Entre os clubes recreativos aqui elencados há os que fazem parte de um passado "glamouroso" da cidade (e do país, em traços gerais), sendo hoje, entre a maioria, apenas frequentados por idosos a baterem cartas nas mesas gastas pelo tempo, por malta da rua que vai ver a bola do canal codificado, isto quando as portas não estão já fechadas e o estado de degradação vai já irremediavelmente avançado.
Não se defende aqui aquela velha ideia do "antigamente é que era bom". Nem tão pouco se defende que a preservação destes espaços seja feita com o mesmo espírito com que se levam artefactos antigos para dentro de um museu. Na lista, encontram-se também outros espaços recentes que recuperam de forma natural a tradição das colectividades, com os resultados que aqueles que as frequentam bem conhecem.
Eis, então, mais uma edição do roteiro dos clubes recreativos de Lisboa, integrando já as últimas sugestões recebidas (e indicadas a verde). Vai daqui também um especial abraço ao Donatelo pela maior parte destas novas entradas.
View Em busca dos clubes recreativos em Lisboa in a larger map
- ACADEMIA DE RECREIO ARTÍSTICO (rua dos Fanqueiros, 286 - 1º andar) - Fica mesmo ao lado da Pollux e tem site: academiaderecreio.ning.com.
- ACADEMIA MUSICAL JOAQUIM XAVIER PINHEIRO (alameda das Linhas de Torres, 45) - Apesar de ficar ao lado do Estádio de Alvalade, não conheço este espaço :). Quem mo sugeriu lembrou-se dos concertos de punk que por lá já aconteceram.
- ACADEMIA DE SANTO AMARO (rua da Academia de Santo Amaro, 9) - Fica em Alcântara, perto do Hotel Carlton. Segundo um leitor, "é um espaço óptimo. Teatro/sala à antiga, tipo Ritz Club (mas sem aquela entrada toda). Fui lá ver o concerto de lançamento do disco dos Room 74 em Junho, acho eu, e posso assegurar que o espaço é excelente. Fica perto de Alcântara, lá mais para cima, ao pé do Hotel Carlton."
- ATENEU COMERCIAL DE LISBOA (rua das Portas de Santo Antão, 110) - É comparável à Voz do Operário, em termos de dimensão, de propósitos e de actividades que actualmente desenvolve. É um grande espaço nas portas de Santo Antão, onde decorrem diversas actividades desportivas e culturais. Tem muitas salas onde se podem realizar concertos, por exemplo.
- BACALHOEIRO (rua dos Bacalhoeiros, 125) - Esta casa destaca-se de todas as outras por uma razão nobre. Não foi fundada há cento e tal anos. Foi criada há apenas dois anos por um grupo de estudantes de Erasmus, cidadãos estrangeiros que nos vieram mostrar, pela experiência do dia a dia que ali se vive, que o conceito de associativismo e de clube recreativo não é algo que tem de ficar necessariamente perdido na memória dos tempos da cidade. O Bacalhoeiro promove diversas actividades, com especial destaque para os concertos e para as festas com DJs (o Bailarico Sofisticado tem por lá uma residência mensal, a propósito), que envolvem cada vez mais público, que por natureza é associado da causa. É o exemplo vivo do clube recreativo dos nossos dias. Tem um blogue com informação actualizada da programação em bacalhoeiro.blog.com.
- CAIXA ECONÓMICA OPERÁRIA (rua Voz do Operário, 64) - Já por lá trabalhei, como elemento da Associação O Grito. O espaço tem uma sala com palco e um mezanino. Lotação: aí umas 500 pessoas. Tem bar e um pequeno PA de som e luz. Tem servido de palco a espectáculos e festas de uma forma (muito) irregular. Tem um site (desactualizado): www.caixaeconomicaoperaria.web.pt
- CASA DO ALENTEJO (rua das Portas de Santo Antão, 58) - A caber no conceito de clube recreativo, trata-se de um dos maiores de Lisboa. Funciona essencialmente como restaurante, existindo ainda a secção de bar, um espaço muito agradável, bastante amplo, com um palco que ameaça ruir a qualquer instante. Possui ainda uma área utilizada para reuniões ou eventos culturais. Apesar do estado avançado de decadência, a Casa do Alentejo está sempre cheia de pessoas, muitas delas turistas, e possui uma vida que nenhum dos outros espaços têm. Envolve-se ainda em diversas outras actividades, como a edição da Revista do Alentejo. Tem um site: www.casadoalentejo.pt
- COLECTIVIDADE DOS VENDEDORES DE JORNAIS (rua das Trinas, 55) - Tem um amplo salão com palco. O espaço está também servido de bar.
- CLUBE FERROVIÁRIO DE PORTUGAL (rua de Santa Apolónia, 63-65)
Além das vivências bairristas, as corporações foram também um motivo para o aparecimento de algumas colectividades. Os ardinas e os ferroviários eram exemplos de profissões que, não apenas em Lisboa, promoviam o associativismo. O Ferroviário está instalado perto de Santa Apolónia, como não podia deixar de ser, promovendo hoje actividades na área do desporto, pelo menos, embora já lá se tenham realizado festas e concertos recentemente.
- CLUBE RECREATIVO DOS ANJOS (rua dos Anjos, 17) - Tem um pequeno palco que, volta e meia, serve para os bailaricos.
- CLUBE PRIMEIRO DE JANEIRO (Bairro Alto - Rua da Atalaia, 124?) - Fica em frente ao Portas Largas, na esquina oposta ao Frágil. Há mais de 15 anos assisti por lá a um concerto de Tina & The Top Ten e Ena Pá 2000, se não me falha a memória. É pena que não tenha sido aproveitado para muito mais coisas -
- COMUNA (Praça de Espanha) - Tal como o Ritz, o café-concerto da Comuna não entra a 100% na definição de clube recreativo, mas acaba por ter muitas semelhanças, entre as quais o facto de estar sub-aproveitado. Tem uma sala aí para umas 600 pessoas, com palco e bar. Creio que existe um PA mínimo de som e luz. Tem site: www.comunateatropesquisa.pt
- CREW HASSAN (rua das Portas de Santo Antão, 159) - Tal como o Bacalhoeiro, este é mais um exemplo vivo da movida verdadeiramente actual do que podemos continuar a chamar de clubes recreativos. Tem um site em www.crewhassan.org.
- ESPAÇO CENTRO DE DESASTRES (rua Maria Andrade, 5)
Em pleno coração dos Anjos, há, desde há quatro ou cinco anos, um pequeno espaço que tem conseguido algum dinamismo na organização de concertos, festas, feiras, exposições, etc. Foge um pouco ao espírito de colectividade que perspassa esta lista, mas fica aqui a referência, ainda assim. Pode ser consultado aqui: espacoespaco.blogspot.com
- GALERIA ZÉ DOS BOIS (rua da Barroca, 59) - Como o Bacalhoeiro, como a Crew Hassan, a ZDB, que já passou pelo 15º aniversário, não poderia ficar ausente desta lista. Embora se tenha perdido o fulgor associativista do início, a galeria continua a ter sócios, que obtém vantagens nas entradas para as diversas actividades. Possui, como meio mundo sabe, uma programação verdadeiramente invejável, com destaque para os concertos, para as exposições e para as peças de teatro mais ou menos regulares. Tem ainda um serviço educativo para as crianças das escolas primárias das freguesias da zona. Tem um site em www.zedosbois.org e um myspace em myspace.com/galeriazedosbois.
- GCD TRABALHADORES DO BES (rua D. Luís, 27) - Não conheço. Foi-me indicada por um leitor, que não conhecendo também o estado actual do espaço, se lembrava dele como "uma sala razoavelmente grande e bem equipada". Outro leitor lembrou que "tem regularmente peças de teatro de Gil Vicente com apresentações para os alunos das escolas secundárias".
- GRUPO DESPORTIVO DA MOURARIA (travessa da Nazaré, 21 - antigo Palácio dos Távora, abaixo do miradouro da Sra. do Monte)
Fundado em 1936, o GDM continua em actividade, não só na área desportiva mas também na cultural. Organiza a marcha da Mouraria desde a sua fundação, promove noites de fados e é Instituição de Utilidade Pública desde 1988. O colectivo GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental) fez entretanto do GDM a sua sede e tem por lá organizado festas e jantares. O GDM tem site em www.mouraria.webs.com.
- GRUPO DRAMÁTICO ESCOLAR OS COMBATENTES (Rua do Possolo, 7) - Fica ali entre a Estrela e os Prazeres. Tem uma sala, com palco, para umas 500 pessoas. Tem bar bem equipado ao lado. Está vedada a concertos, desde há algum tempo.
- KILOMBO (av. Gomes Pereira, nº11) - Armazém 13. Fica nas traseiras do Auditório Carlos Paredes, ou seja, mesmo ao pé da Junta de Freguesia de Benfica.
- LUSITANO CLUBE (rua São João da Praça, 81 - r/c)
Fundado em 1936, na zona da Sé/Alfama, o Lusitano Clube foi reabilitado em 2008 por uma nova equipa de gente activa. Tem servido de palco, entre outras actividades, para as rodas de choro. Pode-se saber mais do Lusitano aqui: lusitano-clube.blogspot.com.
- PADARIA DO POVO (Campo de Ourique, rua Luís Derouet, 20) - A casa tem dois ou três andares. No piso térreo, existe um espaço agradável para festas e concertos, sem palco, onde no qual ainda estão instalados os antigos fornos de pão.
- RITZ CLUB (Rua da Glória, 57) - Um dos mais conhecidos, embora não se trate propriamente de uma colectivade como as restantes, dada a actividade que por lá existiu há anos. Há obras que teimam em ser acabadas e um desentendimento entre os sócios que exploravam o espaço que já chegou ao tribunal. Encontra-se fechado ao público. Vai servindo de sala de ensaios para algumas bandas.
- SOCIEDADE BOA UNIÃO (beco das Cruzes, 9)
A Sociedade Boa União é um dos ex-libris de Alfama, e tem o fado e as marchas na sua tradição, como não podia deixar de ser naquele bairro popular. Tem um salão de festas com palco, camarins, sistema de som e cozinha, disponível para alugar.
- SOCIEDADE FILARMÓNICA JOÃO RODRIGUES CORDEIRO (Rua da Fé, 46A) - Fica na freguesia de São José, perto da avenida da Liberdade. É onde se instalou a mais recente (já com uns largos anos) versão da Jukebox. Do que me recordo, tem um palco e uma sala bem grande.
- SOCIEDADE GUILHERME COUSSOUL (avenida D. Carlos I, 61) - Tem um belo auditório e ainda uma sala de bar que pode servir para café concerto. Tem sido utilizado com alguma frequência nos últimos tempos.
- VOZ DO OPERÁRIO (rua Voz do Operário, 13) - Esta será provavelmente a maior associação recreativa de Lisboa, senão mesmo do país, tanto em termos de espaço como ao nível das actividades que continua a desenvolver nos dias de hoje e que lhe merecem o estatuto de Sociedade de Instrução de Utilidade Pública. Já serviu de palco para inúmeros concertos de grande envergadura. Tem um site: www.vozoperario.pt.
- ? (rua da Fraternidade Operária) - Fica na zona de Marvila/Braço de Prata/Poço do Bispo, perto da Universidade Internacional (?). Tem uma sala, com palco, para umas 500 pessoas. Não sei como aquilo está agora. Aqui há 20 anos, na altura em que eu ia lá frequentemente, pois duas bandas amigas lá ensaiavam, encontrava-se já num estado avançado de decadência.