JAJOUKA MAIS PERTO
Setembro de 2000

Como surgiu a ideia de gravar um álbum com Talvin Singh?
Há cerca de três anos eu estava à procura de um bom produtor, americano ou europeu, para este disco. A ligação ao Talvin Singh veio através da editora. Disseram-me que era um bom tipo, que podia falar com ele. Contaram-me também que ele tinha a ver com a música indiana e que tinha abertura de espírito e então eu disse que seria uma boa ideia. Ele trouxe um estúdio inteiro para a [nossa] aldeia e aí gravámos algumas coisas. Depois fui para Londres, onde gravámos as restantes faixas, no seu estúdio.
Foi o Talvin Singh que gravou os Master Musicians of Jajouka e que depois escolheu o que saiu e como saiu no disco ou foi uma decisão conjunta?
Algumas faixas trabalhámos em conjunto em Londres. Vivemos estas canções em conjunto. As restantes foi ele que as trabalhou.
Viveu a fase em que Brian Jones trabalhou em conjunto com a sua banda, nos anos 60?
Eu tinha apenas quatro anos e meio, mas lembro-me (risos).
E do que se lembra?
Ele permaneceu apenas uma noite na aldeia. Gravou, com a ajuda de um engenheiro de som dos Rolling Stones, uma longa noite de música. Lembro-me que foi uma noite diabólica. Era o primeiro tipo de cabelo comprido que aparecia na aldeia, mexia-se por todo o lado, dançava... Nós não sabíamos quem eram os Rolling Stones na altura, até à sua morte. E então alguém trouxe música dos Rolling Stones e eu ouvi pela primeira vez rock'n'roll e vi que ele era um grande músico. Nunca o vimos mais, obviamente, mas ele está na história de Jajouka para sempre.
Os Master Musicians of Jajouka são muito respeitados em Marrocos. Poderão estes encontros entre mundo árabe e mundo ocidental afectar de alguma forma esse respeito?
As pessoas ouvem muito a nossa música em Marrocos e não creio que isto possa afectar o respeito que sentem por nós. Isto é uma coisa fantástica porque podemos mudar a cultura, misturá-la, etc. O mundo de hoje é muito pequeno. Temos que fazer pontes entre a cultura de Marrocos e outras culturas. Toda a gente quer isto. Marrocos está muito aberto a outras culturas. É o país norte-africano que está, por excelência, aberto ao mundo. E temos um grande rei - Deus o abençoe - que apoia a verdadeira cultura de Marrocos. É por causa do nosso rei que a música tradicional de Marrocos tem sobrevivido. A música de Jajouka é bastante respeitada. A família real adora-nos e isso é muito bom porque podemos sobreviver.
Voltando ao disco, como é para a banda, que está habituada a tocar peças de longa duração, fazer faixas de cinco minutos ou menos?
Temos que ser como todos os outros... cinco ou seis minutos por canção. Julgo que não há problema nisso. Foi algo que não nos preocupou. É normal, acho.
É verdade que alguns dos vossos espectáculos demoram várias horas?
Temos um festival anual na aldeia - Pipes of Pan at Jajouka Festival - que é uma semana de música. E por vezes chegamos a tocar durante umas dez horas...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários antigos, da haloscan/echo, desapareceram. Estão por isso de regresso estes comentários do blogger/google.