Casais, pais, filhos e avós encheram ontem a Aula Magna. Lhasa é hoje um fenómeno, com tendência para aumentar. Lhasa tem tudo para ser adorada pelo público português. Fala português, canta um fado e tem agora a sua violoncelista apaixonada pelo cavaquinho. Lhasa tem aquele jeito simpático e frágil que o público da Aula Magna (e dos Coliseus and so on...) tanto gosta, ainda para mais naquele ambiente de cabaret simultaneamente sul-americano e marselhês. Tudo isto não chega a ser uma crítica, mas tão só uma mera observação. A não ser quando o fenómeno redonda em coisas como...
2. O histerismo
Antes que qualquer nota fosse tocada, já o povo estava rendido a Lhasa. Já havia inclusive standing ovations antes que a banda começasse com "Toda a Palabra". Havia palmas por tudo e por nada. De cada vez que Lhasa introduzia um tema, cada palavra que saía da sua boca ouvia-se uma ovação no público. Quando deixavam que acabasse uma frase era, então, a apoteose.
3. As inevitáveis comparações
O concerto de ontem foi muito bom, contudo, mas é inevitável, para quem foi há poucos meses ao Forum Lisboa, a comparação com o que aí aconteceu. E, dessa perspectiva, o espectáculo de ontem acabou por saber muito a déja vu. O alinhamento foi praticamente o mesmo, as palavras que Lhasa usava para introduzir os temas (na maior parte das vezes, através da leitura do que estava escrito em papel) eram as mesmas e o fado de Amália foi novamente cantado. Quase tudo foi o mesmo. Por motivação própria, e depois de ter desancado da outra vez nos arranjos feitos pela banda que acompanha Lhasa, com particular incidência no baterista, prestei redobrada atenção a este aspecto. Há que dar a mão a palmatória. Ou os arranjos mudaram muito ou então pareceram-me bem melhores desta vez. Por coincidência, o meu bom amigo Luís Rei veio dizer-me que o baterista não era o mesmo. A secção rítmica soou-me mais bem desta vez, de facto.
4. O desejo
Lhasa é muito especial. Espero que as portas portuguesas estejam sempre abertas para ela. Mas, por favor, vamos com calma. Não esgotemos o prazer que é ouvi-la ao vivo num ápice. ¿Vale?
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