Hoje, o retrato é mais sombrio. Experimente-se passear pelo centro de Évora num sábado à tarde, por exemplo. A maior parte das lojas encontra-se encerrada. Já não se vêem tantos turistas palmilhando as ruas como antigamente. A actual edilidade acabou com o Viva a Rua, mas não continua a depauperar o orçamento com organizações mais popularuchas (sim, porque "popular" era o Viva a Rua), com artistas pagos a preço de ouro a quem já poucos ligam, com Operações Triunfo para o povo e outras opções igualmente duvidosas.
A mais recente estocada no moribundo aconteceu há poucos dias atrás. A Feira do Livro, que todos os anos se realiza na Praça do Giraldo, foi relegada para segundo plano perante uma nova feira de "fashion". Não importa que a Feira do Livro estivesse já programada para começar a 28 de Maio, que a agenda cultural distribuída aos edis (e não só) saísse com essa informação, que os eventuais turistas que hoje mesmo queiram saber o que se vai passar em Évora nesses dias fiquem convencidos, pela informação prestada no site da Câmara, que vai haver uma Feira do Livro. Mas a verdade é que a Feira do Livro só se vai realizar -- se se realizar -- depois da feira de "fashion", sabe-se lá quando. Se a "fashion" está na moda e o livro nunca o esteve propriamente, completamente demodé parecem estar as programações culturais sérias de câmaras municipais sérias neste país.
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