Discurso de Neil Young da passada terça-feira, quando recebeu o prémio de mérito atribuído pelo presidente da academia de profissionais de gravação, associada à estrutura dos Grammy.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
O tio fala, nós ouvimos, nós sorrimos
Discurso de Neil Young da passada terça-feira, quando recebeu o prémio de mérito atribuído pelo presidente da academia de profissionais de gravação, associada à estrutura dos Grammy.
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
A idade do que as pessoas ouvem
Ide primeiro aqui.
Este tipo de exercício não é novo. Já as bases de dados do last.fm ou do Pandora serviram a muita gente que, com conhecimentos suficientes de tratamento de dados, pudessem fazer análise de frequências ao que as pessoas ouvem, quando ouvem, que géneros, que épocas, etc.
Chegou entretanto a Google, com o seu serviço de música, o Play, e alguém nos seus laboratórios lembrou-se de pegar na imensidão de informação digital que dispõe dos registos deixados pelos ouvintes e construir esta espécie de cronologia da música. Não é este o melhor termo, porque estes gráficos correspondem à atualidade, isto é, àquilo que os assinantes do Play ouvem nos tempos que correm, ainda que distribuído no tempo, no que à edição original da música diz respeito.
É, porém, interessante ver como estas audições se distribuem. Só é pena que esta informação esteja disposta em termos relativos e não absolutos, pelo menos no gráfico inicial, caso contrário poderíamos perceber melhor se a música mais antiga rivaliza ou não com as edições atuais, nos hábitos de escuta das pessoas que usam estes serviços.
Este tipo de exercício não é novo. Já as bases de dados do last.fm ou do Pandora serviram a muita gente que, com conhecimentos suficientes de tratamento de dados, pudessem fazer análise de frequências ao que as pessoas ouvem, quando ouvem, que géneros, que épocas, etc.
Chegou entretanto a Google, com o seu serviço de música, o Play, e alguém nos seus laboratórios lembrou-se de pegar na imensidão de informação digital que dispõe dos registos deixados pelos ouvintes e construir esta espécie de cronologia da música. Não é este o melhor termo, porque estes gráficos correspondem à atualidade, isto é, àquilo que os assinantes do Play ouvem nos tempos que correm, ainda que distribuído no tempo, no que à edição original da música diz respeito.
É, porém, interessante ver como estas audições se distribuem. Só é pena que esta informação esteja disposta em termos relativos e não absolutos, pelo menos no gráfico inicial, caso contrário poderíamos perceber melhor se a música mais antiga rivaliza ou não com as edições atuais, nos hábitos de escuta das pessoas que usam estes serviços.
10 mil anos depois entre Vénus e a Aula Magna
Olá a todos,
Eu estou muito contente por finalmente divulgar a data e local onde vou fazer este concerto que tantos pedem.
Estou desejoso que o dia 11 de Abril "chegue" rapidamente para poder tocar esta obra prima e outros temas de Rock Sinfónico.
Atenção que só estão disponíveis 1 400 lugares.
Obrigado e todos que fizeram "pressão" para que este dia chegasse.
Tio Zé ( sinfónico ) LOL
Dia 11 de abril. Bilhetes de 25 a 30 euros.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Amanhã, no Plano B
O grande Toni Polo (dito DJ Cucurucho) e eu voltamos amanhã à nossa dupla ibérica, Groove Trotters, desta feita para subirmos ao Porto, ao Plano B. A noite desta sexta-feira terá o nome "Highlife!" e será trazida desde Glasgow por Esa Williams (Auntie Flo), que será o cabeça de cartaz juntamente com o chileno Alejandro Paz (eles na sala Cubo, nós na sala Palco). Muito world beat, muitas músicas do mundo.
Aparecei, gentes da inbicta!
Mais informação aqui e aqui.
Aparecei, gentes da inbicta!
Mais informação aqui e aqui.
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Kill the Boy
A páginas tantas da saga "Songs of Ice and Fire", de George R.R. Martin, levada à televisão na série "Game of Thrones", uma das personagens, um miúdo recém-nomeado comandante de um corpo militar (poupo nos detalhes para não estragar a leitura de quem venha a fazê-lo), revela um pensamento persistente: "Kill the boy". Mais à frente, percebemos a expressão por intermédio de outras que lhe sucedem: "Kill the boy. It takes a man to rule. Kill the boy and let the man be born."
Sem pretender atalhar foice em searas da psicologia ou da antropologia para as quais não me formei, julgo que era assim (e ainda é, em grande medida) que os homens e mulheres fechavam fronteiras entre as etapas de crescimento. A realidade de hoje, porém, é muito mais complexa. Somos, muitos de nós, aquilo que entretanto os sociólogos e marketeers passaram a designar por "kidults", adultos a meio caminho entre a infância ou a adolescência e a idade adulta, ou até mesmo adultos já avançados na idade, que se divertem como crianças, que guardam interesses ainda do tempo em que eram as maiores dúvidas eram se a Cristina da carteira da frente ia dizer que sim ou para que servia o teorema de Pitágoras. E isto sem deixarem de ser responsáveis como se quer que um adulto seja.
Não sei que razões costumam ser apontadas para que este fenómeno tenha surgido nas últimas décadas nas sociedades modernas. Mas suspeito que o rock, nos cinquenta ou sessenta anos que leva, bem como outras indústrias culturais massivas das sociedades ocidentais, desempenhem aqui um papel muito forte. Há, pelo menos, uma clivagem notória entre quem, já em idade adulta, opta, consciente ou inconscientemente, por manter tais laços com os interesses da juventude e aqueles que rompem, aqueles que "matam a criança", como no caso da saga acima citada, porque os contextos sociais, culturais ou económicos assim o determinam. Todos encontramos essa experiência no dia-a-dia, principalmente no local mais óbvio em que nos encontramos com outros adultos da nossa idade, o local de trabalho. Há quem nos olhe de esguelha, há quem nos olhe com alguma ponta de inveja (haverá mesmo ou estarei a ser demasiado otimista?), há quem desde logo sinta cumplicidade mútua connosco. Não espanta que sejam, muitas das vezes, as primeiras amizades que fazemos no sítio em que nos damos com outras pessoas que não escolhemos.
Poderá também ser um motor de desigualdades sociais, seguramente. Um grupo de pessoas move-se no tecido social com uma mundividência que pode ser bastante diferente da do outro, e não são tão pouco frequentes os episódios de arrogância e sobranceria de parte a parte. A nível pessoal, a opção poderá também trazer inconvenientes: o sentido de responsabilidade pode lá estar, mas a falta de tino, para usar uma palavra boa, é mais frequente no caso dos "kidults". Mas é provavelmente essa "falta de tino" que torna mais colorida a vida desta pessoas, o suficiente para que cada um assim justifique as suas escolhas face aos outros que levam a vida normal. É que, seja isto um ato de sobranceria ou não, julgo que, por vezes, se sobrevaloriza a normalidade.
Vá, deixem a criança viver, se isso vos fizer mais felizes. A mim, faz. Não me olhem é de esguelha, vocês os outros, que eu chamo a turma lá da rua.
Sem pretender atalhar foice em searas da psicologia ou da antropologia para as quais não me formei, julgo que era assim (e ainda é, em grande medida) que os homens e mulheres fechavam fronteiras entre as etapas de crescimento. A realidade de hoje, porém, é muito mais complexa. Somos, muitos de nós, aquilo que entretanto os sociólogos e marketeers passaram a designar por "kidults", adultos a meio caminho entre a infância ou a adolescência e a idade adulta, ou até mesmo adultos já avançados na idade, que se divertem como crianças, que guardam interesses ainda do tempo em que eram as maiores dúvidas eram se a Cristina da carteira da frente ia dizer que sim ou para que servia o teorema de Pitágoras. E isto sem deixarem de ser responsáveis como se quer que um adulto seja.
Não sei que razões costumam ser apontadas para que este fenómeno tenha surgido nas últimas décadas nas sociedades modernas. Mas suspeito que o rock, nos cinquenta ou sessenta anos que leva, bem como outras indústrias culturais massivas das sociedades ocidentais, desempenhem aqui um papel muito forte. Há, pelo menos, uma clivagem notória entre quem, já em idade adulta, opta, consciente ou inconscientemente, por manter tais laços com os interesses da juventude e aqueles que rompem, aqueles que "matam a criança", como no caso da saga acima citada, porque os contextos sociais, culturais ou económicos assim o determinam. Todos encontramos essa experiência no dia-a-dia, principalmente no local mais óbvio em que nos encontramos com outros adultos da nossa idade, o local de trabalho. Há quem nos olhe de esguelha, há quem nos olhe com alguma ponta de inveja (haverá mesmo ou estarei a ser demasiado otimista?), há quem desde logo sinta cumplicidade mútua connosco. Não espanta que sejam, muitas das vezes, as primeiras amizades que fazemos no sítio em que nos damos com outras pessoas que não escolhemos.
Poderá também ser um motor de desigualdades sociais, seguramente. Um grupo de pessoas move-se no tecido social com uma mundividência que pode ser bastante diferente da do outro, e não são tão pouco frequentes os episódios de arrogância e sobranceria de parte a parte. A nível pessoal, a opção poderá também trazer inconvenientes: o sentido de responsabilidade pode lá estar, mas a falta de tino, para usar uma palavra boa, é mais frequente no caso dos "kidults". Mas é provavelmente essa "falta de tino" que torna mais colorida a vida desta pessoas, o suficiente para que cada um assim justifique as suas escolhas face aos outros que levam a vida normal. É que, seja isto um ato de sobranceria ou não, julgo que, por vezes, se sobrevaloriza a normalidade.
Vá, deixem a criança viver, se isso vos fizer mais felizes. A mim, faz. Não me olhem é de esguelha, vocês os outros, que eu chamo a turma lá da rua.
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Os Filhos do Rock - Oito razões que me fazem gostar da série
1. É a série que mais bem sucede a "Conta-me Como Foi". Ambas revisitam a memória de um povo, sem glorificarem o passado. Se "Conta-me Como Foi" falava de um país amordaçado, "Os Filhos do Rock" vira a página e mostra a liberdade a chegar em força, o rock a sair das elites e a tornar-se num fenómeno popular e o grande motor da explosão cultural urbana dos anos 80.
2. A ficção encaixa na história real de maneira pacífica e genuína. Por um lado, as personagens ficcionadas parecem as que conhecemos da vida real: o locutor Xavier (Ivo Canelas), por exemplo, aparece como um compósito de António Sérgio e Luís Filipe Barros. Por outro, as personagens "reais" (Rui Veloso, Jorge Palma ou Xutos, até agora) dão um contexto verosímil à história.
3. De uma forma geral, o texto está bem escrito, tanto no nível macro do enredo (ainda que só vamos no 4º episódio, promete o que aí vem), como no nível micro dos diálogos, como este, que põe o diretor da rádio (Albano Jerónimo) a discutir com o locutor Xavier:
[Ouve-se Go Graal Blues Band no estúdio]
Xavier (ao microfone): "Que música maravilhosa. Estivemos a ouvir 'Stray Dog'. Isto sim, é um blues à séria. É o primeiro álbum dos Go Graal Blues Band. Eles são lisboetas, acreditem ou não, e provam que não é preciso ser preto, nem de New Orleans para ter o blues e o soul a correr nas veias!"
[Entra o "Beat on the Brat" dos Ramones e, alguns segundos depois, aparece o diretor Pedro no estúdio]
Pedro: "Tu acabaste de dizer preto?"
Xavier: "Preto? Ah... Não sei, se calhar, disse. Mas que querias tu que lhe chamasse?"
Pedro: "Não sei... Música negra!"
Xavier: "Música negra? Não. Pedro, a música não é negra, eles é que são pretos."
4. Ainda no texto, é bem interessante a opção de dividir a narrativa em "Lado A" (os eventos iniciais) e em "Lado B" (os eventos posteriores). Não é habitual vermos estas opções de risco em séries feitas por cá.
5. Há atores enormes, como o Ivo Canelas (gigantesco), a Margarida Carpinteiro (sempre, sempre, sempre, toda a vida genial), a Isabel Abreu e um incrível Cristovão Campos (quem o viu no "Conta-me Como Foi" e quem o vê agora editado: as semelhanças com o Fernando Pires, o ator do "Conta-me Como Foi", levaram-me ao engano).
(Também há quem tenha desempenhos de fugir, mas adiante.)
6. O trabalho de fotografia e cinematografia é notável (e raro no panorama nacional da ficção televisiva).
7. É giro ver o Estádio, do Bairro Alto, que foi minha segunda casa durante mais de 20 anos, a servir frequentemente de cenário às cenas sociais de músicos e profissionais do meio. Ou, a outro nível, a loja Discolecção, do Vítor.
8. O Zé Paulo (Cristovão Campos) tinha o "Cinnamon Girl" a tocar na carrinha na primeira saída com a Beatriz (Filipa Areosa). Só isto já bastava.
2. A ficção encaixa na história real de maneira pacífica e genuína. Por um lado, as personagens ficcionadas parecem as que conhecemos da vida real: o locutor Xavier (Ivo Canelas), por exemplo, aparece como um compósito de António Sérgio e Luís Filipe Barros. Por outro, as personagens "reais" (Rui Veloso, Jorge Palma ou Xutos, até agora) dão um contexto verosímil à história.
3. De uma forma geral, o texto está bem escrito, tanto no nível macro do enredo (ainda que só vamos no 4º episódio, promete o que aí vem), como no nível micro dos diálogos, como este, que põe o diretor da rádio (Albano Jerónimo) a discutir com o locutor Xavier:
[Ouve-se Go Graal Blues Band no estúdio]
Xavier (ao microfone): "Que música maravilhosa. Estivemos a ouvir 'Stray Dog'. Isto sim, é um blues à séria. É o primeiro álbum dos Go Graal Blues Band. Eles são lisboetas, acreditem ou não, e provam que não é preciso ser preto, nem de New Orleans para ter o blues e o soul a correr nas veias!"
[Entra o "Beat on the Brat" dos Ramones e, alguns segundos depois, aparece o diretor Pedro no estúdio]
Pedro: "Tu acabaste de dizer preto?"
Xavier: "Preto? Ah... Não sei, se calhar, disse. Mas que querias tu que lhe chamasse?"
Pedro: "Não sei... Música negra!"
Xavier: "Música negra? Não. Pedro, a música não é negra, eles é que são pretos."
4. Ainda no texto, é bem interessante a opção de dividir a narrativa em "Lado A" (os eventos iniciais) e em "Lado B" (os eventos posteriores). Não é habitual vermos estas opções de risco em séries feitas por cá.
5. Há atores enormes, como o Ivo Canelas (gigantesco), a Margarida Carpinteiro (sempre, sempre, sempre, toda a vida genial), a Isabel Abreu e um incrível Cristovão Campos (
(Também há quem tenha desempenhos de fugir, mas adiante.)
6. O trabalho de fotografia e cinematografia é notável (e raro no panorama nacional da ficção televisiva).
7. É giro ver o Estádio, do Bairro Alto, que foi minha segunda casa durante mais de 20 anos, a servir frequentemente de cenário às cenas sociais de músicos e profissionais do meio. Ou, a outro nível, a loja Discolecção, do Vítor.
8. O Zé Paulo (Cristovão Campos) tinha o "Cinnamon Girl" a tocar na carrinha na primeira saída com a Beatriz (Filipa Areosa). Só isto já bastava.
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