Primeiro, a história do Quarteto 1111 é boa demais para que possa ficar esquecida nas presentes e futuras gerações. Talvez o livro do António venha enterrar de uma vez por todas a frase feita que atribui a paternidade do rock a outro. Talvez agora se entenda finalmente que nos anos 60 já havia quem pegasse em guitarras para fazer barulho e não só José Cid e companhia, como o livro faz bem em dar conta. E que, para acabar com outra ideia errada, não eram apenas os chamados cantores de intervenção que eram alvo da censura e da perseguição da polícia política do regime de então. As histórias que são contadas em "As Lendas do Quarteto 1111" revelam o desbravamento que bandas como o 1111 tiveram que fazer, mas também recuperam de forma deliciosa o lado burlesco e divertido dos excessos, dos sucessos e das falhas, que fazem parte de qualquer história de rock'n'roll, sem grandes constrangimentos a pesarem sobre a pena (e só quem escreveu sobre uma banda sabe o que isto quer dizer), sem deixarem de ter um cunho rigoroso e quase enciclopédico naquilo que foi uma sequência de factos importante demais para ficar adormecida na ignorância do público.
Segundo, o António Pires conta a história como poucos (quase nenhuns, atrever-me-ia) têm sabido fazê-lo. Com o saudável vício de entrevistador, o António conta a história do Quarteto 1111 quase sempre na primeira pessoa, dando aos protagonistas o seu devido papel ao longo das páginas do livro.
"As Lendas do Quarteto 1111" vêm confirmar o que para muitos já era uma evidência: José Cid é um músico de talento enorme e multifacetado. Vem também dizer a toda a gente que, afinal, Tó-Zé Brito é um gajo porreiro, um verdadeiro rocker. Ah, é verdade, ele faz anos hoje. Parabéns ao Tó-Zé Brito.
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