sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A banda de Efrim Menuck já não é uma orquestra, é uma redução

Confesso que, na expectativa que levava para este espectáculo, transportava a memória saudável do tempo dos godspeed you black emperor! ou, para não ser tão injusto na comparação, a dos primeiros álbuns da banda de Efrim Menuck, que também conhece nomes como The Silver Mt. Zion Memorial Orchestra e afins. Mas, convenhamos que o que ontem subiu ao palco da ZDB (subir é a palavra, a propósito; finalmente, um estrado alto que permite ver a banda de qualquer ponto da plateia) não foi mais do que uma amostra em formato demasiado reduzido da banda de Efrim Menuck. A começar pela própria formação. A acompanhá-lo, apenas as violinistas Sophie Trudeau e Jessica Moss, o (contra)baixista Thierry Amar e o baterista Eric Craven. Sejamos justos e deixemos a memória dos godspeed para trás, para dizer que, porém, já mesmo num contexto silvermountziano, isto soube a pouco. Na redução dos arranjos, perde-se a opulência harmónica, essencial para a sustentação dos edifícios sónicos criados pela banda de Efrim Menuck nos primeiros álbuns. Perde-se também o magnífico efeito dos jogos de vozes, característica essencial no contexto pós-godspeed, restando ontem apenas algum sucesso em "1,000,000 Died to Make This Sound", à custa da repetição, técnica que se tornou aliás via fácil, de forma mais geral, para a banda de Efrim Menuck suportar as baterias de lamentos deste. E, já que se fala nisso, fica-se mesmo com a impressão de que todo o espectáculo se reduz ao lamento de Efrim. Além de soar sempre ao mesmo (excepto nas vezes em que desafina), é acompanhado quase sempre da mesma forma e é transversal a todo o alinhamento.
Enfim, as expectativas eram exageradas, que é como dizer que o monte de Sião pariu um rato ou que a banda de Efrim Menuck não é menos aborrecida do que os exércitos de imitadores que seguiram as suas pisadas ao longo dos últimos anos. Não que tenha sido propriamente uma má noite. Mas a sensação que ficou não anda muito longe daquela do espectador de futebol que vê a equipa ganhar os três pontos numa maçada de jogo...
Nota positiva para o humor de Efrim, que, apesar de já ser evidente, ainda que de forma discreta, até mesmo no tempo dos godspeed, não era algo que se esperasse nesta forma directa, em palco, com intervenções sempre a propósito nas pausas entre os temas. Ao início, apresentou-se como Sting e disse que "13 Blues..." era sobre uma rapariga chamada Roxanne. No final, depois do "nooooo" do público a "this is goin' to be our last song", saiu-se com um "but it'll be looooong!". Quem sabe brincar consigo próprio não é má pessoa.
Alinhamento:
13 Blues for Thirteen Moon
1,000,000 Died to Make This Sound
God Bless Our Dead Marines
Take These Hands And Throw Them In A River
There's a Light
Microphones in the Trees (encore)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Os comentários antigos, da haloscan/echo, desapareceram. Estão por isso de regresso estes comentários do blogger/google.