quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Música nas cidades, em segundo volume!

Há cerca de quatro anos, o professor de matemática e melómano Manuel Fernandes Vicente lançou "Música nas Cidades", uma obra notável na exploração das chamadas cenas musicais, enquanto habitats criativos construídos em ambientes geográficos e temporais comuns. Obra notável, sim, e também rara no mercado português da publicação de reflexões e levantamentos sérios, informados e cativantes sobre o tema da música.

Mais rara ainda é a possibilidade que é dada aos autores de continuarem o seu trabalho. Mas o Manuel, porque o fez bem da primeira vez, porque as duas edições esgotaram, conseguiu voltar à carga. Como ele bem o sabe, o tema é praticamente inesgotável. Assim, será lançado neste próximo sábado, com apresentação pública na Bertrand do Chiado, pelas 17h, o segundo volume de "Música nas Cidades", com a presença do autor, o diretor da Formalpress (a editora) e o professor de português José Ventura.



PR da editora:

O livro Música nas Cidades – Volume 2, de Manuel Fernandes Vicente, é apresentado publicamente a nível nacional no dia 1 de Dezembro, sábado, pelas 17 horas, na livraria Bertrand, em Lisboa. A edição desta nova obra, que tem o selo da editora Formalpress/Rés XXI, dá sequência a um primeiro trabalho do autor, Música nas Cidades, que esgotou as duas edições entretanto saídas a público em 2008 e 2010.
Neste novo trabalho, que denota uma exaustiva pesquisa e compreensão das realidades psicossociais que envolvem a música, o autor, procura, com vários exemplos e histórias sugestivas, abordar as relações de causa-efeito entre diferentes cidades do mundo e os géneros musicais a que deram berço. As investigações, de natureza sociológica, económica, cultural, política, histórica, migratória, arquitetónica, religiosa étnica, de dinâmica de grupos e outras evidenciam a forma como essas influências determinaram estilos musicais, amplamente credores no seu carácter ao carácter mais profundo das cidades que lhes deram origem.
Além de professor na Escola Dr. Ruy de Andrade, o autor é correspondente regional do diário Público desde a sua fundação em 1990. Participou na fundação da Revista Nova e do Notícias do Entroncamento, foi colaborador do extinto jornal musical Blitz, e colabora atualmente com meios de comunicação como o jornal regional Abarca e o jornal digital Entroncamentoonline.pt. Desde muito jovem teve um forte interesse pelo mundo da música, tendo mesmo desenvolvido alguns trabalhos relacionando o paralelismo entre a música e a Matemática, em particular na forte correlação do aproveitamento escolar dos alunos nestas duas áreas. A pesquisa cultural e a reflexão sobre a interdependência entre as características das cidades e a natureza dos estilos musicais nelas surgidos, que estão na base do Música nas Cidades Vol.2, resultam como consequência de uma extensíssima coleção de LP, CD, DVD e outros suportes musicais, que forneceram muitas sugestões e pistas de análise – e que traduzem também o interesse melómano do autor, que a partir da música sempre procurou atingir outras áreas − para a ela, afinal, sempre regressar.
Na apresentação do livro estarão presentes Paulo Faustino, diretor da editora Formalpress, e José Ventura, docente de Português, ambos autores de obras ligadas, respetivamente à comunicação social e literatura.

Sexta-feira há...

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Barreiro Rocks 2012!

A austeridade chegou ao financiamento do Barreiro Rocks, mas não é por isso que a 11ª edição do festival vai deixar de ser de romaria obrigatória.
Este ano, o Barreiro Rocks aproxima-se como nunca do natal: está marcado para 22 de dezembro, havendo uma festa especial de abertura no dia anterior, de entrada gratuita. Este ano não há Ferroviários, instalando-se o Barreiro Rocks no Bar d'Os Penicheiros.

Programa:

"Grandiosa festa de abertura"
21 de Dezembro - 23h
Local: Bar d'Os Penicheiros
Entrada gratuita
Los Saguaros
Los Santeros

Barreiro Rocks
22 de Dezembro - 15:30h
Local: Salão d’Os Penicheiros
Entrada: 8€
Asimov
Tracy Lee Summer
Dirty Coal Train
Greasy & Grizzly
ALTO!
Fast Eddie Nelson
The Glockenwise
Jesus Racer R'n'R Trio
The Act-Ups
Los Chicos

Como sempre, o Barreiro Rocks é também uma grande festa ibérica. Aliás, nunca é demais trazer aquele velho aforismo barreirense: "é mais fácil encher a sala de espanhóis do que fazer um lisboeta atravessar o rio". E, como tal, vai também haver Barreiro Rocks em Madrid, dia 1 de dezembro, no Rock Palace. À noite, The Act-Ups, Nicotine's Orchestra, Tracy Lee Summer e Fast Eddie Nelson. À tarde, com entrada gratuita, Nicotine's Orchestra e Greasy & Grizzly.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ensaio sobre a cegueira (mas desta vez sobressai o melhor dos homens e mulheres)



Se podes ouvir, escuta. Se podes escutar, repara.

A citação de Saramago ao "Livro dos Conselhos" não é bem esta, mas assim ajusta-se bem a "Eclipse", o espetáculo que o casal Amadou & Mariam trouxe ontem ao Grande Auditório da Gulbenkian. Um espetáculo que prometia uma experiência multissensorial única, vedado que estava o sentido da visão de se distrair (a sala foi mergulhada durante quase todo o concerto na completa escuridão), deixando livres a audição para a música e os sons ambientes da história subjacente, o olfato para os odores de África e a perceção da temperatura que foi oscilando ao longo do concerto.

E foi, de facto, uma experiência única, incrível, inesquecível.

Já todos passámos pela experiência de fechar os olhos durante um concerto, deixando o som entrar livremente nos ouvidos sem disputar a atenção com o sentido da visão. Ou até em casa: se nunca o fizeram, experimentem pôr um disco a tocar, apagar a luz e deitarem-se no sofá, no chão, onde quer que sintam o corpo relaxado o suficiente para não vos distrair do que sai das colunas. Se nos agrada aquilo que escutamos, essa ligação pura e direta à música pode até fazer-nos transportar por uma viagem onírica. Sem químicos.

Imagine-se agora isto num concerto inteiro (ou quase inteiro). A ajudar, um som em quadrifonia, equilibrado e equalizado de forma perfeita. A Mariam Doumbia a ouvir-se atrás, do lado esquerdo, a kora a surgir do lado direito, o resto da banda lá à frente. Jogamos à cabra-cega e estamos a adorar, sentimos a felicidade das crianças que já fomos. Alguém dançará, certamente, pois já não está ali a vergonha que teria para se levantar sozinha das poltronas nos concertos iluminados. Casais trocarão carícias. Talvez haja quem se sinta desconfortável por não ter sido assim que a MTV ou o youtube a ensinou a ouvir música. Não temos nada para ver, nem para ser visto. Estamos apenas a escutar, a reparar nos sons que habitualmente não reparamos. Sentimo-nos tão perto dos músicos, tão perto da história de amor que uniu Amadou e Mariam e que tem sido levada aos palcos de todo o mundo. Aqui escutámo-la com direito a narração do percurso, desde que perderam a visão, desde que se encontraram na Eclipse Orchestra do Institut des Jeunes Aveugles de Bamako, até se tornarem as estrelas mundiais que são hoje. Temos um breve relance da maneira como os dois veem o mundo.

E sentimo-nos felizes por nos terem deixado experimentar o bom que é reparar no que escutamos.

domingo, 18 de novembro de 2012

Não é só por ser o regresso ansiado de Amadou & Mariam. É uma experiência sensorial incomum.

E eis que chega o dia em que a dupla Amadou & Mariam regressa ao nosso convívio. Já seria por isso um dia especial, mas o espetáculo que o casal traz ao Grande Auditório da Gulbenkian, ao fim da tarde, promete ser uma experiência sensorial rara. "Eclipse", assim se chama o espetáculo, vai decorrer totalmente às escuras, colocando o público um pouco mais próximo da realidade que os amblíopes Amadou Bagayoko e Mariam Doumbia vivem desde muito cedo nas suas vidas. Mais, a sinopse do espetáculo promete outros tipos de experiências sensoriais, ao nível do olfato e da perceção da temperatura ambiente, a qual poderá oscilar entre os 15 e os 30 graus.
Ainda há uma meia dúzia de bilhetes disponíveis.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Dead Can Dance: os bilhetes voam (e há quem tire todo o proveito disso)

E a história repete-se. Neste momento, já restam poucos bilhetes para o concerto dos Dead Can Dance, no Coliseu dos Recreios, a 28 de maio do ano que vem. Falta mais de meio ano para o espetáculo e dos milhares de lugares que a bilheteira disponibilizou há pouco, já restam apenas algumas dezenas (um pouco mais se contarmos com o espaço da galeria, o tal galinheiro que devia, a bem do respeito pelo público que cai no erro de lá ir parar, nunca ser aberto).

Eram caros, não eram? Não interessa. Fazemos com que voem num instante. Mesmo que com a pressa de carregar nos links da bilheteira online, quase nem nos apercebamos de um passo muito curioso e seguramente importante para este negócio. O custo de operação. A bem da verdade, a maior parte de nós já se habituou a isto, mais ou menos desde a altura em que as bilheteiras dos espetáculos (online e físicas) passaram a ser centralizadas em duas ou três empresas.

A concentração do negócio de bilhetagem, bem como o avanço tecnológico que veio a permitir a compra dos bilhetes sem a deslocação dos compradores (nem mesmo do bilhete!), devia trazer uma maior eficiência ao sistema, uma redução de custos de operação, certo? Errado. Como em qualquer outro negócio, se é o cliente a suportar os custos de operação, não é a operação que determina o valor destes, mas o cliente, que os paga. Nem tuge, nem muge.

Reparem, por exemplo, nos bilhetes para Dead Can Dance. 40 ou 50 euros já é um preço de uma extravagância fora de comum, mas atenção que a estes valores ainda tem que somar mais 6% de custos de operação. Seis por cento. É realmente uma operação muito complexa, para custar tanto.

E, atenção, são mais do que 6%. Porque a estes 6% o cliente ainda tem que somar o IVA, à taxa de 23%. O que leva a uma constatação curiosa: já repararam que vão pagar IVA de IVA?

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

The Ex: é impossível perder isto hoje



"Eoleyo", versão de um tema etíope, retirada do último álbum, "Catch My Shoe", do ano passado. 33 anos de punk, free rock, math rock, free jazz, e, agora, África. Os The Ex, de Amesterdão, tocam esta noite na ZDB. 33 anos de história que, finalmente, chegam a um palco português.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Preços dos bilhetes de Dead Can Dance

São preços para quem se encontra no último decil da distribuição de rendimento, seguramente. Em linguagem comum, para os ricos entre os ricos. A Pic-Nic, promotora do concerto dos Dead Can Dance no Coliseu de Lisboa, hoje anunciado, já divulgou o preço dos bilhetes para os diferentes lugares da sala. Uma galeria em pé, naquele lugar em que serve essencialmente para ver o palco e o público da plateia (e não para ouvir) custa... 35 euros. São postos à venda na sexta, aqui.

Cadeiras de orquestra - 55€
1ª plateia - 50€
2ª plateia - 40€
Balcão central - 40€
Balcão lateral - 35€
Camarote 1ª (frente) - 40€
Camarote 1ª (lado) - 35€
Camarote 2ª (frente) - 40€
Camarote 2ª (lado) - 35€
Galeria em pé - 35€

Dead Can Dance também em Lisboa

Depois da passagem pela Casa da Música, no Porto, há poucas semanas, chega a notícia de novas datas para a digressão de "Anastasis", que agora incluem Lisboa. Os Dead Can Dance vão estar no Coliseu dos Recreios, no dia 28 de maio. Os bilhetes são postos à venda na próxima sexta-feira (e se acontecer como na vez do Porto, são bem capazes de voar em horas).