segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O fim do vinilo - desta é de vez?

Ao longo dos últimos anos, mais ou menos desde quando passámos a barreira do milénio, fui alimentando a esperança de que viesse a haver um ressurgimento do mercado do suporte de vinilo. E até houve, na verdade. Cada vez mais as edições, desde o underground mais underground até ao mainstream mais mainstream, vieram a incluir esse suporte. Cada vez mais vieram aparecendo lojas de discos especialmente dedicadas (tenho tentado fazer algum eco do que vai acontecendo por Lisboa neste roteiro), não só com o habitual e fácil mercado de segunda mão, mas também com as novidades. Não só no mercado da música de dança, para os profissionais, mas também em todas os géneros. As pessoas normais voltaram a comprar vinilo para ouvirem em casa. Até as lojas portuguesas da F*** criaram escaparates, ainda que com pouco tacto para a coisa, exclusivamente dedicados ao vinilo. Por aqui e ali, foram aparecendo novos gira-discos, para os mais diversos segmentos de mercado, para quem quer um objecto de design em casa, para quem quer ouvir música com qualidade, para quem tem numa ligação USB uma ponte entre maneiras antigas e actuais de ouvir e partilhar música.

Em parte responsáveis pelo ressurgimento do suporte, estiveram os DJs, tanto mais com a crescente importância que estes profissionais vieram a ter, pelo menos por cá, nos novos espaços e momentos de animação nocturna. Fala-se muito na evolução da oferta de concertos, que é notável, mas esta crescente movida, associada à abertura de novos espaços veio oferecer ainda mais oportunidades para se girar um disco e fazer disso uma festa. Mas... ainda é o vinilo o suporte de eleição, agora que nos aproximamos vertiginosamente do final da década? Cada vez menos, parece-me ser a resposta, se aquilo que vou encontrando por aí servir de amostra fiável. Entre os DJs internacionais, vê-se cada vez mais o uso do CD-R. Não tanto porque aderiram à facilidade da "pirataria", mas porque evitam assim o transporte de grandes malas pesadas (e o risco de as perderem nas viagens aéreas). E, para mais, os recentes leitores de CD da Pioneer e de outras marcas oferecem potencialidades que nem sequer estavam ao alcance dos gira-discos. E, depois, há também os portáteis carregados de MP3 e apetrechados de software que faz quase tudo. São cada vez mais habituais nas cabines de DJ. Há casos até em que ao gira-discos é apenas reservado o papel de fazer de controlo remoto, por assim dizer, para o scratch dos mp3, para conservar, digamos, uma réstia de "fisicalidade" ao acto de se passar música.

A haver uma estocada final sobre o mercado do vinilo, é a que é dada por esta notícia. A Panasonic terá, alegadamente, descontinuado a produção dos incontornáveis Technics 1200 e 1210. A ser verdade tal notícia, é o fim de um reinado de quase quatro décadas. Será também o fim definitivo do suporte, após os enterros antes de tempo que lhe fizeram no passado? Só o mercado não profissional terá uma palavra a dizer.

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