segunda-feira, 23 de abril de 2007

Peripécias

(Alerta geral! alerta geral! Post pessoal! Post demasiado pessoal!) São três e vinte da manhã e só agora chego a casa, depois de ter ficado apeado por baixo de um viaduto, sem gasolina, a primeira vez que isto acontece em 14 anos de carta, é preciso que seja dito, depois da primeira estação de serviço não aceitar o multibanco, e, acabo já esta frase pouco dada a respirações, como se estivesse armado em Saramago, desculpem lá, voltando ao que dizia, depois de um estupendo, um devastador, um inclassificável concerto dos Akron/Family. Ufa. A expectativa era muita, conforme terão reparado nas postagens anteriores, carregadas de vídeos que testemunham a passagem destes friques de Brooklyn por outros palcos. Mas nada do que se passou esta noite pelo Musicbox foi menos bom do que aquilo deixava perceber, e se já era difícil superar tantas expectativas, próprias já só de um puto que noutros tempos aguardaria impacientemente concertos de Jesus and Mary Chain ou Nick Cave, como explicar que esta noite foi ainda melhor do que aquilo que se esperava? Por outro lado, como não haveremos nós de reagir perante tipos simples e humildes que tocam bem e suam em palco (conseguido com que a plateia os acompanhe nessa missão), enquanto esticam os limites da imaginação melómana ao jogarem os Can e os Faust com a free folk marada norte-americana, as polifonias do gospel com as polifonias das guitarras? Foi uma noite inesquecível. Como o meu chapéu, assim que o comprar, se este não for um dos concertos do ano. Não fosse ter que trabalhar na terça-feira e eu vos diria quem estaria em Braga amanhã. Há bandas que merecem esse sacrifício e os Akron/Family, por voltarem a fazer-me sentir um puto a descobrir a alegria que é ver um concerto, preenchem inapelavelmente o requisito. Akron/Family ou Angels of Light, voltem, já.

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