O Barreiro Rocks 2013 vai decorrer no dia 30 de novembro e já tem um primeiro nome confirmado, o do canadiano Mark Sultan, também conhecido por BBQ.
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
E, por falar no Barreiro...
Vai haver Barreiro Rocks 2013! Nos tempos que correm é uma notícia formidável. São já vários os festivais organizados e apoiados pelas autarquias que provavelmente não se voltarão a realizar no futuro imediato. Mas, regojizemo-nos, estão aí as garantias de que vai haver Barreiro Rocks!
O Barreiro Rocks 2013 vai decorrer no dia 30 de novembro e já tem um primeiro nome confirmado, o do canadiano Mark Sultan, também conhecido por BBQ.
O Barreiro Rocks 2013 vai decorrer no dia 30 de novembro e já tem um primeiro nome confirmado, o do canadiano Mark Sultan, também conhecido por BBQ.
Margem sul é rock!
A margem sul do Tejo é rock, toda a gente sabe disso. Desde há mais de quarenta anos que a margem sul é rock. E agora há mais uma razão para dizermos que a margem sul é ainda mais rock. Os jovens músicos da região podem agora ir a estúdio, equipado com instrumentos, ensaiar e gravar temas, sem pagarem nada. Estes são os contornos gerais do Programa Jovens Músicos, patrocinado pela Baía do Tejo, a empresa responsável pela promoção e desenvolvimento de parques empresariais da zona, e promovido pela Fábrica de Música em parceria com a Hey, Pachuco!, a associação dos malucos mais rock do Barreiro e arredores, e o Estúdio King, do Nick Nicotine (ou Nick Suave), um dos mais ativos destes chanfrados.
As condições para as bandas poderem utilizar o King:
- A formação tem que incluir pelo menos de 50% de músicos com idade até aos 25 anos e residentes na margem sul;
- São atribuídas, gratuitamente, duas horas semanais a cada banda;
- As bandas apoiadas pelo programa terão ainda direito a um tarifário especial de 1,5€ por hora e por elemento.
Está tudo explicado tim-tim por tim-tim aqui: www.programajovensmusicos.pt
As condições para as bandas poderem utilizar o King:
- A formação tem que incluir pelo menos de 50% de músicos com idade até aos 25 anos e residentes na margem sul;
- São atribuídas, gratuitamente, duas horas semanais a cada banda;
- As bandas apoiadas pelo programa terão ainda direito a um tarifário especial de 1,5€ por hora e por elemento.
Está tudo explicado tim-tim por tim-tim aqui: www.programajovensmusicos.pt
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
10 anos, 10 livros (#10: Waging Heavy Peace: a Hippie Dream)
(Faltava este para completar a lista e encerrar o período de celebração do aniversário desta casa amarela:)
WAGING HEAVY PEACE: A HIPPIE DREAM
Neil Young
Primeira edição: Viking, 2012
A autobiografia do Neil Young não iria poder ficar de fora desta pequena lista de livros. A primeira coisa importante a realçar é que não há aqui escritores-fantasma. As palavras que aqui se percorrem -- a boa velocidade, diga-se -- saíram dos dedos do próprio músico. E saíram de uma forma que alguns acharão confusa, outros natural. Young vai avançando no livro ao sabor do momento, como se embarcássemos com ele numa das suas longas viagens de carro, com tempo suficiente para escutarmos alguns dos momentos mais marcantes da sua vida, da sua carreira ou até mesmo do que vai acontecendo no presente. Tanto podemos estar a ouvir a história de como, há muitos anos, conseguiu comprar uma carrinha funerária que serviu de viatura para transportar a sua primeira banda, como logo a seguir muda agulhas para a reunião recente com executivos da indústria musical a propósito do formato digital de música que lançará em breve, o Pono, para as histórias que envolvem o seu outro grande projeto, o carro híbrido Lincvolt, para o seu incrível conjunto de comboios miniatura da Lionel, para o amor que tem pela família, pela vida no rancho e pela coleção de carros antigos, para a mítica carrinha Pocahontas, para as histórias de drogas e outras aventuras ao longo de toda a carreira, para os filmes que realizou, as músicas que fez e que vai fazer, tudo e isto e muito mais. Como numa conversa livre, sem fronteiras de estilo, sem amarras de guião.
[Entrada no goodreads]
WAGING HEAVY PEACE: A HIPPIE DREAM
Neil Young
Primeira edição: Viking, 2012
A autobiografia do Neil Young não iria poder ficar de fora desta pequena lista de livros. A primeira coisa importante a realçar é que não há aqui escritores-fantasma. As palavras que aqui se percorrem -- a boa velocidade, diga-se -- saíram dos dedos do próprio músico. E saíram de uma forma que alguns acharão confusa, outros natural. Young vai avançando no livro ao sabor do momento, como se embarcássemos com ele numa das suas longas viagens de carro, com tempo suficiente para escutarmos alguns dos momentos mais marcantes da sua vida, da sua carreira ou até mesmo do que vai acontecendo no presente. Tanto podemos estar a ouvir a história de como, há muitos anos, conseguiu comprar uma carrinha funerária que serviu de viatura para transportar a sua primeira banda, como logo a seguir muda agulhas para a reunião recente com executivos da indústria musical a propósito do formato digital de música que lançará em breve, o Pono, para as histórias que envolvem o seu outro grande projeto, o carro híbrido Lincvolt, para o seu incrível conjunto de comboios miniatura da Lionel, para o amor que tem pela família, pela vida no rancho e pela coleção de carros antigos, para a mítica carrinha Pocahontas, para as histórias de drogas e outras aventuras ao longo de toda a carreira, para os filmes que realizou, as músicas que fez e que vai fazer, tudo e isto e muito mais. Como numa conversa livre, sem fronteiras de estilo, sem amarras de guião.
[Entrada no goodreads]
Revoltemo-nos! Querem destruir um ex-libris do rock'n'roll maldito!
Os Pogues vão reunir-se uma vez mais, desta vez para tocarem o álbum "Rum, Sodomy & The Lash" em palcos britânicos. Na mesma notícia (esta da Uncut, por exemplo, e, obrigado, Dário), fica-se ainda a saber que...
"...The Pogues' Shane MacGowan was searching for a dentist who could fix his infamously bad teeth so he might start a Hollywood film career."
O Polaris dos godpseed
Além dos Juno Awards, que são os mais mediáticos, a indústria músical canadiana atribui desde 2006 a distinção Polaris ao melhor álbum de cada ano, à imagem do Mercury da metrópole real. Este ano os discos a concurso vinham dos subpopianos METZ, dos índios reinventados A Tribe Called Red, de Colin Stetson (Arcade Fire, Bon Iver, ...), e, entre vários outros, dos godspeed you! black emperor.
Pois, ganharam os godspeed, com o último "Allelujah! Don't Bend! Ascend!".
A reação? A reação foi esta (obrigado, João!):
(in cstrecords.com)
Pois, ganharam os godspeed, com o último "Allelujah! Don't Bend! Ascend!".
A reação? A reação foi esta (obrigado, João!):
A FEW WORDS REGARDING THIS POLARIS PRIZE THING
hello kanada.
hello kanadian music-writers.
thanks for the nomination thanks for the prize- it feels nice to be acknowledged by the Troubled Motherland when we so often feel orphaned here. and much respect for all y’all who write about local bands, who blow that horn loudly- because that trumpeting is crucial and necessary and important.
and much respect to the freelancers especially, because freelancing is a hard fucking gig, and almost all of us are freelancers now, right? falling and scrambling and hustling through these difficult times?
so yes, we are grateful, and yes we are humble and we are shy to complain when we’ve been acknowledged thusly- BUT HOLY SHIT AND HOLY COW- we’ve been plowing our field on the margins of weird culture for almost 20 years now, and “this scene is pretty cool but what it really fucking needs is an awards show” is not a thought that’s ever crossed our minds.
3 quick bullet-points that almost anybody could agree on maybe=
-holding a gala during a time of austerity and normalized decline is a weird thing to do.
-organizing a gala just so musicians can compete against each other for a novelty-sized cheque doesn’t serve the cause of righteous music at all.
-asking the toyota motor company to help cover the tab for that gala, during a summer where the melting northern ice caps are live-streaming on the internet, IS FUCKING INSANE, and comes across as tone-deaf to the current horrifying malaise.
these are hard times for everybody. and musicians’ blues are pretty low on the list of things in need of urgent correction BUT AND BUT if the point of this prize and party is acknowledging music-labor performed in the name of something other than quick money, well then maybe the next celebration should happen in a cruddier hall, without the corporate banners and culture overlords. and maybe a party thusly is long overdue- it would be truly nice to enjoy that hang, somewhere sometime where the point wasn’t just lazy money patting itself on the back.
give the money to the kids let ‘em put on their own goddamn parties, give the money to the olds and let them try to write opuses in spite of, but let the muchmusic videostars fight it out in the inconsequential middle, without gov’t. culture-money in their pockets.
us we’re gonna use the money to try to set up a program so that prisoners in quebec have musical instruments if they need them…
amen and amen.
apologies for being such bores,
we love you so much / our country is fucked,
xoxoxox
godspeed you! black emperor
(in cstrecords.com)
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Os One Direction e o velho negócio
Já toda a gente sabe que os One Direction vêm novamente a Portugal, desta vez para um mega-espetáculo no Estádio do Dragão, depois de recentemente terem esgotado num ápice o Pavilhão Atlântico. Bem sei que forço a semântica nesta última frase um pouco para além do que é aconselhável: eles não vêm, eles virão, já que o concerto será apenas em julho do próximo ano; da mesma generosidade gramatical beneficia a associação direta desta vinda à última manifestação do fenómeno, ainda fresca nas notícias de espetáculo deste país e implícita na expressão "depois de recentemente". São, se calhar, percalços de linguagem em que ninguém repara, mas talvez seja interessante perdermos algum tempo a divagar sobre o assunto, que vai além da linguagem.
Até aqui há alguns anos, quando o mundo da pop era feito de artistas que conseguiam chegar ao topo e aí manter-se por longos períodos de tempo, mesmo quando a chama criativa, se é que alguma vez tivesse existido, se reduzia apenas à edição de coletâneas de sucessos e de reedições do catálogo passado, o modelo de negócio das editoras (e do meio em geral, ainda que aqui as editoras tivessem um destaque óbvio) passava por apostar nestes artistas enquanto jovens, com contratos frequentemente exploratórios (não sou eu que o digo, mas os artistas de sucesso de então, nas biografias e nos comentários que hoje vão fazendo aos tempos "antigos"). Em termos muito básicos, as editoras avançavam aos artistas quantias mais ou menos chorudas ao início, por conta de royalties e outros direitos futuros, e os artistas comprometiam-se a gravar mais dois ou três álbuns, se a editora exercesse o direito de opção. Alguns destes artistas, os que conseguiam chegar ao coração do grande público, garantiam a sustentabilidade financeira do negócio, permitindo que a editora continuasse a apostar noutros, mesmo que estes outros não viessem a conseguir subir ao topo. Basicamente, o sucesso de uns financiava o risco corrido com outros.
Mas, como tantas outras coisas que mudaram neste negócio, também estas longas carreiras de sucesso parecem ser história do passado. Frequentemente se ouve ou lê que já não é hoje possível manter aquele modelo de negócio. A "next-big-thing" ganhou definitivamente destaque na atenção dos media, do grande público, dos promotores de espetáculos, dos gestores das editoras, mas já não consegue vir a ser a tal "big-thing", pelo menos na medida e na duração de tempo em que outras foram no passado. Agora estamos mais na era do "sabor da semana", não é assim?
Voltemos ao concerto dos One Direction. A haver por parte da máquina que tem a ganhar com a boy band inglesa uma estratégia implícita na promoção do espetáculo com tamanha antecedência, talvez seja a de conseguir prolongar mais o tempo de vida do grupo, de fazer sentir junto do público que eles vão estar cá mais tempo do que tem sido habitual, particularmente neste tipo de música para a miudagem (ou, para usar de maior rigor, neste tipo de música que começa pela miudagem, como tanto artista da pop começou no passado). Mais, a corrida aos bilhetes do próximo dia 28 (vão esgotar em minutos, vão ver), vai garantir que o próprio público fica "agarrado" aos One Direction por quase mais um ano. E se a máquina conseguir fazer disto sistema, os One Direction (e outros) vão continuar nas notícias e vão ter menos motivos para terminarem a carreira, como tem acontecido a tantos outros. Talvez o público envelheça com eles. A coisa até pode vir a funcionar como funcionou no passado. Ou não, mas a máquina tentou.
Até aqui há alguns anos, quando o mundo da pop era feito de artistas que conseguiam chegar ao topo e aí manter-se por longos períodos de tempo, mesmo quando a chama criativa, se é que alguma vez tivesse existido, se reduzia apenas à edição de coletâneas de sucessos e de reedições do catálogo passado, o modelo de negócio das editoras (e do meio em geral, ainda que aqui as editoras tivessem um destaque óbvio) passava por apostar nestes artistas enquanto jovens, com contratos frequentemente exploratórios (não sou eu que o digo, mas os artistas de sucesso de então, nas biografias e nos comentários que hoje vão fazendo aos tempos "antigos"). Em termos muito básicos, as editoras avançavam aos artistas quantias mais ou menos chorudas ao início, por conta de royalties e outros direitos futuros, e os artistas comprometiam-se a gravar mais dois ou três álbuns, se a editora exercesse o direito de opção. Alguns destes artistas, os que conseguiam chegar ao coração do grande público, garantiam a sustentabilidade financeira do negócio, permitindo que a editora continuasse a apostar noutros, mesmo que estes outros não viessem a conseguir subir ao topo. Basicamente, o sucesso de uns financiava o risco corrido com outros.
Mas, como tantas outras coisas que mudaram neste negócio, também estas longas carreiras de sucesso parecem ser história do passado. Frequentemente se ouve ou lê que já não é hoje possível manter aquele modelo de negócio. A "next-big-thing" ganhou definitivamente destaque na atenção dos media, do grande público, dos promotores de espetáculos, dos gestores das editoras, mas já não consegue vir a ser a tal "big-thing", pelo menos na medida e na duração de tempo em que outras foram no passado. Agora estamos mais na era do "sabor da semana", não é assim?
Voltemos ao concerto dos One Direction. A haver por parte da máquina que tem a ganhar com a boy band inglesa uma estratégia implícita na promoção do espetáculo com tamanha antecedência, talvez seja a de conseguir prolongar mais o tempo de vida do grupo, de fazer sentir junto do público que eles vão estar cá mais tempo do que tem sido habitual, particularmente neste tipo de música para a miudagem (ou, para usar de maior rigor, neste tipo de música que começa pela miudagem, como tanto artista da pop começou no passado). Mais, a corrida aos bilhetes do próximo dia 28 (vão esgotar em minutos, vão ver), vai garantir que o próprio público fica "agarrado" aos One Direction por quase mais um ano. E se a máquina conseguir fazer disto sistema, os One Direction (e outros) vão continuar nas notícias e vão ter menos motivos para terminarem a carreira, como tem acontecido a tantos outros. Talvez o público envelheça com eles. A coisa até pode vir a funcionar como funcionou no passado. Ou não, mas a máquina tentou.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
10 anos, 10 livros (#9: How Music Works)
(Continuando na ordem mais ou menos cronológica:)
HOW MUSIC WORKS
David Byrne
Primeira edição: McSweeney's, 2012
O título é, curiosamente, igual ao do livro do professor John Powell. A abordagem de David Byrne é diferente, não deixando porém de ser igualmente compelativa. Se Powell era o físico (e músico formado), Byrne veste os uniformes de antropólogo, de músico de sucesso, de gestor e de tipo apaixonado pela arte, mas com os pés na terra (pelo menos, um de cada vez; já é saudável). "How Music Works" é um conjunto de ensaios cuidados, aprofundados e particularmente atentos sobre a forma como diversos fatores -- as salas de concertos, a tecnologia, os contextos sociais, o negócio -- moldaram a forma como a música tem vindo a ser feita (e ouvida) ao longo da História. Obrigatório.
Do prefácio: "Others have have written insightfully about music's physyological and neurological effects; scientists have begun to peek under the hood to examine the precise mechanisms by which music works on our emotions and perceptions [parece até que Byrne faz aqui uma referência ao livro de Powell]. But that's not really my brief here; I have focused on how music might be molded before it gets to us, what determines if it get to us at all, and what factors external to the music itself can make it resonate for us".
[Entrada no goodreads]
HOW MUSIC WORKS
David Byrne
Primeira edição: McSweeney's, 2012
O título é, curiosamente, igual ao do livro do professor John Powell. A abordagem de David Byrne é diferente, não deixando porém de ser igualmente compelativa. Se Powell era o físico (e músico formado), Byrne veste os uniformes de antropólogo, de músico de sucesso, de gestor e de tipo apaixonado pela arte, mas com os pés na terra (pelo menos, um de cada vez; já é saudável). "How Music Works" é um conjunto de ensaios cuidados, aprofundados e particularmente atentos sobre a forma como diversos fatores -- as salas de concertos, a tecnologia, os contextos sociais, o negócio -- moldaram a forma como a música tem vindo a ser feita (e ouvida) ao longo da História. Obrigatório.
Do prefácio: "Others have have written insightfully about music's physyological and neurological effects; scientists have begun to peek under the hood to examine the precise mechanisms by which music works on our emotions and perceptions [parece até que Byrne faz aqui uma referência ao livro de Powell]. But that's not really my brief here; I have focused on how music might be molded before it gets to us, what determines if it get to us at all, and what factors external to the music itself can make it resonate for us".
[Entrada no goodreads]
10 anos, 10 livros (#8: How Music Works / Como Funciona a Música)
(Continuando na ordem mais ou menos cronológica:)
HOW MUSIC WORKS
John Powell
Primeira edição: Penguin, 2010
Edição portuguesa: Bizâncio, 2012 (trad. Luísa Venturini)
Não se assustem logo com a capa. O professor John Powell é doutorado em Física e mestre em composição musical. Daqui se antevê, desde logo, uma abordagem diferente daquela a que estamos habituados. Sem se deixar cair demasiado na tentação da opinião, Powell aborda a música pela via da ciência. Como é que os instrumentos produzem notas? Como é que as notas e as escalas surgiram, tanto a Ocidente como a Oriente? O que é o ouvido perfeito? O que é a harmonia? Porque é que a música pop tem estas características? E a música dita erudita? Todas as respostas a estas questões e muitas mais encontram-se neste magnífico livro, estruturado e redigido numa linguagem pedagógica e acompanhada de bastante humor. Obrigatório para todos os curiosos da música, avançados ou iniciados.
[Entrada no goodreads]
HOW MUSIC WORKS
John Powell
Primeira edição: Penguin, 2010
Edição portuguesa: Bizâncio, 2012 (trad. Luísa Venturini)
Não se assustem logo com a capa. O professor John Powell é doutorado em Física e mestre em composição musical. Daqui se antevê, desde logo, uma abordagem diferente daquela a que estamos habituados. Sem se deixar cair demasiado na tentação da opinião, Powell aborda a música pela via da ciência. Como é que os instrumentos produzem notas? Como é que as notas e as escalas surgiram, tanto a Ocidente como a Oriente? O que é o ouvido perfeito? O que é a harmonia? Porque é que a música pop tem estas características? E a música dita erudita? Todas as respostas a estas questões e muitas mais encontram-se neste magnífico livro, estruturado e redigido numa linguagem pedagógica e acompanhada de bastante humor. Obrigatório para todos os curiosos da música, avançados ou iniciados.
[Entrada no goodreads]
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
10 anos, 10 livros (#7: Just Kids)
(Continuando na ordem mais ou menos cronológica:)
JUST KIDS
Patti Smith
Primeira edição: Ecco, 2010
Esta não é apenas uma autobiografia. É a história das paixões e das cumplicidades criativas entre a autora, Patti Smith, e o fotógrafo Robert Mapplethorpe, o seu velho companheiro de Nova Iorque (a própria cidade e o Hotel Chelsea são outros protagonistas da obra). Chega a ser profundamente emocionante a forma como Patti Smith recorda algumas destas histórias. Por vezes, somos obrigados a fechar o livro para respirarmos, como acontece em qualquer obra grande das letras.
[Entrada no goodreads]
JUST KIDS
Patti Smith
Primeira edição: Ecco, 2010
Esta não é apenas uma autobiografia. É a história das paixões e das cumplicidades criativas entre a autora, Patti Smith, e o fotógrafo Robert Mapplethorpe, o seu velho companheiro de Nova Iorque (a própria cidade e o Hotel Chelsea são outros protagonistas da obra). Chega a ser profundamente emocionante a forma como Patti Smith recorda algumas destas histórias. Por vezes, somos obrigados a fechar o livro para respirarmos, como acontece em qualquer obra grande das letras.
[Entrada no goodreads]
10 anos, 10 livros (#5: Goodbye 20th Century: A Biography of Sonic Youth; #6: Psychic Confusion: The "Sonic Youth" Story)
(Continuando na ordem mais ou menos cronológica:)
GOODBYE 20th CENTURY: A BIOGRAPHY OF SONIC YOUTH
David Browne
Primeira edição: Da Capo, 2008
A primeira de duas biografias dos Sonic Youth lançadas nestes últimos anos.
[Entrada no goodreads]
PSYCHIC CONFUSION: THE "SONIC YOUTH" STORY
Everett True
Primeira edição: Omnibus Press, 2008
Saída praticamente na mesma altura que "Goodbye 20th Century" e tão interessante quanto a primeira, esta outra biografia constitui uma abordagem paralela à história desta revolução na música popular.
[Entrada no goodreads]
GOODBYE 20th CENTURY: A BIOGRAPHY OF SONIC YOUTH
David Browne
Primeira edição: Da Capo, 2008
A primeira de duas biografias dos Sonic Youth lançadas nestes últimos anos.
[Entrada no goodreads]
PSYCHIC CONFUSION: THE "SONIC YOUTH" STORY
Everett True
Primeira edição: Omnibus Press, 2008
Saída praticamente na mesma altura que "Goodbye 20th Century" e tão interessante quanto a primeira, esta outra biografia constitui uma abordagem paralela à história desta revolução na música popular.
[Entrada no goodreads]
terça-feira, 17 de setembro de 2013
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
10 anos, 10 livros (#4: The Peel Sessions: A Story of Teenage Dreams and One Man's Love of New Music"
(Continuando na ordem mais ou menos cronológica:)
THE PEEL SESSIONS: A STORY OF TEENAGE DREAMS AND ONE MAN'S LOVE OF NEW MUSIC
Ken Garner
Primeira edição: BBC Books, 2007
Se o johnpeelismo (desculpem o neologismo patético) fosse uma religião, eu seria um beato fanático. Para colecionador acérrimo (bom, já fui mais) das míticas Peel Sessions, este é um livro que guardo com especial prazer na estante. De 1967 a 2004, o falecido John Peel gravou mais de dois milhares de bandas para os seus programas de rádio. Este livro é precisamente o tratado que muitos de nós andavam a exigir, ainda Peel era vivo.
Falei do livro aqui.
[Entrada no goodreads]
THE PEEL SESSIONS: A STORY OF TEENAGE DREAMS AND ONE MAN'S LOVE OF NEW MUSIC
Ken Garner
Primeira edição: BBC Books, 2007
Se o johnpeelismo (desculpem o neologismo patético) fosse uma religião, eu seria um beato fanático. Para colecionador acérrimo (bom, já fui mais) das míticas Peel Sessions, este é um livro que guardo com especial prazer na estante. De 1967 a 2004, o falecido John Peel gravou mais de dois milhares de bandas para os seus programas de rádio. Este livro é precisamente o tratado que muitos de nós andavam a exigir, ainda Peel era vivo.
Falei do livro aqui.
[Entrada no goodreads]
10 anos, 10 livros (#3: Rip it Up and Start Again)
(Continuando na ordem mais ou menos cronológica:)
RIP IT UP AND START AGAIN
Simon Reynolds
Primeira edição: Faber and Faber, 2006
Dispensa grandes apresentações, o livro do jornalista Simon Reynolds, de tão popular que se tornou desde a primeira edição. Do início do fim do punk ao surgimento da MTV, há aqui uma autêntica enciclopédia de quase tudo o que é preciso saber do pós-punk. Só lhe faltou falar um pouco mais da Europa continental, mas para isso era preciso outro volume.
Falei do livro aqui.
[Entrada no goodreads]
RIP IT UP AND START AGAIN
Simon Reynolds
Primeira edição: Faber and Faber, 2006
Dispensa grandes apresentações, o livro do jornalista Simon Reynolds, de tão popular que se tornou desde a primeira edição. Do início do fim do punk ao surgimento da MTV, há aqui uma autêntica enciclopédia de quase tudo o que é preciso saber do pós-punk. Só lhe faltou falar um pouco mais da Europa continental, mas para isso era preciso outro volume.
Falei do livro aqui.
[Entrada no goodreads]
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
10 anos, 10 livros (#2: Einstürzende Neubauten: No Beauty Without Danger)
EINSTÜRZENDE NEUBAUTEN: NO BEAUTY WITHOUT DANGER
Max Dax, Robert Defcon
Primeira edição: Ed. Autor Limitada (500 ex.), 2005
(Edição alemã: "Nur Was Nicht Ist, Ist Möglich")
"No Beauty Without Danger" é uma biografia redigida num formato pouco comum. O texto é exclusivamente composto por respostas às entrevistas que os autores fizeram aos músicos que passaram pelos Einstürzende Neubauten e por quem com eles conviveu de perto. Imaginem um documentário baseado exclusivamente, como é mais habitual no meio televisivo e cinematográfico, nos testemunhos de homens e mulheres. Devidamente editados e arranjadas, estes testemunhos conseguem agarrar o leitor na descoberta de um percurso notável de um projeto notável. O posfácio é da autoria de Arto Lindsay.
Falei do livro aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
[Entrada no goodreads]
10 anos, 10 livros (#1: Margrave of the Marshes)
Na evocação destes 10 anos do juramentosembandeira, já aqui tivemos 10 concertos, 10 canções e, agora, 10 livros que ajudaram este que vos escreve a compreender um pouco melhor os contextos sobre os quais se move a música, seja nas biografias, seja nos ensaios alargados sobre o papel que esta arte ocupa nas nossas vidas, ao longo dos tempos. Seguem-se então a seleção ordenada pelo ano de edição original de 10 dos livros lidos ao longo destes anos e que merecem ser destacados:
MARGRAVE OF THE MARSHES
John Peel, Sheila Ravenscroft
Primeira edição: Corgi, 2005
Depois da morte de um dos mais extraordinários amantes e divulgadores de música dos últimos 50 anos, saíram dois livros fundamentais sobre a sua vida e carreira. O primeiro deles é esta autobiografia parcial. A meio da história, percebe-se que Peel já não está lá mais para a escrever e é a sua mulher, Sheila Ravenscroft, ou a "porca" ("pig"), como lhe chamava o marido, que continua. De uma pena ou de outra saem incontáveis recordações mirabolantes e episódios carregados de humor de uma família que viveu de perto com a música produzida em todos os cantos do mundo.
Falei do livro aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
[Entrada no goodreads]
MARGRAVE OF THE MARSHES
John Peel, Sheila Ravenscroft
Primeira edição: Corgi, 2005
Depois da morte de um dos mais extraordinários amantes e divulgadores de música dos últimos 50 anos, saíram dois livros fundamentais sobre a sua vida e carreira. O primeiro deles é esta autobiografia parcial. A meio da história, percebe-se que Peel já não está lá mais para a escrever e é a sua mulher, Sheila Ravenscroft, ou a "porca" ("pig"), como lhe chamava o marido, que continua. De uma pena ou de outra saem incontáveis recordações mirabolantes e episódios carregados de humor de uma família que viveu de perto com a música produzida em todos os cantos do mundo.
Falei do livro aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
[Entrada no goodreads]
A merchearia da Chons em Trânjito
Já passaram alguns anos desde que Vasco Sacramento, ainda muito novo, começou a levar artistas nacionais e internacionais à sua cidade de Aveiro. Foi o tempo do festival Sons em Trânsito, seis belas edições programadas e produzidas por quem sabe de música, por quem sabe fazer as coisas para outras pessoas que gostam (ou possam vir a gostar verdadeiramente) de música.
A máquina do Vasco, que também ganhou o nome Sons em Trânsito, foi crescendo e hoje já agencia uma vasta carteira de artistas, tanto nacionais (Ana Moura, António Zambujo, Deolinda, Virgem Suta, Cuca Roseta, Pedro Abrunhosa, etc.), como internacionais (Kimmo Pohjonen, Tinariwen, Toumani Diabaté, Fanfare Ciocărlia, etc.).
Hoje nasceu a Merchearia (www.merchearia.com), uma loja online para a venda do merchandising dos artistas portugueses da SeT (por enquanto só há discos, mas a SeT promete vir a reunir neste espaço único tudo o resto). Quando alguém, cá dentro ou lá fora (e especialmente lá fora), voltar a perguntar como e onde comprar o disco ou a t-shirt de um destes artistas, estes já saberão responder.
Isto não é notícia porque há uma nova loja na net. É notícia porque é a agência (ou meta-agência, devíamos poder dizer) que entre no negócio. É notícia porque a SeT continua a saber dar passos em frente.
A máquina do Vasco, que também ganhou o nome Sons em Trânsito, foi crescendo e hoje já agencia uma vasta carteira de artistas, tanto nacionais (Ana Moura, António Zambujo, Deolinda, Virgem Suta, Cuca Roseta, Pedro Abrunhosa, etc.), como internacionais (Kimmo Pohjonen, Tinariwen, Toumani Diabaté, Fanfare Ciocărlia, etc.).
Hoje nasceu a Merchearia (www.merchearia.com), uma loja online para a venda do merchandising dos artistas portugueses da SeT (por enquanto só há discos, mas a SeT promete vir a reunir neste espaço único tudo o resto). Quando alguém, cá dentro ou lá fora (e especialmente lá fora), voltar a perguntar como e onde comprar o disco ou a t-shirt de um destes artistas, estes já saberão responder.
Isto não é notícia porque há uma nova loja na net. É notícia porque é a agência (ou meta-agência, devíamos poder dizer) que entre no negócio. É notícia porque a SeT continua a saber dar passos em frente.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
Bill Callahan de volta a Lisboa!
É só em 2014, mas não deixa de ser uma excelente notícia. Bill Callahan vai regressar para tocar em Lisboa, no dia 22 de fevereiro, no cinema São Jorge. A organização cabe ao Teatro Maria Matos e os bilhetes estarão disponíveis a partir da próxima sexta-feira, pelo preço de 20 euros.
ATUALIZAÇÃO: Segundo o Blitz, também Porto, na Casa da Música, no dia seguinte. Bilhetes a 25 euros.
ATUALIZAÇÃO: Segundo o Blitz, também Porto, na Casa da Música, no dia seguinte. Bilhetes a 25 euros.
O baú do rock nacional
Há neste momento pessoas ocupadas em trabalhar o imenso historial da música popular portuguesa. Em breve, irão aparecer dois trabalhos, um livro e uma série documental, ambos dedicados à história do rock, cada um com a sua abordagem mais ou menos mainstream.
Luís Futre e Edgar Raposo, da Groovie Records, continuam a sua tarefa incansável de divulgação do rock português que se fazia nas décadas de 50 a 70, na sua vertente mais transgressora, e preparam-se para lançar um livro com fotografias da época, incluindo capas de discos editados em Portugal. O lançamento deverá ocorrer em dezembro, levando o livro o selo da Groovie e da associação Ghost.
Por sua vez, o realizador António Pedro Vasconcelos está a apoiar um projeto da produtora Panavideo, uma nova série documental, de cinco programas, sobre a história do rock em Portugal, com guião de David Ferreira e realização de Leandro Ferreira e Pedro Clérigo. Não são ainda conhecidos publicamente a data e os meios que será apresentado o trabalho.
Luís Futre e Edgar Raposo, da Groovie Records, continuam a sua tarefa incansável de divulgação do rock português que se fazia nas décadas de 50 a 70, na sua vertente mais transgressora, e preparam-se para lançar um livro com fotografias da época, incluindo capas de discos editados em Portugal. O lançamento deverá ocorrer em dezembro, levando o livro o selo da Groovie e da associação Ghost.
Por sua vez, o realizador António Pedro Vasconcelos está a apoiar um projeto da produtora Panavideo, uma nova série documental, de cinco programas, sobre a história do rock em Portugal, com guião de David Ferreira e realização de Leandro Ferreira e Pedro Clérigo. Não são ainda conhecidos publicamente a data e os meios que será apresentado o trabalho.
Regresso de Vilar de Mouros às origens?
Já se conhece o primeiro nome para aquele que vai ser o regresso de Vilar de Mouros ao panorama dos festivais portugueses, no próximo ano, de 30 de julho a 2 de agosto. O maestro Rui Massena vai ser o responsável pela cerimónia de abertura do festival, no que lembra de imediato a inclusão de outro nome da música clássica, António Vitorino de Almeida, naquela que foi a segunda edição de Vilar de Mouros, em 1982.
(Parece ótimo. Os hipsters vão detestar e os festivaleiros habituais vão ignorar como já ignoram tudo o que tenha a ver com música num festival.)
(Parece ótimo. Os hipsters vão detestar e os festivaleiros habituais vão ignorar como já ignoram tudo o que tenha a ver com música num festival.)
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
10 anos, 10 canções
Não é fácil escolher 10 canções para um período de 10 anos, nem é certo que daqui a meia hora a escolha fosse a mesma (ei, a "All Leaves Are Gone", a "Someone Great" e a "Banshee Beat" estariam lá sempre). Aqui ficam, por ordem alfabética, 10 das canções que fizeram mexer os neurónios e os músculos por estas bandas, desde que esta casa amarela abriu, em agosto de 2003:
Adele "Rolling in the Deep" (2010)
Akron/Family "River" (2009)
Animal Collective "Banshee Beat" (2005)
Bombino "Her Tenere" (2013)
Dan Le Sac vs. Scroobius Pip "Thou Shalt Always Kill" (2007)
Edward Sharpe and the Magnetic Zeros "Home" (2010)
Josephine Foster "All Leaves Are Gone" (2004)
LCD Soundsystem "Someone Great" (2007)
Mão Morta "Tiago Capitão" (2010)
Six Organs of Admittance "Lisboa" (2005)
Adele "Rolling in the Deep" (2010)
Akron/Family "River" (2009)
Animal Collective "Banshee Beat" (2005)
Bombino "Her Tenere" (2013)
Dan Le Sac vs. Scroobius Pip "Thou Shalt Always Kill" (2007)
Edward Sharpe and the Magnetic Zeros "Home" (2010)
Josephine Foster "All Leaves Are Gone" (2004)
LCD Soundsystem "Someone Great" (2007)
Mão Morta "Tiago Capitão" (2010)
Six Organs of Admittance "Lisboa" (2005)
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Vilar de Mouros regressa em 2014
Não se sabe ainda muito sobre o que vai ser o regresso, no próximo ano, do festival de Vilar de Mouros, mas já foi lançado o isco (ver página no facebook ou site oficial). A última edição do festival minhoto foi em 2006, depois de um percurso regular desde 1999 e das edições de 1971, 1982 e 1996.
A propósito da primeira edição de 1971, ficam aqui dois mimos: parte do cartaz do evento (nesta estreia houve ainda Elton John, Manfred Mann's Earth Band, Quarteto 1111, entre outros) e o magnífico relatório da PIDE/DGS, recentemente publicado pela revista Sábado (e aqui reproduzido graças ao pontoalternativo):
«Informação nº 226-C.I.(I)
Distribuição Presidência do Conselho, Ministério do interior, Ministério da Educação Nacional
Assunto: Festival de música "Pop" em Vilar de Mouros
A seguir se transcreve o texto de uma informação redigida por um nosso elemento informativo que assistiu ao "festival" em questão, que teve lugar nos dias 7 e 8 do corrente, a qual se reproduz na íntegra, para não alterar os detalhes que foram alvo do seu espírito de observação:
“Dias antes do festival, foram distribuídos, nas estradas do País e nas estradas espanholas de passagem de França para Portugal, panfletos pedindo aos automobilistas que dessem boleias aos indivíduos que iam ver o festival.
No 1º dia, o espectáculo começou às 18h00 e prolongou-se até às 4 da manhã.
Ao anoitecer, o organizador, um tal Barge, anunciou que tinham sido vendidos 20 mil bilhetes (a 50$00 cada).
Esperavam vender 50 mil bilhetes para cobrir as despesas, que seriam aproximadamente a 2.500 contos.
Diziam que tiveram de mandar vir o conjunto Manfred Mann de Inglaterra, mas parece que estava no Algarve, e por isso, a despesa com eles não foi tão grande como parecia.
Um dos cantores, Elton John, causou desde o começo má impressão, com os seus modos soberbos e as suas exigências: carro de luxo para as deslocações, quartos de luxo para os acompanhantes e guarda-costas, etc.
O recinto do festival era uma clareira cercada de eucaliptos, com um taipal à volta e uma grade de arame do lado do ribeiro.
Na noite de 7 estavam muitos milhares de pessoas e muita gente dormiu ali mesmo, embrulhada em cobertores e na maior promiscuidade.
Entre outros havia:
crianças de olhar parado indiferentes a tudo
grupos de homens, de mão na mão, a dançar de roda
um rapaz deitado, com as calças abaixadas no trazeiro
um sujeito tão drogado que teve de ser levado em braços, com rigidez nos músculos
relações sexuais entre 2 pares, todos debaixo do mesmo cobertor na zona mais iluminada
sujeitos que corriam aos gritos para todos os lados
bichas enormes a comprar laranjadas e esperando a vez nas retretes (havia 7 ou 8 provisórias) mas apesar disso, houve quem se aliviasse no recinto do espectáculo.
porcaria de todo o género no chão (restos de comida, lama, urina) e pessoas deitadas nas proximidades
Viam-se algumas bandeiras. Uma vermelha com uma mão amarela aberta no meio (um dos símbolos usados na América pelos anarquistas); outra branca, com a inscrição “somos do Porto” com raios a vermelho e uma estrela preta.
A população da aldeia, e de toda a região, até Viana do Castelo, a uns 30 km de distância, estava revoltada contra os "cabeludos" e alguns até gritavam de longe ao passar "vai trabalhar". Foram vistos alguns a comer com as mãos e a limparem os dedos à cabeleira.
Viam-se cenas indecentes na via pública, atrás dos arbustos e à beira da estrada.
Em Viana do Castelo dizia-se que os "hippies" tinham comprado agulhas e seringas nas farmácias da cidade.
Havia muitos estudantes de Coimbra, e outros que talvez fossem de Lisboa ou do Porto. Alguns passaram a noite em Viana do Castelo em pensões, e viam-se alguns de muito mau aspecto, parece que vindos de Lisboa, que ficaram numa pensão.
Houve gritos de Angola é... (qualquer coisa) durante a actuação do conjunto Manfred Mann (de que faz parte um comunista declarado, crê-se que chamado Hugg).
Fora do recinto, junto do rio e de uma capela, havia muitas tendas montadas e gente a dormir encostada a árvores ou muros e embrulhada em cobertores.
Houve grande confusão junto às portas de entrada.
Havia quatro bilheteiras em funcionamento permanente e muito trânsito.
Toda aquela multidão de famintos, sem recursos para adquirir géneros alimenticios indispensáveis, como se de uma praga de gafanhotos se tratasse, se lançou sobre as hortas próximas colhendo batatas e outros produtos hortícolas, causando assim, grandes contrariedades aos seus proprietários, muitos deles de débeis recursos económicos.
26-8-71»
A propósito da primeira edição de 1971, ficam aqui dois mimos: parte do cartaz do evento (nesta estreia houve ainda Elton John, Manfred Mann's Earth Band, Quarteto 1111, entre outros) e o magnífico relatório da PIDE/DGS, recentemente publicado pela revista Sábado (e aqui reproduzido graças ao pontoalternativo):
«Informação nº 226-C.I.(I)
Distribuição Presidência do Conselho, Ministério do interior, Ministério da Educação Nacional
Assunto: Festival de música "Pop" em Vilar de Mouros
A seguir se transcreve o texto de uma informação redigida por um nosso elemento informativo que assistiu ao "festival" em questão, que teve lugar nos dias 7 e 8 do corrente, a qual se reproduz na íntegra, para não alterar os detalhes que foram alvo do seu espírito de observação:
“Dias antes do festival, foram distribuídos, nas estradas do País e nas estradas espanholas de passagem de França para Portugal, panfletos pedindo aos automobilistas que dessem boleias aos indivíduos que iam ver o festival.
No 1º dia, o espectáculo começou às 18h00 e prolongou-se até às 4 da manhã.
Ao anoitecer, o organizador, um tal Barge, anunciou que tinham sido vendidos 20 mil bilhetes (a 50$00 cada).
Esperavam vender 50 mil bilhetes para cobrir as despesas, que seriam aproximadamente a 2.500 contos.
Diziam que tiveram de mandar vir o conjunto Manfred Mann de Inglaterra, mas parece que estava no Algarve, e por isso, a despesa com eles não foi tão grande como parecia.
Um dos cantores, Elton John, causou desde o começo má impressão, com os seus modos soberbos e as suas exigências: carro de luxo para as deslocações, quartos de luxo para os acompanhantes e guarda-costas, etc.
O recinto do festival era uma clareira cercada de eucaliptos, com um taipal à volta e uma grade de arame do lado do ribeiro.
Na noite de 7 estavam muitos milhares de pessoas e muita gente dormiu ali mesmo, embrulhada em cobertores e na maior promiscuidade.
Entre outros havia:
crianças de olhar parado indiferentes a tudo
grupos de homens, de mão na mão, a dançar de roda
um rapaz deitado, com as calças abaixadas no trazeiro
um sujeito tão drogado que teve de ser levado em braços, com rigidez nos músculos
relações sexuais entre 2 pares, todos debaixo do mesmo cobertor na zona mais iluminada
sujeitos que corriam aos gritos para todos os lados
bichas enormes a comprar laranjadas e esperando a vez nas retretes (havia 7 ou 8 provisórias) mas apesar disso, houve quem se aliviasse no recinto do espectáculo.
porcaria de todo o género no chão (restos de comida, lama, urina) e pessoas deitadas nas proximidades
Viam-se algumas bandeiras. Uma vermelha com uma mão amarela aberta no meio (um dos símbolos usados na América pelos anarquistas); outra branca, com a inscrição “somos do Porto” com raios a vermelho e uma estrela preta.
A população da aldeia, e de toda a região, até Viana do Castelo, a uns 30 km de distância, estava revoltada contra os "cabeludos" e alguns até gritavam de longe ao passar "vai trabalhar". Foram vistos alguns a comer com as mãos e a limparem os dedos à cabeleira.
Viam-se cenas indecentes na via pública, atrás dos arbustos e à beira da estrada.
Em Viana do Castelo dizia-se que os "hippies" tinham comprado agulhas e seringas nas farmácias da cidade.
Havia muitos estudantes de Coimbra, e outros que talvez fossem de Lisboa ou do Porto. Alguns passaram a noite em Viana do Castelo em pensões, e viam-se alguns de muito mau aspecto, parece que vindos de Lisboa, que ficaram numa pensão.
Houve gritos de Angola é... (qualquer coisa) durante a actuação do conjunto Manfred Mann (de que faz parte um comunista declarado, crê-se que chamado Hugg).
Fora do recinto, junto do rio e de uma capela, havia muitas tendas montadas e gente a dormir encostada a árvores ou muros e embrulhada em cobertores.
Houve grande confusão junto às portas de entrada.
Havia quatro bilheteiras em funcionamento permanente e muito trânsito.
Toda aquela multidão de famintos, sem recursos para adquirir géneros alimenticios indispensáveis, como se de uma praga de gafanhotos se tratasse, se lançou sobre as hortas próximas colhendo batatas e outros produtos hortícolas, causando assim, grandes contrariedades aos seus proprietários, muitos deles de débeis recursos económicos.
26-8-71»
Regresso às aulas no Maria Matos com June Tabor e Scout Niblett
É nesta altura que as boas notícias, no que aos espetáculos diz respeito, começam a chegar. É o regresso às aulas, a rentrée, a chegada do outono ou o que lhe queiram chamar. O Teatro Maria Matos é um dos espaços que acabou de divulgar a sua programação para o início da temporada 2013/2014. Além das artes performativas, que ocupam a maior parte do programa, há também música anunciada:
SEI MIGUEL UNIT CORE & AKI ONDA
17 de setembro
JUNE TABOR, IAIN BALLAMY & HUW WARREN
25 de setembro
JOANA SÁ
4 de outubro
SCOUT NIBLETT
9 de outubro
JULIANNA BARWICK
23 de outubro (em colaboração com a ZDB)
DEAN BLUNT
5 de novembro
SEI MIGUEL UNIT CORE & AKI ONDA
17 de setembro
JUNE TABOR, IAIN BALLAMY & HUW WARREN
25 de setembro
JOANA SÁ
4 de outubro
SCOUT NIBLETT
9 de outubro
JULIANNA BARWICK
23 de outubro (em colaboração com a ZDB)
DEAN BLUNT
5 de novembro
O grande problema
O grande problema atual da música popular não é a pouca rentabilidade dos serviços de streaming, não é a perda de qualidade dos ficheiros de áudio, não é a secundarização da música nos festivais mais populares, não é a bolha de investimento dos promotores de espetáculos, não é a prostituição da antiga profissão do jornalismo musical às marcas, não é a falta de escrúpulos de alguns agentes, não é a economia, não é a transformação da música de produto em serviço, não é o fim das condições para carreiras de sucesso dos artistas, não são os passos largos para a falência dos fabricantes históricos de instrumentos, não é o machismo dos opinion makers que discorreram sobre os prémios da MTV.
O grande problema é não se saber como se tira a porra do "Get Lucky" dos ouvidos.
O grande problema é não se saber como se tira a porra do "Get Lucky" dos ouvidos.
Hoje há Built to Spill!
No Lux, com primeira parte de Disco Doom. Início marcado para as 22h. Bilhetes a 20€ (sujeito a confirmação).
terça-feira, 3 de setembro de 2013
Os Pixies enlouqueceram e lançaram um EP!
Em 2004, o regresso dos Pixies trouxe nova canção, "Bam Thwok". Em junho deste ano, tivemos "Bagboy". Não vai ser preciso esperar quase outros 10 anos para voltarmos a ter mais Pixies. Bastaram apenas pouco mais de dois meses, para termos não um novo tema, mas quatro! Quatro novos temas! Um EP completo! Isto, sim, é que é trabalhar duro. Enlouqueceram.
O EP é então composto por quatro temas, com os títulos "Andro Queen", "Another Toe in the Ocean", "Indie Cindy" (ver teledisco abaixo) e "What Goes Boom". Encontra-se disponível para descarga aqui, por quatro libras (ou 32, se preferirem a edição limitada com disco e t-shirt).
Neil Young, não?
O EP é então composto por quatro temas, com os títulos "Andro Queen", "Another Toe in the Ocean", "Indie Cindy" (ver teledisco abaixo) e "What Goes Boom". Encontra-se disponível para descarga aqui, por quatro libras (ou 32, se preferirem a edição limitada com disco e t-shirt).
Neil Young, não?
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