quarta-feira, 31 de março de 2004

E se fosse hoje?

No passado sábado, por ocasião da apresentação do livro "Mão Morta - Narradores da Decadência", na parte em que esta entrou numa saudável conversa entre a mesa e o público, houve alguém que me colocou uma questão interessante: "E se os Mão Morta tivessem começado hoje, teriam o mesmo sucesso?". Não tenho a certeza de que fossem exactamente este os termos da pergunta, mas o sentido não há-de diferir muito. Achei interesse à pergunta, porque ela obriga a uma reflexão importante àcerca da música feita em Portugal.

Pondo logo de parte a abordagem pela via da estética (isto é, que sentido faria uma banda influenciada no punk e na música industrial aparecer assim hoje, tal como apareceram os Mão Morta em Novembro de '84? Francamente, por aí nem me quero meter), a resposta que dei, e que agora posso desenvolver, assentava numa dupla abordagem, contraditória em si mesma (ou talvez não, a dialéctica que entre em acção):

1) Os Mão Morta teriam mais dificuldade em aparecer hoje. A indústria da música em Portugal (ou a mercearia da música, como muitos bem lhe chamam) é hoje muito diferente do que era há vinte anos atrás (por mim até nem vou tão longe, pois até nem tenho idade para tal). Como dizia ontem o Rui Monteiro, no Blitz, tinha-se maior empenho na busca das coisas mais interessantes, em virtude de não sermos bombardeados com um excesso de lançamentos de discos de novas bandas, nacionais ou estrangeiras. Hoje, com as exíguas redacções que temos, é quase impossível ao jornalista ter tempo de procurar os fenómenos ("há ali uma pilha de discos que convém falar"; "bolas, esta semana já é a quarta entrevista que me mandam fazer e ainda não consegui preparar nada"). Há, por isso, todo um maelström de informação, na maior parte das vezes acessória ou desnecessária, que impede: a) de ir mais ao pormenor das coisas que interessam; b) de descobrir fenómenos enquanto estes ainda estão na sua génese. Hoje, por exemplo, afigura-se-me como impossível termos um Fernando Sobral a chamar uma nova banda como a "melhor banda portuguesa do momento" quando a mesma está ainda distante de gravar um disco, como ele fez com os Mão Morta, em Novembro de 1985 (apenas um ano após a formação do grupo). Parece-me também impossível que uma rádio esteja apta a eleger um novo grupo como "Melhor Grupo Sem Registo em Vinil [CD, nos dias de hoje], como a RUT fez em 86, com os Mão Morta. Temos actualmente diversos exemplos de bandas interessantíssimas que não conseguem chamar mais do que os amigos aos seus concertos (e estou a falar de algumas que dão muitos concertos, como os Fat Freddy ou os Bypass), porque não há quem as divulgue ou, o que é igual, a divulgação que é feita perde-se no meio do turbilhão de caracteres.

2) Por outro lado, os Mão Morta têm mostrado, ao longo destes vinte anos, uma persistência ímpar e uma perspectiva diletante e anti-comercial que poderiam servir, ainda no campo da hipótese "e se fosse hoje?", de anti-corpos aos malefícios do crescimento da indústria. Uma das coisas que falta a muitas bandas actuais é a persistência. Não querendo partir para um juízo de valor excessivo, até porque só os músicos sabem os sacrifícios que desempenham muitas das vezes em prol de pouco mais do que o engate da loira mais boazona da escola (e já não é nada mau), acontece que muitas das vezes as bandas de hoje prendem-se na sua arrogância, na sua sala de ensaios, exigem cachets exorbitantes, esquecem que precisam é de muitos concertos e não de um disco que ninguém vai ouvir. Ora, se os Mão Morta tivessem surgido hoje, conforme o elemento do público questionava, talvez conseguissem, à força da insistência e do diletantismo (leia-se aqui como "não precisar da música para pagar as contas") ultrapassar as barreiras que descrevi no parágrafo anterior.

Concertos à fartazana

Ontem falava da coincidência de diversos concertos no próximo fim-de-semana, mas se olharmos com mais atenção para a agenda de Abril, deparamos com razões de sobra para ficarmos estupefactos. Em Abril, vêm a Portugal os seguintes artistas: Muzsikás, Kíla, Mécanosphère, Steve MacKay Radon Ensemble, Kraftwerk, Ursula Rucker, Celso Fonseca, Telefon Tel Aviv, David Byrne, Kepa Junkera, Zero7, 36, Califone, Michael Nyman, Bobby Conn, Nitin Sawhney, Tindersticks, Micatone, Das Ich, Chris Brokaw, Numbers, Cibelle, John Zorn's Electric Masada, Even Parker, Calexico, Jamie Lidell e Kronos Quartet, entre outros...

terça-feira, 30 de março de 2004

Irmãos gémeos? #3



Johnathan Donahue, dos Mercury Rev (o primeiro a contar da esquerda), e Pedro Barbosa, médio do Sporting Clube de Portugal.

Citação do dia

Rui Monteiro, ex-director do Blitz, no artigo desta semana da série "20 Anos, 52 Pessoas", que o semanário publica ao longo deste ano de 2004:

«Nessa altura [anos 80], uma entrevista era uma coisa preparada, correcta, com tempo, em que dos dois lados as pessoas estavam a ser sinceras. Os músicos não estavam preparados para a mesma sucessão de perguntas, os mesmos assuntos de sempre -- que é o que acontece agora. O que eu acho que acontece hoje é que tudo nos chega -- e como tal deixou de se ir à procura das coisas. E tornou-se quase impossível obrigar as pessoas a procurar. Não acho que esta área da profissão esteja num beco sem saída, mas acho que é preciso encontrar uma forma de fazer com que as pessoas acreditem naquilo que estamos a escrever.»

Avalancha de concertos no fim-de-semana

Já repararam, por certo, na quantidade inaudita de concertos que se aproxima, não? Ora vejam:

Lisboa
Quinta-feira: mécanosphère e kíla.
Sexta-feira: kraftwerk, ursula rucker, celso fonseca, muszsikás, dr. frankenstein e a festa do bloco de esquerda.
Sábado: david byrne, kepa junkera e segundo dia da festa do bloco.
Domingo: zero7.

Porto
Quinta-feira: muzsikás.
Sexta-feira: mécanosphère, telefon tel aviv e atlántika.
Sábado: kíla.
Domingo: david byrne.
Segunda-feira: zero7.

O que dizer? Haja dinheiro!

PJ Harvey: aí vem o álbum

O nme.com já divulgou o alinhamento do próximo álbum de PJ Harvey, "Uh Huh Her", cuja edição está prevista para 17 de Maio, uma vez mais com o selo Island. Aqui vai então o alinhamento de um dos discos mais esperados do ano:

The Life and Death of Mr Badmouth
Shame
Who The Fuck?
The Pocket Knife
The Letter (vai ser o primeiro single)
The Slow Drug
No Child of Mine
Cat on the Wall
You Come Through
It's You
The End
The Desperate Kingdom of Love
The Darker Days of Me & Him

N*E*R*D saltam

A notícia parece ainda carecer de confirmação oficial, mas segundo a Antena3 (ver notícia), os norte-americanos N*E*R*D já não vão tocar no Festival de Lisboa, do sr. dr. Casimiro, mas sim no Super Rock (dia 10), dos srs. drs. Montez e Covões. Não sendo este tipo de movimentações propriamente novidade, ficamos no entanto curiosos (e ansiosos) por conhecer a reacção do patrão da Tournée. Dr. Casimiro, roube o Kravitz e ponha-o no mesmo dia dos Deep Purple que a malta agradece!

segunda-feira, 29 de março de 2004

Em breve nas livrarias

Obrigado a todos os que apareceram e encheram a livraria 100ª Página, em Braga, no passado sábado. "Mão Morta: Narradores da Decadência" já está aí disponível, devendo demorar ainda umas duas ou três semanas a chegar aos escaparates das livrarias do resto do país, por questões normais e habituais que se prendem com a logística de distribuição e colocação de um livro à venda.

sexta-feira, 26 de março de 2004

Mono ontem

Esta faixa é uma cópia descarada de godspeed. Ah, a segunda já tem muito mais a ver com Mogwai. À terceira, voltamos a godspeed. E a seguir aos Mogwai. E depois aos godspeed. Foi assim ontem o concerto do quarteto japonês Mono na Zé dos Bois. Um alinhamento rigorosamente assente na alternância entre as recriações dos dois modelos atrás referidos, sempre no "vai acima, vai abaixo", quase sempre da forma mais previsível possível. A excepção foi aquele portentoso final, um imenso tsunami sonoro que surgiu do nada e que ia deitando a casa abaixo.

quinta-feira, 25 de março de 2004

Nova Huta em Lisboa, Porto e Alcobaça

O alemão Günther Reznicek está de volta a Portugal com o seu electro-cabaret. A não perder:
HOJE - Lisboa, Lux
AMANHÃ - Porto, Triplex
SÁBADO - Alcobaça, Clinic

quinta-feira, 18 de março de 2004

CONVITE



Estão todos convidados para o cocktail de apresentação do livro

"MÃO MORTA - NARRADORES DA DECADÊNCIA",
de VÍTOR JUNQUEIRA,
edição da Quasi Edições,

dia 27 de Março de 2004, pelas 17h30,
na livraria Centésima Página, Praça da Faculdade de Filosofia, em Braga,
com a presença do autor, dos elementos do grupo e do editor.

Estarão igualmente presentes a Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Braga e o Mecenas Domingos da Silva Teixeira.

quarta-feira, 17 de março de 2004

Laika de regresso

A notícia é dada hoje pela minha querida amiga Lia Pereira, do Cotonete. Os Laika, de Margaret Fiedler e Guy Fixsen, têm concerto marcado para 15 de Maio, em Leiria, no Auditório Miguel Franco, naquele que será mais um evento do festival Fade In, que já levou àquela cidade nomes como os de Mirah, Smog ou Ataraxia, estando ainda previsto o concerto dos Das Ich (17 de Abril). Não se sabe ainda de concertos noutras cidades mas não é, acredito, de pôr de lado a possibilidade de ter os Laika em Lisboa ou no Porto, igualmente. Aquele belíssimo concerto no Coliseu dos Recreios há anos deixou óptimas recordações...

terça-feira, 16 de março de 2004

Ah, belo disco!


Bonnie "Prince" Billy "Sings Greatest Palace Music" (Drag City, 2004)

Muita da beleza deste novo disco de Will Oldham já vinha daquilo que os seus alter ega (err... qual é o plural de alter ego, mesmo?) Palace Brothers, Palace, etc., conceberam no passado e que agora é recuperado nesta espécie de "best of" feito de revisitações. Mas há mais do que isso, certamente. "Sings Greatest Palace Music" ouve-se como se fosse um novo álbum do génio da folk alternativa americana e, se quisermos (já sei que muitos não vão querer), o melhor trabalho dos últimos tempos na sua discografia.
Os desafinanços típicos da era Palace desapareceram. Só ainda não consegui perceber se isso é bom ou mau.

De onde raio é que vem o nome? #12: Talking Heads

"The name of this band is Talking Heads", afirmava o título de um disco ao vivo do grupo, no início dos anos 80. Mas o que está por trás do nome que os três estudantes de arte da Rhode Island School of Design que fundaram o grupo escolheram para substituir a pomposa designação Artistics (também Autistics)? Talking Heads, no jargão norte-americano da televisão aplica-se (ou aplicava-se particularmente nos anos 70) àquelas imagens de televisão em que só aparece uma pessoa a falar, em grande plano, sem outra espécie de elementos visuais a acompanhar, especialmente tidas como aborrecidas. A banda estava à procura de inspiração para o nome e alguém abriu uma revista onde se fazia referência à "talking head" e ao tipo de produção televisiva de baixo orçamento que lhe estava associado. E assim ficaram, Talking Heads.
Não esquecer os próximos concertos de David Byrne em Portugal, a 3 e 4 de Abril, nos coliseus de Lisboa e Porto, respectivamente.

segunda-feira, 15 de março de 2004

Yann Tiersen

E, pronto, chegou a notícia que se esperava. Yann Tiersen vai estar também ao vivo em Lisboa, depois de ter sido anunciada já a sua actuação na Figueira da Foz. O músico bretão vai estar em Lisboa dois dias antes, ou seja, a 10 de Junho, para um concerto no CCB.

De onde raio é que vem o nome? #11: Calexico

Calexico é o nome de uma pequena vila norte-americana com pouco menos de vinte mil habitantes, situada junto da fronteira entre a Califórnia e o México (Cal + exico), situação que, de certa forma, representa aquilo que tem sido a música do grupo formado nos meados da década de 90 por Joey Burns e John Convertino (dois antigos Giant Sand): uma fronteira explosiva entre o rock e o folclore de tradição mexicana. Começaram por se chamar Spoke (é esse aliás o nome que vem na edição original do primeiro álbum, homónimo, editado pela alemã Haus Muzik) e, em virtude de haver outra banda com a mesma designação, rapidamente mudaram para Calexico.

Volveré a tomar el tren

Mañana saldré de casa como lo hacías tu
Para continuar tu viaje, para demonstrarles
   que no conseguíran lo que quieren
Que no estás solo, que no estamos solos
Trataré de sonreír, trabajaré para reconstruir vidas
   y, como no, volveré a tomar el tren

Poema de autor desconhecido deixado na cadeira vazia de Maria José, delegada de mesa de voto em Alcalá de Henares morta nos atentados de 11 de Março, e depois espalhado pelas ruas de Madrid (in Público).

domingo, 14 de março de 2004

Agora é certo

Calexico ao vivo no Porto, a 28 de Abril, e em Lisboa (Santiago Alquimista), no dia seguinte. Parabéns aos respectivos organizadores, por terem conseguido dar a volta a uma situação que parecia ser irreversível.

sábado, 13 de março de 2004

UXU KALHUS: declaração de admiração incondicional

Sabe muito bem ser assaltado por surpresas como a que ontem apanhámos no Mercado da Ribeira. O Luís Rei tinha já dito que era imperdível e que, nesta área, poucos eram tão bons quanto os Uxu Kalhus, em Portugal. A primeira surpresa: a sala do mercado da Ribeira estava muito bem composta -- algumas duzentas ou trezentas pessoas -- quando lá chegámos, o que, para um concerto a pagar (5 euros) já começava a ser extraordinário. O público era essencialmente constituído pela juventude entre os 16-22 anos, mas foi progressivamente acolhendo os mais velhos, possivelmente habitués do festival Andanças, de S.Pedro do Sul. Segunda surpresa: (quase) toda a gente dançava. E bem! Todos sabiam o tipo de passo, o tipo de gestos a fazer, as alturas certas para as mudanças, etc. Ah, falta, claro, explicar que os Uxu Kalhus são um colectivo que interpreta várias danças de tradição portuguesa e europeia (e não só) e que tem uma capacidade imensa de transmitir a sensação de folia e animação ao público. Todas as pessoas que ali estavam (com o tempo, a assistência deve ter chegado às mais de cinco centenas), das mais novas às menos novas, dançando ou no descanso, transportavam nos rostos sorrisos rasgados. Parar era palavra quase proibida ontem. Os Uxu Kalhus devem ter tocado mais de três horas e terminaram (terão mesmo terminado?) com uma jam session de mais de meia hora assente numa linha de baixo reggae para o "Seven Nation Army", dos White Stripes...!! Antes, além dos viras, dos corridinhos, das valsas, dos jigs e dos reels, e de uma série infindável de diferentes danças, já tinha sido tocada a música árabe que Del Shannon recupera na banda sonora do Pulp Fiction, aquela outra francesa (?) que inspirou Riny Luyks para um dos melhores temas dos Lucretia Divina ("Romagem") e até mesmo o Dartacão! Foi uma noite incrível.
O que mais importa saber agora é onde que é a próxima!
(Desculpai o tom atabalhoado da escrita, mas o entusiasmo ainda é tão grande quanto a ressaca, e a mistura de ambos não permite muito mais que um amontoado de palavras...)

sexta-feira, 12 de março de 2004

De onde raio é que vem o nome? #10: Mler Ife Dada

A explicação não é muito esclarecedora, mas é o que há. Terá sido o próprio Pedro d'Orey (ver posta anterior) a dar o nome ao grupo que partilhava com Nuno Rebelo, Augusto França e Kim. A expressão fazia parte da letra (?) de um tema do tempo de "Zimpó", intitulado "Nu Ar" (nunca editado). Fonte: vinil.com.sapo.pt.

Irmãos gémeos? #2




Pedro "Parq" D'Orey (ex-Mler Ife Dada, actual vocalista de Wordsong) e Ladislau Bölöni (antigo treinador do SCP). Foi difícil encontrar fotos do Pedro D'Orey, e o resultado acaba por não ser muito claro. Ao vivo parece mais.

Mondo Bizarre nº 18 a caminho

Começa amanhã, sábado, a ser distribuído mais um número -- o 18 -- da revista Mondo Bizarre. Neste mês, os destaques vão para:
Soledad Brothers, Lambchop, Oneida, Fantômas, Bobby Conn, Felt, cLOUDDEAD, Hipnótica, Mr. David Viner, Pearlene, Bernardo Devlin, Liars, Baton Rouge, Vibracathedral Orchestra, Rita Carmo, Shins, Keren Ann/Lady & Bird/Bang Gang, Os Melhores do Ano, Einstürzende Neubauten, Probot, The Ponys, Monster Magnet, Neurosis & Jarboe, The Fiery Furnaces,
Franz Ferdinand, Gluecifer, Diamanda Galás, The Vicious 5 e 90 Day Men.

quinta-feira, 11 de março de 2004

Vem aí o primeiro "Club Forum Sons"

É já no próximo sábado que vai acontecer o primeiro Club Forum Sons, no Bairro Alto, em Lisboa. O Club Forum Sons pretende ser uma reunião mensal aberta a todo o público, em que os pratos ficam por conta dos habituais participantes do forum sons. Para esta primeira sessão, os giradisquistas são: Spikejones (el stealing orchestra maestro), Nuno Beep Beep (sir ampola) e Monsters of the Parasol (Mondo Bizarre CEOs). Na segunda edição, em Abril, vai por lá passar o Bailarico Sofisticado©, que se vai reunir de propósito para o efeito :>.
(O Caldo Verde fica no espaço do antigo Rookie's.)

De onde raio é que vem o nome? #9: Franz Ferdinand

Esta é fácil. Franz Ferdinand era o nome do arquiduque austríaco, herdeiro da coroa, que foi assassinado em Sarajevo a 28 de Junho de 1914, o que então precipitou o mundo para a primeira grande guerra. Nos nossos livros de história do liceu vinha com o nome traduzido: arquiduque Francisco Fernando.
"Franz Ferdinand", o primeiro álbum do grupo escocês, é uma grande pomada para as pistas de dança. Oh se é!

Tem piada

A Emissora Católica Nacional (Rádio Renascença) a fazer uma notícia (ainda que licenciada da Lusa) sobre o "Narradores da Decadência"... :>

quarta-feira, 10 de março de 2004

Irmãos gémeos #1



Angus Andrew, dos Liars, e Nick Cave. Curiosamente, são ambos australianos...

Billhetes para Pixies já à venda

(Claro que só venho falar disto depois de um amigo já ter comprado o meu bilhete... :>)
Os bilhetes para o Super Rock foram hoje colocados à venda, nos locais habituais. 38 euros para um dia e 75 para os três.

Yann Tiersen de volta

Em 2002, foi dos melhores espectáculos que tive oportunidade de assistir. Aliás, quem ouvir "C'Était Ici", o disco duplo com que o músico bretão documentou essa digressão, ficará certamente com a ideia que não é nada descabido pensar-se numa deslocação no dia 12 de Junho ao Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz... (E os menos informados tirem da cabeça a ideia que aquilo é só "Amélie"... Pensem antes numa mistura entre Pascal Comelade e Bad Seeds...)

Ainda mais um festival na nossa terrinha

Uma conhecida gasolineira está a apostar também na música para a "malta jovem". Pelo Porto e por Lisboa, não necessariamente em ambas as cidades, vão passar Nitin Sawhney, Tindersticks, Rodrigo Leão, Micatone, Cibelle, Spaceboys, Loopless e Mike Stellar. Vejam a agenda para mais detalhes.

terça-feira, 9 de março de 2004

De onde raio é que vem o nome? #8: Iggy and the Stooges

James Newell Osterberg, o senhor Iggy Pop, começou por tocar bateria numa banda chamada The Iguanas (daí a origem do seu alter ego). Mais tarde, já como vocalista, inspirado por Lou Reed e Jim Morrison, juntar-se-ia a Dave Alexander
e aos irmãos Ron e Scott Asheton, para formar os Psychedelic Stooges, designação que se veria reduzida mais tarde, tal como a conhecemos. "Stooges" derivava mesmo dos "Three Stooges" ("três estarolas") dos desenhos animados que conhecemos da televisão e que passavam nos cinemas norte-americanos antes das longas metragens começarem, por volta dos anos 30 e 40.

Adjamming

segunda-feira, 8 de março de 2004

Por falar em Mão Morta...

A apresentação pública de "Mão Morta: Narradores da Decadência" (ed. Quasi) vai ser na livraria 100ª Página, em Braga, no dia 27 de Março. A ocasião conta a presença do autor e dos Mão Morta. Apareçam!

Os discos que mudaram as nossas vidas. #3: Mão Morta "Mão Morta"


Mão Morta "Mão Morta" (Ama Romanta, 1988)

Que posso eu dizer dos Mão Morta que não me leve à repetição? Dizer que foi com este disco que nasceu uma paixão que se mantém até aos dias de hoje? Que nunca tive oportunidade de agarrar a versão em vinilo do mesmo? Que tive não-sei-quantas cassettes gravadas com o mesmo, porque as repetidas audições as iam tornando impossíveis de ouvir? Que quase andava à pancada com os amigos para pretender provar que os Mão Morta, juntamente com os Pop Dell'Arte, eram as melhores bandas portuguesas? Que os meus pais quase me batiam por eu insistir em pôr toda a casa a abanar com temas como "E Se Depois", "Oub'lá" ou "Aum"? Francamente, não sei se tenho palavras que sobrem para falar deste primeiro disco da banda de Braga.

A porra do assobio

Não tenho o novo dos Air em muitíssima estima, mas não consigo deixar de confessar uma admiração incondicional perante a oitava faixa, "Alpha Beta Gaga". Deixa qualquer um bem disposto para o resto do dia. É já um dos temas do ano.

Parem as rotativas #2

IGGY AND THE STOOGES EM PORTUGAL!!!!



Também em Julho, no Festival de Lisboa, da Tournée, por onde vão passar também os já confirmados David Bowie, Charlatans (blargh, ainda existem?) e...err... Deep Purple.

Parem as rotativas #1

A LHASA VEM A PORTUGAL!!!
FINALMENTE!!!



Em Julho, para mais uma (pelos vistos) magnífica edição do festival Sons em Trânsito, em Aveiro. A autora de "La Llorona" e de "Living Road" vai também actuar em palcos de Lisboa, Coimbra e Porto.

sábado, 6 de março de 2004

Notícias Mécanosphère

O novo álbum dos Mécanosphère, de Benjamin Bréjon e Adolfo Luxúria Canibal, já está gravado e tem saída prevista para o início do mês de Abril. O título é "Ballerina" e no disco participam ainda Le Pilot Rouge e Scott Sikhara. Para o primeiro dia do mesmo mês está também agendado o primeiro concerto de apresentação, a acontecer em Lisboa, no Santiago Alquimista. No concerto, os Mécanosphère terão a colaboração de Steve MacKey, saxofonista no álbum "Raw Power", dos Stooges. Alguns dias antes, a 27 de Março, todos estes músicos, à excepção de Adolfo Luxúria Canibal, vão estar ao vivo na Caixa Económica Operária.

sexta-feira, 5 de março de 2004

Haverá xunga mais xunga?

Os discos que mudaram as nossas vidas. #2: Ramones "It's Alive"


Ramones "It's Alive" (Sire, 1979)

Já conhecia os Ramones de "Rocket to Russia" ou do álbum homónimo, mas talvez faça mais sentido destacar o álbum ao vivo, gravado em Londres, na passagem de ano de 76 para 77 (77 para 78?). Tal como o Atlas do Círculo de Leitores, "It's Alive" era um disco que toda a gente tinha em casa. E ali estava tudo o que os Ramones eram naquela altura. Estava aquilo que os mais velhos me diziam, uns com desdém, outros com entusiasmo, acerca de uma banda que não usava mais do que seis powerchords por concerto. A figura era um exagero, claro, mas era efectivamente no seio da simplicidade que os Ramones demonstravam toda a sua capacidade de animar uma plateia, de celebrar a festividade do rock'n'roll, de festejar o momento vivido, tal como os dadá do início do século.
"It's Alive", o melhor disco ao vivo de sempre para muito boa gente, marca também o fim da melhor fase dos Ramones. A partir daí, os Ramones viravam costas ao punk com embalagem pop especialmente dirigido ao mercado britânico (não será por acaso que o disco é uma gravação de um concerto de Londres), para se meterem em aventuras nem sempre conseguidas pelos meandros do hard rock.
Gabba gabba hey!

Ainda a Voxx

Afinal não acabou à meia-noite. O fim da emissão vai ser no domingo, com uma emissão em directo do "Mensageiro da Moita", o programa de Pedro Gonçalves e Luís Pinheiro de Almeida.

Ainda o Joshua Tree

Afinal, a versão que eu hoje julgava ser brasileira do "The Joshua Tree" é mesmo portuguesa. Podem ver a capa e contracapa aqui.
Vejam só o alinhamento (que preciosidade!):
Onde as Ruas Não Têm Nome
Ainda Não Encontrei Aquilo que Procuro
Contigo ou Sem Ti
Uma Bala no Céu Azul
Correndo Para Parar
A Cidade Mineira da Colina Vermelha
Na Terra de Deus
Viagem Pelas tuas Ondas
Colina de uma Árvore Só
Saída
Mães dos Desaparecidos

(também houve versões mexicanas e argentinas com os temas traduzidos para castelhano.)

E pronto... à meia-noite a Voxx deixou de se ouvir (ou não tanto assim... err?).

Era suposto que há coisa de minutos o Ricardo Saló passasse o último disco, no seu "Galinhas no Horizonte", antes da Voxx dar por terminadas, em definitivo, as suas emissões, fazendo lembrar, salvaguardas as devidas distâncias, o Aníbal Cabrita a terminar para sempre a emissão da Xfm com Sérgio Godinho, às 24 horas do dia 31 de Julho de 1997. Mas aparentemente, o programa continua, com direito inclusive a spot "galinhas no horizonte até às duas da manhã" (?).
As frequências da Voxx, bem como a Luna, rádios que até agora eram propriedade de Ricardo Casimiro, foram vendidas à Media Capital, para esta fazer delas sabe-se lá o quê. Correcção: tecnicamente, as frequências não foram compradas pela Media Capital, que por lei não pode deter mais do que cinco frequências, salvo erro, mas pela Rádio Milénio, do CDS Luís Nobre Guedes, advogado do grupo que possui a TVI, como dá conta a notícia do Público desta quinta-feira. Uma jogada interessante, como devem calcular.
Um grande abraço ao (já pouco) pessoal que trabalhava na Voxx, particularmente ao André, ao Pedro Gonçalves e ao Luís Pinheiro de Almeida. Foi uma grande honra poder trabalhar lá, ainda que por pouco tempo, com a companhia destas pessoas.
E, estranhamente, o programa continua... Será que o vão arrancar à força da emissão? :) É que, para quem não saiba, o Ricardo Saló, fez sempre em directo, ao longo destes anos, o seu programa diário de quatro horas!

quinta-feira, 4 de março de 2004

De onde raio é que vem o nome? #7: U2

Já que se fala em U2, aproveito para dar continuidade a esta rubrica, mas tendo em conta que quem não souber esta apanha já um "menos" a vermelho na cadeira de rock'n'roll...
O nome foi sugerido por Steve Averill, que tem colaborado no design de posters, discos e outros elementos gráficos da banda desde os primeiros tempos. Os U2, que tinham já sido conhecidos por Feedback ou The Hype, estavam a precisar de um novo nome, que fosse curto e directo, tal como o dos ingleses XTC. Averill lembrous-se de U2, que era o nome de um avião espião norte-americano, o mesmo que tinha sido abatido, no mês em que Bono nasceu, Maio de 1960, pelos russos, quando o piloto Gary Powell reconhecia o território, provocando um grave incidente durante a chamada "guerra fria". Além da referência ao avião, havia outra a um submarino com o mesmo nome, mas o que dizia mais respeito à banda era a semelhança fonética com a expressão "you too", que caía como uma luva a uma banda cujo vocalista passava a maior parte do tempo a trocar palavras com as suas audiências.
Já agora, também todos devem saber que Bonovox (e não Bono Vox, como habitualmente se lê por aí) inspira-se no nome de uma loja com equipamento para deficientes auditivos, que se situava na O'Connell Street de Dublim. Paul Hewson (Bono), bem como The Edge (que também é uma alcunha, neste caso para Dave Evans), faziam parte de um grupo de amigos dos arredores de Dublim, de onde surgiram também os Virgin Prunes, onde todos usavam uma alcunha, como era aliás frequente na cena punk e new wave.
(Por curiosidade, duas das bandas mais faladas ultimamente neste blogue, os Einstürzende Neubauten e os Pixies, andaram a fazer primeiras partes dos U2 nos anos 90. A primeira foi expulsa num dos concertos. A segunda acabaria, se não estou em erro, pouco depois...)

Os discos que mudaram as nossas vidas. #1 U2 "The Joshua Tree"

O José Marmeleira aka Brotherjames lançou no Forum Sons uma ideia de lista particularmente interessante. Os "dez discos que mudaram as nossas vidas". Eu vou pegar nessa ideia para ir deixando aqui os discos que moldaram ao longo do tempo a minha forma de ouvir música. Serão mais que dez, seguramente.
O primeiro grande choque foi:


U2 "The Joshua Tree" (Island, 1987)

Os U2 já traziam na bagagem um sem número de excelentes canções, mas foi essencialmente com o "Joshua Tree" que comecei a entrar na grande pancada que foi o grupo irlandês durante uns dois ou três anos. Ler biografias, arranjar o maior número possível de concertos piratas, ouvir todo o catálogo oficial e não oficial até à exaustão, até ao ponto de saber, para a generalidade dos temas, o ponto em que entrava o e-bow do The Edge ou um prato de choque do Larry Mullen Jr.
"The Joshua Tree" é provavelmente o melhor disco dos U2. Mesmo que não haja já grande paciência para os mega-hits "Where the Streets Have no Name" ou "I Still Haven't Found What I'm Looking For", estão lá pérolas como "With or Without You" (na altura, ninguém no mainstream tinha coragem de fazer um tema pop tão soturno assim), "Exit" (ainda hoje sou capaz de ouvi-lo várias vezes seguidas sem me cansar) ou a pesada "Bullet the Blue Sky". "Mothers of the Disappeared" foi a primeira linha de baixo que aprendi. Ouvir neste momento "Trip Through Your Wires" ou, ainda melhor, "In God's Country", deixar-me-ia nostálgico e feliz.
(Um dia, daqueles muitos dias em que, como a generalidade dos putos da minha idade, não tinha dinheiro, encontrei na Feira da Ladra uma versão brasileira do "The Joshua Tree": "A Árvore de Joshua"... que preciosidade, caramba!)

quarta-feira, 3 de março de 2004

A não perder

(Embora eu provavelmente vá ter que perder) Não esqueçam que hoje há Ken Vandermark (num formato de trio) no Maria Matos!

Música e bola #3

É por demais conhecida a paixão (o fanatismo?) do magno radialista John Peel pelo Liverpool FC. Sabiam que ele tem por hábito iniciar as sessões de deejaying para as quais é convidado com o golo marcado por Alan Kennedy ao Real Madrid, a 9 minutos do fim, que ajudou, em 1981, o Liverpool a conquistar a sua terceira Taça dos Campeões? Eu fui disso testemunha em Barcelona, num Sonar. É um momento de relato fantástico de ouvir em disco, mesmo para quem nunca teve qualquer afecto pelo Liverpool FC, como eu.

terça-feira, 2 de março de 2004

Serviço público?

Posso muito bem estar enganado (oxalá que esteja), mas há pouco vi o final de uma notícia no Telejornal da RTP que dava conta que a estação pública era parceira oficial do Super Rock... É verdade? A SIC agarrou-se (ou foi agarrada) ao Rock in Rio e a RTP, a televisão do Estado, agarrou-se ao Super Rock?
Por favor, digam-me que é mentira.

segunda-feira, 1 de março de 2004

"Mentirosos"...

No início do Jornal da Noite da SIC de hoje, essa figura incontornável do caciquismo nacional, Avelino Ferreira Torres, acusou, com um desplante de bradar aos céus, o jornalista Paulo Camacho de ser "mentiroso". O que um jornalista tem que aguentar.
Logo a seguir, veio o flash, repetido várias vezes ao longo da emissão, dando conta de uma suposta "corrida desenfreada aos bilhetes do Rock in Rio", hoje postos à venda. Mais para o final, veio então a reportagem gravada durante a manhã numa bilheteira da FNAC. A "corrida desenfreada" afinal não era mais do que a habitual fila de meia-dúzia de pessoas que encontramos sempre quando queremos comprar bilhetes para um qualquer espectáculo. A SIC é parceira oficial do evento, e terá certamente que cumprir acordos celebrados previamente, no sentido de promover a histeria, encobrindo publicidade enganosa sob o formato de informação. O que um tele-espectador tem que aguentar...

No melhor pano cai a nódoa

Segundo o Disco Digital, o azeiteiro do Lenny Kravitz vai mesmo tocar a 11 de Junho no Super Rock, dia para o qual já foi anunciada a presença dos Pixies...
Entretanto, ficamos também a saber que os bilhetes vão ser postos à venda a partir de 10 de Março, ao preço de 38 euros por um dia e 75 pelos três. Atenção, pois nos EUA (ou seria Canadá?), uma das datas dos Pixies esgotou em apenas quatro minutos...

Viagens #3: Primavera Sound

A organização do Primavera Sound, festival de Barcelona que este ano decorre entre 27 e 29 de Maio, no Poble Espanyol, anunciou na passada sexta-feira o cartaz oficial do evento, o qual ainda deverá ver-se aumentado durante os próximos dias com alguns nomes adicionais. Os maiores destaques vão para Pixies, para os Mudhoney (que se juntaram, diz-se, apenas para o Primavera) e para PJ Harvey, mas há muito mais que ver.

!!! - 12Twelve - A Touch Of Class DJ´s - Alexander Robotnick - AsCII.Diskko - Atom Rumba - B.Flaischmann - Benjamin Biolay - Black Store - The Bug - Chicks On Speed - Chucho - Colder - Cristian Vogel - David Holmes - Dyana Kurtz - Devendra Banhart - The Divine Comedy - Dizzee Rascal - DJ/Rupture - Dominique A - Edison Woods - Elbow - Erol Alkan - Electrelane - Fannypack - The Fall - Ferenc - Fernando Alfaro y Nacho Vegas - Franz Ferdinand - Funk D´Void - Ginferno - The Glimmer Twins - The Hidden Cameras - The Human League - Humbert Humbert - James Chance & The Contortions - Jason Forrest/Donna Summer - Julie Delpy - Julie Dorion - Kid 606 - La Buena Vida - Las Perras Del Infierno - The Ladybug Transistor - Liars - Lloyd Cole - Lluís Llach - Love Of Lesbian - Luke Slater - Marco Passarani - Matmos - Michael Gira - Miss Kittin - The Modernist - Mudhoney - Nina Nastasia - Numbers - Pat McDonald - Pixies - PJ Harvey - Plaid - Prefuse 73 - Pretty Girls Make Graves - Primal Scream - Ruper Ordorika - The Russian Futurists - Rhythm & Sounds - Scissor Sisters - The Stills - Technasia - Veracruz - Wilco - Willard Grant Conspiracy - Xiu Xiu

Música e bola #2

Poucos serão, certamente, os cânticos das claques de futebol que primem pela originalidade. Na verdade, que interessa isso?
Neste número 2 da rubrica "Música e bola", fiquem a saber (se for o caso de não saberem já) que o "Só eu sei porque não fico em casa", da Juve Leo, baseia-se no "Wrong'em Boyo", dos Clash (álbum "London Calling"), o qual, apesar de vir creditado com os nomes de Mick Jones e Joe Strummer, era por sua vez uma cover dos jamaicanos The Rulers. (Obrigado, Rui T.)