«1- Onde não chegam os NNCK?»
Não chegam à mais básica de entre as múltiplas essências da folk que pretenderão recrear. Não faço ideia se conheçaram ou não a folk através das gravações do Alan Lomax (e não Sam, como lhe chamei por engano), mas, ao vivo, os No Neck de ontem não foram, na minha opinião, mais que uma exibição de pedantaria. Até pode funcionar bem em gravações (e do que eu conheço, funciona), mas ao vivo soa a onanismo, soa a preguiça. Os Animal Collective, quando vieram ao Número, quase resvalaram para este mesmo beco sem saída, mas estes ao menos conseguiram pôr o cérebro, senão mesmo o corpo a dançar. Pelo contrário, tirando raros momentos que acabavam por não ter qualquer encadeamento, os No Neck não foram capazes de construir mais do que simples sequências rítmicas sempre iguais, que não motivam sequer qualquer resposta de dança por parte do corpo ou do cérebro. Neste sentido, não foram nada diferentes dos tipos da electrónica mais abstracta que tu mesmo criticavas nas primeiras edições do Número.
«2 - A que folclore te referes? À performance, aos objectos que caíam no chão. Os sons que surgiam de forma espontânea? À fluxus misturada com o rock e o improv?»
Não tinha ido tão longe nas pequenas notas que escrevi, mas concordo com o que a tua pergunta trás no bico. O folclore dos chifres de veado ou de vaca, daquele tronco falso que surgia como ícone no palco... Acho que só o Jorge Reyes consegue ser mais ridículo...
«3 - Deixa-me dizer que acho que tua leitura bastante primária....e que ela me deixa espantado ainda para mais quando vem de alguém que aprecia muito os GY!BE. Mas também é um facto que estes possuem uma fórmula. Os NNCK não»
Eu começo é a ficar farto desse argumento primário que é o de invocar os godspeed sempre que eu não gosto de determinado coisa... Parece que é a única coisa que ouço... Enfim. Não chego sequer a perceber o que queres saber/dizer com esta terceira questão. Os godspeed possuirão uma fórmula (deve ser a fórmula resolvente...) e os NNCK não. E depois? Como é que descalçamos isto? Valorizarás mais quem não tem uma fórmula, é isso?
Outras notas soltas:
- O concerto de ontem dos NNCK corresponde a um frequente paradigma das artes perfomativas (e das artes em geral):
a) Grupo x usa de abordagem radical em palco.
b) Facção y do público (posso até ser uma única pessoa) acha-os preguiçosos, indolentes, inconsequentes, punheteiros.
c) Facção z acha-os geniais, pela forma como esticam as fronteiras, pela forma como se enquadram neste ou naquele movimento artístico (que, na maior parte das vezes, é multi-disciplinar), pela negação implícita, pelo etc. Um indivíduo z quando ouve os comentários do indivíduo y, apelida-os de primários.
- Eu até gosto, do que conheço, de os ouvir nos discos...
- Não sinto que tenha mais ou menos razão nas minhas opiniões por ter mais ou menos gente do meu lado. Se gostaste, ainda bem. Tenho todo o respeito por isso. Agora não andes a contar espingardas ou acabas por parecer a malta que vai a estes concertos e que, sem estar a perceber nada do que se está a passar, vai na onda da adulação porque o amigo do lado, que ouve muita música, diz que é bom, ou porque vinha na capa da última Wire (eheh, é apenas uma provocação: eu sei que nunca seria esse o teu caso).
- Os Osso Exótico foram muito melhores que os No Neck, eheh!!
- E já perdi muito tempo a falar disto.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários antigos, da haloscan/echo, desapareceram. Estão por isso de regresso estes comentários do blogger/google.