Na manhã de sexta-feira fiquei sem um amigo. Não tenho, sinceramente, certeza a respeito da idade do João Pinto, que fazia anos no mesmo dia que eu (e do Pete Townshend, como ele lembrava sempre). Teria 60 anos ou perto de 70 (talvez não). Mas a graça é que a idade não era uma questão para o João. Não perdia os melhores concertos, estava sempre a par das novidades menos óbvias, tinha um entusiasmo pelas coisas que muitos miúdos de vinte anos já perderam em definitivo. Da última vez que estivemos juntos, na apresentação de "Maldoror" pelos Mão Morta (uma paixão e amizades em comum), quase me babei quando ele me falava do cartaz do mítico festival da ilha de Wight de 1970 a que assistiu. Tal como quando me falava da vez em que ele e os amigos se meteram com o Donovan, num concerto de há várias décadas. Ou daquela vez, mais recente, em que foi a Londres ver a Patti Smith a tocar com o Kevin Shields... E aquelas discussões que tínhamos a propósito dos grupos por onde passou o Kim Fowley... E os projectos obscuros de folk inglesa dos anos 60 que me gravou em tempos...
Partiu um amigo, mas este entusiasmo do João tem que manter-se na memória, como exemplo para os amigos que ficam.
(Esta já não vais poder comentar, João.)
Há nove anos, mais coisa, menos coisa, subi ao palco do cinema Trindade para entregar ao Victor Afonso, dito Kubik, o prémio que cabia à Musicnet atribuir no âmbito dos saudosos Prémios Maqueta. Naquela primeira maqueta, ainda gravada em cassette (que aqui guardo religiosamente), achei que o Victor, cujo traço biográfico que lhe conhecia na altura era o de ter sido baixista dos bizarros Nihil Aut Mors, já demonstrava uma competência técnica apurada na arte do corte e costura de sons provenientes de diferentes fontes e um sentido de humor sofisticado (e literalmente hitchcockiano) de tal forma que obrigava a ouvir os temas vezes sem conta, ora por puro prazer, ora por curiosidade em descobrir pedaços de sons e de ambientes que só ressaltavam depois de várias audições. Depois dessa altura, o Victor veio a evoluir nos discos que lançou e nos sucessivos trabalhos no cinema (na execução de bandas sonoras ao vivo para filmes de culto), nunca saindo muito do seu quartel-general na Guarda. Várias vezes o tentei trazer a Lisboa, mas quem acabou por ter essa sorte foi Mike Patton, que o convidou para a primeira parte dos Fantômas na Aula Magna. Falta agora o próximo passo, a edição de Kubik pela Ipecac, algo que já chegou a ser uma hipótese séria. Talvez este novo EP de Kubik ajude. Chama-se "How Blue Was My Sky", foi editado pela netlabel portuguesa MiMi e confirma aquilo que sempre vi no trabalho do Victor. Para o descarregar é ir por 
Estamos a pouco mais de duas semanas da segunda edição do festival Músicas do Mar. De 28 a 30 de Agosto, a Póvoa de Varzim volta a acolher um naipe de artistas provenientes de cidades com relação íntima com o mar. O Bailarico Sofisticado vai encerrar as duas últimas noites.
Faltam cerca de dois meses para mais uma edição dos Encontros de Música Experimental. A grande novidade deste ano é que os EME deixam Setúbal e atravessam o Tejo para se realizarem em Lisboa, mais concretamente no Teatro Ibérico / Igreja de São Francisco de Xabregas. Entre 1 e 4 de Outubro, aquele espaço vai acolher não só os concertos mas também os workshops e as instalações visuais e sonoras, uma componente que ganha cada vez mais força nos EME. Nos concertos, a programação está assim composta:


