JOSEPHINE FOSTER AND THE SUPPOSED, "All the Leaves are Gone"
(CD Locust, 2004)
"All the Leaves are Gone" já é de Setembro do ano passado, mas não terá tido, ainda, a divulgação que efectivamente merece por cá. E será uma pena se esse estatuto persistir, pois a impressão que deixa é a de que estamos perante uma daquelas obras maiores da música popular dos nossos tempos. Ainda que a primeira ideia que se tem ao ouvir logo desde o início "All the Leaves are Gone" é a de que este é um disco com mais de trinta anos, feito por uma qualquer obscura voz da folk psicadélica de então, entretanto remetida durante todo este tempo a outras actividades, como a... agricultura. Mas não é essa a história que este disco tem para contar. Josephine Foster recorda efectivamente Joan Baez ou Vashti Bunyan, embora estes doze temas -- inicialmente concebidos para uma ópera rock --, surtam hoje efeitos que estão longe de ficar pela mera evocação de um determinado passado da música. É certo que aquela guitarra faz também lembrar os Jefferson Airplane, por exemplo, mas, se calhar o que a torna ainda mais excitante é o facto dela deixar perceber que há também ali muito da liberdade de alguém como os Pavement. É, contudo, a voz graciosa de Josephine que assume maior protagonismo neste seu projecto a solo (a propósito, Josephine pertence aos Born Heller, grupo de Chicago com tendência a ganhar cada vez maior visibilidade no circuito da nova folk norte-americana). A atenção do ouvinte é raptada logo desde o primeiro instante pela forma como ela deixa a sua voz dispersar-se segundo padrões livres q.b., alternando rapidamente entre frequências graves e agudas, remetendo-se corajosamente a fugas de tom e a vibratos arrebatadores que acabam por ganhar todo o sentido no espaço de cada uma destas canções.
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