o entrevistador de serviço, e certa vez ofereceu a Rui Reininho 500 escudos para um corte de cabelo novo, pormenor apenas digno de registar devido à reacção gelada do cantor dos GNR. Depois pelo registo de reportagem de rua conseguido por José Pinheiro e Bruno Niel (por vezes em situações quase inacreditáveis), o qual permitia a espontaneidade neste primeiro contacto com a nova geração de músicos - até aí sobretudo mediatizados pelos jornais e pela rádio. Finalmente, pela prossecução e desenvolvimento da estética visual antes experimentada no «Lusitânia Expresso», talvez o melhor trunfo da Latina-Europa, que a dada altura era a única produtora televisiva em Lisboa a dispôr da tecnologia necessária para a obtenção de semelhantes resultados visuais e gráficos no écran televisivo.
A meio da Primavera de 1991, a emissão do videoclip «A Minha Sogra É Um Boi», do grupo Mata-Ratos (realizado por Diamantino Ferreira, que trabalhava com Paulo Miguel Forte no programa «Ícaro») provocou a ira de José Nuno Martins e dos responsáveis da RTP por esta canção incluir a frase «Chutou-me os colhões». Este episódio veio introduzir alguns factores de tensão na Latina-Europa (particularmente porque, apesar de diversos episódios do «Pop-Off» já terem sido emitidos, o contrato do programa ainda não havia sido assinado - e assim a produtora não recebera ainda qualquer pagamento), depois agravados com o mini-folhetim «Cázé Duarte», a história de um artista de subúrbio que quer brilhar na grande cidade. A história, escrita por Rui Monteiro e improvisada por Gimba e por toda a equipa da Latina-Europa (a banda de Cázé Duarte, Os Fatelas, era constituída por Elvis Veiguinha, Manuel Amaro da Costa, realizador do «Lentes de Contacto», Diamantino Ferreira e José Pinheiro) em episódios de 5 minutos por emissão, teve o seu público mas não estava prevista no contrato do programa. O posterior desentendimento entre Paulo Miguel Forte e Rui Monteiro levou à demissão deste. Desde então tornaram-se mínimas as referências às actividades da Latina-Europa nas páginas do «Blitz», embora mais tarde Gimba tenha vindo a colaborar no jornal durante um certo período. Nos tempos seguintes, os textos do programa passaram a ser escritos por Gimba, com a colaboração de Henrique Amaro (então adolescente e locutor de rádio numa estação dos arredores de Lisboa) durante dois meses.
Quando, no entanto, a RTP renovou o contrato do programa por mais um ano, Paulo Miguel Forte convidou o jornalista ( e ex-estudante de Filosofia) Jorge Pires a ocupar-se do programa - o que, para este, significava um regresso à Latina-Europa, que conhecera na fase inicial do «Lusitânia Expresso», cujos textos da primeira série escrevera a partir da oitava emissão, após desistência de Inês Pedrosa, embora o seu nome nunca fosse creditado no genérico do programa (escrevera também o guião da curta-metragem «Body-Chip», realizada por Paulo Miguel Forte e interpretada pelo modelo Ricardo Carriço no seu primeiro desempenho como actor). A sua primeira tarefa, no final de Agosto, consistiu em estruturar o guião de uma reportagem sobre o Rock Rendez-Vous, para a qual Gimba e Henrique Amaro haviam recolhido diversos depoimentos. Quase em simultâneo com Jorge Pires, entraram também para a equipa do «Pop-Off» o músico Tiago Lopes, dos Golpe de Estado (e ex-Linha Geral), que passou a assegurar a sonoplastia do programa, e João Marchante, finalista da Escola Superior de Cinema, que ali colaborou entre Setembro de 1991 e Março de 1992.
Entretanto, as alterações sentidas no meio musical português no início da década de 90 encontravam o seu veículo ideal de expressão: novas editoras independentes, edições de autor, projectos musicais ainda não publicados (como os participantes no concurso de novas bandas organizado pela Câmara Municipal de Lisboa), encontravam no «Pop-Off» um meio de expressão à sua altura. Por isso, o programa passou a preterir o contacto com as editoras em favor do relacionamento directo com os músicos, assumindo por inteiro a sua dupla estratégia: adquirir um estatuto sólido de impulsionador da cena musical, enquanto revelava a actualidade de um mercado discográfico nacional cujos limites se iam progressivamente alargando. O programa introduziu igualmente as formas e a estética de um programa completamente alternativo, que pulverizava os géneros musicais e não se coibia de incluir uma entrevista com o acordeonista Quim Barreiros (no que foi, aliás, pioneiro na televisão portuguesa) ao lado de um videoclip com uma nova e absolutamente desconhecida banda de heavy-metal portuguesa, ou apontamentos de reportagem sobre as profissões adjacentes: os «roadies», os produtores, os radialistas, etc. Além dos textos, as entrevistas e reportagens do programa passaram a ser feitas por Jorge Pires, e o papel da apresentadora Sofia Morais foi reconduzido no sentido da criação de uma figura virtual, puramente videográfica - mas, graças aos excelentes dotes de interpretação de Sofia Morais, capaz de assumir diferentes personalidades e formas. A ideia foi aperfeiçoada a partir da Primavera de 1992, com a caracterização de Alda Salavisa e a colaboração de Cristina Duarte, que passou a assegurar o «styling».
Em Fevereiro de 1992, José Pinheiro interrompeu por algumas semanas as suas funções no «Pop-Off» para acompanhar a romântica viagem até Timor de um navio curiosamente chamado «Lusitânia Expresso»; as muitas horas de reportagem que então obteve permanecem até hoje inéditas. Em Maio desse ano, Bruno Niel Costa abandonou a Latina-Europa para integrar temporariamente o Departamento de Promoções da RTP. O seu último trabalho para o «Pop-Off» foi «B.A.D.», um videoclip dos Zirkus Maximus (uma efémera banda da Azambuja) que foi parcialmente filmado junto dos altos fornos da Siderurgia Nacional e contou com a colaboração da bailarina Mónica Lapa e do actor Duarte Barrilaro Ruas. António Forte, ex-baterista dos Emílio e a Tribo do Rum e dos Osso Exótico, e também ex-assistente de realização do «Ícaro» (que entretanto terminara) juntou-se então à equipa do «Pop-Off» - a par de João Pedro Gomes, ex-estudante da Escola António Arroio e também radialista numa estação dos arredores de Lisboa, que passou a ser o infografista do programa, em substituição do original Zeb.
Ao longo do tempo, cada alteração na equipa do programa teve consequências mais ou menos subtis. A entrada de João Pedro Gomes ocorreu em Junho de 1992, e ficou assinalada pela elaboração de uma «emissão em brasileiro» (onde a voz de João Pedro dobrava a de Sofia Morais, e que foi parcialmente filmada no lote de terreno deixado vazio após a demolição do Rock Rendez-Vous), com que a equipa decidiu saudar a simultânea abertura dos trabalhos da conferência mundial ECO-92 no Rio de Janeiro. Um segundo programa dedicado à ECO-92 foi, na semana seguinte, filmado junto às poluídas margens do rio Trancão, perto de Moscavide. Esta emissão praticamente inaugurou a fase dos «programas de tema», com cuja construção a equipa se ocupou ao longo do Verão e do Outono seguintes: um «Pop-Off policial», um «Pop-Off Side» (em ‘blague’ aos programas desportivos da RTP), um «Pop-Off Star Trek», um «Pop-Off dos Milhões» (‘blague’ aos concursos televisivos), ou um «Pop-Off no ano 2012» são apenas alguns exemplos. A entrada para a equipa de Nuno Tudela, estagiário do Curso Superior de Cinema do Conservatório, foi assinalada pela criação de um «Pop-Off Twin Peaks», para o qual os textos de Jorge Pires foram reescritos com as sílabas em ordem inversa, para que Sofia Morais os lesse nessas condições. A gravação video de Sofia Morais foi depois lida em retrocesso e copiada para um segundo gravador video, de modo a que o estranho resultado final da apresentação se assemelhasse à fala do anão na popular série televisiva realizada por David Lynch. O assistente de realização Jesus Roque, que viria mais tarde a gozar de grande destaque como «o figurante desconhecido», foi também contratado nesta época, bem como Maria João Wolmar, que veio substituir Teresa Albuquerque na assistência de produção.
No início de Setembro, por consulta ocasional de uma revista que continha a programação da RTP-Internacional (que estreara as suas emissões no início de Agosto desse ano), a equipa descobriu que o programa estava a ser emitido semanalmente via satélite, embora num horário diferente (aos domingos à tarde, de acordo com o tempo médio de Greenwich, e era actualmente visto na Madeira e nos Açores.
Faltavam duas semanas para o início das emissões regulares da estação privada SIC quando o «Pop-Off» celebrou a sua centésima emissão, com um programa dos mais arrojados, que incluía uma extensa entrevista com o vocalista dos Ena Pá 2000, Manuel João Vieira. O delírio valeu à equipa uma reportagem do «Diário de Notícias», porque uma jornalista vira a emissão às 2 e meia da manhã (o horário para que a RTP remetera o programa) e ficara curiosa, porque pensava tratar-se de uma estação de televisão pirata. Quando publicada, a reportagem acabaria porém por divulgar diversa informação truncada. Na noite anterior à estreia da SIC, o «Pop-Off» teve uma das suas mais radicais emissões, iniciada com uma mira técnica igual à daquela estação, mas alterada de forma a ler-se «BIC», e dedicada a Nossa Senhora de Fátima: Sofia Morais, nesse papel, voava como o Super-Homem, calçava uns ténis com meias às riscas (como as da Pippi das Meias Altas) e dava conselhos a dois pastorinhos que nunca se fartavam de ver televisão debaixo de uma azinheira, interpretados por João Pedro Gomes e Jesus Roque.
Estimulado pelo facto de estar a ser difundido por satélite, foi neste período que o «Pop-Off» se tornou mais declaradamente semiótico e experimentalista, manipulando e subvertendo os códigos normais de significado, e procurando levar ao ridículo a ideia de que a comunicação televisiva atinge as pessoas no seu último reduto - o lar - e, graças a alguns processos que não cabe aqui enumerar, em regra provoca nelas um efeito perverso: o de ser sucessivamente interpretada como "verdadeira". Se alguma coisa aparece na televisão, não pode ser mentira - e assim, a par de videoclips, reportagens e entrevistas no mais puro estilo realista (todas as entrevistas e reportagens do programa sempre foram feitas «live on tape» e ao primeiro take) e elementos declaradamente falsos e erróneos. Um dos momentos mais apreciados pela equipa foi a produção de um videoclip dos "Fake No More" (com letra de Jorge Pires, música de Tiago Lopes e vocalização de João Pedro Gomes), uma banda inexistente que reunia quase todos os pequenos defeitos e «clichés» das bandas portuguesas. Outro momento célebre aconteceu no programa 110 (emitido a 25.11.92), concebido como um filme mudo e antigo, com intertítulos, saltos e riscos na película.
Quando, em Novembro de 1992, a RTP difundiu, num noticiário da hora de almoço, as primeiras imagens do massacre no cemitério de Santa Cruz, em Dili, a equipa do programa reuniu-se de emergência e concebeu uma resposta imediata, que surgiu na forma de videoclip, com música de Tiago Lopes e letra do rapper General D, naquela que foi a sua segunda intervenção televisiva (a primeira ocorreca exactamente durante uma reportagem do programa com os «rappers» de Miraflores. Oferecido ao noticiário da RTP, o clip seria recusado com uma desculpa fraca, de que o jornalista João Dias Miguel deu conta em notícia publicada no matutino «Público».
Num texto escrito por Jorge Pires e divulgado pela equipa por altura da sua centésima edição, proclamava-se que «Quantos aos lançamentos editoriais das grandes editoras, habituámo-nos a falar com os músicos antes e durante o seu trabalho. Não depois. O princípio do realismo fez-nos preferir que as pessoas falem francamente daquilo que tentam construir, e dos problemas que defrontam para o fazer. Existem outros programas de televisão onde se pode fazer melhor figura e vender mais discos. É possível manter e amplificar a ficção de que existe um país cheio de músicos, que estão cheios de ideias novas. É possível oferecer liberdade de expressão aos músicos portugueses; o Pop-Off nunca se limitou a ser um programa "de rock"; é um programa de música. É possível oferecer aos espectadores a visão do que acontece nas grandes noites dos pequenos concertos, e descobrir o que é que anima toda esta gente que deseja ser músico e ter uma banda. Se tudo isto está a acontecer na televisão, é porque é verdade». Todo este jogo com o sentido e o significado de um programa sobre música moderna portuguesa ajudou a criar códigos e uma identidade própria, bem como um público de culto, que anos depois ainda recordava os melhores momentos. Para isso também contribuiu o lado "verdadeiro" do programa: em 1992/1993 o POP-OFF acompanhou várias histórias com meses de antecedência em relação à imprensa (casos dos álbuns dos Xutos e Pontapés e dos Zero), efectuou várias incursões em reportagem no «país real» (Açores, Porto, Vila do Conde, Ovar, Braga, Évora e Viseu), e conseguiu garantir um razoável equilíbrio na informação sobre as chamadas "bandas de primeira linha" e sobre os grupos completamente desconhecidos do grande público. Ao mesmo tempo, a temática nem sempre se concentrou exclusivamente na música: entrevistaram-se escritores, autores de banda desenhada, editores, radialistas, engenheiros de som, produtores de espectáculos, "roadies", "managers" e, por diversas vezes, público anónimo. Foram várias as bandas reveladas pelo programa, e que graças a ele conseguiram contratos para edição discográfica, quando as editoras perceberam que determinadas canções já tinham um público conhecedor, que as entoava durante os concertos de bandas que não haviam gravado ainda nenhum disco - citem-se os casos dos Ramp, dos LX-90 e dos Braindead.
No seu último ano, e apesar de seleccionado para a RTP-Internacional, o «Pop-Off» não voltou a beneficiar de um contrato de produção anual; em vez disso, teve contratos de 13 episódios, que foram sucessivamente renovados até findarem em Agosto de 1993. Ao longo dos seus três anos de emissão, o «Pop-Off» coleccionou um bonito livro de recortes, repleto de críticas e referências elogiosas na imprensa mas que, na maior parte das vezes, eram completamente alheios ao contexto e aos objectivos da equipa do programa. Melhores momentos: as referências elogiosas feitas pela revista alemã "Metronom", e a reportagem feita em Fevereiro de 1992 pelo programa "Boomerang" da FR3 (Marselha), cuja equipa se deslocou ao estúdio da Latina-Europa e acompanhou um dia na vida do programa.
O programa 133, e último, foi emitido em Agosto de 1993. Era construído como uma ‘blague’ em torno do filme «Terminator 2», com Arnold Schwarzenegger, e, no termo de uma aventura de acção com a esfuziante Sofia Morais e os diversos elementos da equipa do programa (alguns disfarçados de Ninjas para um breve apontamento de «filme kung-fu» - uma das ideias, neste caso de Tiago Lopes, que nunca se concretizaram), o andróide maligno era derrotado. As suas últimas palavras: «I’ll be back». Desde então, a equipa do programa não voltou a reunir-se.
José Pinheiro - seguramente o maior autor português de videoclips, e responsável por boa parte da imagem da música popular portuguesa na entrada dos anos 90 - prosseguiu a sua carreira como realizador video, bem como Bruno Niel e António Forte, tendo estes últimos, em épocas diferentes, adaptado a linguagem visual ensaiada no «Pop-Off» ao magazine televisivo de moda «86-60-86». Sofia Morais prosseguiu carreira como locutora da estação de rádio XFM, tendo feito aparições esporádicas em programas da RTP. Gimba tornou-se posteriormente um dos fundadores dos Irmãos Catita, e em 1997 publicou o seu primeiro trabalho em nome próprio, após duas décadas de colaboração com os mais diversos grupos e projectos musicais.
Cápsula nostálgica de Verão, nº35
Zirkus Maximus, "Jean-Luc, Écoutez-moi", 1991 (Pop-Off, real. José F. Pinheiro e Bruno Niel)
Cápsula nostálgica de Verão, nº34
Major Alvega, "Transpirar", (ano?)
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Cápsula nostálgica de Verão, nº33
Repórter Estrábico, "John Wayne", 1991 (Pop-Off)
(Lamentavelmente, é apenas um excerto. É uma pena não se encontrar o teledisco completo. Estes eram os Repórter Estrábico do primeiro álbum, ainda com António Olaio na formação. E eram muito promissores.)
Afinal, este ano traz mudanças na divulgação da festa
E foram tornadas visíveis hoje mesmo. O programa detalhado da Festa do Avante 2009, que se realiza entre 4 e 6 de Setembro, foi colocado aqui. Tem até informação sobre os artistas.
(Obrigado, Petra!)
Já agora, alguns destaques, todos eles no sábado:
The Men They Couldn’t Hang, às 19h, no palco 25 de Abril (mesmo antes há Tabanka Djazz!).
Hazmat Modine, às 21h, no auditório 1º de Maio (e às 23h há Guy Davies).
(Obrigado, Petra!)
Já agora, alguns destaques, todos eles no sábado:
The Men They Couldn’t Hang, às 19h, no palco 25 de Abril (mesmo antes há Tabanka Djazz!).
Hazmat Modine, às 21h, no auditório 1º de Maio (e às 23h há Guy Davies).
Meia dúzia!
É isso. Há precisamente seis anos que o tasco abriu as portas.
Obrigado a todos que por aqui passaram os olhos. Aqui vai uma pequena lembrança:
Obrigado a todos que por aqui passaram os olhos. Aqui vai uma pequena lembrança:
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Vem aí novo de Lightning Bolt
Quatro anos depois de "Hypermagic Mountain", eis que aí está para chegar novo álbum de Lightning Bolt. Chama-se "Earthly Delights" e sai a 13 de Outubro pela Load. Este "Colossus" é o primeiro tema a ser divulgado (não há vídeo; apenas som).
Cápsula nostálgica de Verão, nº32
Humpty Dumpty com Adolfo Luxúria Canibal, "Ao Ritmo do Camartelo e da Betoneira", 1991
(Mais uma participação do Adolfo, aqui num projecto de electrónica do camarada Miguel Pedro e outro ilustre bracarense, Manuel Leite, que já aqui tínhamos visto com os Rongwrong, na cápsula nº7.)
domingo, 23 de agosto de 2009
Cápsula nostálgica de Verão, nº31
Golpe de Estado c/Adolfo Luxúria Canibal, "Cyberpunk Generation", 1993 (real. José F. Pinheiro)
(Um Sétima Legião, Paulo Abelho, e um Linha Geral, Tiago Lopes.)
sábado, 22 de agosto de 2009
Cápsula nostálgica de Verão, nº30
Ik Mux, "Novo Estado Novo", 1989 (real. José de Pina)
(Um tema que já era da década anterior e que escapou à lembrança na primeira série de cápsulas. Por aqui andaram, entre outros, o Armando Teixeira a tocar guitarra e o Paulo Coelho, dos More República Masónica, na voz.)
Cápsula nostálgica de Verão, nº29
Capitão Fantasma, "Hu Uá Uá", 1993 (real. Edgar Pêra)
(Depois dos Emílio e a Tribo do Rum, a melhor banda de rock'n'roll de Lisboa de sempre.)
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Só para lembrar a Grande Lisboa que...
...hoje há Mão Morta em Corroios. Os concertos (há mais duas bandas, Pontos Negros e Fato Feto) começam às 22h e estão inseridos nas Festas Populares de Corroios, que decorrem na Quinta das Marialvas. A entrada é livre.
(ACTUALIZAÇÃO: O concerto dos Pontos Negros foi cancelado e a outra banda não será os Fato Feto, mas sim os Money Makers. Mantém-se os Mão Morta.)
...e que amanhã há blues do deserto no CCB, com os Etran Finatawa, do Níger, que causaram grande sensação há dois anos, no FMM. Absolutamente imperdível. E a entrada também é livre.
(ACTUALIZAÇÃO: O concerto dos Pontos Negros foi cancelado e a outra banda não será os Fato Feto, mas sim os Money Makers. Mantém-se os Mão Morta.)
...e que amanhã há blues do deserto no CCB, com os Etran Finatawa, do Níger, que causaram grande sensação há dois anos, no FMM. Absolutamente imperdível. E a entrada também é livre.
Cápsula nostálgica de Verão, nº 28
Censurados, "É Difícil", 1990 (real. Tim)
(Para o álbum de estreia, os Censurados tiveram dois clips produzidos pela Latina Europa, "Animais" e "Tu ó Bófia", mas este foi feito pelos próprios, com o padrinho Tim a comandar as operações.)
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Cápsula nostálgica de Verão, nº27
Corrosão Caótica, 1992
(Piranha e companhia no Johnny Guitar, na apresentação do álbum. Velhos tempos de adolescência, nas matinées e nas noites de hardcore como esta... ando algures por ali no meio da molhada. No Johnny só nunca havia, nunca podia haver slam, senão... porta fora.)
Cápsula nostálgica de Verão, nº26
More República Masónica, "Wild America", 1992 (Pop-Off)
(O baixista, com a sua farta cabeleira de então... conhecem-no, com certeza, se compram discos em Lisboa.)
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Dois festivais de jazz a crescerem
Primeiro, o de Sines. À terceira edição, torna-se clara a aposta da câmara local em fazer do "Sines em Jazz" mais um motivo para encher a cidade, com cartazes preenchidos por nomes cada vez mais sonantes e com a integração de actividades paralelas, muito à semelhança dos passos percorridos pelo seu irmão mais velho, o FMM. O "Sines em Jazz" decorre já no próximo fim-de-semana, de sexta a domingo, e contará com as actuações do Afonso Pais Trio e do projecto Secret Apache do saxofonista Acácio Salero (sexta); do super-quarteto El Fad, com José Peixoto, Carlos Zíngaro, Yuri Daniel e José Salgueiro a trazerem as tonalidades mouriscas para o jazz, e do octeto Low Budget Research Kitchen em versões de Frank Zappa (sábado); e da cantora Paula Oliveira e do In Tempus Quarteto de Vasco Agostinho (domingo). Além dos espectáculos, há as palestras (com Luís Lapa, Virgil Mihaui, Carlos Azevedo, José Duarte, Zé Eduardo e Paulo Perfeito) e as oficinas (Acácio Salero e Vasco Agostinho). Os concertos ocorrem no Centro de Artes, com os bilhetes a custarem cinco euros em cada noite. Informação mais detalhada aqui ou aqui.
Mais tarde, durante os dois primeiros fins-de-semana de Setembro, decorre o festival Jazz.pt. Na segunda edição, o festival organizado pela revista com o mesmo nome não só volta a marcar presença no Hot Clube de Portugal, em Lisboa, como ainda se estende à cidade de Évora (Pç. Giraldo, Garcia Resende e Espaço Celeiros). Por estes locais vão passar o trio Jazz Giants (com Joachim Kühn), Albert Pinton, Jonas Kullhammar, Alípio C. Neto, Angelo Olivieri, Jeffery Davis Quartet, Rodrigo Amado, Big Band da Nazaré, Mikado Lab, Nuno Costa, Jorge Moniz, Júlio Resende, Ole Morten Vagan, LUME, Nobuyasu Furuya Trio, Ricardo Luppi, João Lencastre, Combo da Universidade de Évora, etc. Para datas e horários detalhados, preços de bilhetes e outras informações úteis, o melhor é mesmo consultar o site do festival.
Mais tarde, durante os dois primeiros fins-de-semana de Setembro, decorre o festival Jazz.pt. Na segunda edição, o festival organizado pela revista com o mesmo nome não só volta a marcar presença no Hot Clube de Portugal, em Lisboa, como ainda se estende à cidade de Évora (Pç. Giraldo, Garcia Resende e Espaço Celeiros). Por estes locais vão passar o trio Jazz Giants (com Joachim Kühn), Albert Pinton, Jonas Kullhammar, Alípio C. Neto, Angelo Olivieri, Jeffery Davis Quartet, Rodrigo Amado, Big Band da Nazaré, Mikado Lab, Nuno Costa, Jorge Moniz, Júlio Resende, Ole Morten Vagan, LUME, Nobuyasu Furuya Trio, Ricardo Luppi, João Lencastre, Combo da Universidade de Évora, etc. Para datas e horários detalhados, preços de bilhetes e outras informações úteis, o melhor é mesmo consultar o site do festival.
Cápsula nostálgica de Verão, nº25
Lucretia Divina, "Maria", 1991 (Pop-Off, real. José F. Pinheiro e Bruno Niel)
(Que grande lufada de ar fresco foram os Lucretia Divina. In Memoriam José Valor. A propósito desta cápsula, encontrei um blogue onde participa o Rini Luyks, o acordeonista: anacruses.)
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Mas, já agora, uma pergunta mais ou menos maliciosa...
Será que estas promotoras apresentariam estes resultados se fossem sociedades anónimas cotadas em bolsa?...
Tempos difíceis nas promotoras?
Aqui há uns meses, deixei algumas reflexões a propósito dos receios de que a crise financeira e o consequente pessimismo no consumo trouxessem consequências negativas para o mercado da música ao vivo, em Portugal e no mundo. Os festivais deste Verão parecem ter tido, de uma forma geral, algum sucesso nas bilheteiras. Pelo menos, ninguém falou em quebra de público, nas crónicas que têm sido feitas. Já em relação a eventuais quebras de patrocínios, é matéria que não sabemos. O que sabemos é que o problema já vem de trás, mesmo antes do surgimento da crise financeira mundial. O Diário Económico dava, há dias, conta de que as "promotoras vivem dias difíceis". Afinal, as duas maiores promotoras, A Everything is New e a Música No Coração, e ainda a mais pequena In Music We Trust, já apresentavam prejuízos contabilísticos em 2007. Em 2008, o cenário foi ainda pior, com a Ritmos & Blues e a Smog, as duas outras promotoras que compõem o top-5 nacional, segundo o DE, a declararem igualmente mais custos que proveitos...
Cápsula nostálgica de Verão, nº24
Duplex Longa, "Forças Ocultas", 1990 (Pop-Off, real. José F. Pinheiro)
(Quem via o Pop-Off terá estas imagens gravadas indelevelmente na memória...)
Cápsula nostálgica de Verão, nº23
Lobo Meigo, "Sonâmbulos", 1990 (Pop-Off - real. José F. Pinheiro)
(Se voltarmos 20 cápsulas atrás, encontramos Luís Ventura nos Street Kids. O projecto Lobo Meigo foi o vencedor do último concurso do RRV, em 1989.)
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Cápsula nostálgica de Verão, nº22
Cães Vadios, "Boca de Fogo", 1991
Cápsula nostálgica de Verão, nº21
M'As Foice, "É", Guarda, RTP (Pop Off) 1991 (real. José F. Pinheiro e Bruno Niel)
(Com a vaga dos "regressos" a invadir também a cena portuguesa, bem que os M'As Foice podiam fazer as pazes entre si e regressar aí, nem que fosse para um concerto ou dois...)
Cápsula nostálgica de Verão, nº20
Mão Morta, "Desmaia, Irmã, Desmaia", 1990 (real. Bruno Niel)
(É uma pena não haver videoclips ou imagens de concertos mais antigas no youtube. O Manuel Leite bem que podia colocar algum dos primeiros clips...)
Cápsula nostálgica de Verão (intervalo)
Faça-se uma pequena pausa para se respirar desta nostalgia (*). As cápsulas até agora mostradas diziam todas respeito aos anos 80. Seja por falta de lembrança, seja pela indisponibilidade de outros vídeos, seja por critério de relevância da minha parte, julgo que não haverá muito mais a destacar desta década. Já de seguida, vem aí as cápsulas do início dos anos 90. E, a propósito, fica desde já aqui uma grande nota de respeito pelas pessoas que compunham a Latina Europa e pela RTP pelo empenho que tiveram na divulgação da música moderna portuguesa no início dessa década, através do já mítico "Pop Off".
(*) Ao contrário do que possam pensar, não valorizo excessivamente estes exercícios de nostalgia. Claro que é sempre um prazer reviver as músicas que nos encheram os ouvidos e a alma em tempos idos, e que provavelmente moldaram a forma como hoje reagimos ao que vamos encontrando, mas é muito mais interessante (e sensato) o exercício da descoberta, mesmo quando a novidade já tem, para nós, muitos anos em cima. É justamente por esse motivo, o da descoberta de algo desconhecido por parte de alguns de vós, e não tanto o da nostalgia por parte de outros, que estas cápsulas têm vindo a aparecer por aqui. Bom, e também para encher chouriços nesta altura especialmente aborrecida do ano.
(*) Ao contrário do que possam pensar, não valorizo excessivamente estes exercícios de nostalgia. Claro que é sempre um prazer reviver as músicas que nos encheram os ouvidos e a alma em tempos idos, e que provavelmente moldaram a forma como hoje reagimos ao que vamos encontrando, mas é muito mais interessante (e sensato) o exercício da descoberta, mesmo quando a novidade já tem, para nós, muitos anos em cima. É justamente por esse motivo, o da descoberta de algo desconhecido por parte de alguns de vós, e não tanto o da nostalgia por parte de outros, que estas cápsulas têm vindo a aparecer por aqui. Bom, e também para encher chouriços nesta altura especialmente aborrecida do ano.
Cápsula nostálgica de Verão, nº 19
José Mário Branco (com Sérgio Godinho), "O Charlatão", RTP 198?
(Dois monstros da música portuguesa juntos, tal como vão estar daqui a cerca de dois meses, num espectáculo no qual se farão ainda acomponhar por Fausto Bordalo Dias.)
domingo, 16 de agosto de 2009
Cápsula nostálgica de Verão, nº 18
José Afonso, "Venham Mais Cinco", Coliseu dos Recreios, 1983
(Há três cápsulas atrás ia quase dizendo que os Xutos teriam provavelmente o melhor álbum ao vivo alguma vez gravado em Portugal, o triplo, mas lembrei-me a tempo do "Ao Vivo no Coliseu", do José Afonso. E esta é mais uma daquelas cápsulas de digestão difícil. E arrepiante.)
Cápsula nostálgica de Verão, nº 17
Rádio Macau, "O Elevador da Glória", RTP 1988
(Continuando pelos consagrados ou semi-consagrados, como foi o caso dos Rádio Macau... Não, descansem que não vai haver Delfins.)
sábado, 15 de agosto de 2009
Cápsula nostálgica de Verão, nº 16
Peste & Sida, "Gingão", RTP 1987 (Gravado no Gingão, in situ mesmo!)
(Esta será uma das cápsulas mais difíceis de digerir por aqui. Voltar a ver estas mesas de tampo vermelho, voltar a ver o Sr. Aníbal e a mulher a servirem Sagres... Isto mata-nos de saudades.)
Cápsula nostálgica de Verão, nº 15
Xutos & Pontapés, "1º de Agosto", RTP (Passeio dos Alegres), 198?
(Depois disto acabariam os Xutos que realmente interessaram e que já se prenunciavam numa das primeiras versões de "Gritos Mudos" que tocaram de seguida neste Passeio dos Alegres, de Júlio Isidro - este outro vídeo apresenta os dois temas juntos.)
Cápsula nostálgica de Verão, nº 14
GNR, "Piloto Automático", 1984
(Provavelmente, a melhor fase dos GNR. Pena que não haja vídeo propriamente dito.)
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Cápsula nostálgica de Verão, nº 13
Sitiados, "A Noite", 1989
(Antes dos electrodomésticos, muito antes de os Resistência terem assassinado a composição, foi este o tema com que os Sitiados atingiram o 2º lugar do concurso do RRV, em 1989. Rapidamente se tornaram numa das maiores bandas de culto por Lisboa. Até sempre, Aguardela.)
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
As razões do Tiger Man
Na passada sexta-feira, por ocasião do Sudoeste, Paulo Furtado, dito The Legendary Tiger Man, tomou a decisão de abandonar o palco, pouco depois do início do seu espectáculo. Na altura, segundo rezam as crónicas, percebeu-se logo o motivo: o som do palco ao lado estava demasiado elevado para que o one mand band pudesse prosseguir com o seu concerto. No domingo seguinte, o Paulo deixou a sua justificação no facebook, que aqui se reproduz (desculpai a caixa alta, mas já se encontrava assim o original):
DEPOIS DO CANCELAMENTO DO CONCERTO DE SEXTA-FEIRA NO FESTIVAL DO SUDOESTE, SINTO-ME DE ALGUM MODO COMPELIDO A DEIXAR AQUI UMA JUSTIFICAÇÃO, NA PRIMEIRA PESSOA.
AS RAZÕES QUE ME LEVARAM A SUSPENDER O CONCERTO E ABANDONAR O RECINTO DO FESTIVAL DO SUDOESTE SÃO, JULGO QUE EU, DE FÁCIL COMPREENSÃO.
DEVIDO AO VOLUME DE SOM PROVENIENTE DO PALCO GROOVEBOX, DURANTE A MINHA ACTUAÇÃO, ERA ABSOLUTAMENTE IMPOSSÍVEL PARA ALGUÉM QUE TENHA O MÍNIMO RESPEITO PELO PÚBLICO, POR SI MESMO E PELA SUA MÚSICA, ACTUAR.
DEPOIS DA PRIMEIRA MÚSICA ISSO TORNOU-SE ABSOLUTAMENTE CLARO PARA MIM, E JULGO QUE TAMBÉM PARA O PÚBLICO PRESENTE. ESPEREI QUE O SOM BAIXASSE PARA NÍVEIS RAZOÁVEIS, E TAL NÃO ACONTECEU.
NESTE CONTEXTO, NADA MAIS ME RESTOU SENÃO ABANDONAR O PALCO.
MAIS UMA VEZ PEÇO DESCULPAS A TODOS OS QUE SE DESLOCARAM AO FESTIVAL PARA VER O MEU ESPECTÁCULO, E TAMBÉM AOS MEUS CONVIDADOS JOÃO DOCE, RITA REDSHOES E CLAUDIA EFE. ESPERO QUE NOS ENCONTREMOS EM BREVE, EM CIRCUNSTÂNCIAS MAIS FELIZES.
PARA QUE COMPREENDAM PERFEITAMENTE O SIGNIFICADO QUE DOU AO CANCELAMENTO DE ONTEM, QUERIA APENAS DIZER-VOS QUE APENAS UMA VEZ, EM 20 ANOS DE MÚSICA, EU ABANDONEI UM PALCO SEM TERMINAR UM CONCERTO.
ESPERO, SINCERAMENTE, NUNCA MAIS TER QUE O FAZER.
DESDE JÁ OBRIGADO PELO VOSSO APOIO.
PAULO FURTADO
DEPOIS DO CANCELAMENTO DO CONCERTO DE SEXTA-FEIRA NO FESTIVAL DO SUDOESTE, SINTO-ME DE ALGUM MODO COMPELIDO A DEIXAR AQUI UMA JUSTIFICAÇÃO, NA PRIMEIRA PESSOA.
AS RAZÕES QUE ME LEVARAM A SUSPENDER O CONCERTO E ABANDONAR O RECINTO DO FESTIVAL DO SUDOESTE SÃO, JULGO QUE EU, DE FÁCIL COMPREENSÃO.
DEVIDO AO VOLUME DE SOM PROVENIENTE DO PALCO GROOVEBOX, DURANTE A MINHA ACTUAÇÃO, ERA ABSOLUTAMENTE IMPOSSÍVEL PARA ALGUÉM QUE TENHA O MÍNIMO RESPEITO PELO PÚBLICO, POR SI MESMO E PELA SUA MÚSICA, ACTUAR.
DEPOIS DA PRIMEIRA MÚSICA ISSO TORNOU-SE ABSOLUTAMENTE CLARO PARA MIM, E JULGO QUE TAMBÉM PARA O PÚBLICO PRESENTE. ESPEREI QUE O SOM BAIXASSE PARA NÍVEIS RAZOÁVEIS, E TAL NÃO ACONTECEU.
NESTE CONTEXTO, NADA MAIS ME RESTOU SENÃO ABANDONAR O PALCO.
MAIS UMA VEZ PEÇO DESCULPAS A TODOS OS QUE SE DESLOCARAM AO FESTIVAL PARA VER O MEU ESPECTÁCULO, E TAMBÉM AOS MEUS CONVIDADOS JOÃO DOCE, RITA REDSHOES E CLAUDIA EFE. ESPERO QUE NOS ENCONTREMOS EM BREVE, EM CIRCUNSTÂNCIAS MAIS FELIZES.
PARA QUE COMPREENDAM PERFEITAMENTE O SIGNIFICADO QUE DOU AO CANCELAMENTO DE ONTEM, QUERIA APENAS DIZER-VOS QUE APENAS UMA VEZ, EM 20 ANOS DE MÚSICA, EU ABANDONEI UM PALCO SEM TERMINAR UM CONCERTO.
ESPERO, SINCERAMENTE, NUNCA MAIS TER QUE O FAZER.
DESDE JÁ OBRIGADO PELO VOSSO APOIO.
PAULO FURTADO
Cápsula nostálgica de Verão, nº 12
Linha Geral, "Porque os Outros", 1989
(Um velho favorito por estas bandas. São temas como este que fazem mesmo sentir saudade destes anos.)
Cápsula nostálgica de Verão, nº 11
Croix Sainte, "The Life of He", 1985
(Usar gabardine escura e gostar do "The Life of He" eram requisitos essenciais para o vanguarda lisboeta de meados dos anos 80.)
Cápsula nostálgica de Verão, nº 10
Ena Pá 2000, "Telephone Call", RTP 1987
(A idade aumenta as pessoas.)
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Vem aí novo de David Sylvian!
"A completely modern kind of chamber music. Intimate, dynamic, emotive, democratic, economical." (David Sylvian)
Chama-se "Manafon", sai a 14 de Setembro (curiosamente, no mesmo dia que o dos Pere Ubu) e conta com as colaborações de Christian Fennesz, Otomo Yoshihide, Evan Parker, Keith Rowe, e vários outros que desde o final de 2004 têm participado em sessões que vieram a resultar no disco. Mais informações aqui.
Chama-se "Manafon", sai a 14 de Setembro (curiosamente, no mesmo dia que o dos Pere Ubu) e conta com as colaborações de Christian Fennesz, Otomo Yoshihide, Evan Parker, Keith Rowe, e vários outros que desde o final de 2004 têm participado em sessões que vieram a resultar no disco. Mais informações aqui.
Cápsula nostálgica de Verão, nº 9
Bateau Lavoir, Guimarães, passagem-de-ano 1986-87
(E como não há duas sem três, agora é a vez de reconhecer o baterista, que continua baterista nos dias de hoje. E o guitarrista que é focado em quase todo o vídeo, o Bula, foi durante anos o técnico de som que acompanhava a principal banda do tal baterista que continua baterista, que também é a banda do outro baterista que já não é baterista, e que também contou com o guitarrista da primeira cápsula de hoje...)
Cápsula nostálgica de Verão, nº8
Baile de Baden-Baden, local desconhecido, 1989
(Se reconheceram o guitarrista na cápsula anterior, talvez consigam vislumbrar este baterista que já não é baterista...)
Cápsula nostálgica de Verão, nº7
Rongwrong, "Sombra Veloz", Guimarães, passagem-de-ano 1986-87
(Lembram-se do guitarrista?)
terça-feira, 11 de agosto de 2009
África cada vez mais
Até a conservadora Mojo já tem África como denominador comum na escolha dos temas que fazem a compilação com que este mês foi para os escaparates (o que é bom!). Ao todo, são 13 faixas com contributos de Tinariwen ("Tenhert"), Ali Farka Touré ("Ali's Here"), Konono Nº1 ("Paradiso"), Tony Allen ("Secret Agent"), Staff Benda Bilili ("Je T'Aime"), Toumani Diabeté ("Cantelowes"), Vieux Farka Touré ("Fafa"), Khaled ("Hiya Ansadou"), Mulatu Astatke/Heliocentrics ("Masengo"), Oumou Sangaré ("Sukunyali"), Bassekou Kouyaté ("Ladon"), Kasaï Allstars ("Quick As White") e Kasse Mady Diabaté ("Bandja").
Et tu, Brute?
Até eles já têm guitarras signature model. E são bonitas como uma jazzmaster consegue ser.
Blues Control em Lisboa e Porto e por essa Europa fora com os Tropa Macaca
"Local Flavor", o novo dos Blues Control, é já um disco muito, muito apreciado aqui pelo tasco. E a boa notícia de hoje é que eles vão passar por cá (por Portugal, não pelo tasco), para concertos no Museu do Chiado (organização a cargo da Filho Único) e no Passos Manuel, a 25 e a 27 de Setembro, respectivamente. Nas primeiras partes, vai estar o duo português Tropa Macaca, de Joana da Conceição e André Abel, que, aliás, vão acompanhar os Blues Control ao longo de quase toda a digressão europeia, com mais de duas dezenas de datas, como se pode ver no myspace dos norte-americanos.
E viva o pai ubu!
I've been asked many times over the decades whether I wanted to do something of this sort. My answer has always been, No. I could see no hook into it. I was not interested in doing something just because I could. I was definitely not interested in nostalgia. Two years ago I was asked again by Glenn Max, musical director of London's Southbank Centre. I felt that any further refusal could be seen by myself as cowardice. His parting words to me were, "Bring me the head of Ubu Roi."
(David Thomas, in Frequently Asked Questions concerning: "LONG LIVE PÈRE UBU!")
Mais de três décadas depois da sua formação, os Pere Ubu entraram, finalmente, no universo Ubu de Alfred Jarry. No ano passado, estrearam em palco "Bring Me The Head Of Ubu Roi", adaptação de "Ubu Roi" por David Thomas, que também assumiu a personagem do Pai Ubu, ao lado de Sarah Jane Morris (ex-Communards), como Mãe Ubu. Depois, houve uma versão para rádio, com podcasts a serem lançados semanalmente no site da banda. E, agora, chega o álbum com as canções criadas para este projecto. Chama-se "Long Live Père Ubu!" e sai a 14 de Setembro para as lojas (embora já ande pelos canais do costume). Vale a pena ler no PR o complicado processo ubuesco de criação de todo o projecto...
(David Thomas, in Frequently Asked Questions concerning: "LONG LIVE PÈRE UBU!")
Mais de três décadas depois da sua formação, os Pere Ubu entraram, finalmente, no universo Ubu de Alfred Jarry. No ano passado, estrearam em palco "Bring Me The Head Of Ubu Roi", adaptação de "Ubu Roi" por David Thomas, que também assumiu a personagem do Pai Ubu, ao lado de Sarah Jane Morris (ex-Communards), como Mãe Ubu. Depois, houve uma versão para rádio, com podcasts a serem lançados semanalmente no site da banda. E, agora, chega o álbum com as canções criadas para este projecto. Chama-se "Long Live Père Ubu!" e sai a 14 de Setembro para as lojas (embora já ande pelos canais do costume). Vale a pena ler no PR o complicado processo ubuesco de criação de todo o projecto...
Cápsula nostálgica de Verão, nº6
Tequilla Mal, "Johnny B. Goode", Bobadela, final dos anos 80
(Já mal me recordava destas festas rockabilly, frequentes por esta altura...)
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto juntos em palco!
O espectáculo vai chamar-se "Três Cantos - Enfim Juntos" e tem datas anunciadas hoje para o Campo Pequeno, a 22 de Outubro, e para o Coliseu do Porto, no dia 31 do mesmo mês. Os bilhetes são postos à venda a partir da próxima quinta-feira.
Cápsula nostálgica de Verão, nº5
Pop Dell'Arte, "Querelle", 1991 (Ano do videoclip, realizado por José Pinheiro; o tema foi gravado em 1986)
(...aproveitando a deixa dada da anterior cápsula.)
Cápsula nostálgica de Verão, nº4
Mler Ife Dada, "Zuvi Zeva Novi", 1987
(...aproveitando a deixa do Nuno Rebelo, da cápsula anterior.)
Cápsula nostálgica de Verão, nº3
Street Kids, "Propaganda", RTP 1981
(Reparem bem no baixista, se o nome não vos disser nada.)
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Willy DeVille (1953-2009)
Morreu Willy DeVille, o antigo líder dos Mink DeVille, uma das bandas residentes e mais carismáticas do CBGB... 55 anos, cancro no pâncreas. Mais um.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Mixtape da casa #6
Contribuições:
Sonic Youth with Yamatsuka Eye "No Song 2, part 1" (EUA/Japão, 1994 / Cover de Youth Brigade)
Fool's Gold "Surprise Hotel" (EUA, 2009)
Spirit Spine "Lessons" (EUA, 2009)
Lemonade "Big Weekend (Delorean Remix)" (EUA/Espanha, 2009)
Public Image Ltd "Socialist" (Inglaterra, 1979)
DNA "Blonde Red Head" (EUA, 1981)
N.A.S.A. feat. M.I.A., Spank Rock, Santogold & Nick Zinner "Whachadoin (Pink Enemy Remix)" (EUA, 2009)
The Very Best feat. Ezra Koenig "Warm Heart of Africa" (Inglaterra/Malawi/EUA, 2009)
Los Mirlos "Muchachita del Oriente" (Peru, 197?)
El Combo Los Galleros "Tabaco Mascao" (Colômbia, ?)
Death "Politicians in my Eyes" (EUA, 1975)
Os Mutantes "Dois Mil e Um" (Brasil, 1985)
Mor Karbasi "Mancevo del Dor" (Israel, 2008)
Beck "Venus in Furs" (EUA, 2009 / Cover de Velvet Underground)
54'23" / 124MB
Disponível aqui.
Cápsula nostálgica de Verão, nº2
K4 Quadrado Azul, "Quinhentista", RTP (Pop Off), 1989 (?)
Cápsula nostálgica de Verão, nº1
Ocaso Épico, "Café Cucerto" + "Da Beira Baixa à Extremadura", RTP 1988
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
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